26.11.09

Brasil terá poder de veto em linha de crédito do FMI


26 de novembro de 2009

Folha de S.Paulo (SP)

Mecanismo foi reformado para poder injetar mais dinheiro em países em crise

Será a 1ª vez na história do FMI que decisões de crédito não ficam nas mãos apenas de países ricos, segundo o ministro Guido Mantega

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil e os demais membros do Bric (grupo dos emergentes Brasil, Rússia, Índia e China) terão poder de veto na nova estrutura criada dentro do FMI (Fundo Monetário Internacional) para ajudar países em dificuldade.
O governo brasileiro decidiu aderir ao NAB ("novos acordos para empréstimo", na sigla em inglês). O órgão, criado em 1998, foi reformado para reforçar a capacidade financeira do Fundo durante a crise.
Com o empréstimo de mais US$ 4 bilhões ao FMI, o governo brasileiro terá uma participação equivalente a US$ 14 bilhões. O dinheiro virá das reservas internacionais e será aplicado em papéis do FMI.
A cota dos quatro países do Bric nessa estrutura será de 15% do total, percentual suficiente para vetar qualquer decisão de uso desse dinheiro, desde que eles votem unidos. Os recursos não ficam imediatamente disponíveis para o Fundo. Para ter acesso ao dinheiro, o FMI terá de fazer um pedido aos países-membros.
Os outros 85% ficarão nas mãos dos demais países, principalmente EUA, Japão e União Europeia, os únicos que também terão direito de veto.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, essa é a primeira vez na história do FMI que as decisões não ficarão apenas nas mãos dos países desenvolvidos.
Ele destacou também o fato de o NAB ter, neste momento, recursos superiores àqueles que o Fundo pode utilizar hoje sem a aprovação dos Brics. "Criamos um "Fundo Monetário do B", que tem mais recursos que o FMI. É uma linha de crédito especial, mais poderosa que o FMI", afirmou.

Temporário
De acordo com Paulo Nogueira Batista Jr., representante do Brasil e de mais oito países da América Latina no FMI, a tendência é que esses países votem juntos. "Nenhuma decisão importante será tomada sem que esses quatro blocos se entendam. Se a gente não tivesse o poder de veto, poderíamos ser desconsiderados."
O acordo que criou o novo NAB será temporário. Vai vigorar até novembro de 2012. Até lá, estará concluído outro processo, a reforma das cotas do FMI, o que poderá dar mais poder ao Brasil dentro do Fundo, uma antiga reivindicação do governo brasileiro.
Segundo a Fazenda, se o resultado da reforma for satisfatório, o Brasil poderá manter uma participação no NAB ou converter a sua contribuição em um aumento de cota no FMI. Caso contrário, poderá encerrar a sua participação e tirar esse dinheiro do Fundo.

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