Entidade afirma que taxa de desemprego subirá ao menos até a metade de 2010
OCDE prevê que PIB das 30 nações que a compõem caia 3,5% neste ano; se Brics forem incluídos no cálculo, encolhimento será de 1,7%
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A OCDE, entidade que reúne 30 países ricos, disse que o desemprego continuará a subir ao menos até a metade de 2010 e que, embora em curso, a recuperação econômica será retardada pela necessidade de empresas, bancos, consumidores e governos repararem seus caixas abalados pela crise.
Em seu relatório anual sobre a situação econômica global, o "Economic Outlook 2009", lançado ontem em Paris, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico prevê que a economia de seus países-membros avance 1,9% no ano que vem e 2,5% em 2011, uma recuperação considerada tépida para a retração deste ano, projetada em 3,5%.
Se forem incluídos na equação o Brasil, a China, a Índia e a Rússia, o encolhimento previsto para a economia neste ano fica bem menor, em 1,7%, e a expectativa de crescimento, em 3,4% em 2010 e 3,7% em 2011. Isso porque a China tem puxado a recuperação, e o Brasil e (em menor escala) a Índia mostraram mais resiliência à crise do que seus pares desenvolvidos. Somados, OCDE e Brics respondem por 81% da economia mundial.
No último trimestre, a entidade afirmou que todos os seus integrantes haviam saído de uma recessão que, no espocar da crise, previa-se muito menor. No relatório anterior, lançado dois meses após a quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers (que marca o início do colapso), a OCDE previa que a economia encolhesse 0,4%.
Em entrevista transmitida pelo site do grupo, o economista-chefe da entidade, Jorgen Elmeskov, advertiu que ainda existe o risco da "recessão de duplo mergulho" (após leve recuperação, a economia volta a encolher) e que ações políticas radicais serão necessárias nos próximos anos para evitá-la.
Estímulos
Os estímulos fiscais e financeiros oferecidos pela maioria dos governos foram considerados eficazes, mas o momento, ressalta a entidade, é de planejar a "estratégia de saída" para que eles não sobrecarreguem as contas públicas -como já vem ocorrendo- nem criem freios ao consumo e à economia em geral. "O importante neste momento é deixar [os estímulos do governo]", diz Elmeskov.
O economista afirma que foi grande demais o peso da crise sobre os Orçamentos oficiais, drenados pelos pacotes de estímulos que na maioria dos casos acabaram por superar a meta inicial de 1% do respectivo PIB.
Para a OCDE, a dívida pública da maioria de seus membros pode superar o PIB em 2011. "As ações para manter as finanças públicas sob controle precisarão ser substanciais na maioria dos países e mesmo drásticas em alguns deles."
Ainda assim, o economista enfatiza que cortes de gastos e aumento de impostos não poderão ser conduzidos em um ritmo que solape a recuperação. "Há ainda uma sintonia fina a ser alcançada", diz.
Ao lado do inchaço das contas públicas, a maior preocupação da entidade é o desemprego (e seu consequente impacto sobre o consumo e a produção, um círculo vicioso). Os cortes de vagas devem continuar pelo menos até meados do ano que vem nos EUA e em boa parte do mundo e até 2011 na Europa.
A expectativa da OCDE é que o desemprego médio fique em 8,2% neste ano e suba para 9% no ano que vem, para recuar depois ligeiramente até 8,8% no ano seguinte. Isso significa um contingente de 52,5 milhões de desempregados em 2010, 10 milhões a mais do que se previu no início da crise.
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