26.11.09

É hora de desmontar estímulos, dizem analistas

26 de novembro de 2009

O Globo (RJ)

Segundo economistas, ampliar as isenções pode trazer inflação, problemas na balança comercial e subida de juros


Cássia Almeida


A TODO VAPOR: Especialista ressalta que situação do Brasil é diferente daquela na Espanha, que está em recessão


A economia brasileira está em plena recuperação, as montadoras colecionam recordes de venda e os preços dos imóveis estão em alta. Esses fatores não recomendariam aumento das isenções fiscais, como as anunciadas pelo governo esta semana para os carros flex, a prorrogação de redução de IPI para materiais de construção e isenção total para os móveis. Segundo o economista Joaquim Elói Cirne de Toledo, as vendas de carro estão explodindo e a construção residencial tem o programa Minha Casa, Minha Vida: — Está mais do que na hora de tirar os estímulos para aquisição de veículos. O BC já se preocupa com o crescimento rápido.

O economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), também afirma que o ideal é abrir espaço para o investimento crescer. O estímulo ao consumo por isenções e crédito, fará a economia rapidamente bater no teto da capacidade.

— E o investimento vai adicionar mais demanda na economia.

Pode obrigar o Banco Central a rever, ainda que de forma transitória, a política monetária (atualmente, o BC está mantendo a taxa de juros).

Para Levy, o objetivo da prorrogação de IPI para os carros flex é mais uma política ambiental que econômica.

Alexandre Maia, economistachefe da GAP Asset, vê “sinais abundantes de uma recuperação forte em curso”. E, no ano que vem, a economia deve acelerar ainda mais com o efeito defasado da queda da Taxa Selic, que passou de 13,75% ao ano em dezembro de 2008 para 8,75%.

— A discussão sobre os estímulos já deveria ter mudado de direção. Há risco de desequilíbrios, como inflação e problemas na balança comercial, com alta de juros.

Para Cirne de Toledo, a situação do Brasil é bem diferente da de países como a Espanha, que está em recessão: — E o desempenho fiscal não é dos melhores. Não consigo de forma alguma achar razoável essa medida no Brasil. Se estivéssemos na Espanha... Houve uma mudança de postura na política fiscal do governo, aquecendo a economia pela via fiscal.

A crise eliminou a resistência a esse tipo de política

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