A dupla desigualdade suportada pelas mulheres negras também se verifica em relação à escolaridade e ao salário médio por hora.
De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais: uma Análise das Condições de vida da população brasileira, IBGE, 2008, a desigualdade entre brancos e negros pode ser verificada em relação ao rendimento independentemente da escolaridade.
A distribuição destes grupos entre os 10% mais pobres e entre o 1% mais rico demonstra essa disparidade de forma evidente. Enquanto entre os mais pobres, em 2007, os brancos apenas alcançam pouco mais de 25% do total, entre os que estão na classe mais favorecida, eles representam mais de 86%. Por sua vez, os negros (pretos e pardos) são quase 74% entre os mais pobres e só correspondem a pouco mais de 12% entre os mais ricos.
Esses dados indicam a discriminação racial suportada pelos afrodescendentes, entretanto, mascaram outra discriminação: a da mulher negra.
De acordo com Relatório de Desenvolvimento Humano: racismo, pobreza e violência (PNUD, Brasil, 2005) , a mulher negra recebe menor remuneração entre os demais grupos, como se verifica no gráfico abaixo.
Na década de 80, em média, a remuneração do trabalho de homens brancos e mulheres brancas equivalia ao dobro da remuneração do trabalho de homens negros e mulheres negras. Em 2003, os homens brancos ainda ganhavam em média 113% mais que os homens negros e as mulheres brancas, 84% mais que as mulheres negras.
A diferença de remuneração não se esgota na disparidade de escolaridade entre brancos e negros: entre os grupos com o mesmo tempo de estudo, a desigualdade entre brancos e negros permanece. Aliás, as discrepâncias são menos acentuadas nos níveis mais baixos de educação entre as mulheres brancas e negras. Entretanto, conforme aumenta os anos de estudo, as disparidades também se ampliam entre os rendimentos dos homens brancos, homens negros, mulheres brancas e mulheres negras.
O nível de escolaridade não se traduz numa convergência do nível de rendimento entre homens e mulheres, brancos e negros. Em todos os casos, veja que a situação mais desfavorável é entre as mulheres negras.
Uma vida sem violência é um direito das mulheres. E a discriminação racial é uma forma de violência. É preciso garantir os direitos das mulheres e implementar políticas levando em consideração essas disparidades já existentes, a fim de se garantir o pleno acesso e exercício dos direitos de todas as mulheres.
Nesse 20 de novembro, ressaltamos a necessidade de políticas adequadas para combater a dupla discriminação suportada pelas mulheres negras e outras discriminações conjugadas – por exemplo, entre as mulheres negras, as mulheres quilombolas são ainda mais discriminadas em razão da cultura e tradições quilombolas… A desigualdade no tratamento das mulheres negras em relação às mulheres brancas também é uma violência contra as mulheres.
Uma vida sem violência é um direito das mulheres. Comprometa-se. Tome uma atitude. Exija seus direitos.
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