25.11.09

Desigualdade de gênero e de raça: isso também é violência!

A dupla desigualdade suportada pelas mulheres negras também se verifica em relação à escolaridade e ao salário médio por hora.

De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais: uma Análise das Condições de vida da população brasileira, IBGE, 2008, a desigualdade entre brancos e negros pode ser verificada em relação ao rendimento independentemente da escolaridade.

Gráfico 8.5 - Rendimento-hora do trabalho principal das pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, com rendimento de trabalho, em reais, por cor ou raça, segundo os grupos de anos de estudo - Brasil - 2007  Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2007.

A distribuição destes grupos entre os 10% mais pobres e entre o 1% mais rico demonstra essa disparidade de forma evidente. Enquanto entre os mais pobres, em 2007, os brancos apenas alcançam pouco mais de 25% do total, entre os que estão na classe mais favorecida, eles representam mais de 86%. Por sua vez, os negros (pretos e pardos) são quase 74% entre os mais pobres e só correspondem a pouco mais de 12% entre os mais ricos.

Distribuição do rendimento familiar per capita das pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento, entre os 10% mais pobres e o 1% mais rico, em relação ao total de pessoas, por cor ou raça - Brasil - 2007  Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2007.

Esses dados indicam a discriminação racial suportada pelos afrodescendentes, entretanto, mascaram outra discriminação: a da mulher negra.

De acordo com Relatório de Desenvolvimento Humano: racismo, pobreza e violência (PNUD, Brasil, 2005) , a mulher negra recebe menor remuneração entre os demais grupos, como se verifica no gráfico abaixo.

Na década de 80, em média, a remuneração do trabalho de homens brancos e mulheres brancas equivalia ao dobro da remuneração do trabalho de homens negros e mulheres negras. Em 2003, os homens brancos ainda ganhavam em média 113% mais que os homens negros e as mulheres brancas, 84% mais que as mulheres negras.

A diferença de remuneração não se esgota na disparidade de escolaridade entre brancos e negros: entre os grupos com o mesmo tempo de estudo, a desigualdade entre brancos e negros permanece. Aliás, as discrepâncias são menos acentuadas nos níveis mais baixos de educação entre as mulheres brancas e negras. Entretanto, conforme aumenta os anos de estudo, as disparidades também se ampliam entre os rendimentos dos homens brancos, homens negros, mulheres brancas e mulheres negras.

O nível de escolaridade não se traduz numa convergência do nível de rendimento entre homens e mulheres, brancos e negros. Em todos os casos, veja que a situação mais desfavorável é entre as mulheres negras.

Salário/hora médio, por cor/raça autodeclarada e sexo, segundo o nível de escolaridade – Brasil, 2003 (R$ 2002) Fonte: IBGE/Pnad 2003.

Uma vida sem violência é um direito das mulheres. E a discriminação racial é uma forma de violência. É preciso garantir os direitos das mulheres e implementar políticas levando em consideração essas disparidades já existentes, a fim de se garantir o pleno acesso e exercício dos direitos de todas as mulheres.

Nesse 20 de novembro, ressaltamos a necessidade de políticas adequadas para combater a dupla discriminação suportada pelas mulheres negras e outras discriminações conjugadas – por exemplo, entre as mulheres negras, as mulheres quilombolas são ainda mais discriminadas em razão da cultura e tradições quilombolas… A desigualdade no tratamento das mulheres negras em relação às mulheres brancas também é uma violência contra as mulheres.

Uma vida sem violência é um direito das mulheres. Comprometa-se. Tome uma atitude. Exija seus direitos.

"Toda mulher tem direito a uma vida sem violência"
Comprometa-se!
Tome uma atitude!
Exija seus direitos!
16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres.

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