19.11.09

Declaração de Mantega não afeta dólar, que fecha estável a R$ 1,717

O Globo (RJ)

Moeda fica em baixa durante maior parte do pregão. Bovespa cai 1,32%

RIO, NOVA YORK e BRASÍLIA. Um dia após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar que, com o dólar cotado a R$ 2,60, “venceríamos todos”, o dólar comercial foi negociado ontem em queda frente ao real boa parte do dia. A moeda americana chegou a recuar a R$ 1,704, mas, no fim dos negócios, fechou estável, a R$ 1,717. Os agentes financeiros acharam que o ministro anunciaria uma nova medida para conter a valorização do real.

Mas o que foi divulgado foi a decisão de taxar em 1,5% as novas emissões de Depositary Receipts (DRs), e os analistas avaliaram que o novo imposto não afetará significativamente o câmbio. Segundo o gerente de câmbio do Banco Prosper, Jorge Knauer, a expectativa de que Mantega faria um anúncio no fim do dia causou certo estresse entre os investidores após o fechamento do mercado à vista, o que levou a cotação da moeda a bater R$ 1,732 no mercado futuro.

— Essa medida deve ter efeito marginal. Mas não considero positiva, pois toda mudança de regras, regulamentação instável, afasta investidores — afirmou Knaeur.

Números do BC confirmam entrada de estrangeiros

Os números do fluxo cambial divulgados hoje pelo Banco Central (BC) mostram que os investidores estrangeiros voltaram com força na semana passada para o Brasil. A diferença entre entrada e saída de moeda estrangeira do país fechou a primeira quinzena de novembro positiva em US$ 720 milhões.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a atingir a marca de 68 mil pontos ontem, mas não resistiu ao clima negativo em Wall Street e fechou queda. Após a divulgação de números ruins sobre o mercado imobiliário americano, investidores venderam ações para embolsar lucros, um dia depois de a Bolsa marcar nova cotação máxima no ano. O Ibovespa, principal índice da Bovespa, recuou 1,32% a 66.516 pontos, com volume negociado de R$ 6,406 bilhões. Entre os ativos de maior peso no Ibovespa, Petrobras PN perdeu 0,52% e Vale PNA recuou 2,31%.

As empresas de cartão de crédito tiveram quedas acentuadas.

Redecard desabou 4,1%.

Fora do índice, sua principal concorrente Cielo (ex-VisaNet), tombou 5,1%. Na terça-feira à noite, o Santander Brasil anunciou que está em negociações avançadas com a Getnet para explorar os serviços de captura e processamento de transações de cartões de crédito e de débito.

Em relatórios, o Citi e a Itaú Corretora consideraram que a notícia representa um aumento da competição no setor, com potencial negativo para Redecard e Cielo.

Em Nova York, o índice Dow Jones fechou com queda de 0,11%, enquanto o Nasdaq, das ações de tecnologia, cedeu 0,48%, e o S&P500, 0,05%. Os dados do setor imobiliário divulgados hoje foram a principal pressão negativa. A construção de novas moradias recuou 10,6% em outubro frente setembro, para uma taxa anualizada de 529 mil unidades. Segundo pesquisa da Mortgage Bankers Association (MBA), o volume de pedidos de empréstimos imobiliários também diminuiu 2,5% nos EUA na semana encerrada em 13 de novembro.

Para Luiz Monteiro, analista da corretora Souza Barros, há sinais de que os investidores brasileiros estão tirando o pé no acelerador, temendo que o atual movimento positivo da Bovespa não seja sustentável.

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