O Globo (RJ)
Mantega pede que empresários cobrem continuidade de próximo presidente
Ronaldo D’Ercole
SÃO PAULO. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegurou ontem que o governo não abrirá mão da disciplina fiscal e monetária neste ano por causa das eleições e propôs um pacto com o setor empresarial para blindar a economia de perturbações comuns em períodos eleitorais. Segundo ele, durante a crise o governo tomou medidas eficazes, e as empresas reagiram com confiança e atitudes positivas. Por isso, há hoje no país um ambiente de otimismo a ser preservado. Esse otimismo, disse Mantega, prova que o resultado negativo da indústria em 2009 “já é passado” e reflete a situação atual do setor, que cresce fortemente, para uma expansão de 7% no ano.
— O governo não vai mudar sua conduta, ou comportamento, porque é ano eleitoral.
Ou seja, seguiremos com responsabilidade fiscal e monetárias — afirmou ele a uma plateia de mais de 300 empresários durante o seminário “Brasil: preparado para crescer”, em São Paulo.
Para Mantega, não é hora de subir juros
Segundo Mantega, independentemente do candidato que vencer as eleições, os empresários devem “exigir o compromisso pela manutenção dos fundamentos e das políticas bem-sucedidas” na área econômica.
— Acredito que as eleições não vão interferir na economia, e isso já é um avanço que temos hoje. Mas temos de fazer um pacto para que a economia não sofra nenhuma perturbação num ano político — disse, reafirmando o compromisso do governo de não adotar medidas populistas.
— E os senhores devem manter o desempenho normal, sem cair em canto da sereia.
Diante do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, também presente ao evento, Mantega afirmou que, se houver problema com a inflação este ano, o BC deverá subir os juros, embora, na sua avaliação, isso não seja necessário no momento.
— Eu acho que não há essa necessidade, a economia brasileira cresce solidamente e não está produzindo inflação — disse, referindo-se à inflação de janeiro como sazonal.
Já Meirelles destacou que a massa salarial e o crédito estão se expandindo acima da tendência de longo prazo, embora tenha ressaltado que a economia hoje cresce ancorada em bases sólidas. Ao ser perguntado se esse ritmo acelerado não indicaria uma alta dos juros mais à frente, Meirelles se esquivou, dizendo essa questão será tratada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a ser publicada amanhã.
Meirelles: investimento vai liderar crescimento
Na maior parte da palestra aos empresários, porém, Meirelles fez questão de reiterar que a economia brasileira hoje cresce de forma equilibrada: — Temos uma inflação que está dentro da meta e uma política monetária equilibrada, que não é nem excessivamente frouxa nem apertada.
Segundo ele, o país voltou à condição de antes da crise no que se refere aos investimentos, que hoje são fortes: — O consumo também será forte este ano, mas a liderança desta vez será do investimento.
Mantega atribuiu ainda a decisão de acabar com os estímulos (redução do IPI de automóveis e eletrodomésticos) à forte retomada da atividade industrial no país. E citou também certos excessos na demanda por aqueles bens.
— Havia também muitas notícias de aquecimento da economia, e começou a haver certa euforia, exagerada a meu ver — disse o ministro
Nenhum comentário:
Postar um comentário