11.2.10

Fed fala em iniciar corte de estímulos

11 de fevereiro de 2010

Valor Economico (SP)

Bernanke indica que a primeira medida será reduzir a liquidez bancária, para depois elevar a taxa de juros

REUTERS, WASHINGTON

O Federal Reserve (Fed) indicou ontem que pode começar a retirar os enormes estímulos para a economia americana. A primeira medida será reduzir a liquidez do sistema financeiro, para depois subir o juro, disse ontem o presidente da instituição, Ben Bernanke. O banco central (BC) americano injetou mais de US$ 1 trilhão na economia, após reduzir o juro para quase zero para combater a pior crise financeira desde a Grande Depressão.

Embora a economia tenha crescido nos últimos dois trimestres, o desemprego se mantém alto, em 9,7% da população economicamente ativa. Bernanke disse que o momento de iniciar o aperto monetário ainda está um pouco longe, mesmo que o Fed já tenha uma ideia mais clara de como proceder.

"Ainda que, neste momento, a economia dos Estados Unidos continue a exigir o suporte de uma política monetária altamente expansionista, em algum ponto o Fed terá que endurecer as condições financeiras", disse Bernanke, conforme o texto preparado para a audiência na Comissão de Serviços Financeiros da Câmara.

A audiência foi adiada por causa da nevasca que interrompeu os transportes em Washington, mas o Fed decidiu tornar público o conteúdo do discurso de Bernanke. Ele forneceu a descrição mais detalhada até agora sobre o modo como o Fed pretende desmontar o suporte à economia.

Entre as medidas estão a possível venda de ativos do balanço do Fed e o provável aumento, em breve, da diferença entre as taxas de redesconto e do juro básico. O Fed pode começar a testar esse instrumentos para absorver a enorme quantidade de dinheiro que despejou nos bancos, como acordos de recompra e depósitos a termo. A ação seria tomada em pequena intensidade no começo, para preparar os mercados, disse Ben Bernanke.

Depois, com a aproximação do momento de apertar as condições financeiras, o Fed pode aumentar a intensidade dessas operações. A redução do balanço do Fed ajudaria os formuladores de política monetária a apertar o controle sobre o juro de curto prazo, disse Bernanke.

Por fim, elevaria os juros pagos sobre as reservas que os bancos mantêm no Fed. O aumento dessa taxa incentivaria os bancos a deslocar recursos para o Fed, diminuindo o volume de dinheiro em circulação.

O Fed expandiu muito seu balanço com a aquisição de dívida atrelada a hipotecas, que devem somar US$ 1,45 trilhão no fim de março, quando as compras devem terminar.

Bernanke disse ainda que o Fed não deve vender nenhum desses ativos no curto prazo, "pelo menos não até que o aperto monetário esteja em curso e a economia esteja claramente em recuperação sustentável".

O Fed também vai retomar as normas pré-crise em uma série de instrumentos de crédito, com o aumento, por exemplo, da taxa de redesconto e a redução do prazo máximo de vencimento dos empréstimos nessa modalidade.

Antes do início da crise, na metade de 2007, a taxa de redesconto era 1 ponto porcentual maior que o juro básico. Atualmente, essa taxa é de 0,5% e o juro básico está entre zero e 0,25%.

As mudanças na janela de redesconto devem ser vistas como passos em direção à normalização, não como uma mudança de política monetária, ressaltou a autoridade monetária americana.

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