O Globo (RJ)
Taxa média cobrada pelos bancos no crédito para pessoas físicas avançou em janeiro. E continua subindo este mês
Patrícia Duarte
BRASÍLIA. Mesmo com a inadimplência em queda, custos de captação praticamente inalterados e a taxa básica do país estável há cerca de cinco meses (em 8,75% ao ano), o consumidor brasileiro começou 2010 com juros mais elevados nos empréstimos.
E há poucas chances de o quadro ser mudado. De acordo com o Banco Central (BC), a taxa média para pessoa física subiu 0,3 ponto percentual em janeiro, chegando a 43% ao ano, depois de ter recuado nos dois meses anteriores. Para as empresas o aumento foi ainda maior no período, de 1 ponto percentual, passando a 26,5% ao ano.
Em fevereiro, a escalada continuava. Até o dia 10, as taxas para o consumidor final já estavam em 43,4% e, para as pessoas jurídicas, em 26,7% anuais. Vários fatores explicam esse aumento, passando desde pela maior procura por modalidades de crédito mais caras, como cheque especial, até uma expansão nas margens dos lucros dos bancos.
— O que pudemos perceber é que houve uma mudança no mix das modalidades de empréstimos mais usadas nesse período, com maior peso para as mais caras. Isso acaba afetando a taxa média — explicou o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Em janeiro, segundo o BC, o juro médio do cheque especial foi o que mais subiu, passando de 159,1% ao ano em dezembro para 161,1% em janeiro. Ao mesmo tempo, o saldo total dessa modalidade cresceu 5,1% no período, de longe o maior salto.
Custo de captação ficou praticamente estável
A pressão sobre as taxas de juros agora também vem dos spreads bancários — diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada ao consumidor final. Para a pessoa física, a alta foi de 0,2 ponto percentual, para 31,8 pontos em janeiro, e, até o dia 10 passado, já estava em 32,2 pontos.
Como a inadimplência, uma das principais variáveis do spread, não subiu em janeiro, existem avaliações de analistas de que os bancos também estão elevando suas margens de lucro.
Em janeiro, o custo de captação ficou estável, com ligeiro crescimento de 1 ponto percentual.
Na avaliação do vice-presidente da Anefac (associação que reúne os executivos de finanças), Miguel Oliveira, os bancos estão subindo os juros agora por causa da elevação do risco internacional, com a crise na Europa, e pela expectativa de que o BC vai elevar a Selic em breve, em março ou, no máximo, em abril.
— Os bancos exageram na subida dos juros diante das expectativas.
Quando o BC subir de fato a Selic, há chances de os juros para o consumidor caírem um pouco — avaliou Oliveira.
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