14.12.09

Morre Paul Samuelson, Prêmio Nobel de Economia, aos 94 anos

14 de dezembro de 2009

O Globo (RJ)

Felipe Frisch*


NOVA YORK e RIO. O economista americano Paul Samuelson, prêmio Nobel de Economia em 1970, morreu ontem em sua casa em Belmont, Massachusetts, aos 94 anos. Seus trabalhos ajudaram a formar a base da economia moderna e introduziram gerações de estudantes ao pensamento keynesiano (do britânico John Maynard Keynes, que defendia aumento de gastos públicos para combater recessões).

Samuelson é considerado o mais importante economista acadêmico do século XX.

Um de seus principais livros, “Economics: an introductory analysis” (“Economia”, no Brasil), foi traduzido para 40 línguas e vendeu quase quatro milhões de cópias desde o lançamento, em 1948.

A sua morte foi anunciada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde lecionava desde 1940. O comunicado não informa a causa da morte.

— Samuelson escreveu o maior clássico de economia, que todo estudante, desde minha geração a até pouco tempo, usou. Ainda é uma grande referência — disse Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), referindo-se a “Economia” (editora McGraw-Hill).

Rigor da matemática aplicado à economia

Segundo Langoni, ao lado de Milton Friedman e de John Kenneth Galbraith — ambos falecidos em 2006 — Samuelson formou a tríade dos economistas mais influentes do século XX: — (Ele) foi um dos primeiros a popularizar a economia para o grande público, suas ideias tiveram grande impacto nas políticas econômicas dos EUA e de todo o mundo.

Sua maior contribuição de ao estudo da economia foi adotar o rigor da matemática para lidar com questões econômicas.

Seus trabalhos enfatizavam as relações de causa e efeito e, a partir de uma análise matemática, discutiam o equilíbrio entre preços, oferta e demanda.

Samuelson transformou o MIT, onde lecionava, num centro de referência, ao atrair para a universidade uma lista de brilhantes economistas. Entre eles, Paul Krugman, Joseph Stiglitz e Robert Solow — todos Prêmio Nobel.

Apaixonado pelo que fazia, escrevia para dois públicos distintos. Um de seus trabalhos técnicos mais conhecidos, “Os fundamentos da Análise Econômica”, voltavase para os professores. Em “Economia”, apresentava aos estudantes as ideias de Keynes.

Crise resgatou ideias de Samuelson

Foi conselheiro dos ex-presidentes americanos John Kennedy e Lyndon Johnson e consultor do Tesouro dos EUA.

— Quando economistas sentam com um pedaço de papel para calcular ou analisar alguma coisa, usam ferramentas e ideias desenvolvidas por Paul Samuelson — disse Solow, professor emérito do MIT.

Para Langoni, Samuelson foi um dos “grandes macroeconomistas” da História: — Ele e Friedman, na época, travaram um debate riquíssimo.

Samuelson com uma visão mais keynesiana, e Friedman, monetarista.

O diretor do Instituto de Economia da UFRJ, João Sabóia, destaca que, nos últimos anos, Samuelson acabou sendo esquecido, com o sucesso de políticas econômicas de viés mais liberal. Porém, a recente financeira, que levou vários países a elevarem seus gastos públicos para sair da recessão, mudou essa perspectiva.

— Samuelson foi um liberal no sentido americano. Isto é, um economista favorável a reformas sociais e à intervenção do Estado para combater o desemprego — diz o economista Fernando Cardim, professor da UFRJ

* Com agencias internacionais

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