DCI (SP)
Panorama Brasil
SÃO PAULO - A explosão do déficit público na Grécia ameaça contaminar Espanha, Rússia, Irlanda e Grã Bretanha. O efeito da notícia somado ao rebaixamento da classificação de risco dos espanhóis foi imediato: os principais indicadores europeus fecharam no vermelho.
A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota da Espanha de estável para negativa. O rating soberano da Espanha atualmente é AA+. Em janeiro deste ano, a agência já havia rebaixado a nota do país ibérico da máxima AAA para a AA+ atual para a dívida de longo prazo.
"A decisão se deve à expectativa de um crescimento do Produto Interno Bruto [PIB] significativamente mais baixa e déficits fiscais persistentes", disse Trevor Cullinan, analista da S&P.
A Alemanha, maior economia da Europa, teve a sua nota confirmada pela S&P ontem.
Na Grécia, o primeiro-ministro George Papandreou afirmou: "pela primeira vez desde 1974, a paralisação das finanças públicas ameaça a soberania nacional".
A agência de classificação de risco Fitch anunciou ontem que colocou sob vigilância negativa o conjunto das transações financeiras estruturadas da Grécia, cuja quantia chega a 9,7 bilhões de euros (US$ 14,3 bilhões).
Terça-feira, a Fitch já havia rebaixado a nota da dívida a longo prazo da Grécia de A- para BBB+. Outra agência de classificação, a Standard and Poor's, colocou na segunda-feira sob vigilância negativa a nota de crédito de longo prazo da Grécia.
A França e a Suécia, sócios da Grécia na União Europeia (UE), pediram ontem ao governo grego que aplique um plano verdadeiro e eficaz para ordenar as finanças públicas, segundo a ministra da Economia, Christine Lagarde.
A Grécia está na mira pela explosão de seu déficit público (12,7% do Produto Interno Bruto) e sua dívida (113,4% do PIB). A situação do país piorou de forma dramática após a crise de Dubai, que havia anunciado em 25 de novembro passado um pedido de moratória para o pagamento de uma dívida de um conglomerado público, avaliada em US$ 59 bilhões.
Apesar das declarações do presidente dos Emirados Árabes Unidos, xeque Jalifa bin Zayed al Nahayan, insistindo em que o país havia contido a crise econômica global, a Bolsa de Dubai despencou 6,39% ontem, o que a levou a perder em apenas duas semanas os ganhos do ano todo.
Os problemas de Dubai e Grécia começaram a afetar outros países. Na Rússia, a moeda local - rublo - desabou ontem frente ao dólar e ao euro. O dólar estava cotado a 30,80 rublos, contra 30,26 rublos na véspera e a 30,10 rublos na taxa de câmbio oficial do banco central russo.
Para o megainvestidor George Soros, a Europa falhou na instituição de um marco regulatório para o sistema financeiro e, consequentemente, perdeu a oportunidade de desempenhar o papel principal no desenvolvimento de uma nova ordem no mundo.
Quando o sistema financeiro entrou em colapso em diversos países da Europa, incluindo a Irlanda e o Reino Unido, os líderes europeus não conseguiram chegar a um plano comum. Entretanto, segundo Soros, o fato é que a Europa não está atuando à altura de seu potencial de liderança. "No lugar de um plano comum europeu, cada país teve de reagir por conta própria", disse Soros.
Ontem, a Bolsa de Londres caiu 0,37%, indo para 5.203,89 pontos no índice FTSE 100; a Bolsa de Frankfurt teve baixa de 0,72% no índice DAX, para 5.647,84 pontos; a Bolsa de Zurique teve baixa de 0,75%, indo para 6.351,71 pontos no índice Swiss Market; a Bolsa de Madri teve baixa de 2,30%, com 1.203,84 pontos no índice Madrid General; e a Bolsa de Amsterdã caiu 0,81%, para 312,88 pontos no índice AEX General.
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