Folha de S.Paulo (SP)
Rombo externo é financiável em 2010, mas risco é desequilíbrio crescer ao longo da próxima década, afirmam economistas
Para especialista, país deve criar condições para impedir valorização excessiva do real e aumentar competitividade dos produtos exportados
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil ficará mais dependente em 2010 do dinheiro estrangeiro, utilizado para financiar o deficit nas transações envolvendo produtos e serviços com o restante do mundo, mas a situação continua financiável ao menos no próximo ano, dizem especialistas.
O problema maior é esse desequilíbrio crescer ainda mais e perdurar indefinidamente na próxima década, especialmente se o restante do mundo passar por um período prolongado de estagnação econômica.
"Não é um problema para 2010, embora a tendência seja preocupante. O que chama a atenção é a rapidez da deterioração. Se projetarmos para o futuro, não é um deficit saudável", diz o economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
"Apesar de a gente prever deficit em transações correntes maior para o ano que vem, ainda é perfeitamente financiável. Até porque nossa projeção para o câmbio é bastante tranquila em 2010", disse Marcio Nakane, coordenador da consultoria Tendências.
A consultoria prevê que o dólar encerre 2010 na casa de R$ 1,75, próximo do R$ 1,79 do fechamento de ontem. Nesse patamar, o câmbio não deteriorará o comércio no próximo ano.
Problema crônico da economia brasileira até a desvalorização do real em 1999, o deficit em contas externas mede o quanto o país precisa "importar" dinheiro do restante do mundo para suprir deficiências internas para gerar recursos e financiar seu crescimento.
Uma das formas de ajustar essa deficiência é reduzir o peso da dívida pública, que consome a maior parte dos recursos do país, uma iniciativa que os economistas descartam no final do governo Lula.
Para Lacerda, o país deveria evitar que o quadro se agrave adotando instrumentos de intervenção no câmbio capazes de impedir uma apreciação indesejada no real, além de políticas de incentivo à competitividade das exportações.
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