16.12.09

Mercado projeta retração do PIB

15 de dezembro de 2009

Folha de S.Paulo (SP)

Mudança ocorreu após três meses com analistas prevendo crescimento econômico do país em 2009

Pesquisa do BC mostra que analistas projetam, agora, queda de 0,26% do PIB; previsão anterior era que houvesse expansão de 0,2%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de três meses prevendo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 0,20% neste ano, o mercado financeiro projeta, agora, uma pequena retração, segundo pesquisa semanal feita pelo Banco Central na semana passada e divulgada ontem.
A mudança ocorreu após a divulgação dos dados sobre a economia no terceiro trimestre, que frustraram as expectativas do governo e levaram o mercado a prever uma queda de 0,26%. Para 2010, as previsões passaram de uma expansão de 5% para 5,03%.
Na última quinta-feira, o IBGE informou que a economia brasileira cresceu 1,3% no trimestre passado em relação aos três meses anteriores. As previsões dos economistas e do governo eram um avanço entre 2% e 2,6%.
De acordo com o instituto oficial de estatísticas, o país precisa crescer 5% neste trimestre para terminar o ano sem queda do PIB. Para alcançar crescimento de 1%, conforme previsto pelo governo, é necessário um avanço de 9% nos três últimos meses do ano.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que espera um crescimento abaixo desse índice, mas não fixou um número. Já o BC divulga até o fim do ano o seu último relatório de inflação, que trará também a projeção para o PIB. Atualmente, a instituição espera crescimento de 0,8% para 2009.
Esse crescimento menor da economia reduz também a possibilidade de que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) antecipe a esperada alta dos juros para as primeiras reuniões de 2010. A pesquisa Focus, feita semanalmente pelo BC, mostra que foram mantidas as previsões de que a Selic comece a subir apenas em junho. Até lá, fica nos atuais 8,75% ao ano.
O levantamento divulgado ontem trouxe também as previsões para os juros no início do próximo governo, quando a recuperação da economia deve se acelerar. Até fevereiro de 2011, a taxa básica Selic chegaria a 11,25% ao ano.
Com essas previsões para juros e PIB, o mercado financeiro projeta inflação dentro da meta neste e no próximo ano. O dólar deve terminar 2009 em R$ 1,73 e se manter próximo desse patamar até o final de 2010. O comportamento da moeda norte-americana não deve ajudar a balança comercial, cujo superavit deve cair de US$ 25 bilhões neste ano para US$ 11,3 bilhões em 2010.
Após a apresentação do decepcionante PIB do terceiro trimestre, as projeções para os juros no mercado futuro perderam fôlego, especialmente nos contratos com vencimento em até 12 meses na BM&F.
Ontem, os contratos fecharam estáveis, mantendo os níveis registrados nos últimos pregões da semana passada.
No contrato DI -que aponta as projeções para os juros- mais negociado, que tem resgate programado para ocorrer em janeiro de 2011, a taxa fechou ontem a 10,35%. Na quarta-feira passada, antes de o PIB ser apresentado, estava em 10,46%. Para o contrato com vencimento no fim do primeiro semestre de 2010, a taxa projetada ontem ficou em 9,14%. Na semana passada, era de 9,22%.
Esse movimento ocorreu porque, se a economia se mostra menos aquecida do que o esperado, há menos espaço para a taxa básica ser elevada.

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Colaborou a Reportagem Local

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