Folha de S.Paulo (SP)
Mudança ocorreu após três meses com analistas prevendo crescimento econômico do país em 2009
Pesquisa do BC mostra que analistas projetam, agora, queda de 0,26% do PIB; previsão anterior era que houvesse expansão de 0,2%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de três meses prevendo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 0,20% neste ano, o mercado financeiro projeta, agora, uma pequena retração, segundo pesquisa semanal feita pelo Banco Central na semana passada e divulgada ontem.
A mudança ocorreu após a divulgação dos dados sobre a economia no terceiro trimestre, que frustraram as expectativas do governo e levaram o mercado a prever uma queda de 0,26%. Para 2010, as previsões passaram de uma expansão de 5% para 5,03%.
Na última quinta-feira, o IBGE informou que a economia brasileira cresceu 1,3% no trimestre passado em relação aos três meses anteriores. As previsões dos economistas e do governo eram um avanço entre 2% e 2,6%.
De acordo com o instituto oficial de estatísticas, o país precisa crescer 5% neste trimestre para terminar o ano sem queda do PIB. Para alcançar crescimento de 1%, conforme previsto pelo governo, é necessário um avanço de 9% nos três últimos meses do ano.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que espera um crescimento abaixo desse índice, mas não fixou um número. Já o BC divulga até o fim do ano o seu último relatório de inflação, que trará também a projeção para o PIB. Atualmente, a instituição espera crescimento de 0,8% para 2009.
Esse crescimento menor da economia reduz também a possibilidade de que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) antecipe a esperada alta dos juros para as primeiras reuniões de 2010. A pesquisa Focus, feita semanalmente pelo BC, mostra que foram mantidas as previsões de que a Selic comece a subir apenas em junho. Até lá, fica nos atuais 8,75% ao ano.
O levantamento divulgado ontem trouxe também as previsões para os juros no início do próximo governo, quando a recuperação da economia deve se acelerar. Até fevereiro de 2011, a taxa básica Selic chegaria a 11,25% ao ano.
Com essas previsões para juros e PIB, o mercado financeiro projeta inflação dentro da meta neste e no próximo ano. O dólar deve terminar 2009 em R$ 1,73 e se manter próximo desse patamar até o final de 2010. O comportamento da moeda norte-americana não deve ajudar a balança comercial, cujo superavit deve cair de US$ 25 bilhões neste ano para US$ 11,3 bilhões em 2010.
Após a apresentação do decepcionante PIB do terceiro trimestre, as projeções para os juros no mercado futuro perderam fôlego, especialmente nos contratos com vencimento em até 12 meses na BM&F.
Ontem, os contratos fecharam estáveis, mantendo os níveis registrados nos últimos pregões da semana passada.
No contrato DI -que aponta as projeções para os juros- mais negociado, que tem resgate programado para ocorrer em janeiro de 2011, a taxa fechou ontem a 10,35%. Na quarta-feira passada, antes de o PIB ser apresentado, estava em 10,46%. Para o contrato com vencimento no fim do primeiro semestre de 2010, a taxa projetada ontem ficou em 9,14%. Na semana passada, era de 9,22%.
Esse movimento ocorreu porque, se a economia se mostra menos aquecida do que o esperado, há menos espaço para a taxa básica ser elevada.
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Colaborou a Reportagem Local
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