Valor Economico (SP)
Pós-crise: País deve crescer 3,2% em 2010 graças ao aumento do consumo e à queda do desemprego
Luca Di Leo, The Wall Street Journal
A economia americana deve apresentar crescimento sólido este ano e no próximo, à medida que as pessoas aumentem o consumo, confiantes de que a recessão já ficou para trás, afirma um grupo de economistas numa pesquisa a ser divulgada hoje.
Os 46 economistas entrevistados entre 27 de abril e 7 de maio para o relatório da Associação Nacional de Economia Empresarial, mais conhecida pela sigla em inglês Nabe, preveem que o PIB americano vai crescer 3,2% em 2010 e 2011. Na penúltima pesquisa da Nabe, divulgada em 10 de fevereiro, o crescimento previsto para os dois anos era de 3,1%.
"Embora os riscos envolvendo a Europa tenham aumentado muito recentemente, o cenário do país melhorou sob vários aspectos", disse a presidente da Nabe, Lynn Reasear, economista-chefe da Universidade Point Loma Nazarene.
"As perspectivas de crescimento são fortes, o desemprego e a inflação estão mais baixos, e diminuíram os temores ligados à falta de confiança dos consumidores e a possíveis obstáculos financeiros à economia doméstica", disse Reaser.
Prejudicados pela pior recessão desde os anos 30, os americanos pouparam mais em 2009. Mas o consumo, que responde por mais de dois terços do PIB dos Estados Unidos, impulsionou o crescimento da economia no primeiro trimestre de 2010. Isso deve ajudar a compensar a retirada do suporte econômico governamental, no fim do ano. O índice de poupança pode chegar a 3,4% este ano, preveem os economistas, ante a estimativa de 4,6% feita há três meses.
O consumo também deve receber um impulso da recuperação gradual do mercado de trabalho. Espera-se que o crescimento continue robusto em 2011, exceto pela desaceleração no número de vagas de trabalho criadas no período de julho a setembro, quando as pessoas contratadas para o censo de 2010 perderem seus trabalhos temporários. Os economistas entrevistados esperam que o desemprego caia de 9,9% em abril para 9,4% no fim do ano e 8,5% no fim de 2011.
A economia ganhou vagas de trabalho em abril ao ritmo mais rápido dos últimos quatro anos, com ganhos sólidos no setor privado. Os dados do consumo e da renda em abril, que serão divulgados sexta-feira, devem mostrar que a recuperação do emprego está começando a impulsionar a renda, segundo analistas consultados pela agência Dow Jones Newswires.
O investimento das empresas também vai alimentar a expansão econômica, segundo a pesquisa da Nabe, com despesas de capital em equipamentos e software sendo sustentadas pelos lucros maiores. As pequenas empresas, que ainda enfrentam dificuldades para conseguir financiamento por causa da crise, devem se beneficiar de qualquer melhora na oferta de crédito.
Os economistas esperam agora que a inflação continue baixa durante mais tempo do que previam na pesquisa anterior. Diante disso, preveem agora que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), elevará os juros para apenas 0,5% no fim de 2010, ante a estimativa de fevereiro, que antevia elevação dos juros para 0,75% no último trimestre do ano. A atual taxa básica de juros do Fed, que define quanto os bancos pagam para emprestar recursos uns aos outros no overnight, está entre zero e 0,25%.
As previsões da Nabe são um pouco menos otimistas que as divulgadas pelas autoridades do Fed após sua última reunião em 27 e 28 de abril. As autoridades disseram que a economia deve crescer 3,5% este ano e 4% em 2011, e o desemprego deve cair para 8,3% até o fim do ano que vem.
Uma perspectiva negativa da presente pesquisa da Nabe é que a abrangência da recuperação do mercado imobiliário foi diminuída. Os economistas não esperam mais que o crescimento do setor ultrapasse o do resto da economia americana. A construção de novas residências nos EUA apresentou um crescimento maior que o esperado em abril, graças à extensão de um crédito tributário para compra da casa própria, mas o declínio no número de novos alvarás sugere que o setor imobiliário continuará sendo um dos pontos fracos da economia.
Quase metade dos entrevistados acredita que a Grécia vai declarar moratória no ano que vem. (A pesquisa foi concluída dias antes de os governos europeus anunciarem um fundo de US$ 1 trilhão para estabilizar as dívidas soberanas do bloco e evitar que a crise grega contamine outros países.) Mas o impacto dessa crise nos EUA continua a ser considerado como limitado pelos economistas da Nabe.
Nem todo mundo aceita essa conclusão. O governador do Fed Daniel Tarullo alertou semana passada que a crise de dívida da Europa cria riscos sérios à economia americana, porque pode prejudicar as exportações e o crédito bancário dos EUA, e também reavivar o estresse nos mercados financeiros mundiais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário