Valor Economico (SP)
Doutrina Obama: Recuperação econômica é vital para manter poderio
Agências internacionais
O governo dos EUA divulgou sua nova doutrina de segurança nacional, na qual pretende unir diplomacia e disciplina fiscal, por um lado, com poder militar, do outro lado, para reforçar a posição dos EUA no mundo.
Em uma ruptura formal com o unilateralismo da era Bush, a estratégia do presidente Barack Obama preconiza expandir as parcerias para além de aliados tradicionais dos EUA e englobar potências emergentes, como China, Índia e Brasil, para compartilhar a carga da política internacional.
Diante de uma economia em dificuldades e déficits recordes, o governo também reconheceu que aumentar o crescimento econômico e colocar a situação fiscal do país em ordem devem ser prioridades de segurança nacional. "No centro dos nossos esforços está um compromisso de renovar a nossa economia, que serve como fonte do poder americano", diz o texto.
A primeira declaração oficial de Obama quanto aos objetivos de segurança nacional intencionalmente omite a política de guerra preventiva de seu predecessor, George W. Bush, que afastou alguns aliados americanos.
O documento formaliza a intenção de Obama de enfatizar a diplomacia multilateral, em vez do poderio militar, enquanto tenta remodelar a ordem mundial.
O governo ainda reiterou a determinação de Obama de tentar negociar com "nações hostis" - uma referência velada ao Irã e à Coreia do Norte -, mas ameaçou a isolá-las se elas continuassem a desafiar as normas internacionais.
A Estratégia de Segurança Nacional é uma exigência legal feita a todos os presidentes e muitas vezes se torna uma reafirmação de posições existentes. Ela é considerada importante porque pode influenciar orçamentos e leis.
Obama, que assumiu o poder durante a pior crise financeira desde a década de 1930, tomou uma posição mais clara do que qualquer dos seus antecessores na elaboração da ligação entre a saúde econômica doméstica dos EUA e sua estatura no exterior.
"Precisamos renovar a base da força dos Estados Unidos", diz o documento. Ele afirma que o crescimento econômico sustentável depende de colocar o país em um "caminho fiscalmente sustentável", e também pediu a redução da dependência de fontes estrangeiras de petróleo.
Não houve menção ao grande endividamento do país em relação a países como a China. Isso vem se tornando uma preocupação entre políticos e diplomatas e poderia representar um problema de segurança nacional.
Bush usou sua primeira declaração sobre segurança nacional, em 2002, para demarcar o direito de ataque preventivo contra os grupos terroristas e países considerados ameaças para os EUA. Isso ocorreu no rescaldo dos ataques de 11 de setembro de 2001.
O plano de Obama distanciou sua administração da que ficou conhecida como Doutrina Bush
A melhora do tom dos EUA na política externa já é amplamente creditada a Obama, o que levou o presidente a ganhar o Nobel da Paz em 2009, mas ele ainda enfrenta duas guerras inacabadas, impasses nucleares com Irã e Coreia do Norte e um esfriamento do processo de paz no Oriente Médio. Para seus críticos, os esforços diplomáticos de Obama refletem uma fraqueza dos EUA e põem em risco os interesses americanos, por se basearem demais em "soft power".
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