18.5.10

Crise europeia já muda os planos financeiros no Brasil

18 de maio de 2010

DCI (SP)

Eduardo Puccioni Karina Nappi


SÃO PAULO - A crise na Europa já preocupa o mercado de capitais brasileiro. Como grande parte da movimentação financeira da Bolsa de Valores vem de capital externo, especialistas de mercado já acreditam que as próximas ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) serão adiadas.

"No curto prazo deve dar uma segurada boa. Nos próximos três meses deve dar uma acalmada, até o mercado entender se o pacote vai ter um efeito. Quem estava na boca do gol deve adiar, porque há um risco muito grande de fazer a oferta e sair abaixo do preço", afirma Paolo Mason, diretor de Varejo da WinTrade, home broker da Alpes Corretora.

Depois de um grande número de construtoras e incorporadoras acessar o mercado de capitais brasileiro, Mason crê que, para estas empresas, ficará mais difícil a entrada na Bolsa. "Todos os setores estão comprometidos. O setor bancário fica ainda mais difícil, porque está em evidência. O setor de construção depende muito do crédito. Se este estresse aumentar vai prejudicar as empresas do setor", explica Mason.

Entre as companhias que deram entrada a pedido de IPO na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), está a Autometal, que fornece plásticos e estamparia à indústria automotiva. "Este setor está muito bom no Brasil. A classe média está comprando carro. A classe C está crescendo e o crédito está acessível", acrescenta o diretor da WinTrade.

A Autometal é uma subsidiária da espanhola CIE Automotive e encerrou o exercício de 2009 com lucro líquido de R$ 115 milhões, que corresponde a um crescimento de 24,3% se comparado ao exercício anterior. Em seu prospecto preliminar, a companhia não descarta utilizar os recursos da captação para aquisições.

Além da Autometal, estão em processo de abertura de capital na CVM a GRV Solutions, Sonae Sierra Brasil, a Brasil Insurance Participações e Administração e a WTorre Empreendimentos Imobiliários, empresa que faz diversas captações via mercado, mas que ainda não abriu seu capital. Ontem saiu o valor por ação da oferta da fabricante de massas e biscoitos M.Dias Branco, que pode chegar a R$ 400,9 milhões, com base na cotação de fechamento dos papéis de ontem na bolsa (R$ 36,15). A empresa planeja realizar uma oferta secundária - cujos recursos vão para os sócios que venderem as ações na operação - de 9.643.200 ações, sem considerar o lote suplementar, correspondente a 15% do total, ou 1.446.480 papéis.

Bolsa de Valores

A crise financeira da Europa causou muita volatilidade no pregão desta segunda-feira da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa). O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, encerrou o dia com queda de 0,86%, aos 62.866 pontos. O volume financeiro foi de R$ 9,959 bilhões, com 469.096 contratos negociados durante o pregão.

Segundo relatório diário da XP Investimentos, o que ocorreu durante o dia foi "mais do mesmo: o Ibovespa encerrou o dia em queda, frente a preocupações com a crise na Europa, que continuou a ditar os rumos dos negócios", diz a XP, em documento.

A BM&F Bovespa informou que o exercício de contratos de opções sobre ações movimentou ontem, no segmento Bovespa, R$ 2,42 bilhões, dos quais R$ 1,92 bilhão foi em opções de venda, e R$ 500,4 milhões, em opções de compra. O maior volume financeiro ficou com as ações ordinárias da OGX a R$ 20,75 por ação, movimentando R$ 487 milhões em opções de venda.

Em segundo lugar aparece novamente a OGX ON, a R$ 19,75 por ação, com volume de R$ 463,5 milhões, mas em opções de venda. Depois foi a Vale PNA, a R$ 43,64 por ação, com movimentação de R$ 436,5 milhões em opções de venda, seguida pela Petrobras PN, a R$ 29,77 por ação, com volume financeiro de R$ 123,5 milhões em opções de compra, e, por fim, Vale PNA a R$ 47,64 por ação, movimentando R$ 108,9 milhões em opções de venda.

Já para o câmbio, a XP Investimentos afirma que "o euro é a bola da vez. Crescem no mercado as especulações sobre uma intervenção oficial para estabilizar o euro, que ontem cedo atingiu o menor nível em mais de quatro anos". O euro fechou a R$ 2,23 para o real e a US$ 1,238 para o dólar.

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