11.11.11

Inflação oficial "vaza" antes do previsto; indicador segue acima da meta

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,43% em outubro, após alta de 0,53% em setembro, reportou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado acabou sendo divulgado antes da data prevista --nesta sexta-feira, às 9h-- por causa de problemas técnicos, explicou a instituição.
O dado de outubro divulgado pelo IBGE, segundo o cálculo do economista da Raymond James, Mauricio Rosal, mostra que, em 12 meses, a taxa teria ficado em 6,97%, ainda acima do teto da meta do governo, de 6,50%. Até setembro, no entanto, o indicador tinha alta de 7,31% em 12 meses. No acumulado do ano, ainda segundo ele, a taxa fechado outubro em 5,43%.
A economista-chefe do RBS Global Banking & Markets, Zeina Latif, avalia que o número de outubro é uma "boa notícia" porque mostra que, mesmo com a pressão cambial vivida naquele momento, o indicador veio dentro do esperado.
"Não ter uma indicação clara de pressão cambial no mercado ainda aquecido é uma boa notícia. Ainda mais que, naquele momento, não havia compensação (do câmbio) com quedas maiores nos preços das commodities", afirmou Zeina, acrescentando que o IPCA de outubro, em 12 meses, indica uma inflação pelo IPCA ao redor de 7%.
Para o economista-chefe da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, o número veio em linha com as expectativas do mercado e corrobora a avaliação de que a inflação tende a desacelerar nos próximos meses. "Pegando esse número, aquilo que você espera para uma diminuição da inflação está sendo atendido", disse Barbutti.
Para o Banco Central (BC), a inflação começará a perder força neste fim de ano e convergirá para o centro da meta do governo --de 4,5% pelo IPCA-- em 2012. Muitos agentes econômicos, no entanto, são céticos quanto a esse cenário. A elevada inflação é um dos principais elementos de dúvida do mercado quanto ao recente ciclo de afrouxamento monetário iniciado pelo BC.
Ainda assim, a expectativa é de que o BC implemente novos cortes sobre a Selic --hoje em 11,50% ao ano--, após duas quedas seguidas, em agosto e outubro, que totalizaram 1 ponto percentual.
Recentes sinais de desaceleração, ou mesmo recuo, em indicadores econômicos vêm respaldando visões de que a taxa pode cair mais que 0,50 ponto percentual já na reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom) ou de que o ciclo de afrouxamento monetário possa se estender além do antecipado.
O IBGE reportou também que o emprego na indústria do Brasil teve variação negativa de 0,4 por cento em setembro sobre agosto, devolvendo a alta de 0,4 por cento registrada nesse mês.

Problemas técnicos no IBGE

A divulgação do IPCA e do emprego na indústrial brasileira estava prevista para as 9h de sexta-feira, mas uma falha no sistema de publicação do IBGE acabou disponibilizando os números a alguns usuários na noite desta quinta-feira.
"Por este motivo e de acordo com o princípio de igualdade de acesso à informação pública, o IBGE está divulgando hoje", afirmou o instituto em nota, referindo-se aos indicadores.
(Com informações da Reuters)

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