Rio de Janeiro - O coordenador da Área de Economia Aplicada do Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Armando
Castelar, disse que os resultados do Índice Firjan de Desenvolvimento
Municipal (IFDM) relativo a 2009 são bastante positivos. Divulgado ontem
(5) à noite pela Federação das Indústrias do Estado do Rio, o IFDM revela que
houve, no período, redução das desigualdades entre os 5.565 municípios
brasileiros: 69,1% das cidades apresentaram crescimento em seus indicadores de
desenvolvimento, com migração das faixas de desenvolvimento baixo e regular
para as de crescimento moderado e alto.
Castelar acredita que os números relativos a 2010 serão ainda melhores
porque o país se recuperou bem da crise econômica do ano anterior. Embora a
desigualdade ainda permaneça entre as cidades em termos de alto
desenvolvimento, na análise da última década o resultado encontrado pelo IFDM é
que 90% dos municípios apresentaram crescimento, ao mesmo tempo em que houve
redução do total de cidades com índices de desenvolvimento considerados
baixos.
“Eu acho que o fato de os municípios mais pobres terem mostrado melhora
maior nessa ótica tem muito a ver com o fato de que a renda vem melhorando no
país por conta de melhorias no mercado de trabalho. Isso tem impacto
importante, porque há mais gente trabalhando. Significa que a renda familiar é
mais alta”.
O foco nos municípios com mais baixos índices de Desenvolvimento Humano
(IDH) reflete as políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família,
que têm peso muito grande nas regiões mais pobres, com destaque
para o Nordeste e o Norte, disse Castelar. Esses programas são particularmente
importantes para os municípios com muitas famílias pobres, ressaltou.
O economista da FGV observou que a persistência de disparidades entre os
municípios é um reflexo do próprio país. “É um elemento importante que,
acredito, está sendo levado em consideração nas políticas públicas. Há alguns
anos, existe um esforço de atacar esses municípios onde está concentrada a
pobreza”. Ele explicou que esses municípios estão, de modo geral, situados em
regiões mais distantes e sofrem dificuldade para gerar renda, devido à
carência de atividades econômicas.
O indicador comprova que o trabalho de atingir esses municípios mais pobres
continua sendo relevante, disse Castelar, “porque é importante subir a média do
desempenho, mas é importante, particularmente, levar esses municípios que estão
no fim da distribuição para um patamar melhor”.
O economista considerou razoável a conclusão do IFDM de que levará
ainda algum tempo para que o país alcance uma renda de padrão mais
elevado para todos os municípios. De acordo com o índice da Firjan, se for
mantido o ritmo de desenvolvimento no Brasil registrado a partir de 2005, o
padrão de alto desenvolvimento para os 5.565 municípios só deverá ser alcançado
por volta de 2037.
Castelar lembrou que a década passada foi positiva para o país. “Para se
tornar um país de renda rica, como é a situação dos melhores municípios, é
razoável que demore tempo mesmo. O crescimento é um processo continuado
em termos de melhorias”. Atingir um padrão de economia elevada não ocorre da
noite para o dia, acrescentou.
Se os problemas estruturais decorrentes da crise econômica mundial
fizeram o IFDM Emprego e Renda cair 5,2% em 2009, os avanços de 2,6% no IFDM
Educação e de 0,9% no IFDM Saúde são resultado de um processo contínuo de
melhorias e refletem, segundo Castelar, um conjunto de políticas públicas
acertadas. “É um processo longo, que vem dos anos 90, e o país vem tentando
melhorar os seus indicadores”. Ele reiterou que em 2010 os números vão
evidenciar recuperação também nos dados relativos a emprego e renda.
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