Diário do Comércio (MG)
Acordo com a Hondbrige Holdings pode desembocar em aporte de US$ 3 bilhões no Norte de Minas.
BRUNO PORTO
A vocação extrativa de Minas Gerais se aliou ao potencial estratégico que o Estado possui para receber investimentos do setor siderúrgico. No Estado, os expressivos investimentos já anunciados em mineração começam a sair do papel e passam a ser acompanhados de forma mais próxima por empreendimentos do segmento de siderurgia. Ontem, a Votorantim Novos Negócios (VNN), braço de venture capital e private equity do grupo, anunciou a assinatura de um acordo com a chinesa Hondbrige Holdings para finalizar o estudo do Projeto Salinas, no Norte de Minas, desenvolvido pela Sul Americana de Metais S/A (SAM).
O acordo entre as duas empresas também estabeleceu que o controle acionário do empreendimento poderá passar para as mãos dos chineses em uma transação que deverá movimentar US$ 390 milhões. A confirmação da alteração acionária está atrelada ao desenvolvimento do projeto, sendo que até a finalização do levantamento de viabilidade a VNN permanece majoritária. Está prevista uma produção de 25 milhões de toneladas de minério de ferro anuais na região. O projeto ainda compreende a construção de um mineroduto para o escoamento da produção e no total deverão ser aportados US$ 3 bilhões.
O novo boom do setor minero-siderúrgico em Minas é demonstrado pelo aumento vertiginoso das consultas ao Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi). Os últimos dados referentes a 2010 relativos às consultas realizadas ao órgão, segundo o presidente do instituto, Adriano Magalhães, 90% partiram de siderúrgicas e mineradoras.
De acordo com o subsecretário de Desenvolvimento Minero-metalúrgico e de Política Energética da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Paulo Sérgio Machado Ribeiro, "os maiores players do setor siderúrgico estão em contato permanente com o governo do Estado apresentando projetos de investimento".
Na semana passada, durante o Congresso Brasileiro do Aço, em São Paulo, o presidente da ArcelorMittal Brasil, Benjamin Baptista, afirmou que a companhia estuda a construção de uma nova usina para produção de aço, que ainda está indefinido se serão longos ou planos, mas que o Estado, por já abrigar as jazidas da empresa, tem preferência para receber os aportes, caso a intenção seja de abastecer o mercado doméstico, que é o mais provável. O CEO da empresa, Lakshmi Mittal, também informou que vai investir na duplicação da unidade de aços longos da ArcelorMittal João Monlevade (Vale do Aço).
Ainda no setor siderúrgico, a Ferrous Ressource vai investir R$ 8,8 bilhões em Juiz de Fora (Zona da Mata) na construção de uma usina integrada com alto-forno a coque, aciaria e lingotamento contínuo. Ainda está programado aumento da produção das minas da Ferrous, que estão concentradas no Estado, na região do Quadrilátero Ferrífero, e que juntas possuem reservas estimadas em 2 bilhões de toneladas de minério.
Em Congonhas, na região dos Campos das Vertentes, os investimentos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) são de R$ 11 bilhões. Somente a construção de uma usina siderúrgica está orçada em R$ 6,2 bilhões. A CSN pretende também construir outra pelotizadora para atender a produção da Namisa e da mina Casa de Pedra, ambas em Congonhas, e expandir a produção de minério. A projeção é alcançar 150 milhões de toneladas anuais, mas não foi fixado nenhum prazo.
Jeceaba - Outra inversão de grande porte são as obras de construção da usina siderúrgica da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), joint venture formada pelo grupo francês Vallourec e pelos japoneses da Sumitomo Metals, em Jeceaba, nos Campos das Vertentes, orçadas em US$ 1,6 bilhão.
A Mineração Minas Bahia (Miba) assinou junto ao governo mineiro protocolo de intenções para injeção de R$ 3,6 bilhões nos próximos cinco anos. Os aportes serão realizados na extração de minério de ferro no Norte de Minas. De acordo com o presidente da Miba, Alexandre Couri Sadi, o empreendimento terá capacidade produtiva de 25 milhões de toneladas/ano de minério concentrado. As jazidas estão localizadas entre os municípios de Grão Mogol e Rio Pardo de Minas.
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