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Volume de recursos aplicados em fundos dessas empresas cresceu 62% de dezembro de 2008 a fevereiro de 2010; setor avançou 29%
Roberta Scrivano, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O volume de recursos aplicados em fundos de gestoras independentes cresceu o dobro da média do mercado de dezembro de 2008 até fevereiro deste ano. Enquanto o setor em geral aumentou em 29% o total administrado - de R$ 1,08 trilhão em dezembro de 2008 para R$ 1,40 trilhão em fevereiro -, as empresas não ligadas a grandes bancos, que representam 16,2% do mercado, subiram 62%.
Os cálculos foram feitos com base nas estatísticas da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Para especialistas em finanças, a participação dos gestores independentes no mercado de fundos continuará em ascensão. O principal motivo é a expectativa de que o interesse do brasileiro por investimentos arriscados e sofisticados suba cada vez mais.
"É uma tendência observada nos Estados Unidos, por exemplo. Os gestores independentes direcionam seu trabalho para produtos mais arriscados, enquanto os bancos têm diversos outros produtos para administrar", explica Fernando Galdi, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi). Segundo o professor, os dez fundos americanos que detêm o maior patrimônio do mercado são geridos por empresas independentes.
Para Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos, que está em segundo lugar no ranking dos maiores gestores independentes atrás da Opportunity, o investidor, diferentemente do passado, olha as ‘casas menores’ em busca de rentabilidades mais expressivas.
"A tendência é a aplicação ter um retorno melhor nos independentes justamente por causa do tipo de produto oferecido e pela especialização dessas empresas em risco", avalia Mello.
Renda fixa e DI
Andre Delben, sócio-diretor da gestora Advisor, lembra também que a maior parte do patrimônio dos fundos brasileiros está concentrada em produtos simples, como os de renda fixa e DI. Para ele, a estabilização da economia, aliada ao aumento da renda, impulsionará o interesse dos investidores por produtos de risco maior. "Daí surgirá mais espaço para as gestoras independentes."
Para ele, os produtos que puxarão o crescimento são os fundos multimercados, de ações e alternativos, sobretudo os vinculados a mercado imobiliário, participação em empresas e crédito.
Para os investidores, segundo Wagner Salaverry, sócio-diretor do Banco Geração Futuro de Investimentos, essa situação também é positiva. "As gestoras ficarão cada vez mais fortes, o que facilita a consolidação do mercado, aumentando a liquidez e a segurança ao investidor", diz.
Galdi, da Fipecafi, também considera o movimento positivo para o investidor. "É uma forma de diluir o risco", diz. Ele afirma que já nesta fase de fortalecimento das gestoras independentes é importante o investidor mesclar suas aplicações entre bancos de varejo e independentes.
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