Valor Economico (SP)
Angela Bittencourt, de São Paulo
Dois indicadores antecedentes do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro confirmaram a tendência de desaceleração do ritmo de crescimento em abril, conforme indicado pelas pesquisas de produção industrial e vendas do varejo feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tanto o índice mensal calculado pelo Itaú Unibanco (PIBIU) como o indicador da Serasa Experian apontaram alta de 0,1% para a economia brasileira na comparação com março. Na conta do Itaú Unibanco, essa foi a menor expansão na ponta nos últimos 12 meses.
Em relatório, o economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, comenta que a desaceleração da atividade econômica foi disseminada, reforçada pelo impacto negativo de alguns fatores transitórios na indústria e no comércio varejista. Entretanto, alerta o economista, as evidências são de que a fraqueza da atividade econômica em abril foi realmente temporária. Os primeiros indicadores de maio são positivos e apontam que diversos setores voltaram a crescer. Porém, isso deve ser insuficiente para evitar um crescimento do PIB no segundo trimestre bastante inferior ao observado no primeiro trimestre.
"Nossas estimativas preliminares indicam expansão entre 0,5% e 1% na comparação com o primeiro trimestre, livre de efeitos sazonais. Nos trimestres seguintes, esperamos uma aceleração do crescimento em relação ao segundo trimestre, mas num ritmo de expansão inferior àquele visto entre o segundo trimestre de 2009 e o primeiro de 2010", afirma Bicalho. O PIB mensal Itaú Unibanco cresceu 0,1% em abril na comparação com março, livre de efeitos sazonais, e aumentou 9,2% em relação a igual mês de 2009. Em março, as taxas de expansão foram de 0,7% e 11,1%, respectivamente.
A ligeira elevação em abril - a menor nos últimos doze meses - teve duas características marcantes: os efeitos negativos do fim do desconto do IPI para automóveis e o impacto contrário da antecipação das vendas nos supermercados em março por causa da Páscoa no início de abril.
O Itaú Unibanco mantém a avaliação que o crescimento no segundo semestre será mais elevado do que o esperado para o segundo trimestre, embora as projeções para o terceiro e o quarto trimestres sejam mais incertas, especialmente por causa do conturbado cenário internacional: os últimos indicadores mostram manutenção das restrições financeiras e sinais incipientes de impacto desses elementos na atividade econômica na zona do euro e em outros países. "Mas os fundamentos domésticos positivos, como confiança, emprego, renda e crédito, devem continuar sustentando a expansão da economia", conclui a instituição.
Segundo a área econômica da Serasa, que usa dados das pesquisas do IBGE, o crescimento econômico verificado em abril foi de 0,1% sobre março, com decréscimos no nível de atividade industrial e de serviços, pouco compensados pela expansão verificada no setor agropecuário. A equipe de economistas da Serasa nota que após a expansão de 2,7% no trimestre encerrado em março, os três meses encerrados em abril apresentaram taxa de 2,4%. (Com FolhaPress)
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