29.6.10

Duas pesquisas indicam ritmo menor da economia em abril

29 de junho de 2010

Valor Economico (SP)

Angela Bittencourt, de São Paulo

Dois indicadores antecedentes do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro confirmaram a tendência de desaceleração do ritmo de crescimento em abril, conforme indicado pelas pesquisas de produção industrial e vendas do varejo feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tanto o índice mensal calculado pelo Itaú Unibanco (PIBIU) como o indicador da Serasa Experian apontaram alta de 0,1% para a economia brasileira na comparação com março. Na conta do Itaú Unibanco, essa foi a menor expansão na ponta nos últimos 12 meses.

Em relatório, o economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, comenta que a desaceleração da atividade econômica foi disseminada, reforçada pelo impacto negativo de alguns fatores transitórios na indústria e no comércio varejista. Entretanto, alerta o economista, as evidências são de que a fraqueza da atividade econômica em abril foi realmente temporária. Os primeiros indicadores de maio são positivos e apontam que diversos setores voltaram a crescer. Porém, isso deve ser insuficiente para evitar um crescimento do PIB no segundo trimestre bastante inferior ao observado no primeiro trimestre.

"Nossas estimativas preliminares indicam expansão entre 0,5% e 1% na comparação com o primeiro trimestre, livre de efeitos sazonais. Nos trimestres seguintes, esperamos uma aceleração do crescimento em relação ao segundo trimestre, mas num ritmo de expansão inferior àquele visto entre o segundo trimestre de 2009 e o primeiro de 2010", afirma Bicalho. O PIB mensal Itaú Unibanco cresceu 0,1% em abril na comparação com março, livre de efeitos sazonais, e aumentou 9,2% em relação a igual mês de 2009. Em março, as taxas de expansão foram de 0,7% e 11,1%, respectivamente.

A ligeira elevação em abril - a menor nos últimos doze meses - teve duas características marcantes: os efeitos negativos do fim do desconto do IPI para automóveis e o impacto contrário da antecipação das vendas nos supermercados em março por causa da Páscoa no início de abril.

O Itaú Unibanco mantém a avaliação que o crescimento no segundo semestre será mais elevado do que o esperado para o segundo trimestre, embora as projeções para o terceiro e o quarto trimestres sejam mais incertas, especialmente por causa do conturbado cenário internacional: os últimos indicadores mostram manutenção das restrições financeiras e sinais incipientes de impacto desses elementos na atividade econômica na zona do euro e em outros países. "Mas os fundamentos domésticos positivos, como confiança, emprego, renda e crédito, devem continuar sustentando a expansão da economia", conclui a instituição.

Segundo a área econômica da Serasa, que usa dados das pesquisas do IBGE, o crescimento econômico verificado em abril foi de 0,1% sobre março, com decréscimos no nível de atividade industrial e de serviços, pouco compensados pela expansão verificada no setor agropecuário. A equipe de economistas da Serasa nota que após a expansão de 2,7% no trimestre encerrado em março, os três meses encerrados em abril apresentaram taxa de 2,4%. (Com FolhaPress)

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