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Centrais sindicais se unem por agenda mínima em ano eleitoral

01/06/2010 07h00 - Atualizado em 01/06/2010 07h00


Objetivo é aprovar documento a ser entregue aos candidatos à Presidência.

Evento deve reunir 30 mil pessoas no Estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Mariana Oliveira Do G1, em São Paulo

Entre as propostas estão redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, legislação para inibir as demissões em massa e assento para trabalhadores e empresários no Conselho Monetário Nacional.

Trabalhadores ligados a cinco centrais sindicais - CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CGTB -, se reúnem nesta terça-feira (1º), em São Paulo, para aprovar um documento único a ser entregue aos pré-candidatos à Presidência da República.

Entre as propostas estão redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais; legislação para inibir as demissões em massa, nos moldes da convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT); e assento para trabalhadores e empresários no Conselho Monetário Nacional, órgão que estabelece a política monetária no país.

A previsão das centrais é reunir na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) cerca de 30 mil pessoas de todo o país no Estádio do Pacaembu. O evento está marcado para as 10h e deve discutir o documento intitulado "Agenda da Classe Trabalhadora".

Será a primeira reunião das centrais desde 1981, segundo os sindicalistas. A primeira Conclat ocorreu em agosto de 1981 na Praia Grande (SP) e reuniu cerca de 5 mil pessoas.

A Força não vai decidir apoiar ninguém. Mas particularmente as pessoas vão apoiar, individualmente."
Paulo Pereira da Silva. o Paulinho da Força Sindical

A Força Sindical informou que deve levar ao evento 12 mil trabalhadores e sindicalistas. A entidade negou que se trate de um evento em prol de candidaturas específicas, embora o presidente da entidade, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, tenha se manifestado a favor da candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT).

"O mais importante desse evento é que conseguimos fazê-lo (juntar as centrais). Discutimos um documento único que amanhã será aperfeiçoado com propostas de governo que queremos entregar para os candidatos. (...) Na Força Sindical, a maioria dos militantes vai apoiar a Dilma. Mas das nove pessoas que vão falar [no evento], duas são do PSDB. A Força não vai decidir apoiar ninguém. Mas particularmente as pessoas vão apoiar, individualmente", afirmou o deputado e presidente da Força.

A Central Única de Trabalhadores (CUT), ao contrário da Força, afirmou que o posicionamento político da entidade não será escondido no evento.

A CUT tem uma visão muito clara, de que é preciso manter a independência das centrais e por isso queremos intervir nas eleições. O pior a fazer é ficar em cima do muro."
Arthur Henrique Silva, presidente da CUT

"Na CUT fizemos esse debate e ainda não nos posicionamos porque as candidaturas não são oficiais. Nosso objetivo é impedir o retrocesso, que para a CUT é o retorno do PSDB, DEM e PPS. Impedir o retrocesso e a falta de diálogo com o movimento sindical, como o que vimos nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso. (...) A CUT tem uma visão muito clara, de que é preciso manter a independência das centrais e por isso queremos intervir nas eleições. O pior a fazer é ficar em cima do muro", afirmou o presidente da CUT, Arthur Henrique Silva.

O presidente da CUT disse ainda que, apesar do posicionamento, todos os candidatos receberão a agenda dos trabalhadores. Ele afirmou que ainda não foi definido quando, mas a entrega deve ocorrer individualmente aos candidatos após oficialização das candidaturas nas convenções partidárias.

"Estamos fazendo um documento do conjunto das centrais, que terá que ser apresentado a todas as candidaturas quando forem oficializadas. (...) Vamos votar um documento que aponta as principais bandeiras de luta, de mobilização, que o conjunto do movimento sindical considera importante não só para as eleições. Tem um principal elemento que é ser uma pauta, uma agenda que vai servir para pressionar o próximo governo para continuar o processo que está acontecendo."

De acordo com Arhur Henrique, o documento foi feito após resoluções aprovadas em cada uma das centrais em seus congressos. Nos últimos três meses, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) juntou as informações e coordenou reuniões entre os representantes das centrais.

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