Enquanto os líderes da França e do Reino Unido trocam farpas sobre a situação
de suas economias e suas avaliações de crédito, a agência de rating Fitch avisou
que em breve deverá rebaixar a avaliação de mais seis países da zona do euro. Na
noite desta sexta-feira (16/12), a agência Moody's rebaixou a Bélgica em dois
degraus – do Aa1 para Aa3.
"A fragilidade dos mercados com dívidas soberanas está ficando cada vez mais
arraigada e não parece que será revertida em um futuro próximo", afirmou a
agência em um comunicado, enfatizando a ausência de um fim rápido para a crise
da zona do euro.
Mais cedo, a Fitch havia exposto preocupação semelhante e colocou sob
perspectivas sombrias os ratings da Itália, Espanha, Irlanda, Bélgica, Eslovênia
e Chipre. A avaliação da França foi mantida como AAA.
"A Fitch concluiu que uma 'solução generalizada' para a crise da zona do euro
encontra-se técnica e politicamente fora de alcance", afirmou a agência.
Grandes irritações
Enquanto isso, as relações entre a França
e o Reino Unido foram novamente estremecidas depois que vice-primeiro-ministro
britânico, Nick Clegg, disse ao primeiro-ministro francês, François Fillon, que
suas críticas com relação à economia do Reino Unido eram "inaceitáveis" e que
ele deveria "segurar as palavras". Londres reafirmou que Clegg estava
"absolutamente certo" e que os comentários de Fillon "não ajudam em nada".
Fillon havia dito que as agências de rating pareciam estar mais focadas na
administração econômica do que nos níveis da dívida. "Nossos amigos britânicos
estão ainda mais endividados do que a gente e têm maiores déficits, mas as
agências de rating parecem não ter percebido isso", alfinetou o premiê francês a
repórteres.
O ministro de Finanças da França, François Baroin, colocou ainda mais lenha
na fogueira ao falar a uma emissora de rádio francesa que "a situação econômica
no Reino Unido é muito preocupante neste momento, e que era melhor ser francês
do que britânico, em termos econômicos".
Os comentários franceses foram feitos depois de a agência Standart e Poor's
ter dito na quinta-feira passada que a França poderia perder sua avaliação, no
topo da escala, em conseqüência da crise da zona do euro. Isso desencadeou uma
série de críticas por parte dos políticos franceses e de Christian Noyer,
presidente do Banco Central do país. Noyer deu a entender que o alvo da agência
deveria ter sido o Reino Unido.
"Eles deveriam começar rebaixando o Reino Unido, que tem maiores déficits,
assim como maiores dívidas, mais inflação e menor crescimento do que a gente",
afirmou Noyer ao jornal Le Telegramme.
As relações entre os britânicos e a zona do euro estão ficando mais tensas
desde que o Reino Unido decidiu vetar mudanças nos tratados da União Europeia no
encontro europeu na semana passada.
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