Apenas duas capitais brasileiras seguem sem shopping, segundo Abrasce.
Grandes redes chegaram ao estado e comércio de rua teme disputa.
De longe a principal época de consumo em todo o país, o Natal deste ano
promete atiçar ainda mais as compras dos consumidores do Acre, que receberam, no início de novembro, o primeiro shopping center da história do estado.
Se de um lado o novo empreendimento já revoluciona os hábitos da população local, que experimenta facilidades e ofertas de grandes varejistas que chegaram junto com o centro de compras, o comércio tradicional de rua também se movimenta para brigar com a nova concorrência e manter clientela.
“Os preços estão bons no shopping. Mas tem coisa que no centro é bem mais barato”, opina a técnica de enfermagem Ângela Gonçalves, de 42 anos. Para seu marido, Ednei Cavalcanti da Silva, de 34 anos, que visitou o centro de compras pela primeira vez na quinta-feira (8), os eletrodomésticos estavam mais baratos. “A facilidade de atendimento no shopping é bem melhor. Você não fica em fila esperando, é rápido. No centro é mais demorado”, sugere.
Com investimento de R$ 75 milhões, o Via Verde Shopping virou o novo xodó do Acre – somado ao valor aplicado pelos lojistas, o investimento no empreendimento chega a aproximadamente R$ 140 milhões. É considerado pelo governo o maior empreendimento privado do estado. Pela associação comercial local, um marco histórico. E para os consumidores, comodidade, segurança e entretenimento.
Se de um lado o novo empreendimento já revoluciona os hábitos da população local, que experimenta facilidades e ofertas de grandes varejistas que chegaram junto com o centro de compras, o comércio tradicional de rua também se movimenta para brigar com a nova concorrência e manter clientela.
“Os preços estão bons no shopping. Mas tem coisa que no centro é bem mais barato”, opina a técnica de enfermagem Ângela Gonçalves, de 42 anos. Para seu marido, Ednei Cavalcanti da Silva, de 34 anos, que visitou o centro de compras pela primeira vez na quinta-feira (8), os eletrodomésticos estavam mais baratos. “A facilidade de atendimento no shopping é bem melhor. Você não fica em fila esperando, é rápido. No centro é mais demorado”, sugere.
Com investimento de R$ 75 milhões, o Via Verde Shopping virou o novo xodó do Acre – somado ao valor aplicado pelos lojistas, o investimento no empreendimento chega a aproximadamente R$ 140 milhões. É considerado pelo governo o maior empreendimento privado do estado. Pela associação comercial local, um marco histórico. E para os consumidores, comodidade, segurança e entretenimento.
Entre as últimas capitais
Somando quase 340 mil habitantes, a capital do Acre foi uma das últimas do país a receber um shopping center – ficando atrás apenas de Macapá, cuja previsão é de inaugurar o primeiro centro de compras em 2012, e Boa Vista, que também ainda não possui shopping, de acordo com dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce).
Somando quase 340 mil habitantes, a capital do Acre foi uma das últimas do país a receber um shopping center – ficando atrás apenas de Macapá, cuja previsão é de inaugurar o primeiro centro de compras em 2012, e Boa Vista, que também ainda não possui shopping, de acordo com dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce).
Grandes redes varejistas que ainda não estavam presentes no estado,
como Renner, Riachuelo e Americanas e Centauro, inauguraram suas
primeiras lojas em solo acriano otimistas. Franquias como Carmen
Steffens e Morana, além de várias do setor de alimentação, também
apostaram. As marcas citam o crescimento econômico e populacional de Rio
Branco para a aposta, além da ampliação da participação no Norte
brasileiro.
(Observação: "acriano" é com "I", de acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
Com relação ao fato apontado por leitores da existência de um shopping
em Rio Branco anterior ao Via Verde, a Abrasce diz não ter registro.
Segundo a entidade, para ser classificado como shopping, o
empreendimento tem de ter ao menos cerca de 5 mil metros quadrados de
área bruta locável, entre outros critérios.)
Dorival Regini, presidente da Landis Shopping Centers, empreendedora,
administradora e comercializadora do centro de compras, cita a
importância das grandes lojas no empreendimento. “Elas atraem o público e
fazem as pessoas comprarem nas lojas menores”, diz. Ao todo, são cerca
de 150 lojas, 8 âncoras (justamente essas principais lojas do shopping) e
4 megalojas – o investimento total dos lojistas girou em torno de
outros R$ 65 milhões a R$ 70 milhões, estima Regini.
“As grandes redes são as maiores ameaças ao comércio de rua (...) Hoje o
conceito de qualidade mudou muito para o consumidor. Antes era
durabilidade. Hoje é a moda que está associada à qualidade e, pelo
porte, as grandes redes conseguem estabelecer preços com pouca
diferença”, diz Luis Marinho, professor do núcleo de varejo da Escola
Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e especialista em marketing
voltado para shoppings.
A funcionária pública Graça Rodrigues, de 53 anos, afirmou que poderá
ser vantajoso fazer as compras nas grandes redes por conta da facilidade
de pagamento. “Penso que vou comprar mais no shopping por que dá para
parcelar em até cinco vezes sem juros.”
Lojas de ruaA chegada dos novos – e grandes –
concorrentes, já fez os lojistas de rua reavaliarem as estratégias para
manter as vendas neste final de ano. É o caso de Iris Tavares, 50 anos,
proprietária de duas lojas de roupas de marcas conhecidas no centro da
cidade, uma de moda feminina e outra masculina. Ela é comerciante em Rio
Branco há 30 anos e diz estar preocupada como a nova concorrência.
“Acho que a chegada do shopping pode atrapalhar as vendas. É uma
novidade e vai acabar mexendo um pouco com o consumidor (...). Acredito
que no mês de dezembro o shopping vai chamar bastante gente para lá.
(...) Quem vai vender bastante acho que serão as âncoras, que estão
tirando do meu cliente. Ele pode não comprar roupas, mas sim outras
coisas que ele nem precisava, naquela compra de impulso”, avalia.
Como estratégia, a comerciante está ampliando o leque de produtos da
loja. “Eu criei um cantinho com objetos de decoração e também estou
entrando com o [segmento] infantil para a cliente ter mais opção”.
A lojista afirma que não teve interesse em ir para o shopping por conta
do alto investimento, uma vez que, para seu modelo de negócio, teria
que abrir uma loja muito grande. Iris afirma, porém, que a expectativa
para este ano é ficar estável em relação às vendas do Natal de 2010.
“Para bater o ano passado vamos ter que suar. Ficando igual já está
bom”, diz.
Para a gerente de uma loja de roupas no centro da cidade, Marta da
Silva, o que mais preocupa são as facilidades de pagamento oferecidas
pelas varejistas do shopping.
"Lá eles têm facilidade de pagamento. Aqui ou é a vista ou é no cartão.
Lá eles estão oferecendo para pagar a primeira parcela só em março",
afirma. Com isso, segundo ela, os clientes preferem deixar pagar depois e
usar o dinheiro que tem agora para as festas de final de ano. "Ele
compra e não quer nem saber qual é o dia que vai pagar", diz. Segundo
Marta, contudo, o movimento na loja não foi muito afetado pelo shopping.
"Talvez seja por ser festa de final de ano", diz.
Para ela, uma questão que pode afastar os clientes é o fato de o
shopping ter passado a cobrar estacionamento. "Tem muita gente
reclamando"
Dona de uma loja de roupas para gestantes e crianças há pouco mais de
um ano no bairro Cerâmica, próximo ao centro, Carolina Cordeiro, também
não vai ficar parada e elaborou campanhas para o Natal. “Vamos
distribuir cupcakes [minibolos] para os clientes. Pensamos em uma
campanha com brindes”, afirma a comerciante, que também revelou que
pretende focar na qualidade do atendimento para manter o público.
Carolina afirmou, contudo, que sentiu uma pequena redução no movimento
após a abertura do shopping. “Eu penso que, a princípio, todo o comércio
de rua vai sentir bastante. É novidade, todo mundo vai querer conhecer o
shopping. É necessário fazer divulgação e lembrar aos clientes que a
gente está aqui. Com o tempo, vai se acalmando e as pessoas vão às lojas
que preferem”, avalia a empresária.
(Foto: Gabriela Gasparin/G1)
A estimativa de retorno do investimento da administradora do shopping é
de oito a dez anos. Regini diz estar otimista com a empreitada - só na
data da inauguração, cerca de 40 mil pessoas compareceram para conhecer o
empreendimento, número que corresponde a cerca de 12% da população de
Rio Branco.
Para o especialista Marinho, contudo, apesar de todas as novidades que o
shopping oferece, não é de uma hora para outra que a população muda seu
local de compras. “O consumidor tem hábitos desenvolvidos há anos. Ele
compra marcas que está habituado, é atraído por determinas pessoas que
já está acostumado”, afirma.
A empresária Taiana Arruda Dias, de 29 anos, há espaço para os dois
mercados. Ela abriu uma joalheria no shopping, mas a família já atua com
o comércio há cerca de 30 anos no centro da cidade. “Lá, como é
central, tem as compras populares”, diz. “A gente espera que a população
de adapte a um shopping (...). Tem espaço para todos”, afirmou,
lembrando que a loja tem um público fiel.
Para Wilker Lene Dantas, de 35 anos, que possui um estúdio de tatuagem
em uma galeria no centro, o movimento caiu bastante no local depois que
abriu o shopping. “O fluxo de pessoas diminui bastante”, afirmou. Ela
revelou, contudo, acreditar que não sofrerá muito impacto em seu
negócio, uma vez que não há concorrente no shopping.
BolíviaO shopping, contudo, poderá não conseguir
brigar com um outro forte concorrente do estado, o país vizinho. Com
preços atrativos, muitos acrianos viajam para a Bolívia para comprar
eletrodomésticos e eletrônicos a melhores preços.
Para João Fecury, superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e presidente da associação comercial
do estado, o comércio local perde com a concorrência. “Temos dificuldade
de dividir os consumidores com zona franca da Bolívia, a cerca de 200
km. Eles têm um comércio vigoroso de produtos importados, mas existe
limite para o consumidor trazer”, diz.
Para a associação, contudo, a presença do shopping não vai inibir a ida do consumidor ao país vizinho.
PesquisaUm sinal de que o shopping pode não ser um
inimigo tão grande assim é o resultado de uma pesquisa feita para medir
a percepção dos comerciantes da cidade com o novo empreendimento. A
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Acre
(Fecomercio-AC) ouviu, de 17 a 21 de outubro, 185 empresários do
segmento – sendo que 88% não estão instalados no shopping.
O resultado surpreendeu os pesquisadores: 69% daqueles que não têm loja
no centro de compra se mostram otimistas com a chegada do novo
concorrente, sendo que 39% acreditam que a novidade deve estimular o
desempenho do comércio tradicional, 15% acreditam que vai servir para
atrair mais consumidores para o mercado local e outros 15% afirmam que a
instalação de um Shopping Center, não prejudicará a atividade econômica
em funcionamento.
“O comércio de rua acredita que é uma novidade que vai trazer muitas
pessoas ao entorno. Pessoas de cidades próximas vão ser estimuladas a
vir [para Rio Branco] e esses consumidores também migram para o comércio
de rua (...). Essas coisas faz com que todo mundo saia beneficiado.
Para muita gente do interior o comércio de rua também é novidade”,
explicou o economista Roberval Ramirez, responsável pela pesquisa.
Ainda de acordo com a pesquisa, 58% dos empresários acreditam que os
consumidores ainda vão preferir o comércio de rua por conta dos preços
menores. O economista da Fecomercio lembra que, para muitos
consumidores, pode sair caro ter de pagar a tarifa de ônibus para ir e
voltar do shopping. “Para ir lá e voltar já dá de mais de R$ 5,00. Com
esse dinheiro já dá para comprar algo na loja do bairro”, diz.
O professor Marinho, da ESPM, lembra que as lojas de bairro tendem a
praticar menores preços. “O custo de ocupação do shopping é maior do que
o de rua (...). A tendência é que a loja de rua consiga praticar preços
menores (...). No shopping, contudo, o consumidor percebe a diferença,
com escada rolante, piso de gesso, a percepção do consumidor é que o
local pratique preço mais alto”, diz o professor Marinho, da ESPM. Para o
especialista, neste caso, cabe ao shopping mostrar que não é bem assim,
estimular o mesmo preço para os lojistas.
Para Fecury, da associação comercial do estado, a chegada do shopping é
positiva em todos os ângulos. “Gera concorrência entre o comércio
mesmo. O centro da cidade e os centros comerciais dos bairros vão ter
que reduzir custos, fazer reengenharia, nova ambientação. (...) A
expectativa é que haja mercado para todos. Quem ganha é o consumidor”,
sugere.
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