3.12.11

Redução de IPI é reivindicação antiga da indústria de eletrodomésticos

As medidas anunciadas pelo governo para estimular o consumo no Brasil foram motivo de comemoração para a indústria de eletroeletrônicos. “A decisão é muito apropriada. No momento em que houve uma desaceleração econômica, o governo mostrou que tem se mantido muito atento e tomou providência”, disse Lourival Kiçula, presidente da Eletros, associação que representa o setor.
Dentre as medidas que entraram em vigor ontem, está a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos de linha branca, como geladeiras, fogões e máquinas de lavar. Segundo Kiçula, essa é uma reivindicação antiga do setor. “Faz tempo que temos discutido com o governo que IPI de 20% para uma lavadora é uma alíquota muito elevada.”
Há pelo menos dois anos os fabricantes negociam uma redução permanente do IPI para produtos como geladeira e máquina de lavar. Os itens de linha branca chegaram a ter a alíquota reduzida em 2009, quando o setor sofria com os efeitos da crise financeira internacional, mas voltaram a ter o imposto elevado após sinais de recuperação nas vendas.
“O IPI para a linha branca da forma como tem sido cobrado está errado. Os produtos de linha branca são itens essenciais para a vida das pessoas de menor poder aquisitivo e por isso deveriam ter imposto reduzido de modo permanente”, afirmou Benjamin Sicsul, vice-presidente de novos negócios da Samsung. “Uma máquina de lavar, hoje em dia, não é luxo, é uma necessidade para a dona de casa que trabalha fora e ainda tem que cuidar das tarefas domésticas.”
Sicsul acredita que a redução do IPI vai impulsionar as vendas desses produtos. “Assim como aconteceu quando o governo cortou o imposto em meio à crise, esperamos grande aumento do consumo. Existe um impacto direto porque reduz o preço final para os consumidores”, afirmou. O executivo espera que a redução do IPI se torne permanente – a medida anunciada pelo governo valerá até março de 2012.
Para Armando Valle, vice-presidente de relações institucionais e de sustentabilidade da Whirlpool, uma eventual prorrogação da medida estaria condicionada às necessidades de arrecadação federal e outras decisões de política econômica. “Seria ideal, mas a gente entende que tem todo um problema de arrecadação ao longo do ano”, afirmou Valle.
Para ele, a redução do IPI anunciada ontem é uma “boa medida”. “A intenção do governo é entrar o ano com a economia acelerando. Ou poderia começar 2012 desacelerando”, disse. Segundo Valle, embora o setor não esteja vivendo uma crise, o mercado de linha branca tem sofrido desaceleração nos últimos meses, acompanhando o desempenho da economia brasileira.
“O setor sentiu o impacto, mas ainda assim a previsão era fechar o ano com crescimento de 5%, um número razoável, embora não igual ao desempenho de 2010”, afirmou. Além de impulsionar as vendas, o executivo afirma que as medidas dão confiança para a Whirlpool realizar seus investimentos previstos para o Brasil no ano que vem.
Ele acredita que além de contribuir para elevar as vendas de linha branca, as medidas também incentivam o varejo e outros setores produtivos da economia. “Isso gera um grande movimento, que é bom para tudo que está dentro das lojas, já que o consumidor compra também outros produtos”, disse. “Essa é uma das maiores cadeias produtivas, junto com veículos, e tem poder de trazer impacto para diversos setores.”
A Electrolux disse, em nota, estar otimista com a redução de IPI e espera um “crescimento significativo do setor de linha branca já neste final de ano”. A empresa estima que a demanda pelos produtos cresça mais de 25% enquanto a medida estiver em vigor, considerando um avanço de 3% a 4% do PIB brasileiro. “A atual perspectiva da economia brasileira só tem a contribuir para que nossos investimentos cresçam.”


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