Show de técnica e fiasco financeiro, Eurotúnel completa 20 anos
Dois lados do primeiro túnel se encontraram em 1º de dezembro de 1990.
Obra de 50,5 km é proeza tecnológica mundial.
Fonte: g1.globo.com
O Eurotúnel - o túnel sob o canal da Mancha - celebra nesta quarta-feira (1º) 20 anos da primeira galeria construída no mar entre a França e a Iglaterra, com uma previsão otimista sobre seu futuro, após uma história minada de dissabores financeiros.
O aperto de mão dos operários francês e britânico, Philippe Cozette e Graham Robert Fagg, a 100 metros sob o mar, ficou na memória. Foi festejado como um acontecimento histórico no sábado, 1º de dezembro de 1990. Após mais de 200 anos de projetos mais ou menos sérios, e sempre abortados, a Grã-Bretanha acabava de perder a insularidade.
O aperto de mão dos operários francês e britânico,
Philippe Cozette e Graham Robert Fagg. (Foto: AFP)
Alguns golpes com martelos e picaretas e os últimos centímetros de paredes caíam ante as câmaras e em meio às comemorações de dezenas de convidados presentes. O "bonjour" e o "welcome" trocados pelos dois operários concretizaram a junção de um primeiro túnel (a galeria de serviço), antes das duas outras previstas para a passagem dos trens.
A obra de 50,5 km é de uma proeza tecnológica mundial, com seus 35 km escavados sob o mar por enormes máquinas metálicas de 1.000 toneladas, guiadas por satélite. O "canteiro de obras do século" representou também um fiasco financeiro para centenas de milhares de pequenos acionistas que adquiriram papéis no seu lançamento, no final de 1987.
Custos
As previsões iniciais de frequência eram "extravagantes", como destaca a direção atual do Eurotúnel. Os custos explodiram: 12 bilhões de euros para a construção, 3 bilhões de euros para o material rolante.
A dívida tornou-se um fardo insuportável para a empresa até sua reestruturação financeira e uma redução da dívida em mais da metade (de 9 a 4,24 bilhões de euros) aprovada por credores na primavera de 2006, após múltiplos sobressaltos.
Do ponto de vista operacional, o túnel, inaugurado em maio de 1994 pela rainha Elizabeth e o presidente francês François Mitterrand, foi, no entanto, um sucesso. Os vagões que transportam em 35 minutos carros e caminhões de um lado a outro da Mancha representam concorrência temida pelos ferries.
E os trens Eurostar (filial da SNCF, com 55%) ligam hoje Paris e Londres em 2h15.
Operador do trecho ferroviário mais frequentado do mundo, o Eurotúnel detém 40% de partes do mercado. A sociedade teve um prejuízo de 23% após um incêndio em setembro de 2008 que destruiu 700 metros de galeria e limitou a capacidade do túnel durante cinco meses. Em 1996, um outro incêndio importante causou um prejuízo de 200 milhões de euros à empresa.
Mas nos dois casos não houve vítimas e os sinistros, paradoxalmente, destacaram a segurança da obra.
A página dos sobressaltos financeiros "está completamente virada", explica hoje a direção da empresa. Ela trabalha, no momento, na aquisição de trens da Deutsche Bahn, que devem circular além das composições Eurostar, um monopólio atualmente.
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