5.3.10

Produção industrial mostrou acomodação, diz economista

05 de março de 2010

O Estado de S.Paulo (SP)

Para Silvio Campos Neto, dados do IBGE indicam que existe uma recuperação, mas em ritmo moderado

Nalu Fernandes e Ricardo Leopoldo, AGÊNCIA ESTADO

O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, fez uma avaliação do desempenho da indústria ontem, no programa AE Broadcast Ao Vivo. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram avanço da produção industrial na base mensal e anual e leve retração da produção de bens de capital na comparação mensal. "Há uma recuperação, mas os últimos três meses têm mostrado alguns números apontando para alguma acomodação do ritmo de crescimento da produção", afirmou.

Campos Neto pondera que essa tendência de estabilização também é ilustrada pela combinação dos dados de bens de capital divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o Nível de Utilização da Capacidade Instalada praticamente estável em janeiro. "Existe uma recuperação, mas em um ritmo moderado."

Com base em comparações com dados anteriores, o analista observa que há ainda alguma ociosidade na indústria. No início de 2008, às vésperas do último ciclo de aperto monetário, a utilização da capacidade estava um pouco acima de 83%. "No dado de hoje (ontem), o número ficou em 81,4%, ou seja, vemos que existe uma pequena margem, pelo menos nessa comparação com o período passado."

Por um lado, argumenta Campos Neto, essa pequena margem talvez ajude a limitar as pressões inflacionárias no curto prazo. Mas os dados adicionais relativos ao mercado de trabalho já mostram um aperto, o que poderia deflagrar novos riscos, como de pressões de custos na cadeia produtiva.

"Neste momento, os dados ainda são um pouco controversos. Há recuperação da atividade, mas os números, em si, ainda não apontam a magnitude do risco inflacionário. É por isso que, por enquanto, defendemos que o ajuste do juro ocorra apenas a partir de abril."

O analista reconhece que, diante da alta das expectativas de inflação, o Banco Central talvez possa optar por um ajuste antecipado do juro, mas reforça que a projeção central é de início do aperto em abril, elevando a Selic em um total de 250 pontos base, para fechar 2010 em 11,25%. O analista prevê ainda que o IPCA deve fechar o ano em 4,8%, acima do centro da meta (4,5%).

Para Campos Neto, já na próxima reunião, este mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve indicar que a taxa Selic vai começar a subir em abril. Segundo ele, o comunicado divulgado após a reunião já deverá trazer divisão de votos, com alguns membros do Copom votando pelo aumento e março. Um endurecimento também é esperado para o tom da ata.

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