5.3.10

Mercado de trabalho fraco ainda pesa nos EUA

05 de março de 2010

Valor Economico (SP)

James Politi e Nicole Bullock, Financial Times

Jim Bunning, ex-jogador de beisebol que se tornou senador republicano por Kentucky, impediu sozinho na semana passada a aprovação de uma extensão de um mês no seguro-desemprego, alegando falta de verbas. Ele cedeu na terça, após circular que 400 mil americanos não receberiam o cheque do seguro se o impasse continuasse.

O episódio evidenciou mais do que paralisia política. Mostrou que medida o enfermo mercado de trabalho dos EUA continua ameaçando a perspectiva de uma rápida recuperação econômica, pressionado ao máximo o orçamento dos Estados e obrigando o governo federal a intervir com mais gastos.

Os dados sobre o mercado de trabalho em fevereiro serão divulgados hoje. Espera-se que a economia dos EUA tenha eliminado ao menos 60 mil vagas, com a taxa de desemprego subindo ligeiramente em relação aos 9,7% de janeiro.

Apesar de as graves nevascas do mês passado terem prejudicado a geração de empregos, fazendo as empresas adiarem novas contratações, a projeção sombria ilustra o imenso peso do desemprego na recuperação dos EUA.

O orçamento de muitos Estados, que dividem responsabilidade com o governo federal pelo pagamento do seguro-desemprego, estão cada vez mais pressionados pelo peso da escassez de empregos.

Segundo o Departamento do Trabalho, 31 Estados precisaram tomar empréstimos do governo federal para reabastecer os seus fundos de seguro-desemprego, usados para pagar os benefícios. Até agora, o valor total emprestado foi US$ 33 bilhões, mas a cifra deverá subir para US$ 90 bilhões até 2012, com previsão de que 40 Estados peçam créditos federais.

Geralmente, os Estados tentam acumular os seus recursos nos bons tempos, para que a verba possa ser paga aos trabalhadores desempregados nos tempos ruins.

Muitos Estados, porém, não entraram nessa recessão preparados, diz Iris Lav, consultora-sênior no Centro de Orçamentos e Prioridades de Políticas Públicas. "Não faz tanto tempo assim desde a recessão passada, havia pouco crescimento na base salarial e os empregadores queriam impostos mais baixos, pedido que foi atendido pelo Estados", disse Lav.

Tomar recursos do governo, porém, é só uma solução temporária. Até o fim do ano, esses empréstimos estarão isentos de juros, mas depois haverá um custo. Isso significa que, para repor os seus fundos de desemprego, os Estados estão diante da incômoda decisão de elevar impostos que incidem sobre os empregadores, coisa que alguns já fizeram, ou reduzir benefícios.

Enquanto isso, Congresso e governo federal tentam estimular a geração de empregos, com sucesso limitado. Alguns economistas elogiam as medidas em discussão, mas muitos questionam se bastarão para dar o empurrão necessário ao mercado de trabalho, condição para reduzir substancialmente a taxa de desemprego, que deverá ficar em torno de 10% esse ano.

Uma esperança é que a demanda reprimida por novos trabalhadores já tenha atingido o ponto em que empresas não precisem mais postergar contratações. Após as nevascas que assolaram partes do país, poderia ocorrer um movimento de geração de novos empregos em março.

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