DCI (SP)
Fernando Teixeira
SÃO PAULO - Levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostra que a captação líquida dos fundos de renda fixa alcançou o patamar de R$ 15,4 bilhões nos dois primeiros meses de 2010. O resultado é quase três vezes maior que o alcançado pela segunda operação de melhor desempenho - fundos de curto prazo -, cuja captação foi de R$ 5,6 bilhões.
A entidade revela que o volume acumulado de recursos captados em 2010 pelos fundos de investimento chegou à cifra de R$ 13,9 bilhões (162,7% superior à registrada no mesmo período de 2009). O resultado proporcionou crescimento de 1% no patrimônio dos fundos este ano. Em 12 meses, a captação ultrapassa, pela primeira vez, o patamar dos R$ 100 bilhões.
Para o professor do curso de Administração da ESPM, Adriano Gomes, a explicação da migração dos investidores a fundos de renda fixa se baseia nos movimentos da economia desde 2009.
O primeiro ponto aconteceu nos meados de 2009, quando houve uma queda acentuada da taxa básica de juros (Selic) para o patamar de 8,75%. "Na ocasião, para recuperar a economia o governo chegou até a cogitar a taxação da poupança doméstica. Mas não o fez porque a medida entraria em vigor em um ano eleitoral."
Para ele o fato de a inflação medida na última quadrissemana ter apresentado um bom comportamento e não forçar os preços influencia a decisão por operações de menos risco.
O acadêmico ressalta que outro ponto que atraiu o investidor para renda fixa foi mitigar o risco para o capital. "O investidor é um ser totalmente racional. Ele calcula se vale a pena se expor ao grande risco - mercado de ações - ou se ele ganhará com operações mais seguras", destaca.
Gomes coloca como ponto-chave, na escolha por renda fixa, o fato de que a Bovespa registrou lucro de quase 80% em 2009 e de que dificilmente realizará ganhos similares. "É prático, até para pequenos investidores, aderirem às formas primárias de investimentos como títulos do governo - que possuem rentabilidade interessante e garantia de recompra - e a participação em fundos, mas é preciso tomar cuidado com taxas de administração para não perder dinheiro", salientou. Para o economista e consultor independente Adriano Porto, o fato predominante da migração a fundos de renda fixa se deve à possibilidade de que os investidores têm mais possibilidade de defesa do capital em uma eventual crise. "Toda aplicação tem um nível de risco, e as menos arriscadas geralmente são lastreadas em títulos do governo e a chance de perder é menor. A queda da Selic e o aumento de rentabilidade chamam investidores."
De acordo com a Anbima, mesmo quando o recorte é feito apenas no mês de fevereiro, a aplicação em renda fixa é a que mais captou. Segundo a entidade, a captação líquida foi de R$ 3, 108 bilhões; resultado muito acima do FIDC, cuja captação foi de R$ 1, 171 bilhão.
No mês de fevereiro, destaca a Anbima, o mercado doméstico de fundos apresentou captação líquida de R$ 8,8 bilhões, o maior valor registrado nos últimos quatro anos para o segundo mês do ano. O volume representa 0,64% do patrimônio líquido do setor.
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