5.3.10

Emigrante volta, e remessa cai 34%

05 de março de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Retorno de brasileiros em razão da melhora da economia local e da crise em países ricos reduz envio de recursos

Na América Latina, queda das remessas foi de 15%, diz BID; México, que depende muito da economia dos EUA, tem recuo de 16%

DA REDAÇÃO

Com os brasileiros retornando para o país devido à melhora da economia, as remessas de trabalhadores do país que vivem no exterior foram as que mais caíram no ano passado na América Latina.
Segundo o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), os brasileiros mandaram 34% menos dinheiro que em 2008, ou US$ 4,7 bilhões -o segundo maior montante na região, só atrás do México.
A explicação, segundo o organismo, é que os brasileiros, ainda antes da crise global, começaram a retornar para o país, "encorajados" pela melhora da economia. Outro motivo é que dois dos principais destinos dos brasileiros, os EUA e o Japão, enfrentam uma das piores crises econômicas da história. No Japão, o governo ofereceu incentivos para que os migrantes retornassem aos seus países.
O Banco Central, que também calcula a entrada de dinheiro de remessas, mas apenas pelos canais formais (o BID também projeta o ingresso informal, como por doleiros), disse que as remessas de brasileiros ficaram em US$ 2,2 bilhões no ano passado, ou 24% menos que em 2008.
O Brasil, além de receber menos dinheiro do exterior, está se tornando um polo de atração para os trabalhadores estrangeiros. No ano passado, os imigrantes (bolivianos, paraguaios, chineses, entre outros) enviaram US$ 669 milhões para seus países de origem, o maior montante histórico e 7% mais que em 2008.
Esse movimento de envio de dinheiro pelos estrangeiros tem início em 2004 e especialistas dizem acreditar que em dez anos o montante possa chegar a US$ 10 bilhões.
Além do Brasil, o México, extremamente dependente do mercado norte-americano, sofreu queda aguda. No ano passado, as remessas que entram na segunda maior economia latino-americana encolheram 16%, para US$ 21 bilhões.
No total, as remessas para os países latino-americanos recuaram 15% no ano passado, a primeira queda em um longo período -mesmo em 2008, quando a crise já atingia fortemente os EUA, o setor ainda conseguiu crescer. Elas somaram US$ 59 bilhões e estão em um nível inferior ao de 2006.
Em países como Haiti e Honduras, esse dinheiro é muito importante, ao representar cerca de 20% do PIB.

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