26.11.09

Indústria não se recuperou, diz professor da PUC

26 de novembro de 2009

O Globo (RJ)

Setores beneficiados são empregadores e a importação é baixa


O professor da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda é voz dissonante entre os economistas ouvidos pelo GLOBO. Para ele, a indústria brasileira não voltou a produzir como no período anterior à crise (setembro de 2008) e ainda está muito abaixo daquele patamar de pico da expansão da economia.

Além disso, ele afirma que os investimentos ainda não reagiram, aprovando a extensão dos benefícios fiscais.

— O governo finalmente está percebendo que diminuir tributação não significa queda de arrecadação, por estimular a demanda. O ideal era baixar as alíquotas de todos os setores.

A arrecadação subiria com o aumento das vendas.

Para ele, os setores escolhidos pelo governo são adequados.

Na construção civil, o baixo conteúdo importado e a alta absorção de mão de obra explicariam a prorrogação da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). E o mesmo raciocínio caberia ao setor de móveis: muito empregador e pouco importador.


Consumo estimula o investimento, diz Lacerda


Para o economista, um paradigma está sendo quebrado no Brasil. Ao estimular o consumo, o governo “provoca o espírito empreendedor”: — Criam-se condições favoráveis para que o investimento se realize, com crescimento sustentável.

Ao contrário dos colegas, Lacerda não vê risco de descontrole inflacionário em 2010 e 2011, já que ainda há capacidade ociosa na economia.

O grande desafio ainda é desonerar os investimentos.

Segundo ele, os benefícios dados para aquisição de máquinas e equipamentos continuam insuficientes.

— Ainda há muita gordura para queimar para chegar mais próximo aos padrões internacionais — afirma.

Mas Lacerda reclama do real valorizado, que tira a competitividade da produção nacional, com inundação de importados.

A preocupação com o déficit nas transações correntes (conta do Brasil com o resto do mundo) também é a de outros economistas, mas por outros motivos. Com a produção sem condições de atender ao consumo em alta, afirmam, a saída será importar, piorando o resultado na balança comercial.



(Cássia Almeida)

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