29.4.10

Bancos da Espanha têm ? 165,5 bi em créditos imobiliários ruins

29 de abril de 2010

Valor Economico (SP)

Europa em crise: Fragilidade dos ativos financeiros é um dos argumentos para rebaixamento

Assis Moreira, de Genebra

Os bancos espanhóis amargam € 165,5 bilhões de empréstimos "potencialmente problemáticos" e o volume de créditos podres pode aumentar com o rebaixamento da nota de solvência do país anunciada ontem pela agência de classificação de risco Standard & Poor's.

A exposição total dos bancos espanhóis ao setor imobiliário alcança € 445 bilhões atualmente, dos quais 37,2% são considerados "potencialmente problemáticos". Desse montante de € 165,5 bilhões em risco, pelo menos € 60 bilhões dizem respeito à tomada de imóveis por causa da falta de pagamentos e outros € 43 bilhões considerados "duvidosos".

Como apenas 25% da "exposição problemática" está coberta por provisões específicas, isso significa que as instituições financeiras espanholas estão sob pressão para aumentá-las. Também estão vulneráveis a lançar mais ativos podres como perdas, conforme o Instituto Internacional de Finanças (IIF).

Uma das debilidades assinaladas pela S&P ao rebaixar a nota do país são os ativos financeiros. Em março, a agência já tinha baixado a classificação da banca espanhola diante da possibilidade de perdas importantes por causa da "morosidade creditícia". Com o novo corte ontem, o rating da Espanha caiu em um degrau, de "AA+" para "AA". A perspectiva do rating é negativa, refletindo a possibilidade de um novo rebaixamento se a posição fiscal da Espanha piorar mais que o previsto atualmente pela S&P.

A agência entende que o sistema bancário espanhol poderá necessitar de mais capital do que os € 27 bilhões disponíveis inicialmente através do Fundo de Reestruturação Bancária. Esse mecanismo tem, em todo caso, capacidade de endividamento de até € 90 bilhões, segundo informou a imprensa espanhola.

O IIF, que representa os maiores bancos do mundo, nota em relatório confidencial, datado de antes da onda de rebaixamentos, que a Espanha era outro país que continuava a atrair a atenção dos mercados por causa de seu enorme déficit fiscal, recessão prolongada e deterioração persistente do setor de construção.

Para a entidade, uma alta no custo do financiamento para os espanhóis, diante de "preocupações do mercado" sobre o déficit fiscal e os níveis de endividamento do governo, deve "agravar" a taxa de inadimplência e o volume de créditos problemáticos junto ao setor de construção e desenvolvimento imobiliário.

Durante boa parte do dia, o jornal "El Pais", de Madrid, intitulou que a Espanha "contém sua respiração ante uma possível rebaixamento do rating". E o governo do primeiro-ministro José Luis Zapatero alertou que movimentos especulativos podiam atingir o país nos próximos dias.

A noticia da baixa da nota de solvência "caiu como uma bomba" na Bolsa de Madrid, que teve sua queda ampliada de 1,5% para 2,99%. O corte no rating, um dia depois de a dívida grega ser considerada "lixo" pelos mercados, fez o governo espanhol multiplicar as tentativas de se diferenciar da situação de Atenas.

O governo de Zapatero anunciou que os impostos aumentaram no primeiro trimestre de 2010, ilustrando que a economia vem se estabilizando.

Entretanto, investidores consideram que dificilmente o país conseguirá reduzir seu déficit público de uma taxa de 11,2% do PIB em 2009 para o limite de 3% até 2013. Ainda mais em uma situação em que o desemprego atingiu nível recorde, superando a casa dos 20% em março.

Indústria acelera recomposição de mão de obra e produção em março

29 de abril de 2010

Valor Economico (SP)

João Villaverde, de São Paulo

A recomposição da mão de obra perdida e da produção desativada durante a crise mundial se acelerou. Depois de registrar crescimento marginal nos primeiros dois meses do ano, a produção da indústria deu um salto de 23,8 pontos percentuais entre fevereiro e março. Em relação ao emprego, todos os setores criaram postos de trabalho. Os resultados de produção e emprego na indústria nos primeiros três meses do ano foram os melhores desde o terceiro trimestre de 2004, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O indicador de produção industrial calculado CNI alcançou 62,9% no mês passado, em franca aceleração se comprado aos 49,2% e 50,8% apurados em janeiro e fevereiro, respectivamente. Segundo a CNI, os empresários estão otimistas quanto a sustentação do crescimento da produção e da contratação de mão de obra. Mesmo pontos negativos, como a redução do saldo comercial devido ao desembarque de mercadorias mais acelerado que os embarques, não assustam os industriais. De acordo com a CNI, os empresários estão confiantes com a recuperação da demanda externa.

A forte aceleração da indústria, no entanto, não ocorre sem problemas. A preocupação com a falta de trabalhador qualificado aumentou pelo quarto trimestre consecutivo, passando de 20,3%, entre as principais queixas da indústria, no primeiro trimestre de 2009, para 23,7%, entre janeiro e março deste ano. "O problema da mão de obra qualificada já entrou na agenda da indústria, e é um problema que vai se intensificar ao longo do ano, conforme o crescimento da indústria e da economia como um todo se consolida", afirma Júlio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. "Isso fica mais claro na construção civil, mas passa por quase todos os setores. Não estamos acostumados a crescer de maneira tão forte e disseminada", avalia.

Para o economista, a qualificação da mão de obra será tema determinante para assegurar crescimento elevado no Produto Interno Bruto (PIB), "da ordem de 6% ou 7%", além de 2010, ano em que, de acordo com Almeida, "uma alta forte está garantida". A demanda superior à oferta de mão de obra qualificada tem impacto nos custos das empresas, que passam a oferecer salários maiores. Reportagem do Valor publicada no dia 19 mostrou que o custo da mão de obra atingiu, nas primeiras semanas de abril, o mais alto patamar desde julho de 2004.

Naquele ano, o PIB elevou-se em 5,7% e a indústria de transformação gerou saldo líquido de 504,6 mil postos de trabalho formais, o melhor resultado da década, superior, inclusive, aos cerca de 400 mil postos criados em 2007, quando o PIB cresceu 6,1%. Agora, o mercado trabalha com expansão de 6% para o PIB de 2010, e, apenas nos primeiros três meses do ano, a indústria já criou 204,4 mil vagas - o equivalente a 40,5% do auge de 2004.

As comparações não terminam aí. Em 2004, devido à forte expansão da demanda, interna e externa, as expectativas inflacionárias - expressas no boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central - iniciaram trajetória de alta, ao mesmo tempo em que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) descolava-se da meta perseguida pelo Banco Central. O BC passou a apertar a política monetária - os juros passaram de 16% ao ano, em 2004, a 19,75% ao ano, em 2005.

"Estamos vivendo situação parecida, em 2010, com a que tivemos em 2004 e também 2008", avalia Bernardo Wjuniski, economista da Tendências Consultoria Integrada. Antes da explosão das turbulências mundiais, em setembro de 2008, a atividade crescia fortemente, a taxas de 6% ao ano, com rápida absorção de mão de obra e incremento elevado da demanda doméstica. O BC, naquele ano, elevou a taxa Selic, a partir de abril, por seis meses. "A crise desarticulou as pressões inflacionárias de 2008, porque, de outra forma, era o BC atuando mais uma vez para conter os excessos", avalia.

A alta verificada no IPCA nos primeiros três meses deste ano - tendo acumulado 46% da meta perseguida pelo BC para o ano fechado - e os primeiros sinais de gargalos de mão de obra especializada, ligaram o radar do mercado, que elevou as expectativas de inflação por 14 semanas consecutivas. O BC iniciou ontem o aperto monetário, ao elevar a Selic em 0,75 ponto percentual. "Não há garantia de que a indústria pode atender à demanda, que cresce em ritmo chinês", avalia Wjuniski. Segundo avalia o economista, a "estrutura institucional brasileira" estimula o consumo. "Já provamos que o mercado interno é forte e capaz de sustentar o crescimento. Nosso limitador não é a demanda, mas a oferta", diz.

Fontes renováveis já são 47,3% da matriz energética brasileira

29 de abril de 2010

Valor Economico (SP)

Rafael Rosas, do Rio


A crise financeira internacional, a duração do período chuvoso e o contínuo crescimento da demanda por etanol contribuíram para que a participação das fontes renováveis na matriz energética brasileira atingisse 47,3% do total no ano passado, o maior percentual desde os 47,6% de 1992. A expectativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é que o percentual se mantenha em 2010, uma vez que o uso de termelétricas a gás, óleo combustível e diesel continuará baixo e o etanol deverá aumentar gradativamente sua participação na matriz.

O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, ressaltou que a queda da fatia dos combustíveis fósseis foi puxada pela redução de 19,4% na oferta de carvão mineral e derivados, um reflexo direto do impacto da crise financeira sobre o setor de siderurgia. As chuvas abundantes e o consequente nível elevado dos reservatórios das hidrelétricas levaram a uma queda de 17,7% na oferta de gás natural, enquanto a oferta de energia hidráulica e eletricidade subiu 5,2% e os produtos de cana-de-açúcar avançaram 2,8%.

"A despeito da retomada da siderurgia em 2010, a fatia de renováveis na matriz energética não deve ter grande alteração, já que o período de chuvas está bom, além do crescimento da produção de etanol", frisou Tolmasquim, que apresentou os resultados preliminares do Balanço Energético Nacional 2010.

A oferta de energia geral no Brasil caiu 3,4% no ano passado, para 243,9 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP), enquanto a oferta de energia renovável caiu apenas 0,6%, para 115,3 milhões de TEP.

Tolmasquim ressaltou ainda que o bom regime de chuvas contribuiu para que a energia hidráulica respondesse por 15,3% da matriz nacional e por 90,6% da geração de eletricidade no país no ano passado. De acordo com o executivo, a expectativa é que nos próximos dez anos as térmicas a óleo combustível gerem 7% da capacidade, enquanto as térmicas a gás produzirão 26% e as usinas a óleo diesel apenas 1%.

Outra característica do consumo de energia no ano passado foi o efeito gerado pelo crescimento da renda, que elevou o consumo elétrico residencial mensal per capita para 43,8 kWh, 4,3% acima dos 42 kWh de 2009.

No segmento automotivo, esse aumento da renda significou o crescimento de 3,6% do consumo combinado de etanol e gasolina em relação ao ano anterior, reflexo direto dos bons resultados das vendas de automóveis no país.

"O avanço aconteceu principalmente no etanol, já que 93% dos carros novos vendidos no país são flex fuel e os consumidores têm preferido abastecer com álcool", disse Tolmasquim.

A EPE chamou a atenção ainda para a manutenção da autossuficiência brasileira no setor de óleo e gás. As exportações de petróleo no ano passado atingiram 525,6 mil barris por dia, 21,3% acima dos 433,1 mil barris diários de 2008 e 40,16% acima dos 375 mil barris diários importados.

Tolmasquim evitou adiantar números, mas destacou que o próximo Plano Decenal mostrará a tendência de que o país se torne um relevante exportador de petróleo e derivados nos próximos anos.

Economia dos EUA está crescendo mais rápido do que pensamos, diz Greenspan

29 de abril de 2010

Estadao.com.br

Para ex-presidente do Fed, é preciso monitorar de perto yields dos títulos do Tesouro norte-americano

Gustavo Nicoletta, da Agência Estado

WASHINGTON - O ex-presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, disse que a economia norte-americana está crescendo mais rápido do que se acredita e criticou a incapacidade dos EUA para suportar cortes no orçamento.

"A economia americana está acelerando mais rápido do que pensamos", afirmou Greenspan, sem se aprofundar no assunto, durante uma cúpula de finanças patrocinada pela fundação Peter G. Peterson. Ele disse, no entanto, que o governo dos EUA precisa prestar muita atenção aos yields dos Treasuries com vencimento em 10 e 30 anos.

"Se eles começarem a subir de forma significativa, isso sugeriria o fato de estarmos com problemas". Segundo ele, "uma vez que isso comece a acontecer, será preciso agir de forma relativamente rápida ou não conseguiremos deter" o avanço. Segundo Greenspan, o país tem cerca de um ano até que os yields dos Treasuries comecem a subir.

O ex-presidente do Federal Reserve também criticou os ambientes político e cultural dos EUA por considerá-los aparentemente avessos a cortes nos gastos públicos. Ele destacou a forte oposição aos cortes no orçamento do programa espacial norte-americano como um exemplo de como o governo e o país estão indispostos a reduzir as despesas, mesmo diante da potencial ameaça ao crescimento econômico. "O que me incomoda especificamente é que, nos últimos meses, estamos demonstrando uma absoluta incapacidade para cortar qualquer coisa", disse Greenspan

Greenspan também citou como exemplo a disputa entre a Casa Branca e o Congresso a respeito de um programa para construir aviões militares de carga. O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que as aeronaves eram um exemplo de desperdício dos recursos públicos e o secretário de Defesa, Robert Gates, afirmou que quer o fim do programa, mas o Congresso está evitando isso. As informações são da Dow Jones.

Entidades da indústria e sindicais criticam alta do juro

29 de abril de 2010

Estadao.com.br

AE Agencia Estado

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O aumento da taxa básica de juros, anunciado hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, não se justifica, segundo avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "A decisão superestima a alta da inflação, que permanece dentro da meta, e pode ter efeitos negativos mais permanentes sobre a produção", afirmou o presidente entidade, Armando Monteiro Neto, segundo nota distribuída pela CNI.


A avaliação de Monteiro Neto é de que o aumento de 0,75 ponto porcentual da taxa Selic, para 9,5% ao ano, terá efeito limitado no controle das atuais pressões inflacionárias, que são provocadas pelos preços dos alimentos. "A elevação dos juros não surtirá efeito nesse componente, porque os aumentos desses preços se devem a fatores externos", disse.

Ele lembrou ainda que a indústria não tem contribuído para as pressões inflacionárias. Segundo ele, o setor está ocupando gradualmente a margem de ociosidade criada com a crise econômica. "O aumento do uso da capacidade é salutar e essencial para alavancar os investimentos na indústria, o que já vem ocorrendo".

Para Monteiro Neto, o país precisa criar condições para que o ciclo de elevação dos juros, iniciado hoje, seja o mais breve e o menos intenso possível. "É imprescindível coordenar as políticas monetária e fiscal, de forma a enquadrar a meta de inflação sem maiores danos ao setor produtivo e ao investimento privado", disse.

Fiesp

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nota criticando a decisão do Copom. Para a Fiesp, o BC agiu pressionado pelo mercado financeiro. "A pressão que vem sendo exercida sobre o BC, por parte dos interessados no aumento da taxa Selic, atingiu níveis ainda não conhecidos na sua atual gestão", diz a nota. "Até a competência e a autonomia dessa respeitada instituição correm o risco de ser colocadas em dúvida."

A entidade avalia que não houve surpresa no aumento de 0,75 ponto porcentual, pois na ata da reunião anterior o Copom já constava a unânime "necessidade" de elevar a taxa básica de juros na reunião marcada para hoje. "E a promessa foi cumprida. A partir daí, pouca dúvida resta para a ação de um BC acuado, refém de certos setores do mercado e cada vez mais distante dos interesses maiores da sociedade e do País."

Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a elevação dos juros era desnecessária. "Existe capacidade instalada na indústria para atender à demanda sem que aconteça pressão sobre os preços", alegou. "Lamentamos, profundamente, que a produção, o crescimento e o emprego, mais uma vez, sejam os perdedores."

Força Sindical

O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, avaliou como "equivocada" e "perversa" a decisão do Copom. De acordo com ele, o BC age com "miopia econômica" em sua decisão. "Os membros do Copom insistem em levar o Brasil na contramão do desenvolvimento, usando um método nefasto para conter supostas pressões inflacionárias", criticou.

O presidente da Força Sindical acusou as autoridades monetárias de terem se transformado em "meros aduladores dos especuladores". Segundo Paulinho, o Copom "frustra os trabalhadores" e "pune a produção". "É lamentável que estejamos virando um paraíso para os especuladores do mundo inteiro, diante da elevada lucratividade paga pela exorbitante taxa de juros do Brasil", afirmou.

Governo indiano quer investir US$ 500 milhões no Brasil

29 de abril de 2010

Estadao.com.br

Setores de mineração e etanol seriam os mais cotados para receber montante.

Laura Cassano BBC

De Nova Déli (Índia) para a BBC Brasil - A Índia tem uma reserva de US$ 500 milhões para fazer investimentos diretos no Brasil, como parte de um plano do governo de alocar recursos no total de US$ 2,5 bilhões no país, segundo fontes do Ministério das Relações Exteriores indiano.

"Deste volume, US$ 2 bilhões já foram investidos e o restante ainda está buscando um destino", disse à BBC Brasil um alto funcionário do ministério que preferiu não ser identificado.


"Não existe um prazo específico de quando estes recursos devem ser utilizados. Eles estão à espera de uma boa oportunidade", completou.


Nesta semana, a secretária de Minas da Índia, Santh Sheela Nair, afirmou que o país precisa acelerar o ritmo de aquisições no exterior, senão corre o risco de ficar completamente "fora do jogo".


Ela avalia que há boas oportunidades principalmente na área de mineração e que é preciso agir rapidamente, antes que estes ativos desapareçam.


Para Prashanth Nayak, sócio da empresa de consultoria The Jai Group, o segmento de açúcar e álcool também é um forte candidato para receber estes recursos. Em outubro de 2008, o governo indiano adotou uma regra que exige a mistura de 5% de álcool à gasolina vendida. Mas desde então ainda não conseguiu colocá-la em prática.


"A Índia não produz etanol suficiente para suprir essa determinação e por isso o governo está buscando aumentar a sua capacidade de produção no Brasil", disse.


Petróleo


O segmento que até agora já recebeu mais investimentos do governo indiano no Brasil foi o petrolífero. O interesse se manifestou pela primeira vez em 2006, quando a estatal indiana de petróleo ONGC fechou um acordo para comprar uma participação de 30% da Exxon Mobil em um campo petrolífero da Bacia de Campos (RJ).


O negócio saiu por US$ 1,4 bilhão e garantiu a primeira aquisição da estatal indiana na região, após várias tentativas frustradas.


Em 2007, a Petrobras assinou um acordo por meio do qual transferiu à ONGC 15% da participação no bloco BC-10, no litoral do Espírito Santo, por US$ 170 milhões.


D.K. Sarraf, diretor-financeiro da ONGC, garante que até 2011 o plano da empresa é investir US$ 6 bilhões em novas áreas de exploração em mercados estrangeiros e na melhoria de técnicas de extração de campos mais antigos.


América Latina


A América Latina tem entrado cada vez mais no radar do governo indiano. Para a região, o plano de investimento alcança US$ 12 bilhões.


O Brasil aparece no topo da lista. A seguir, está a Venezuela, com volume de investimentos previstos da ordem de US$ 2,1 bilhões.


A fatia da Bolívia é de US$ 2,1 bilhões por conta do interesse em ativos de mineração. Para o Chile, o montante chega a US$ 1,5 bilhão e para a Argentina, a US$ 1,2 bilhão.


A aposta do Ministério das Relações Exteriores indiano é de que as trocas comerciais com a América Latina deem um salto nos próximos dez anos e passe dos atuais US$ 16 bilhões para US$ 160 bilhões.


Hoje, o comércio da Índia com a Europa é da ordem de 100 bilhões de euros e com a região do Golfo, de US$ 100 bilhão. BBC Brasil

Senado dos EUA decide iniciar debate sobre reforma bancária hoje

29 de abril de 2010

Estadao.com.br

Proposta de reforma que trata de como lidar com bancos e instituições 'grande demais para falir' deve ser discutida

Regina Cardeal e Gustavo Nicoletta, da Agência Estado

NOVA YORK - A agenda de eventos dos EUA para esta quinta-feira, 29, traz como destaque o debate entre republicanos e democratas do Senado sobre o projeto de reforma da legislação financeira do país, a partir das 13h15 (horário de Brasília). O líder republicano no Senado norte-americano, Mitch McConnell, disse em um comunicado que seu partido havia chegado a um acordo com os democratas sobre a parte da proposta de reforma que trata de como lidar com bancos e outras instituições consideradas "grandes demais para falir", sugerindo que a oposição permitiria, após três bloqueios consecutivos, que o texto fosse discutido em plenário.

Também nesta quinta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, planeja nomear Janet Yellen, atualmente presidente do Federal Reserve de São Francisco, como vice-presidente do banco central norte-americano. Ele também deverá nomear o economista do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Peter Diamond e a reguladora bancária do estado de Maryland Sarah Bloom Raskin para assentos no board de sete membros do Fed.

No mesmo dia, o secretário de Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, falará sobre o orçamento de seu departamento para o ano fiscal 2011 durante uma audiência com um subcomitê do Senado norte-americano, às 15h30 (de Brasília). As informações são da Dow Jones.

Risco para 2011 faz BC impor alta mais forte, diz analista

29 de abril de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Copom afirma que elevou Selic para recolocar inflação na trajetória da meta

Decisão de forma unânime do colegiado encerra sequência de nove meses de estabilidade da taxa básica de juros em 8,75%

EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para conter um possível superaquecimento da economia após a crise e suas consequências inflacionárias, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu aumentar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros, para 9,5% ao ano.
A menos de cinco meses das eleições, a decisão unânime do colegiado alterou uma sequência de nove meses de estabilidade da Selic em 8,75%. Conforme nota divulgada após a reunião, a alta na taxa ocorreu "para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas".
Apesar da aposta do mercado em uma elevação já na reunião de março, o comitê optou por manter a Selic inalterada na ocasião. Naquele momento, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ainda postulava uma eventual candidatura nas eleições deste ano.
No entanto, a decisão indicou uma mudança na tendência do colegiado, uma vez que cinco membros votaram pela manutenção e os outros três defenderam um aumento de 0,5 ponto percentual. A demora em aumentar os juros, porém, pode ter forçado o Copom a tomar uma medida mais dura na reunião de ontem. Desde março, as projeções de mercado para os índices de inflação tanto de 2010 como de 2011 foram revisadas para cima. Segundo a Folha publicou nesta semana, Meirelles disse ao presidente Lula que agora seria necessária uma "paulada" para subir os juros.
Nos últimos 12 meses, a inflação já bate na casa dos 5,1%, acima do centro da meta oficial de 4,5%. No seu último relatório trimestral, o próprio BC recalculou sua projeção para o índice de preços neste ano, subindo de 4,6% para 5,2%.
"O Copom vê o cenário de 2011 com mais preocupação do que havia nos meses anteriores. Por isso há a opção de um começo mais rigoroso no ciclo de alta", diz Bernardo Wjuniski, economista da Tendências.
A Selic retornou ao patamar mais alto desde junho do ano passado, quando o Copom reduziu os juros de 10,25% para 9,25% ao ano. De acordo com a pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo BC com mais de uma centena de analistas financeiros, a taxa deve chegar a 11,75% até o fim de 2010, o que seria suficiente para segurar a inflação perto da meta dentro do horizonte relevante -prazo a partir de 12 meses à frente das decisões do comitê.

Alta de 0,75 em 2008
O conselho havia elevado a Selic pela última vez em setembro de 2008 (também em 0,75 ponto), quando a velocidade de crescimento da economia atingia o seu auge, em torno de 6%, o mesmo previsto para 2010.
Naquele mesmo mês, a explosão da crise financeira internacional começou a atingir inclusive a economia brasileira, ajudando a frear o ímpeto de expansão da demanda.
Com as pressões inflacionárias afastadas, mas com risco de estagnação, o governo então precisou estimular o consumo com reduções de tributos, liberação de compulsórios e queda nos juros. Tanto que, entre janeiro e julho do ano passado, o Copom cortou em cinco pontos a Selic, que despencou de 13,75% para 8,75%, o menor patamar da história, e desde então manteve-se inalterada.
Agora, no entanto, a recuperação da economia em um ritmo mais veloz do que o esperado acendeu a luz amarela na autoridade monetária, uma vez que o consumo acelerado das famílias começou, segundo avaliação do BC, a entrar em descompasso com a capacidade do país de produzir bens e serviços para atender a demanda.
Mas o aumento dos juros agora como remédio para esse cenário não é consenso na equipe econômica. O ministro Guido Mantega (Fazenda) por diversas vezes rechaçou a hipótese de superaquecimento.

Cresce temor de contágio de países ibéricos

29 de abril de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Portugal decide antecipar plano de arrocho fiscal de 2011 para este ano, e agência de classificação de risco rebaixa nota da Espanha

Analistas avaliam que, como a Espanha é uma economia maior, seu rebaixamento poderá criar ainda mais problemas do que a Grécia

DA REDAÇÃO

A crise grega balançou ontem os países ibéricos mais uma vez: a Espanha viu seus títulos de dívida soberana serem rebaixados pela agência de classificação de risco S&P (Standard & Poor's) -o que significa que o país passa a representar um risco maior para investidores- e Portugal antecipou, de 2011 para este ano, seu agressivo plano de arrocho fiscal, numa tentativa de reaver a confiança do mercado global.
O primeiro-ministro português, o socialista José Sócrates, disse que o governo irá acelerar seus planos de elevar o imposto sobre os ganhos de capital e grandes contribuintes, introduzir novos pedágios em rodovias e reduzir gastos com benefício-desemprego. "Estamos absolutamente determinados a fazer o que for necessário para atingir as metas que estabelecemos para reduzir o deficit público", disse, após se reunir com a oposição.
Anteontem, a S&P rebaixou a classificação dos títulos portugueses de longo prazo de A+ para A-. O deficit e a dívida pública do país atingiram em 2009, respectivamente, 9,4% e 76,8% do PIB; seu índice de poupança é dos menores entre os 27 países da OCDE e a média anual de crescimento do país foi menor que 1% nos últimos anos.
As medidas de austeridade fiscal que o governo planeja pôr em curso são parte de um programa de estabilidade e crescimento de quatro anos, que pretende cortar o deficit orçamentário para 2,8% do PIB até 2013.
As agências de classificação de risco, no entanto, estimam que o deficit cairá a 4,1% do PIB.

Vizinhos de risco
Depois de, na segunda, rebaixar Grécia e Portugal, a S&P rebaixou ontem o "rating" (nota de risco de crédito) da dívida soberana da Espanha de AA+ para AA, ainda dentro da classificação grau de investimento, reservada para países considerados "bons pagadores". A S&P, para quem a decisão se justifica pela expectativa de que o país deverá sofrer "por longo período de débil crescimento econômico", reduziu a expectativa de crescimento anual médio entre 2010-2016 de 1% para 0,7%.
O rebaixamento fez o euro cair para o patamar mais baixo ante o dólar em um ano. Analistas avaliam que, como a Espanha é uma economia muito maior do que Grécia e Portugal juntos (seu PIB é quase três vezes a soma do produto dos outros dois), uma piora da avaliação de crédito do país poderá criar ainda maiores dores de cabeça para a zona do euro.
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, minimizou a importância dos rebaixamentos e disse que as agências "nem sempre acertam". "As pessoas acreditam e, por isso, têm influência a curto prazo, mas, a longo prazo, o que predomina são outros fatores."

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Com "Financial Times"


Grécia pode precisar de socorro

29 de abril de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Europa e FMI já discutem mais que dobrar o pacote inicial de ajuda a Atenas, mas Alemanha ainda resiste a liberar recursos

Dirigentes do Fundo e do Banco Central Europeu se reuniram ontem com a chanceler Angela Merkel para discutir socorro à Grécia

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

Aumentou o consenso no mercado de que os € 45 bilhões oferecidos à Grécia pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional na última semana são insuficientes para evitar que o país tenha de reestruturar sua dívida ante o enorme rombo fiscal em suas contas e os juros crescentes sobre seus títulos soberanos.
Entre rumores e avaliações, a cifra que ressoou foi € 120 bilhões, citada por parlamentares alemães à mídia europeia como "o mínimo necessário" após reunião com o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Cleaude Trichet, e o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, em Berlim.
É metade da dívida total grega (boa parte da qual os alemães já são credores) e quase o triplo do plano inicial, que não foi sequer aprovado e que seria capaz de sanar apenas as obrigações que vencem neste ano -e isso contanto que os juros parem de disparar.
Ironicamente, em um círculo vicioso a inflar o problema, é o Parlamento alemão o maior entrave ao pacote, e a demora tem enervado os mercados, que ontem na Europa continuaram a cair. O maior recuo foi no pregão de Madri (3%). No Brasil, a Bovespa fechou em alta de 0,22%.
É preciso o aval do Legislativo para que Berlim pingue sua contribuição -quase metade do aporte já prometido pelos países membros da zona do euro, € 30 bilhões. Com o eleitorado alemão majoritária e veementemente contra, os parlamentares resistem a votar.
A chanceler Angela Merkel participou do encontro de ontem e voltou a enfatizar a necessidade de ação rápida. Ecoa Paris, Roma e agora até Londres, que não adota o euro e, portanto, não está envolvida no pacote (em última análise, uma boia para impedir que a moeda comum, que já paira no patamar de US$ 1,30, afunde mais).
A demora também traz à baila o fantasma do contágio regional, que ganhou força quando a agência de classificação de risco Standard and Poor's, um dia após fazê-lo com Atenas, baixou a nota da Espanha, cuja economia é maior e quase tão endividada quanto a grega.
O chefe da OCDE (que reúne 31 países ricos), Angél Gurría, equiparou o contágio ao vírus ebola, aquele que liquefaz órgãos e mata o doente em poucos dias. "Quando você percebe que tem, corta a perna para sobreviver", disse à Bloomberg.
Mas com um longo caminho burocrático a percorrer, envolvendo parlamentos, a Comissão Europeia e o conselho diretor do FMI, é improvável que o pacote saia antes do dia 10. Até 15 de maio, vencem cerca de € 20 bilhões em títulos gregos, e a velocidade com que o ágio sobre os papéis tem subido (o de dois anos já bateu em 15%) pode aumentar o valor.

Sem declarações
Nem Trichet nem Strauss-Kahn confirmaram a possibilidade de se aumentar o empréstimo. Não houve, aliás, comunicado oficial sobre o tema -o que surpreende, dada a constância de declarações recentes para acalmar os investidores.
Anteontem, no entanto, o jornal "Financial Times" citou fontes suas em Washington para dizer que o FMI estuda aumentar sua linha em 10 bilhões, o que elevaria a oferta do Fundo a 25 bilhões.
A contrapartida exigida a Atenas serão novas medidas de arrocho. Tentando estancar a especulação após a Bolsa em Atenas desabar 6% na véspera, a comissão dos mercados de capitais grega proibiu as vendas a descoberto de papéis pelos próximos dois meses, evitando apostas na desvalorização.

BC dos EUA mantém taxa de juros entre zero e 0,25%

29 de abril de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

POLÍTICA MONETÁRIA


DA REPORTAGEM LOCAL

O colegiado de diretores do Federal Reserve (banco central dos EUA) decidiu manter a taxa de juros americana numa banda entre zero e 0,25%, sem surpreender o mercado financeiro.
A autoridade monetária americana também preservou a advertência de que vai deixar as taxas em "níveis excepcionalmente baixos por um período extenso de tempo", considerando "as taxas deprimidas de utilização dos recursos, tendências fracas de inflação e expectativas de inflação estável".
As considerações do Fed sobre a recuperação do emprego são um dos principais destaques no comunicado deste mês.
Em março, os diretores do BC americano haviam apontado que "o mercado de trabalho está se estabilizando". Neste mês, a expressão foi trocada por "o mercado de trabalho está começando a melhorar".
O desemprego, em torno de 10%, é um dos principais pontos fracos no processo de recuperação dos EUA, na visão de economistas.
O setor imobiliário ainda continua um item preocupante: embora o Fed tenha notado alguma melhora, o alto desemprego, "o modesto crescimento da renda" e as condições restritas de acesso a crédito continuam a restringir uma retomada.
Na visão do Fed, o nível de investimentos das empresas em equipamento e software cresceu "expressivamente". Em compensação, o BC americano repara que os empresários permanecem "relutantes em incrementar suas folhas de pagamento".
Em relação ao setor financeiro, as condições do mercado permanecem favoráveis ao crescimento econômico, embora o acesso ao crédito permaneça contraído.

Juro deve pesar no bolso até o final do ano

29 de abril de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Aumentos da Selic em 2010 vão encarecer de forma considerável o crédito ao consumidor e a empresas, dizem especialistas

Pesquisar as condições oferecidas pelos bancos é a solução para conseguir empréstimos mais baratos, dizem os especialistas

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A elevação de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, que serve de parâmetro para todas as operações de crédito no país, não deve ter grande impacto sobre os juros pagos pelo consumidor e pelas empresas, no momento. Mas essa é apenas a primeira de uma série de altas que se estenderia ao menos até dezembro para terminar 2010 em três pontos percentuais, pelas projeções dos analistas- e, quando chegar o final do ano, tal aumento realmente pesará no bolso do brasileiro.
Se as expectativas se confirmarem e a Selic subir até 11,75% nos próximos meses, os juros mensais para os consumidores ficariam, em média, em 7% -maior nível desde novembro de 2009-, ante os atuais 6,77% ao mês, segundo cálculos feitos pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) a pedido da Folha. Os juros cobrados no cheque especial, por exemplo, passariam de 7,34% ao mês para 7,57%, e os do crédito para aquisição de veículos saltariam de 2,33% mensais para 2,56%. Dessa forma, quem comprar, no fim de 2010, um carro de R$ 25 mil parcelado em 60 vezes, vai desembolsar aproximadamente R$ 2.528 a mais.
Para as empresas, os financiamentos também encareceriam bastante. Um empréstimo de capital de giro de R$ 50 mil pagaria R$ 5.131 de juros nessas circunstâncias, contra os R$ 4.763 de agora.
O objetivo do BC ao subir a Selic é justamente desestimular o consumo e esfriar um pouco a economia, que julga agora superaquecida, para impedir o crescimento da inflação. "Não existe muito efeito sobre as operações de crédito pequenas, como a compra de uma geladeira, cuja prestação tem alta de apenas R$ 2 com essa elevação de juros. No caso de uma aquisição maior, entretanto, o consumidor pensa duas vezes se os valores avançam", diz Miguel Ribeiro de Oliveira, responsável pela área de pesquisa da Anefac. As empresas, por sua vez, deixam de investir e de contratar novos funcionários, o que segura a renda da população.
Os bancos levam de uma semana a 15 dias para repassar os aumentos da Selic aos seus produtos, e demora cerca de seis meses até que os efeitos da decisão de elevar os juros sejam completamente sentidos. Mas um efeito psicológico faz com que os resultados da utilização desse instrumento de política monetária sejam acelerados, explica Haroldo Vale Mota, professor da Fundação Dom Cabral. "As pessoas estão mais informadas. Sabendo que as condições para compras pioraram de forma geral, preferem deixar de gastar", afirma.

Contra os juros, pesquisa
Depois de alcançarem picos durante o momento de maior pânico com a crise econômica internacional, as taxas de juros começaram a cair no início de 2009 e, em janeiro deste ano, tornaram a subir com a expectativa de aumento da Selic. No mês passado, entretanto, recuaram. E essa queda se deve, na avaliação dos especialistas, a um componente novo no mercado de crédito brasileiro: a concorrência entre as instituições bancárias.
Embora o setor seja bastante concentrado, alguns bancos, os públicos destacadamente, tornaram-se um pouco mais ousados na concessão de financiamentos nos últimos meses a fim de recuperar os lucros perdidos com as turbulências de 2008/2009 por terem deixado de emprestar. Por isso, têm reduzido os seus juros e devem continuar fazendo-o, forçando outros a serem comedidos na hora de elevar as suas taxas.
"Há uma verdadeira briga pelo cliente. Então, mesmo com esse aumento considerável durante 2010, o consumidor e as empresas podem conseguir crédito mais barato se pesquisarem entre as instituições. Só precisam evitar os financiamentos com prazo muito longo, que acabam ficando pesados, e não devem comprometer uma parcela muito grande do seu orçamento com dívidas", ensina Oliveira.

Para ex-secretário da Fazenda, modelo é "bomba relógio"

29 de abril de 2010

Valor Economico (SP)

De São Paulo

Ruy Baron/Valor

Júlio Gomes de Almeida: elevação do consumo e taxa de câmbio valorizada provocam aumento "mirabolante" das importações
A demanda interna da economia cresce por todos os lados. As famílias ampliam o consumo e a demanda por crédito, as empresas, tendo a indústria à frente, aumentam a produção, a contratação de mão de obra e os investimentos, que, num primeiro momento, significam maior demanda por insumos e peças. Este é um crescimento "virtuoso", mas, sem controle, é uma bomba-relógio. Essa é a avaliação de Júlio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda (2005-2007). Para o economista, se nada for feito para "controlar o ritmo", a bomba pode explodir em três anos.

O raciocínio de Almeida está calcado nos excessos provocados pela aceleração da demanda. Parte do consumo interno "vaza" para o mercado externo, reduzindo o saldo comercial e ampliando o déficit nas transações correntes. Nos primeiros três meses do ano, o endividamento externo bateu em US$ 12,1 bilhões, o valor mais alto para o período desde 1947, quando o Banco Central (BC) iniciou a série histórica. Apenas no mês passado, o déficit, de US$ 5 bilhões, foi superior a todo o déficit acumulado no primeiro trimestre de 2009, de US$ 4,9 bilhões. "Sem fazer uma reestruturação de nossa política comercial e econômica, não temos como sustentar um crescimento de dois dígitos da demanda", afirma. Segundo Almeida, a combinação entre elevação do consumo e taxa de câmbio valorizada provoca o aumento "mirabolante" das importações.

A valorização cambial, diz Almeida, é um dos principais fatores para diminuir o ímpeto da indústria nacional em exportar. "Os empresários ficam desanimados em ampliar investimentos na produção que será embarcada. Ele se apoia no mercado interno e diminui as vendas externas. Consequentemente, o saldo comercial cai, aumentando o rombo externo", raciocina. No auge da crise mundial, em dezembro de 2008, o dólar chegou a ser cotado acima de R$ 2,50. Ao longo do ano passado, o dólar caiu cerca 25,7%, passando de R$ 2,33 para R$ 1,73, oscilando em torno deste patamar desde então.

Analistas do mercado dizem que a aceleração da demanda explica a alta da inflação verificada no primeiro trimestre. O economista, no entanto, refuta que a aceleração de preços verificada nos primeiros três meses do ano se deu graças a problemas de oferta. "Não há sinal de inflação de demanda, mas resposta ao reajuste do salário mínimo", diz.

Para ele, a elevação de 0,75 ponto percentual realizada ontem pelo BC na Selic não causará impacto no processo de recuperação da atividade. "O que causa o superaquecimento do consumo não é o investimento, mas sim o crédito a pessoa física", diz. O ex-secretário da Fazenda avalia que controlar a concessão de crédito seria "mais eficaz" que elevar a Selic, ainda que, no médio prazo, o aperto monetário realizado pelo BC atinja o mercado, encarecendo os empréstimos bancários. (JV)

27.4.10

Crescimento em alta, juros idem

27 de abril de 2010

O Globo (RJ)

Analistas já preveem PIB maior que 6% este ano e aumento de 0,75 ponto na Selic para conter inflação

Henrique Gomes Batista, Bruno Villas Bôas e Patrícia Duarte RIO e BRASÍLIA

Na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide a nova taxa básica de juros do país — e as apostas do mercado são de uma alta de até 0,75 ponto percentual — a economia brasileira dá novos sinais de forte aquecimento. Economistas preveem que, no primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) tenha avançado até 3% frente ao mesmo trimestre do ano passado, numa taxa anualizada de nada menos do que 12%. Na média, os analistas estimam que a economia cresceu 2% no primeiro trimestre.

Com a atividade econômica aquecida, aumentam as estimativas para a inflação. A pesquisa Focus, do Banco Central (BC), mostrou ontem que os analistas elevaram pela 14asemana seguida, suas previsões para a inflação este ano. Agora, a projeção é que o IPCA fique em 5,4% este ano, contra 5,32% na semana anterior, numa taxa cada vez mais distante da meta oficial, de 4,5% para 2010.

Por causa das pressões inflacionárias, os analistas ouvidos pelo Focus preveem alta de meio ponto percentual na taxa básica de juros Selic esta semana — movimento que, além de retirar os juros básicos de seu atual piso histórico, de 8,75% ao ano, interromperá uma sequência de 18 meses sem altas. O mercado aumentou as projeções de alta para a Selic ao longo do ano, de 11,5% para 11,75% em dezembro. O boletim Focus estima ainda um PIB de 6% este ano — contra 5,81% na semana passada. Mas, o banco Itaú, por exemplo, já estima um PIB de 6,5% este ano.

Diversos indicadores prévios da atividade econômica dão sustentação a esta avaliação.

Ontem, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) informou que o consumo de energia pela indústria cresceu 12% em março, frente ao mesmo mês do ano passado, quando o Brasil já sofria os reflexos negativos da crise financeira internacional.

Foram 15 mil Gigawatts/hora (GWh) — a primeira vez desde novembro de 2008 que a demanda de energia da indústria atinge esse nível. No acumulado de janeiro a março o consumo industrial cresceu 13%. Dados que medem financiamento, produção, salários e comércio vão na mesma linha.

A produção de papel ondulado — usado em embalagens e um termômetro da atividade econômica — cresceu 20,5% em março, frente a igual mês do ano passado. O tráfego de caminhões nas rodovias com pedágio aumentou 13,6% na mesma comparação.

O Itaú Unibanco prevê que o PIB cresceu entre 2,5% e 3% no primeiro trimestre, o que significaria o melhor resultado desde 2004, quando a expansão foi de 2,8%. Para o ano, a expectativa é de crescimento de 6,5%.


Economista vê ritmo mais lento no 2° semestre


Alguns analistas alertam, porém, que apesar da atividade econômica acelerada neste primeiro trimestre, o ano não fechará tão forte. A LCA Consultores prevê crescimento de 1,7% do PIB no primeiro trimestre, em comparação ao três últimos meses de 2009. Para o ano, a expansão estimada é de 5,8%.

— Para o segundo semestre esperamos uma desaceleração. Em diversos setores, como automóveis e linha branca, ocorreu uma antecipação de compras importante, que se beneficiou da isenção do IPI. O comprometimento da renda das famílias com financiamento será um limitador natural do forte crescimento. Atualmente, cerca de 18% da renda das famílias está destinada aos financiamentos, contra 15% nos Estados Unidos — disse Fernando Sampaio, diretor de macroeconomia da LCA, que acredita, contudo, que o BC elevará a Selic em 0,75 ponto percentual nesta semana.

Eduardo Oliveira, da Um Investimento, acredita que, com tantos dados que demonstram a economia aquecida, o Copom deverá elevar a Selic em 0,75 ponto percentual depois de amanhã. No mercado financeiro, as negociações interbancárias apontavam para uma alta de 0,75 ponto percentual. Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para julho de 2010 fecharam a 9,51% ontem, alta de 0,7 ponto. Os de janeiro de 2011 avançaram 0,11 ponto, atingindo 10,86%. Influenciada pela expectativa de alta nos juros, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 0,92% ontem, para 68.871 pontos. Os papéis de empresas de varejo — mais dependentes do custo do crédito — puxaram as quedas. Perderam Natura (-3,58%), B2W Varejo (-0,03%), Lojas Americanas (-0,54%) e Lojas Renner (-1,22%). O dólar comercial caiu 0,96%, para R$ 1,745.

— Os papéis ligados ao consumo interno tendem a sofrer com financiamento mais caro — afirma Leonel Pita, da Lopes&Filho Associados.

Safra de balanços promete mais lucros

27 de abril de 2010

DCI (SP)

José Guerra/ Fernando Teixeira


São Paulo - Começam a ser divulgados esta semana os balanços das empresas brasileiras de capital aberto, com destaque para os resultados do Bradesco, na próxima quarta-feira. O mercado prevê que, na média, os resultados serão positivos em todos os setores. No caso das gigantes Vale e Petrobras, no entanto, esperam-se resultados parecidos com os registrados no ano passado, já que as duas companhias devem apresentar recuperação mais lenta do lucro.

“Tivemos algumas prévias de resultados de empresas que atuam no ramo de shopping centers e de informática. Os números estavam bons”, afirma o analista da XP Corretora, William Alves. Ele acredita que o setor de siderurgia deva ter números melhores que os do ano passado. “A base de comparação é ruim, por isso as companhias devem ter bons resultados. No começo do ano de 2009, as indústrias trabalhavam com capacidade de 50% ociosa. Agora o percentual de ociosidade é bem menor.”

Em relação à Vale, analistas afirmam que o reajuste conseguido pela mineradora para as exportações de ferro só vai impactar os resultados a partir de abril, quando vencem os contratos atuais. Os resultados do primeiro trimestre de 2010 não devem ser muito diferentes dos apresentados no final do ano passado porque a demanda ainda não se recuperou plenamente.

A Petrobras também deve apresentar resultados em linha com o último trimestre de 2009, principalmente pela pouca variação do preço do petróleo. Além disso, a expectativa do mercado e das empresas em relação ao processo de capitalização impede novos investimentos e parcerias, o que prejudica uma trajetória de crescimento no curto prazo.

Em relação aos bancos, a expectativa é de que os balanços mostrem um maior equilíbrio dos resultados entre bancos públicos e privados. No ano passado, com uma política mais agressiva de concessão de crédito, os bancos controlados pelo governo federal conseguiram também resultados mais expressivos que os privados, que optaram por uma postura mais conservadora.

Além disso, as projeções feitas pelos especialistas dão conta de que, no primeiro trimestre, os bancos devem apresentar maior participação das empresas em sua carteira de crédito. No final do ano passado, o crescimento foi praticamente todo impulsionado pelo crédito ao consumo.

Títulos gregos caem e já sinalizam um "default"

27 de abril de 2010

Valor Economico (SP)

Europa: Investidores temem que país necessite reestruturar suas dívidas

David Oakley, Quentin Peel e Kerin Hope, Financial Times, de Londres, Berlim e Atenas

Os mercados de bônus gregos caíram ontem em meio a temores crescentes entre os investidores de que o país precisará reestruturar suas dívidas, apesar do pacote de ajuda de € 45 bilhões (US$ 60 bilhões) que vai receber da comunidade internacional. Os rendimentos dos bônus gregos de dois anos, que têm uma relação inversa com o preço, subiram 3 pontos percentuais - a maior alta em um único dia desde que o país aderiu ao euro, há nove anos -, para fechar em 13,14%.

Segundo o banco americano Brown Brothers Harriman, esse é o maior rendimento de um título de dívida de curto prazo do mundo. Ele é maior até que o da Argentina, de 8,8%, e o da Venezuela, de 11%, dois países que vêm sendo evitados por muitos investidores internacionais por causa da má administração de suas economias.

Segundo investidores, o mercado de bônus gregos está agora na verdade determinando um "default" do governo, uma vez que os rendimentos dos bônus de dois anos estão mais de 12 pontos porcentuais maiores que os dos bunds da Alemanha, o referencial do mercado na Europa.

O mercado de ações grego caiu quase 3% ontem e o euro recuou em relação ao dólar. Gary Jenkins, diretor de análises de renda fixa da Evolution, disse: "O mercado está indicando um default grego, se não no curto prazo, pelo menos no médio".

Nigel Rendell, estrategista sênior da RBC Capital Markets, acrescentou: "A Grécia está sendo negociada agora como o mais fraco dos mercados emergentes".

Dominique Strauss-Khan, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), e Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE), foram solicitados a apresentar amanhã detalhes do pacote de resgate aos membros do parlamento alemão, para a provação destes a possíveis empréstimos à Grécia.

Angela Merkel, a primeira-ministra alemã, também tentou assegurar aos eleitores alemães e os mercados financeiros internacionais de que seu governo vai defender a estabilidade do euro a qualquer custo, insistindo ao mesmo tempo nas condições duras para a concessão de um empréstimo de muitos bilhões de euros para a Grécia. "A Alemanha sente uma obrigação enorme de garantir a estabilidade do euro", declarou ela em um pronunciamento improvisado à imprensa, feito em seu gabinete em Berlim. Merkel disse que assim que o governo grego chegar a um acordo sobre um programa de austeridade e recuperação de três anos com o FMI, o BCE e a Comissão Europeia, seu governo vai implementar a legislação para apoiá-lo em um empréstimo coordenado a ser fornecido pelos outros 15 países da zona do euro.

Entretanto, os investidores temem que os gregos não tenham estômago para as medidas de austeridade necessária para a recuperação da economia. Ontem, a nova rodada de greves e manifestações teve início com uma passeata de 24 horas organizada pelos sindicatos dos trabalhadores da marinha mercante, que interrompeu os serviços de balsas nas ilhas do Mar Egeu.

O transporte público também será paralisado por seis horas em Atenas hoje, enquanto trabalhadores deverão fazer um protesto contra os cortes de salários e o enxugamento do sistema de transporte da capital. Há também alguns sinais de que a crise grega está se espalhando para outros mercados de bônus periféricos da zona do euro, como Portugal, Espanha e Irlanda. Os rendimentos dos bônus de dois anos portugueses subiram três quartos de ponto para 3,64%, os dos bônus da Irlanda subiram num ritmo parecido, para 2,99%, e os dos bônus espanhóis aumentaram um quarto de ponto para 1,87%.

(colaborou Aline van Duyn, de Nova York)

União perdoa Estados que descumpriram meta fiscal

27 de abril de 2010

Valor Economico (SP)

Agência Brasil, de Brasília

Os Estados que descumpriram as metas de superávit primário acertadas com o governo federal, no ano passado, continuarão a ter acesso a créditos. Medida provisória publicada ontem no "Diário Oficial da União", autorizou o perdão dos governos estaduais que descumpriram o Programa de Ajuste Fiscal (PAF).

Segundo o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, André Paiva, o perdão é previsto por lei em anos de crescimento econômico inferior a 1%. Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Paiva ressaltou que o perdão vale apenas para os Estados que se submeteram ao PAF, programa que estabelece metas fiscais para os governos estaduais com supervisão do Tesouro Nacional. "As demais obrigações da Lei de Responsabilidade Fiscal, como estar adimplente [sem deixar de pagar o que deve à União] e dentro dos limites de endividamento e de gastos com pessoal, continuam valendo."

As unidades da federação que descumprem o PAF ficam proibidas de contrair empréstimos para investimentos, não apenas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas em qualquer instituição financeira. A medida libera a concessão de crédito para esses entes públicos.

Para Paiva, o perdão é justificado pela política de aumentar os gastos para estimular a economia adotada por todas as esferas de poder no ano passado. "Seria exigível que os Estados reduzissem os gastos com educação porque a receita caiu?", perguntou Paiva.

Ele afirmou que, com a recuperação da economia em 2010, não será necessário um novo perdão para os Estados neste ano. "Não há risco de nenhum Estado descumprir as metas de superávit primário em 2010." O Tesouro Nacional não divulgou o número de Estados que aderiram ao PAF nem a relação das unidades da federação que descumpriram as metas. Até agosto do ano passado haviam sido aprovadas as revisões dos Planos de Ajuste Fiscal para nove Estados: Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Pará, Piauí, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Roraima e Distrito Federal.

A MP também autorizou a ampliação em R$ 80 bilhões dos recursos do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), linha do BNDES para estimular investimentos. O total passou de R$ 44 bilhões para R$ 124 bilhões. A linha de crédito teve prazo prorrogado de 30 de junho para 31 de dezembro. Apesar de o Tesouro ter transferido R$ 74,2 bilhões em títulos para o BNDES na semana passada, Paiva disse que o empréstimo não está relacionado com os novos limites para o PSI. Isso porque parte dos recursos para ampliação da linha terá origem no orçamento do banco não usado em 2009.

Brasil pode receber US$ 30 bi de investimentos diretos

27 de abril de 2010

Valor Economico (SP)

De Genebra

O governo brasileiro examina 357 projetos de investimentos estrangeiros diretos para o país. Um dos próximos que deseja atrair é a instalação de um "smartlab" da IBM, um laboratório de pesquisas, que o país está disputando sediar com Bahrein e Austrália.

Foi o que informou Alessandro Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex), ontem em Genebra. Otimista, ele estimou que o fluxo de investimento direto estrangeiro (IED) poderá chegar a US$ 30 bilhões, enquanto o Banco Central recentemente reduziu essa meta para algo próximo de US$ 25 bilhões.

Teixeira informou que na semana que vem lançará um logotipo para servir como a marca brasileira, visando atrair investimentos de biotecnologia, incluindo cosméticos, alimentos e farmacêuticos.

Por sua vez, a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) reafirmou suas projeções de que o primeiro trimestre mostrou melhor fluxo de IED, refletindo recuperação da economia global e maior otimismo dos executivos sobre a situação de suas empresas.

Sobretudo, as atividades de fusão e aquisição aumentaram, mas continuam em nível baixo comparadas aos anos anteriores. A Unctad projeta que o fluxo total de IED pode chegar a US$ 1,4 trilhão este ano. E os países em desenvolvimento e em transição vão atrair metade dessa soma, enquanto a parte dos países desenvolvidos, em crise, continuará declinando. (AM)

Rápida recuperação do Brasil gera preocupação, diz 'WSJ'

27 de abril de 2010

Estadao.com.br

Jornal comenta pressões inflacionárias e o possível aumento da taxa de juros pelo Banco Central na quarta-feira.

BBC Brasil BBC

- O jornal americano Wall Street Journal diz em sua edição desta terça-feira que o entusiasmo com a rápida recuperação da economia brasileira depois da crise global se tornou algo mais ameaçador: o medo de que a economia esteja superaquecendo.

De acordo com o jornal, a perspectiva é de que o Banco Central aumente a taxa de juros já nesta quarta, com o objetivo de chegar a 11,75% até o fim do ano, em uma tentativa de controlar a inflação.


"A situação do Brasil ressalta como o destino dos mercados emergentes e desenvolvidos estão divergindo", afirma o WSJ. "O FMI prevê que as 'economias avançadas' vão expandir até 2,25% em 2010 e até 2,5% em 2011, depois de queda de mais de 3% no ano passado."


"O crescimento nos países emergentes e em desenvolvimento está projetado para superar 6,25% ao ano no mesmo período, depois de um crescimento mais modesto de 2,5% no ano passado."


O jornal afirma que apesar de a previsão de crescimento do Brasil ser de 5,5% para este ano, alguns analistas acreditam que esta taxa pode chegar a 7%.


Segundo o jornal, isso provocou a pouco comum situação em que países emergentes estariam tentando frear a entrada de capital estrangeiro, que teria crescido durante a crise financeira.


"O rápido crescimento e o aumento das vendas normalmente são coisas boas para países em desenvolvimento tentando tirar milhões da pobreza e levá-los à classe média. A preocupação é que as taxas de crescimento estejam estimulando a inflação, há muito tempo o calcanhar de Aquiles das economias ricas em commodities, como a do Brasil."


Mas o jornal lembra que a alta da taxa de juros também pode ter efeitos colaterais indesejados. "Investidores globais estão cada vez mais pegando dinheiro emprestado a uma taxa próxima a 0% em dólares, graças à postura agressiva do Banco Central Americano, e investindo este dinheiro em mercados emergentes para colher lucros mais altos."


Isso poderia fazer com que a moeda dessas economias se valorizasse muito rápido, potencialmente criando uma bolha em alguns setores, como o imobiliário, por exemplo.


"O dilema fez com que o FMI, que no passado era firmemente contra impor controles sobre o fluxo de capital, reconsiderasse sua visão", diz o WSJ.


O jornal afirma que o Brasil deve agir rápido, em parte por causa de sua longa história de ciclos de crescimento e quebras.


"Economistas e operadores da bolsa esperam que o Banco Central aumente a taxa de juros na quarta-feira pela primeira vez desde setembro de 2008", diz o diário, lembrando, no entanto, que para alguns economistas, a preocupação com a inflação não deve ser exagerada.


"A economia brasileira estava crescendo muito rapidamente antes da crise global e, segundo o economista de Capital do Barclays Marcelo Salomon, as pressões inflacionárias ainda não são tão fortes como eram antes da crise."


O jornal lista os estímulos do governo para aquecer a economia brasileira durante a crise afirmando que, apesar de terem ajudado o país a não sofrer tanto com a crise, eles agora poderiam estar contribuindo para o aumento da inflação.


"Mas com as eleições presidenciais em outubro, o governo não deve tirar o pé do acelerador", afirma o diário, lembrando que a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, está se apoiando na expansão dos projetos sociais e de infra-estrutura durante o governo Lula para tentar se eleger.


"O aumento da taxa de juros é politicamente impopular em um país onde a taxa de juros de bancos privados normalmente chegam a 42% ao ano", diz o WSJ, ressaltando que o fato de o Banco Central ter conseguido baixar esta taxa mantendo a inflação sob controle ajudou a aumentar a popularidade do governo. BBC Brasil

FGV: confiança do consumidor sobe 3,5% em abril

27 de abril de 2010

Estadao.com.br

ALESSANDRA SARAIVA Agencia Estado

RIO - O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 3,5% em abril ante março, na série com ajuste sazonal, segundo informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que também revisou para cima a alta do ICC de março ante fevereiro, de 0,6% para 0,7%. Com o resultado, o desempenho do indicador, que é calculado com base em uma escala de pontuação entre 0 e 200 pontos (sendo que, quando mais próximo de 200, maior o nível de confiança do consumidor), foi de 111,4 pontos para 115,3 pontos de março para abril.


Em seu comunicado, a fundação informou que, em abril, tanto as avaliações sobre o momento atual quanto as expectativas com relação aos próximos meses foram mais favoráveis. O ICC é dividido em dois indicadores: o Índice de Situação Atual (ISA), que subiu 2,8% este mês após recuar 1,5% em março, e o Índice de Expectativas (IE), que mostrou alta de 4,1% em abril após apresentar taxa positiva de 2,1% em março. No caso do ISA, o sub-índice atingiu em abril o maior nível da série histórica, iniciada em setembro de 2005.

Ainda segundo a fundação, o ICC subiu 15,8% em abril na comparação com igual mês em 2009. No mês passado, o indicador nesta comparação avançou de forma menos intensa, com alta de 13,2% ante março de 2009. O levantamento abrange amostra de mais de 2.000 domicílios, em sete capitais, com entrevistas entre os dias 1 e 20 de abril deste ano.

Otimismo

O otimismo com o futuro da economia do País foi o que impulsionou a arrancada do ICC. Segundo comunicado da FGV, entre os cinco quesitos usados para cálculo do indicador em abril, o destaque ficou por conta do tópico mede o grau de otimismo das expectativas em relação à situação econômica local nos seis meses seguintes. A fatia de consumidores pesquisados que preveem melhora da situação econômica subiu de 23,2% para 26,8% de março para abril; já a parcela dos entrevistados que aguardam piora diminuiu de 13,2% para 8,9%.

Ainda segundo a FGV, nas respostas relacionadas ao presente, houve uma avaliação mais favorável no quesito de finanças pessoais, que atingiu o melhor nível desde o início da pesquisa, em setembro de 2005. De março para abril, a fatia dos consumidores entrevistados que avaliam a situação financeira familiar como boa aumentou de 19,3% para 22,3%; já parcela dos pesquisados que avaliam como ruim ficou "relativamente estável", na avaliação da FGV, ao passar de 11,4% para 11,5%.