9.8.13

Navegar no Facebook ajuda avaliação de alguns investidores

Investidor analisou anúncios no 'feed de notícias' da rede social.
Com estratégia, ações adquiridas em junho tiveram alta de 40%.

Da Reuters

O analista Nabil Elsheshai brinca sobre desperdiçar tempo no Facebook, mas a navegação valeu a pena.
Analista sênior de ações da Thrivent Financial em Minneapolis, Elsheshai tinha dito à sua empresa para não comprar ações na oferta pública inicial do Facebook no ano passado, por US$ 38 por ação, devido a preocupações de que estavam muito caras.

Mas Elsheshai, 44 anos, continuou a usar o Facebook em seu tempo pessoal, e na primavera (do hemisfério Norte) deste ano ele notou que anúncios de empresas como eBay e de montadoras estavam aparecendo no seu "feed de notícias", em uma parte central do site.
Depois de uma pesquisa mais quantitativa, ele foi convencido de que o Facebook estava colocando sua estratégia de publicidade em ordem. Elsheshai sugeriu à Thrivent que era hora de comprar as ações, conselho que a empresa seguiu em junho. O portfólio de 950 milhões dólares da Thrivent Large Cap comprou 572.200 ações do Facebook naquele mês, de acordo com dados da Lipper, em um momento em que a ação estava sendo negociada em torno de US$ 24.
Essa aposta foi vista como um presságio em 24 de julho, quando o Facebook divulgou resultados trimestrais mais fortes do que o esperado e suas ações subiram 40% na semana seguinte, chegando a ser cotada a US$ 38, pela primeira vez desde o IPO. Nesta sexta-feira (9), as ações estão sendo cotadas acima de US$ 38,5.
O investimento oportuno da Thrivent esconde os desafios de investir na maior rede social do mundo.
A oferta pública do Facebook foi um das mais esperadas de 2012, mas preocupações sobre se a empresa seria capaz de ampliar seus negócios de publicidade móvel ajudaram a empurrar para baixo o preço da ação, que chegou a ser cotada a US$ 17,55 em setembro passado.
Kathryn Spica, uma analista de fundos mútuos para Morningstar em Chicago, disse que avaliar a ação do Facebook tem sido um problema comum para muitos gestores de fundos. Tal como acontece com outras jovens empresas da Web, não fica claro quão bem a empresa pode monetizar o tráfego pesado em seu site.
"É uma ação incomum. É difícil para a indústria ter uma ideia de como eles vão gerar receita", disse ela.
Elsheshai descreveu o Facebook como nebuloso e disse que suas próprias impressões como usuário o ajudaram a agir em oposição aos comentários pessimistas naquele momento.
Ele disse que a negatividade que parecia ser principalmente anedótica, como as histórias de adolescentes que mudam para outros serviços de mídia social, mas aquilo não correspondia a sua própria experiência ou aos dados que ele via.
"Parecia claro que você estava começando a ver um conjunto mais amplo de anunciantes" no serviço, disse Elsheshai, que fica em Minneapolis e tem 462 "amigos" na última contagem no Facebook.
Mas bem todo investidor confia em sua própria experiência com o Facebook. Jay Welles, analista sênior de ações da Manning & Napier Inc em Fairport, New York, disse que seguiu as empresas de monitoramento da Internet, como comScore, que continuaram a informar crescente tráfego para o Facebook.


FONTE: http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/08/navegar-no-facebook-ajuda-avaliacao-de-alguns-investidores2.html

O cenário para o segundo semestre

Apesar de visões otimistas e pessimistas, é provável que não haja quedas drásticas no nível de emprego e contas externas ainda sejam financiadas pela entrada de recursos
por Luis Nassif publicado 02/08/2013 16:30

Os analistas estratégicos costumam montar seus cenários futuros através da combinação de três cenários distintos em campos diferentes. Definido o modelo e as combinações, confere-se uma probabilidade a cada cenário para se chegar ao resultado final.
Por exemplo, o que esperar do País no segundo semestre e nas eleições de 2014 dependerá dos seguintes fatores:
Otimista - PIB acima de 2,5%, inflação sob controle, emprego e renda estáveis e déficit externo financiável.
Médio - PIB abaixo de 2%, queda moderada do desemprego e da renda, inflação pressionando mais, mas sob controle, e real se desvalorizando em função da fuga de recursos externos.
Pessimista - PIB na faixa de 1%, desemprego disparando, renda caindo, inflação subindo e contas externas depauperadas, levando a desvalorização drásticas do real e fuga de dólares.
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Esses cenários não podem ser analisados isoladamente. Dependem, em parte, do cenário externo. E aí, há que se definir três novos cenários.
Cenário Externo
Otimista - China fazendo pouso suave, ajudada pela recuperação moderada da economia norte-americana e de algum dinamismo do comércio mundial. FED (Banco Central dos EUA) reduzindo os estímulos monetários em um movimento sob controle. Cotações internacionais de commodities mantendo-se nos níveis atuais.
Médio - crescimento chinês caindo para a faixa de 5%, economia norte-americana demorando mais para recuperar, economia da União Europeia mantendo-se estagnada, queda nas cotações de commodities e fuga de recursos externos para títulos norte-americanos.
Pessimista - queda drástica dos preços das commodities e movimento descontrolado dos juros internacionais promovendo efeito manada dos investimentos externos, com disparada do dólar.
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Finalmente, tem-se o cenário sócio-político interno.
Otimista - manifestações refluem, leilão de concessões é bem sucedido, aumentam os investimentos, inflação fica na meta e Dilma Rousseff empreende reforma ministerial bem sucedida, recuperando parte da popularidade perdida. A oposição não consegue se articular.
Médio - permanece o desgaste de Dilma, mas oposição não consegue galvanizar apoio popular.
Pessimista - quadro econômico se agrava, Dilma não consegue atender às demandas surgidas nos movimentos de junho e há perda de controle da inflação e do câmbio. Mesmo não sendo eficiente, oposição consegue encampar sentimento de mudança do eleitorado.
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A definição de probabilidades é bastante complexa. Os cenários prováveis dependem muito mais do que poder ser chamado de "intuição" do analista.
No momento, o cenário provável é o seguinte:
Cenário Econômico - economia andando de lado mas sem quedas drásticas no nível de emprego. Contas externas ainda sendo financiadas pela entrada de recursos. Economia chinesa em leve desaquecimento, com queda moderada das cotações de commodities. Apenas uma deterioriação maios das contas externas poderá precipitar a crise.
Cenário político - fracasso relativo dos leilões de concessão e teimosia de Dilma sendo maior que sua esperteza. Mas oposição com dificuldade de capitalizar a insatisfação popular.


FONTE:
http://www.cartacapital.com.br/economia/o-cenario-para-o-segundo-semestre-3406.html

27.5.13

Indústria brasileira de roupas sofre com concorrência asiática

Artigos "made in China" são cada vez mais frequentes nas grandes lojas brasileiras. Indústria reclama de concorrência desleal e aponta para as precárias condições de produção em países asiáticos.



A invasão de importados, principalmente da China, tem prejudicado a indústria têxtil e de confecções no Brasil, que está perdendo mercado para esses produtos. Apesar do aumento de 3,4% nas vendas do segmento de vestuários em 2012, houve uma queda de 4,5% na produção têxtil no país e 10,5% na de confecções.
Essa diferença entre o aumento das vendas e a diminuição na produção foi preenchida por produtos importados. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), as importações no setor em 2011 foram de 6,17 bilhões de dólares. Em 2012, o valor subiu para 6,59 bilhões de dólares.
O cenário é preocupante, uma vez que o setor é o segundo maior empregador da indústria de transformação no país. "A expectativa é que, se as empresas não se mexerem neste ano, o mercado interno vai ser abocanhado em 30% por produtos estrangeiros", diz Daniel de Souza, professor do departamento de Ciências Econômicas da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
O deficit na balança comercial de têxteis e confecções era de 235 milhões de dólares em 2006. Em 2012, ele fechou em 5,3 bilhões de dólares. "Isso representa um aumento de 1.800%. O produto importado vem tomando o mercado do produto nacional, e cada vez mais rápido", ressalta Souza.
Parque fabril defasado
A perda de competitividade no setor não é um problema novo e é causada pela combinação de uma série de fatores internos e externos, entre eles o real valorizado, que contribuiu para o aumento das importações, o que, por sua vez, desestimulou a indústria a renovar seu parque fabril.
"Durante muitos anos era mais barato importar do que produzir no Brasil e isso se estendeu por longos períodos, até que a indústria não conseguiu investir em máquinas e equipamentos e, assim, não pôde trabalhar suficientemente na sua atualização tecnológica", afirma Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP.
Outros problemas internos apontados por especialistas são a alta carga tributária do país (o que encarece o preço final das roupas), a valorização do real (o que facilita a entrada dos importados), o preço da energia elétrica (uma das mais caras do mundo), a infraestrutura ineficiente do país (que faz com que o transporte da mercadoria seja muito deficiente), a falta de mão de obra especializada e os encargos sociais elevados.
Concorrência asiática
"A evolução do quadro é triste. Nós temos uma dificuldade imensa de manter essa indústria que sempre foi uma indústria competitiva no Brasil. A dificuldade é de mantê-la viva, porque a possibilidade de competirmos em pé de igualdade já foi ultrapassada", afirma Grisi.
Os fatores externos estão relacionados à situação econômica e de produção dos países asiáticos, principalmente da China, principal concorrente no Brasil. Com a crise mundial nos maiores mercados consumidores do mundo, esses países tiveram que procurar outros mercados para sua produção e encontraram no Brasil espaço para vender seus produtos.
A Abit considera a concorrência com a China desleal. Segundo a associação, os chineses mantêm sua moeda artificialmente desvalorizada – cerca de 30% em relação ao real –, além de possuírem cerca de 27 subsídios contestáveis na OMC e não seguirem as regras míninas trabalhistas, previdenciárias e ambientais. A associação argumenta que, se a demanda é mundial, as condições de produção deveriam ser iguais em todos os países.
Mudanças para elevar a competitividade
A indústria nacional tem capacidade de suprir a demanda nacional, mas, para isso, algumas mudanças fundamentais são necessárias. As medidas para aumentar a competitividade da produção nacional envolvem a qualificação da mão de obra, investimentos em infraestrutura, modernização do setor e das leis trabalhistas, redução dos impostos e a queda dos juros.
"Muitas vezes o produto é tributado duas ou três vezes durante a cadeia produtiva. Atualmente a carga tributária é em torno de 18%. Para a indústria ser competitiva, esse imposto precisava ser de no máximo 10% sobre a receita bruta", diz Souza.
A Abit vem organizando uma série de ações para fortalecer a indústria nacional. A associação está negociando com o governo uma reforma tributária para o setor. No ano passado, ela encaminhou um pedido de salvaguarda ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A medida visa limitar a importação de 60 produtos de confecção que correspondem a 82% do total do vestuário importado.
"No momento, é preciso 'estancar' a hemorragia das importações para que o setor têxtil no Brasil não continue a ser depauperado, enquanto não temos uma reforma tributária. Além disso, mesmo com uma reforma, é preciso enquadrar a produção chinesa nos requisitos mínimos que o mundo adota em termos trabalhistas e de meio ambiente", afirma a associação.
Consumidores e redes de lojas de varejo
Segundo a Abit, as confecções importadas já chegam a 20% nas grandes redes de loja. "Ao olhar as etiquetas das roupas vendidas nas grandes redes varejistas, como Renner, C&A, Riachuelo e Marisa, percebe-se uma predominância de produtos chineses", diz Souza.
O consumidor brasileiro não costuma verificar, antes de comprar, onde as peças são produzidas. "A cada ano que passa, os consumidores desinformados compram mais e mais produtos importados. Infelizmente não há propaganda na mídia das empresas do Brasil para inibir esses produtos importados, até porque eles ganham e lucram muito com os produtos asiáticos", afirma o Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau, Gaspar e Indaial (Sintrafite).
A C&A, a Hering, a Riachuelo e a Lojas Renner foram contatadas, mas não quiseram comentar o assunto.

Mercado prevê mais inflação e crescimento menor do PIB em 2013

Os economistas do mercado financeiro baixaram, na semana passada, sua estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013, ao mesmo tempo em que elevaram sua previsão de inflação para este ano, informou o Banco Central nesta segunda-feira (27), por meio do relatório de mercado, também conhecido como Boletim Focus.
O documento é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
Para a expansão do PIB de 2013, a estimativa dos analistas do mercado recuou de 2,98% para 2,93%. Foi o segundo recuo consecutivo do indicador. Para 2014, a previsão de crescimento da economia brasileira permaneceu estável em 3,50%.
IBGE informou, em março, que o PIB de 2012 avançou somente 0,9%, no pior desempenho desde 2009. Para este ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vinha prevendo expansão superior a 4%, revisou sua estimativa para um crescimento de 3% a 4% em 2013.
Na última semana, na divulgação da revisão do orçamento de 2013, a previsão do governo para o crescimento da economia neste ano foi mantida em 3,5% - a mesma da Lei de Diretrizes Orçamentárias, divulgada em março. Entretanto, Mantega afirmou que o número pode recuar no futuro, dependendo do resultado do PIB do primeiro trimestre, que será divulgado na próxima quarta-feira (29) pelo IBGE.
Inflação e juros
Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para o sistema de metas de inflação, a estimativa do mercado financeiro para este ano subiu de 5,80% para 5,81%. Para 2014, a previsão do mercado permaneceu inalterada em 5,80%.
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
O mercado financeiro também manteve, na semana passada, a estimativa de que o BC subirá os juros básicos da economia, atualmente em 7,5% ao ano, para 7,75% ao ano, nesta quarta-feira, quando termina a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da autoridade monetária - responsável por fixar a taxa de juros.
A elevação dos juros prevista para esta semana, portanto, é de 0,25 ponto percentual. Para o fim de 2013, a previsão dos analistas dos bancos para a taxa de juros permaneceu em 8,25% ao ano e, para o fechamento de 2014, avançou de 8,25% para 8,5% ao ano.
Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2013 subiu de R$ 2,02 para R$ 2,03 por dólar. Para o fechamento de 2014, a estimativa dos analistas dos bancos para o dólar avançou de R$ 2,06 para R$ 2,07.
A projeção dos economistas do mercado financeiro para o superávit da balança comercial (exportações menos importações) em 2013 caiu de US$ 9,05 bilhões para US$ 8,3 bilhões na semana passada. Para 2014, a previsão de superávit comercial subiu de US$ 10 bilhões para US$ 10,4 bilhões na última semana.
Para 2013, a projeção de entrada de investimentos no Brasil ficou inalterada em US$ 60 bilhões. Para 2014, a estimativa dos analistas para o aporte de investimentos estrangeiros continuou em US$ 60 bilhões na última semana.

Deflação em Alimentação e Habitação segura IPC

Além do resultado do IPC ter ficado aquém do esperado, Costa Lima também previa taxas diferentes das anunciadas nesta segunda-feira para Alimentação e Habitação

Torre de energia elétrica

São Paulo - A despeito de a taxa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S) na terceira quadrissemana de maio, de 0,18%, ter ficado abaixo da taxa projetada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), de 0,25%, o cenário da inflação na capital paulista não foi alterado, disse, nesta segunda-feira, 27, o economista e coordenador do IPC, Rafael Costa Lima, em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

"Ficou um pouco abaixo do que prevíamos. Os grupos Alimentação (-0,07%) e Habitação (-0,05%) ainda tiveram deflação. E é isso que ajudou no arrefecimento", justificou. Além do resultado do IPC ter ficado aquém do esperado, Costa Lima também previa taxas diferentes das anunciadas nesta segunda-feira (27) para Alimentação e Habitação, cujas expectativas eram de queda de 0,03% e estabilidade, respectivamente.
O item energia elétrica, que mostrou retração de 2,39% na terceira medição do mês, frente a recuo de 2,70%, foi o principal responsável pela queda dos preços em Habitação, disse o economista da Fipe. "Ainda tem impacto forte da redução de PIS/Cofins nas tarifas de energia. Praticamente é isso que está levando à deflação. Corresponde a uma contribuição negativa de 0,09 ponto porcentual do índice cheio", afirmou.
Quanto ao grupo Alimentação, apesar do declínio de 0,03% nos alimentos industrializados na terceira quadrissemana - a mesma taxa apresentada anteriormente -, Costa Lima ressalta que houve mudanças na composição do subgrupo na leitura em questão. "Os preços dos produtos derivados do leite aumentaram o ritmo de alta (de 0,42% para 1,12%), o que é justificado pelo aumento do leite longa vida (de 3,56% para 3,41%). Já os preços dos cereais passaram de 2,22% para 3,29%. Por outro lado, os panificados desaceleraram (de 0,75% para 0,05%)", ponderou.
Além da elevação nos preços dos derivados do leite, Costa Lima também chama a atenção para o recuo menos acentuado das carnes bovinas, que saíram de queda de 1,81% para 0,62% na terceira medição de maio, e que podem ser fator de pressão do IPC nas próximas leituras. "Acredito que isso explica boa parte da queda de 0,40% dos semielaborados, depois de caírem 0,91%", avaliou, acrescentando que, da lista de carnes, a do frango foi a única a mostrar deflação ainda forte, de 7,78% na terceira leitura, contra declínio de 6,78%.
A boa notícia foi que os preços dos alimentos in natura, que vinham contrariando as estimativas, demorando para diminuir a velocidade de alta, aceleraram a queda de 0,23% para 0,61% entre a segunda e a terceira quadrissemana. O movimento, segundo o economista, contou com efeito importante do comportamento dos preços dos legumes (de -5,65% para -7,41%). "E peso importante do tomate, que caiu 18,09% (de -15,40%)", disse.
Na avaliação de Costa Lima, as altas de 0,66% em Vestuário e de 1,33% em Saúde vieram dentro do esperado. No primeiro caso, comentou, a elevação reflete a forte sazonalidade, enquanto no segundo ainda reage ao impacto do reajuste nos preços dos medicamentos de até 6,31% no fim de março. "O grande efeito já deve ter passado, mas ainda deve continuar", estimou. O item remédios saiu de um aumento de 3,36% para 2,63% na terceira quadrissemana de maio.
"Já em Despesas Pessoais (alta de 0,34%), os refrigerantes não estão pressionando tanto, pois os preços caíram 0,19%, ante aumento de 1,62%. Jas as passagens aéreas ficaram mais caras (passando de queda de 0,89% para elevação de 0,22%). Talvez o período de baixa tenha terminado", concluiu.

Exportações de soja já somam 6,8 mi t

As exportações brasileiras de soja em maio já se aproximam de recorde histórico, somando 6,8 milhões de toneladas nas quatro primeiras semanas do mês, informou nesta segunda-feira a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).


Navio é carregado com soja, no Porto de Santos

São Paulo - As exportações brasileiras de soja em maio já se aproximam de recorde histórico, somando 6,8 milhões de toneladas nas quatro primeiras semanas do mês, informou nesta segunda-feira a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O volume parcial de maio fica atrás dos números fechados de abril (7,15 milhões de toneladas) e de maio do ano passado (7,28 milhões), maior volume da oleaginosa embarcado na história.
Os números finais das exportações de maio serão divulgados na próxima segunda-feira.
Na semana passada chuvas chegaram a atrapalhar --mas não impedir totalmente-- os embarques no principal porto de grãos do país, em Santos.
Este é o período em que o Brasil mais exporta soja no ano. Na atual temporada, por conta de uma quebra de safra nos EUA em 2012, a demanda internacional ficou ainda mais concentrada nos portos brasileiros.
O ritmo diário de exportações em maio está em 400 mil toneladas, segundo a Secex, bem acima do ritmo do mês passado, de 325 mil toneladas por dia.
Os embarques do Brasil de janeiro até a quarta semana de maio somaram 18,45 milhões de toneladas, ou cerca de metade do que o país prevê exportar no ano em que colheu uma safra recorde.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou as exportações da safra 2012/13 em 36,78 milhões de toneladas da oleaginosa, ante 32,47 na safra passada.
Os preços da soja no mercado internacional acumulam alta nas últimas semanas, em meio a um aperto nos estoques e elevação dos preços no mercado físico norte-americano.
O contrato julho da soja em Chicago chegou a bater na semana passada 15,4675 dólares por bushel, maior valor para o contrato desde meados de setembro.
A soja negociada em Paranaguá, porto de referência para a formação de preço para exportações, subiu 7,5 % desde o início de maio, segundo levantamento do Cepea.

Mercado de trabalho mantém fôlego, diz ministro

O Ministério do Trabalho e Emprego informou que o saldo líquido de empregos formais gerados em abril foi de 196.913 vagas, pior resultado para o mês desde 2009


Carteira de Trabalho em uma fila para candidatos de emprego

Rio - O mercado de trabalho ainda segue com fôlego, apesar dos sinais de desaceleração já apresentados, avaliou nesta segunda-feira, 27, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias.

Questionado se o mercado de trabalho estaria perdendo fôlego, Dias respondeu que, "pelo contrário, estamos hoje com problema de falta de mão de obra". "Em função disso, tem aumentado inclusive o valor real dos salários", afirmou Dias, após participar da abertura da Semana Mundial do Comércio Justo e Solidário, no Rio.
O ministro exaltou a criação de novos postos de trabalho. "O Caged demonstrou que, em abril, tivemos um acréscimo de 197 mil empregos novos, com aumento real do valor desses empregos. E no governo da presidenta Dilma alcançaram 4 milhões de novos empregos gerados", disse.
No dia 21, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informou que o saldo líquido de empregos formais gerados em abril foi de 196.913 vagas, o pior resultado para o mês desde 2009, quando foram geradas 106.205. Mesmo assim, o resultado ficou dentro das estimativas dos analistas. Em relação a abril de 2012, a geração de empregos do mês passado foi 9,24% inferior, pela série sem ajuste.
Dias voltou a defender a equiparação de direitos trabalhistas para empregados domésticos, embora considere que o "Congresso é soberano" na elaboração da lei de regulamentação da emenda constitucional que igualou os direitos.
"Cabe ao Congresso a aprovação dessa nova lei. Eu, como ministro do Trabalho, acho que, na medida em que se praticou esse grande gesto, de recuperação histórica, do último resquício da escravidão, que era o trabalho escravo das empregadas e empregados domésticos, não tem como não manter essa extensão. Se é para subtrair direitos dos trabalhadores domésticos, que não se aprovasse então a PEC."

17.5.13

Inflação: O pulo do gato


A inflação atinge a todos, reduzindo o poder de compra e prejudicando os mais os mais pobres, que têm menos condições de se defender da alta de preços. Portanto, o enfrentamento da inflação é prioridade de qualquer governo. Mas como enfrentá-la sem usar a Selic, uma falsa solução que denota o atraso em matéria de política econômica? O artigo é de Amir Khair


O que inviabiliza a política econômica é o fantasma da inflação. Aniquilou o crescimento no governo FHC, que abusou da Selic elevada para combatê-la, não deixou aproveitar melhor o surto de crescimento internacional no governo Lula, frustrou o crescimento nos últimos dois anos e ameaça os próximos dois.

A inflação atinge a todos, reduzindo o poder de compra e prejudicando mais os mais pobres, que têm menos condições de se defender da alta de preços. Portanto, o enfrentamento da inflação é prioridade de qualquer governo. Mas como enfrentá-la?

Falsa solução - O pensamento dominante, inclusive de parte do governo, é o uso da Selic como o remédio para conter a inflação. É aí que ocorre o pulo do gato, ao se afirmar que precisa subir a Selic. Isso denota o atraso na política econômica do país. O consolo é que já foi pior. Armínio Fraga inaugurou o regime de metas para a inflação posicionando a Selic no seu recorde histórico de 45%. A banca internacional vibrou junto com os rentistas domésticos.

É mais provável que uma elevação da Selic prejudique mais a oferta do que a demanda, pois onera as empresas no custo financeiro e no capital de giro, o que pressiona preços, e não mexe na demanda, pois, num país de alto spread bancário a eficácia da alteração da taxa básica de juro quase nada altera a taxa de juro do tomador.

Mas alguns ainda defendem que o BC ao usar a Selic estaria orientando as expectativas dos agentes econômicos para a fixação dos preços. Mas essas expectativas se dão pela consulta à inflação passada e presente. Nada a ver com a Selic.

Além disso, segundo o BC, a alteração da Selic leva de seis meses a um ano (?) para surtir efeito. Nesse período tanta coisa pode acontecer que torna impossível caracterizar o eventual efeito. 

Existem políticas adequadas para enfrentar a inflação como: a) a desoneração de produtos de consumo popular; b) redução e controle dos preços monitorados pelo governo; c) encarecimento do crédito por medidas macroprudenciais; d) estímulos à oferta por empréstimos com melhores condições e; e) controle de preços aos monopólios e oligopólios. 

Determinantes do IPCA - O IPCA é influenciado em 36% pelos bens comercializáveis, 40% pelos não comercializáveis e 25% pelos monitorados. Vejamos esses componentes.

Comercializáveis - São todos os bens sujeitos à concorrência externa. A evolução dos seus preços depende do mercado internacional, que desde a crise de 2008, passa por acirrada concorrência.

Em 2011 a inflação desses bens foi de 4,4% e no ano passado 4,5%, portanto, no centro da meta de inflação. Os alimentos é que dispararam pelas quebras de safra nos Estados Unidos e Brasil.

Desde meados do ano passado o IPCA sem os alimentos está no nível de 4%, abaixo do centro da meta de 4,5%. Basta isso para derrubar os que usam o fantasma da inflação para elevar a Selic. Em adição, neste ano a safra é recorde, contribuindo para a queda da inflação.

E o que causou a elevação dos preços dos alimentos foram os in natura que cresceram nos últimos doze meses 55% (!). Interessante observar que há um ano esses alimentos tiveram deflação de 5,3% (!).

Não Comercializáveis - São basicamente os serviços que não estão sujeitos à concorrência externa. Desde 1997 até 2004 contribuíram para baixar a inflação e a partir de 2005 passaram a ser o vilão da inflação. A razão para isso é maior demanda do que oferta pelo acelerado crescimento da classe C. 

Para conter os preços no curto prazo, alguns economistas ortodoxos defendem a política suicida de elevar o desemprego. O lamentável é que até alguns economistas não ortodoxos embarcaram nessa.

Se aumentar o desemprego, o resultado seria certamente a estagnação, com graves repercussões sociais. Como o governo não é irresponsável a esse ponto, esses economistas vão falar ao vento. 

Enquanto não aumentar a oferta de serviços, atraída pela procura em expansão, não será possível evoluir os preços dos não comercializáveis abaixo do centro da meta de inflação.

Monitorados - São os que dependem de decisões do governo. Esses preços evoluíram acima da inflação desde 1995 até 2006, com média anual de 13,9% (!). A sociedade teve que aguentar isso, que é um subproduto da privatização marcada por forte elevação de tarifas para ampliar lucros. 

A partir de 2007 tiveram crescimento médio anual de 3,8%, agindo como freio à inflação. Que o diga a Petrobras que foi fragilizada pelo governo, ignorando a posição estratégica para enfrentar o desafio do pré-sal e, ainda foi obrigada a fazer compras com forte conteúdo local e participação de 30% nos investimentos futuros. A crítica não é nos objetivos que foram determinados à empresa, mas a inviabilização de atingi-los pela política desastrosa de preços imposta. 

Para romper com a paralisia econômica é necessário não se deixar levar pelo fantasma da inflação, nem pelo falso remédio da elevação da Selic em autêntico pulo do gato.

Mundo vive concurso de feiura e o Brasil é o ‘menos feio’, diz executivo


Num concurso mundial de ‘feiura’ o Brasil está longe de vencer o primeiro lugar, mas pode ser considerado apenas como ‘menos feio’ entre os países concorrentes. Essa é a opinião de um economista brasileiro que está em Nova York desde 1999, “vendendo” Brasil para investidores estrangeiros.
“O Brasil continua sendo um lugar onde as pessoas enxergam as oportunidades. Mas não estão mais comprando a qualquer preço. Agora os investidores fazem conta, calculam riscos. Até um ano atrás eles não faziam isso, porque a visão era de que o governo não tinha como fazer nada errado. Essa visão acabou. O investidor está negativo com o Brasil porque não entende mais a condução da economia e não tem clareza sobre a direção que está sendo tomada”, disse ao G1 o executivo brasileiro.
Claramente não há mais essa “carta branca” para o Brasil, que deixou de ser o queridinho no exterior. Mas essa mudança de percepção com o país ainda não foi suficiente para espantar os investimentos diretos, que continuam a chegar. Até porque, o mundo passa por um momento de “falta de opção” em ativos rentáveis e seguros.
“Os investidores estão incomodados com a condução da macroeconomia. Mas eles estão apostando que o Brasil não tem saída – vai ter que investir em infraestrutura, senão o país vai parar. Tudo que gere eficiência e demande pouca mão de obra, vai continuar atraindo capital. A próxima etapa da classe média é consumir saúde e educação. Os setores que vão sofrer são o bancário e os que beneficiam o consumo de varejo”, disse ao blog um outro economista brasileiro que atua como facilitador de investimentos estrangeiros no Brasil.
Há uma noção comum entre os investidores estrangeiros de que não há um risco explosivo pela frente na economia doméstica. Mas, na visão dos executivos ouvidos pelo blog, ela não necessariamente beneficia o país porque ela não gera uma pressão forte, tanto pelo mercado financeiro, quanto pela sociedade, para uma mudança de gestão. Por exemplo, com relação à inflação e à dinâmica dos gastos públicos.
“Ortodoxia não está em voga. Não é isso que os investidores estão pedindo. Não precisa muito para mudar a percepção sobre o Brasil. Se o governo for mais transparente sobre como vai conduzir a economia, se deixar claro que não vai mudar as regras para não prejudicar o retorno dos investimentos, já seria suficiente para diminuir a sensação de insegurança”, diz o executivo que gere investimentos nos EUA.

Que futuro espera a eurozona?


Um estudo publicado pela fundação alemã Friederich Ebert Stiftung, vinculada ao Partido Social Democrata (SPD), admite o óbvio: “as medidas adotadas nas muitas cúpulas sobre a crise demonstraram rapidamente ser inadequadas, e muitas vezes simplesmente acentuam os efeitos da crise”. Diante disso, o trabalho traça quatro cenários para o futuro da região. Conheça-os.

A fundação alemã Friederich Ebert Stiftung, vinculada ao Partido Social Democrata (SPD), acaba de publicar um documento que analisa os possíveis cenários futuros no marco de um projeto intitulado Scenario Team Eurozone 2020 [1]. Este documento foi redigido a partir de várias reuniões (16 no total) celebradas em diferentes países ao longo de 2012. As conclusões foram obtidas no marco de uma reunião celebrada em Bruxelas no dia 6 de dezembro de 2012. Ainda que este documento não represente a postura oficial da socialdemocracia alemã e europeia (participaram de sua redação representantes de diversos países), é sintomático sobre o ponto de vista que existe atualmente na Alemanha sobre a questão da eurozona. Isso é o que o faz interessante. Não consideramos este texto o alfa e ômega da reflexão sobre esta questão, mas algo representativo de um estado de ânimo no resto da Europa e na Alemanha, que do seu ponto de vista contrasta com as opiniões que continuam propagando na imprensa francesa. O documento inicia com uma “recapitulação da situação” e reconhece que o euro deve fazer frente a uma crise generalizada. Também reconhece que as medidas adotadas até agora para fazer frente a esta crise demonstraram rapidamente ser inadequadas e ter contribuído para piorar a crise.

“As medidas adotadas nas muitas cúpulas sobre a crise demonstraram rapidamente ser inadequadas e muitas vezes simplesmente acentuam os efeitos da crise. Em muitos países, especialmente no sul da Europa, isso se fez sentir em uma dramática intensificação da situação social, a alta taxa de desemprego (juvenil), a recessão econômica e a cada vez maior frustração de amplos setores da população a respeito da Europa e das instituições europeias” (p. 3).

Não podemos mais não estar de acordo com esta constatação. Ademais, ainda que algumas das medidas tenham sido decididas formalmente, chocam-se com importantes resistências no domínio de sua aplicação (caso da união bancária, que a Alemanha só aceitou com muitas reticências). A intensificação da crise, seja por meio do aumento dramático do desemprego em países como a Grécia e a Espanha ou por meio da degradação regular das contas públicas nos diferentes países, demonstra claramente que a crise está cada vez mais presente e é mais grave.

I. Os quatro cenários contemplados

A partir desta constatação foram elaborados quatro cenários. Algumas de suas hipóteses são realistas, outras parecem ser menos. Convenhamos: um cenário não é nada sem o realismo das hipóteses. Vamos resumi-los rapidamente, indicando os pontos sobre os quais os grupos de trabalho não adotaram hipóteses realistas ou apenas adotaram hipóteses parciais.

(1) Estancamento na crise (Muddling-trough the crisis)

Neste cenário, a União Econômica e Monetária continua sendo um mecanismo incompleto. Como consequência, os países do sul continuam sendo dependentes de planos de resgate por parte de países da Europa do norte, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) continua e inclusive amplia suas compras de dívidas soberanas no mercado secundário para manter as taxas de juros em níveis suportáveis. Assim, o sul da Europa se instala em uma longa depressão e é incapaz de saltar a um novo modelo de crescimento devido à falta de investimento e, acrescentamos, devido à falta de demanda solvente e à fuga acelerada dos melhores cérebros. Os planos de resgate garantem que estes países permanecem no euro (apesar de movimentos cada vez mais importantes contra o euro em suas populações), mas são incapazes de encontrar uma solução para esta crise. A União Europeia está debilitada em comparação tanto com os Estados Unidos como com os países emergentes e se torna cada vez mais dependente de seus sócios.

(2) A fragmentação da eurozona (Break-up of the Eurozone)

Neste caso, a gestão da crise é ainda mais conservadora que no cenário anterior, no qual se admite um compromisso importante do BCE. Ainda que formalmente estabelecida, a União Bancária é pouco eficaz devido à reticência que muitos países têm com sua aplicação. A piora da situação econômica nos países do sul da Europa se combina com uma nova versão do Pacto de Crescimento e Estabilidade, que exige cada vez mais esforços destes países com vistas a uma redução dos déficits e da dívida. Além disso, não há nem uma política de investimento em nível europeu nem política industrial e tampouco comercial. O resultado de tudo isso é que as tensões sociais se tornam incontroláveis e levam a algumas saídas não coordenadas da eurozona. O resultado disto é uma divisão monetária da Europa em três, ao dividir-se em uma eurozona “mantida” em torno da Alemanha (de fato, uma “zona marco”), uma União Monetária do Norte em torno da Grã-Bretanha e uma Europa do sul onde cada país recupera sua soberania monetária. Há que se ressaltar que, na realidade, a chamada “União Monetária do Norte” é muito pouco provável. A Grã-Bretanha não tem interesse em uma União Monetária. Existe a possibilidade de que se constitua uma “zona esterlina”, mas o grau de probabilidade é muito baixo. A saída que consideramos mais provável é, por um lado, a constituição de uma “zona marco” que se estenda direta e indiretamente a alguns países de Europa Central e uma volta às soberanias monetárias para o conjunto dos demais países. Neste cenário se questiona a União Europeia tanto no exterior, onde está debilitada sua postura frente aos Estados Unidos (mas também frente à China e à Rússia), como no interior, devido ao ascenso de movimentos políticos que questionam radicalmente a própria existência de instituições europeias.

(3) O fechamento de um núcleo duro da Europa (Core Europe)

Neste cenário se teria, por um lado, um “núcleo” europeu no marco de um novo tratado que inclua a União Bancária, mas também a União Orçamentária e, por outro lado, aqueles países que recusaram este tratado e constitui um segundo nível da EU, esta vez reduzido a uma zona de livre comércio. Por suposto, o estudo da FES inclui a Alemanha e a França nos países do núcleo e aposta que, em torno destes dois países, se unirão vários dos outros países sobre a base de um acordo político (chamado de Pacto Euro Plus) que inclui a renúncia à austeridade e regras sociais e fiscais comuns para evitar o dumping social e fiscal. “[…] Se implementou o Pacto Euro Plus, com seus compromissos de uma maior convergência da taxação corporativa e dos complementos/benefícios sociais, mas só no grupo central, que tem que proteger-se de um cada vez maior dumping fiscal e social dos demais países. Novos recursos financeiros para o investimento, combinado com uma política industrial europeia, o Mercado Único e as reformas estruturais adequadas fomentaram a transição a uma economia mais verde, mais inteligente e mais inclusiva no grupo central” (p. 8). Este núcleo teria então uma forte coerência e poderia conhecer um desenvolvimento mais harmonioso. Para os demais países, a situação seria menos cor-de-rosa e continuaria sendo necessária a chamada ação “não convencional” do Banco Central Europeu. Do mesmo modo, também seria necessário o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MES) e se desenvolveriam seus meios de intervenção para fazer frente às crises que aconteceriam nos países que não fossem membros do “núcleo duro”, ao mesmo tempo em que teriam uma condicionalidade ainda mais reforçada. Iriam aumentando as diferenças entre os países do “núcleo duro” e o resto da União Europeia. Em última instância, se poderia ver o desenvolvimento de um forte antagonismo entre os países do “núcleo duro” e os demais países da União Europeia. “Os Estados membros da periferia são propensos a medidas protecionistas, enquanto os Estados do centro enfrentam uma pressão cada vez maior em termos de competitividade devido a seus altos níveis sociais. Isso leva a uma hostilidade cada vez maior e a um populismo antieuropeu dentro e fora do centro” (p. 8). Por nossa parte, esse cenário parece pouco provável, uma vez que pressupõe um acordo político de fundo e não de simples forma com a Alemanha, enquanto o conflito entre a França e a Alemanha está aumentando em potência, não importa o que diga o governo francês. Agora vejamos: se bem não é possível um acordo de fundo entre a Alemanha e a França e, em vista das atuais divergências, esta parece ser a solução mais provável, a solução para a França será ou dar razão à Alemanha sobre a austeridade ou abandonar o euro. Assim, pois, voltamos ou ao primeiro cenário (o estancamento) ou ao segundo (a fragmentação).

(4) A consecução da União Orçamentária (Fiscal union completed).

Neste cenário a Alemanha, depois da França e, na continuação, os demais países da eurozona sentem a necessidade comum de acelerar o movimento a uma Europa federal, ao passo que se reduz sensivelmente a austeridade que padece o sul da Europa. Estabelece-se um fundo de estabilização comum (uma mutualização das dívidas) enquanto a eurozona se dota de uma agência capaz de emitir seus próprios empréstimos para financiar investimentos generalizados no conjunto dos países sob a égide de uma autoridade de vigilância comum. “A vigilância macroeconômica vai acompanhada de recursos mais fortes para a recuperação: não apenas uma implementação mais rápida dos fundos estruturais, mas também um Fundo Europeu para a Estabilização Econômica para tratar os choques assimétricos. Também se fomentam o diálogo e a negociação sociais em nível nacional e europeu para alinhar melhor os salários e a produtividade” (p. 9). O problema com este cenário é que não leva em conta as necessidades financeiras em transferências anuais para além da questão dos investimentos. Este é, também, um problema recorrente em todos os cenários federalistas [2] . O federalismo implica transferências, ao que a Alemanha se nega, mas também a Finlândia e a Áustria [3] . Pois bem, a quantidade das transferências para garantir a simples recuperação de quatro dos países que têm mais dificuldades (Espanha, Grécia, Itália e Portugal) é da ordem de 240 a 250 bilhões de euros ao ano durante dez anos [4] . Além disso, é muito provável que este nível de transferência se torne perene como se vê hoje no interior dos Estados-nações e para a França com o caso dos DOM-TOM (departamentos e territórios ultramarinos da França – N do T). Por conseguinte, não se trataria de transferências durante um período curto e é totalmente ilusório pensar em financiá-lo por meio de empréstimo.

II. A evolução provável da situação na eurozona

Ao ler este documento se percebe claramente que saíram à luz sérias divergências na avaliação dos futuros possíveis e de seus graus de probabilidade. Isto é particularmente visível nas rupturas de coerência que se podem observar na análise dos diferentes cenários. Não obstante, se desprende uma impressão geral, a de um grande pessimismo no que se refere ao futuro da eurozona.

(1) Da impossibilidade de continuar a política atual com risco de uma explosão da eurozona

No primeiro cenário, o do estancamento na crise, encontramos, em particular, esta passagem muito contraditória: “Em geral se considerava que o primeiro cenário, ‘estancamento na crise’, era insustentável, mas havia uma variação séria no marco da qual podia persistir, a saber, uma espécie de ‘cenário japonês’. Isso significaria um longo período de estancamento, deflação e alto endividamento. Este cenário seria o resultado da gestão da crise preponderante até então e caracterizada como ‘pouco demais, tarde demais’, combinado com o domínio do método intergovernamental em vez do método Comunitário” (p. 10). A primeira reação, que consiste em dizer que este cenário não é duradouro e não tem perenidade, é contradita pela referência, introduzida no final, a um “cenário japonês”. Bem, este último cenário, que faz referência a uma “década perdida” no Japão, não leva em conta o fato de que a eurozona não é um país, mas um conjunto de países, o que também coloca em relevo a referência ao “método intergovernamental”. A única solução para que se possa dar certa perenidade ao cenário do estancamento consiste em admitir alguns fluxos de transferências sem dúvida inferiores aos montantes necessários para a hipótese federal, mas que, não obstante, continuariam sendo significativos. Bem, está claro que a Alemanha não só se negará a pagar estes montantes, mas que se opõe de maneira cada vez mais aberta à evolução que estamos assistindo no BCE com a chegada de Mario Draghi [5] . Na realidade, o segundo cenário, o de uma fragmentação da eurozona, parece muito mais provável, mas por sua vez se divide em um cenário “negro” qualificado de “iugoslavo” e um cenário mais rosa, qualificado de “soviético”:

“Como vimos, o segundo cenário (ruptura da eurozona) poderia ser o resultado do atual e infrutuoso enfoque do estancamento adotado até o momento. Esta ruptura pode ocorrer de duas maneiras: primeira, a síndrome iugoslava, que supõe uma separação violenta e um vazio de tomada de decisão no qual os acontecimentos, simplesmente, seguem seu próprio curso. É claro, esse seria o pior dos piores cenários possíveis e não é surpreendente que o concebesse um participante da antiga Iugoslávia. Deveria ser levado a sério porque, ainda que ninguém o deseje, simplesmente poderia acontecer […]” (p. 10), e:

“A segunda imagem de ruptura seria pacífica, como a dissolução da União Soviética, na qual alguns dirigentes ‘sábios’ reconheceram que o custo de manter a União Soviética seria muito mais alto (e provavelmente impossível) que o de deixar que se desmoronasse ao mesmo tempo em que se mantinha intacta uma parte central. No caso EMU (União Monetária e Econômica – N do T), a decisão destes dirigentes ‘sábios’ levaria, logicamente, ao cenário da Europa central” (p. 10).

(2) A hipótese de um “núcleo duro europeu” e suas contradições

Assim, o terceiro cenário examinado se poderia desprender do segundo. O “núcleo duro” europeu estaria formado pelos países que houvessem conservado o euro e, de fato, é o cenário que a pela maioria dos participantes nas diferentes reuniões organizadas Friederich Ebert Stiftung considera mais plausível. Mas não podemos deixar de observar uma incoerência sobre este ponto: para que se constitua o “núcleo duro” que prevê o terceiro cenário, é imperativo que a França pertença a ele. Se o “núcleo duro” está constituído pela antiga “zona marco”, nos encontramos de fato ante uma das variantes do cenário da explosão da eurozona, uma vez que é evidente que a Alemanha e seus satélites não teriam nem vontade nem interesse em pôr em marcha as reformas que implicam no “núcleo duro”. Agora, a França só pode permanecer em uma “eurozona mantida” com a condição de que a Itália (e talvez a Espanha) forme parte dela. Para a indústria francesa seriam muito dramáticos os efeitos de um pertencimento ao euro do qual não formaram parte nem a Itália nem a Espanha. Mas um “núcleo duro” que agrupe em torno de si a Alemanha, a França e a Itália não é muito diferente da configuração atual. Se a Grécia e o Chipre saíssem do euro, teria pouca importância economicamente (financeiramente seria outra questão). Agora, é evidente que a situação econômica da Espanha e da Itália está muito degradada. Por conseguinte, para que o “núcleo duro” se constitua como algo diferente de uma “zona marco” com um nome novo, a Alemanha teria que aceitar as transferências que hoje recusa. Portanto, voltamos a nos encontrar na situação precedente.
“Assim, como se mencionou antes, este terceiro cenário (a Europa central) poderia derivar dos outros dois. Muitos o consideraram o cenário mais provável, ainda que com muitos riscos, especialmente no que diz respeito a seu caráter potencialmente não-democrático, que poderia ser produto do enfoque intergovernamental da gestão da crise implementado pelo governo Merkel” (p. 10).
Outro problema que se expôs é o da ausência de democracia em caso de que se constituísse um “núcleo duro” em torno da Alemanha. Efetivamente, é um dos problemas, ainda que seja alheio à economia. Está claro que a única lógica do estabelecimento de instituições controladas pelo governo alemão seria transformar os países europeus que o aceitassem em protetorados (no melhor dos casos) ou em colônias (no pior) da Alemanha. Finalmente, os participantes consideraram o último cenário, o de um federalismo orçamentário muito avançado, o melhor, mas o menos provável. Não podemos deixar de compartilhar a opinião que se expressou então referente à viabilidade deste federalismo.

(3) Os determinantes da indecisão alemã

Por conseguinte, desse quadro elaborado pelos especialistas da Friederich Ebert Stiftung, se desprende uma constatação que a algumas pessoas parecerá pessimista, mas que, na verdade, é realista. A postura da Alemanha condena, em curto prazo, a eurozona e a melhor solução residiria em uma dissolução concertada desta que permitiria salvaguardar um núcleo institucional europeu. Portanto, há que refletir sobre “a quem interessa o euro” na Alemanha.
Claramente, se trata de uma aliança entre algumas indústrias cujos maiores mercados estão nos países europeus e alguns banqueiros que têm muito a perder com uma desaparição do euro. Para os primeiros, o euro em sua forma atual é a garantia de uma moeda que não esteja sobrevalorizada demais. Se a Alemanha voltasse ao marco, este não só se valorizaria fortemente frente ao dólar e ao iene (com uma taxa de câmbio de um marco por 1,50 dólares), mas também as moedas dos principais clientes da Alemanha na Europa, a França, a Itália e a Espanha, se depreciariam livremente. Não só dispararia o excedente comercial alemão, mas também não é impossível que crescesse um déficit de 1% a 2% do PIB. Por outro lado, a uma parte da população e das pessoas aposentadas interessa claramente que a Alemanha abandone a eurozona para garantir o valor patrimonial de sua poupança. Em qualquer caso, essa parte da população se opõe ferozmente a qualquer transferência da Alemanha aos países do sul da Europa. Essa ambiguidade explica a política de Angela Merkel, que afirma querer conservar o euro (e ao fazê-lo leva em conta os interesses dos industriais e dos banqueiros), mas que também afirma que não se trata de pagar, direta ou indiretamente, com isso defendendo os interesses de seu eleitorado. Temos que acrescentar que se ela decidisse sacrificar os interesses de seu eleitorado, os industriais lhe lembrariam de que a competitividade alemã se baseia também no fato de que se reinvista uma parte dos excedentes comerciais.

Eles tampouco têm grandes margens de manobra. Além disso, foram isolados sete grupos sociais cujo tamanho é diferente, mas cuja influência no processo de decisão é relativamente comparável, seja devido aos meios de comunicação que controlam, a sua reputação na sociedade ou, simplesmente, a sua massa eleitoral. Enfrentam-se três possibilidades que se abrem diante da Alemanha, ou seja, a perpetuação da situação atual, um federalismo orçamentário importante, que impõe custos de transferências de 8% a 10% para a Alemanha e uma explosão do euro com uma forte reavaliação do marco. Vemos que a solução do federalismo orçamentário é a mais desfavorável para cinco das sete categorias contempladas. Não é realmente vantajosa para nenhuma das categorias. A solução de uma explosão da eurozona é muito desfavorável para três categorias, mas, pelo contrário, muito favorável para duas. A solução da perpetuação da situação atual é medianamente desfavorável ou medianamente favorável para todas as categorias, exceto para uma, para a qual é muito favorável. Por isso se chegou ao consenso, na verdade por exclusão, em torno desta opção. Mas, a todas as luzes, a opção do federalismo orçamentário é excluída para um poder democrático na Alemanha porque é demasiadamente desfavorável para demasiados segmentos da sociedade. Agora, a primeira das possibilidades não se pode perpetuar no tempo. O documento da Friederich Ebert Stiftung a estabelece de maneira convincente. Nestas condições, nos dirigimos indefectivelmente à terceira das possibilidades, ou seja, deixar que exploda a eurozona.

Ao não haver compreendido esta situação, ao não haver feito uma análise por categorias sociais e por grupo que tenha uma representatividade simbólica importante, Jean-Luc Mélenchon tem discursos absurdos nos quais pretende que a Alemanha “quer” tirar do euro os países que são seus principais clientes… O que a Alemanha quer evitar a todo custo é ter que contribuir de forma generalizada à economia da eurozona.

(4) A melhor das soluções, uma dissolução ordenada?

Por conseguinte, uma leitura atenta deste documento confirma que os diferentes especialistas europeus reunidos pela Friederich Ebert Stiftung consideram que já não é possível prosseguir com a política atual e que esta se tornou inclusive perigosa, uma vez que pode levar, a qualquer momento, a uma explosão incontrolada da eurozona. Mas, além dos problemas de suscitaria, não entra no domínio do possível a realização de um federalismo orçamentário estendido. Esse objetivo deve ser considerado uma utopia no sentido primeiro do termo. A terceira solução, a denominada do “núcleo duro” se choca com duas contradições: a primeira é a contradição entre as políticas alemã e francesa. Se a França se dobra às condições alemãs, o “núcleo duro” não funciona; se a França procura o enfrentamento, se arrisca a que a Alemanha acredite e a França tenha que sair do euro. A continuação apresenta uma segunda contradição. O “núcleo duro” só terá homogeneidade para funcionar ao se aproximar a “zona marco”, mas então perde muito de seu interesse.

Vê-se que a única opção razoável é a de uma dissolução ordenada do euro que permita subsistir alguns mecanismos de concertação monetária entre os países, mas que lhes devolva toda a flexibilidade monetária que desejem. Esta não é mais a solução que defendi no mês de julho passado, em um documento de trabalho [6] . Daqui para frente estão voltando sobre ela levados pela necessidade.

Cenas de um velho filme


Foi preciso que folhas e telas cotidianas mostrassem longas filas de caminhões esperando para embarcar grãos nos portos do País para que muitos analistas saíssem esbravejando a respeito da infraestrutura brasileira, precária e prejudicial à competitividade da agropecuária.
Sabemos que não fosse isso, até aqui sempre visto como obrigação exclusiva do Estado, e estaríamos ganhando de lavada a Copa do Mundo dos produtores e exportadores de commodities.
Esquecem-se de que, nos últimos 40 anos, o Brasil passou quebrado pelo menos duas décadas, de joelhos diante da banca mundial, fazendo a lição de casa imposta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que nos enviava grave senhora em tailleur e pasta executiva para dar-nos a nota. Nos dois sentidos.
Poucos também se lembram dos métodos e ritmo com que se avançou sobre as fronteiras agrícolas após a década de 1970, incompatível com a construção de infraestrutura adequada. Enquanto a primeira percorria o palco a passos de Mick Jagger, a velha senhora sentava-se no banquinho com seu violão.
Hoje, bem fornidos de clientes e espaço na mídia, os queixosos deixam de lado o fato de que se o País não pôde tratar com dignidade a maior parte de sua população naquilo que seria básico para a sobrevivência, nem mesmo com um equivocadamente criticado assistencialismo. Onde arrumaria recursos para construir portos, estradas, ferrovias, aeroportos e hidrelétricas?
Indo mais atrás, para evitar autoflagelo, não se deve comparar nossa matriz de transportes com as de nossos concorrentes. Lembram-se nos filmes de mocinho e bandido daqueles milhares de trabalhadores abrindo ferrovias e dos barcos a vapor com rodas de pás subindo e descendo o Mississipi? Pois é, nós optamos por malhas rodoviárias, e pior, tímidas.
E não pensemos que, depois de alguns anos de alívio soprado por ventos asiáticos, agora estamos com a bola toda para investir em infraestrutura. O plano de concessões na área de transporte, 200 bilhões de reais anunciados pelo governo para serem gastos em 20 anos, parece pouco para o próprio governo. A EPL, Empresa Brasileira de Planejamento e Logística, criada em 2012, pensa que seria necessário ao menos o dobro.
Ainda mais quando interesses privados e congressistas, tão poupados em suas identidades, se chocam, como no caso da MP dos Portos.
Assim, tão cedo, tá mais fácil o ‘Ibra’ vir jogar no Corinthians do que a ‘Infra’ nos tornar competitivos. Três décadas para atingirmos a razoabilidade, diria o professor Tite.
Mesmo porque novas fronteiras agrícolas estão sendo abertas nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia a passos de um Jagger 40 anos mais jovem, enquanto nossos projetos parecem mais focados nos eventos esportivos que vêm por aí.
É claro que em situações dramáticas, como a atual dos transportes, alguém sempre ganha. Segundo o ILOS, Instituto de Logística e Supply Chain (?!), em doze anos, o faturamento das 140 maiores empresas do setor saiu de 3,0 para 48,0 bilhões de reais. Essa grana só pode ter sido incorporada à nossa não competitividade, pois não.
Como dois terços da movimentação de cargas no Brasil são realizados por caminhões, vê-se que as boas e velhas transportadoras mereceram mudar suas razões sociais para chiques operadoras de logística. Serão?
Na dura, a conversa é a seguinte: os preços dos fretes rodoviários dobraram em três anos. Teriam os combustíveis, pneus, peças e mão de obra crescido na mesma proporção?
Não fiquem impressionados. Depois de colhida a safra de grãos, o cenário de caminhões trilhando estradas esburacadas até formarem longas filas nos portos brasileiros sairá de cartaz.
Voltarão na próxima colheita. Depois que as imagens dos deslizamentos de morros no sul e sudeste e da seca no nordeste deixarem as folhas e telas.
Tudo tão comum, anual, nem mesmo bissexto.