14.7.10

Otimismo com a recuperação da economia global invade mercados

14 de julho de 2010

Valor Economico (SP)

Dave Shellock, Financial Times

A confiança na recuperação da economia mundial retornou ontem aos mercados, com o começo promissor da safra de balanços do segundo trimestre nos Estados Unidos e um leilão positivo de títulos de dívida pelo governo da Grécia, pesando mais que as novas incertezas em relação as políticas chinesas.

"Os lucros anunciados pela Alcoa depois que os mercados norte-americanos fecharam, na segunda-feira, foram melhores que os esperados, proporcionando um primeiro passo positivo em direção à tomada de riscos nos mercados financeiros nesta semana de anúncios de resultados", disse Sachs Tinhanyi da Scotia Capital. "O tom fundamental positivo do resultado também foi bom para as percepções em relação à economia mundial, uma vez que a companhia prevê uma demanda global maior por alumínio."

O otimismo com os lucros deu um empurrão poderoso aos mercados de ações dos Estados Unidos e Europa. No entanto, o clima foi menos otimista na Ásia, depois que as ações chinesas caíram 1,6%, a maior queda em quinze dias, depois que funcionários do governo frustraram as esperanças de que medidas para conter a especulação imobiliária poderiam ser revogadas.

A Bolsa de Hong Kong caiu 0,2% e o índice Nikkei 225 da Bolsa de Tóquio recuou 0,1%. Mas as preocupações com o setor imobiliário da China foram ignoradas na Europa por causa da notícia de que a Grécia conseguiu vender facilmente € 1,6 bilhão (US$ 2 bilhões) em títulos do Tesouro de seis meses de prazo, a um rendimento de 4,65% - menos que os 5% do seu empréstimo de emergência junto Fundo Monetário Internacional (FMI) e União Europeia (UE).

A venda deu um novo estímulo ao sentimento do mercado, depois da bem recebida emissão de títulos da dívida da Espanha na semana passada. "Essa é a primeira vez que o governo grego volta ao mercado desde que foi forçado a pedir socorro", disse Jane Foley da Forex.com. "No total, os resultados da venda serão um alívio para os gregos e as autoridades da zona do euro."

Enquanto isso, notícias de que a China foi uma grande compradora de bônus espanhóis na semana passada contribuíram para o otimismo. "Não se engane, o retorno do capital asiático aos mercados de dívidas soberanas da Europa é um passo à frente muito importante", disse John Brady da MF Global.

Em grande parte, os investidores fizeram vista grossa à decisão da agência Moody ' s Investor Service de rebaixar a classificação da dívida soberana de Portugal, e à fraca leitura do índice alemão de sentimento do investidor ZEW para julho.

Frank Oland Hansen, economista sênior do Danske Bank, observou que o rebaixamento de Portugal já era esperado há muito tempo. Mas Jennifer McKeown da Capital Economics, disse que a queda do sentimento do investidor alemão reforça as preocupações de que os problemas de dívida das economias periféricas da zona do euro e os problemas do setor bancário possam, em pouco tempo, prejudicar a recuperação da maior economia da zona do euro.

O rebaixamento de Portugal pela Moody ' s inicialmente deixou o euro instável, mas a moeda única europeia recuperou rapidamente o equilíbrio, depois do sucesso do leilão grego, e subiu 1% em relação ao dólar.

A libra esterlina subiu depois que dados obstinados e fortes sobre a inflação no Reino Unido despertaram preocupações de que o Banco da Inglaterra poderá adotar uma postura mais dura em relação às taxas de juros. A inflação caiu para 3,2% em junho, contra 3,4% no mesmo período do ano passado, embora o núcleo da inflação tenha subido de 2,9% para 3,1%.

"Acreditamos que a aceleração do núcleo da inflação poderá se mostrar temporária, uma vez que ela se deveu principalmente a um componente muito errático - as tarifas aéreas, mas o fato de outros componentes do núcleo da inflação estarem se mostrando bem resistentes ao ajuste de baixa continua sendo um sinal preocupante", disse Chiara Corsa do UniCredit.
Enquanto isso, as especulações de que os fortes números sobre o nível de emprego no Canadá, divulgados na semana passada, poderão levar o Banco do Canadá a aumentar as taxas de juros na semana que vem, provocaram alta no dólar canadense.

Nas commodities, o preço do petróleo nos Estados Unidos superou os US$ 77 o barril, com os investidores inspirando-se na alta dos preços das ações e na melhoria ampla do otimismo em relação à economia.

O cobre recuperou-se depois de atingir o patamar mais baixo em uma semana, embora os investidores continuem preocupados com a demanda chinesa. O ouro, por sua vez, foi beneficiado pelas preocupações com as dívidas soberanas européias.

Mas essas preocupações parecem não afetar os investidores em bônus do governo, uma vez que o rendimento do título de 10 anos do Tesouro americano subiu quatro pontos-base, para 3,10%, e o rendimento do Bund alemão subiu cinco pontos-base para 2,65%.

Sobe e desce marca economia no 2º trimestre

14 de julho de 2010

Valor Economico (SP)

Conjuntura: Comportamento dos indicadores de abril a junho aponta busca de um novo nível de crescimento

João Villaverde e Luciano Máximo, de São Paulo

O ritmo da economia se acomodou no segundo trimestre. Os nove principais indicadores de atividade levantados pelo Valor apresentaram um movimento semelhante ao de uma montanha-russa. Depois de subirem com força e de forma constante nos primeiros três meses do ano, indicadores de produção, comércio e insumos, como vendas de papelão ondulado e consumo de energia, apresentaram movimento errático entre abril e junho. O mais comum foi um recuo em abril, nova alta em maio e nova queda em junho.

No primeiro trimestre, a produção industrial cresceu nos três meses e acumulou alta de 6,11%, enquanto o comércio vendeu 6,53% mais em relação ao nível de dezembro, já descontando fatores sazonais. No bimestre seguinte, a indústria recuou 0,8% e as vendas do varejo cresceram bem menos - 1,7%. Assim, após um primeiro trimestre de crescimento vistoso e constante, os dados apontam ritmos distintos ao longo das cadeias de produção e consumo, movimento típico de períodos de acomodação de estoques e reprogramação de encomendas. Essa é a cara do segundo trimestre.

São muitos os fatores que explicam essa acomodação, segundo apurou o Valor. Há desde a retirada de estímulos fiscais, como o IPI reduzido para alguns bens de consumo, até o início da trajetória de alta no juro básico. Os economistas consultados pela reportagem avaliam que houve um movimento duplo na passagem do primeiro para o segundo trimestre - o crescimento acelerado de janeiro e março recolocou a economia no patamar pré-crise, mas sua sustentação é dúvida, já que incentivos ancoraram parte do consumo

As vendas de papelão ondulado, importante insumo industrial, exemplificam a montanha-russa na atividade. O crescimento de 2,8% em março foi revertido no mês seguinte, quando se apurou queda de 2,7%. Com base rebaixada, a alta de maio foi expressiva - de 5,5% sobre abril. No mês passado, nova redução nas vendas, de 2,1%. As vendas de veículos, que apresentavam trajetória ascendente no início do ano despencaram por três meses consecutivos, chegando a bater -10,2% em maio.

A mudança de sinal atingiu também o intercâmbio comercial. As importações de matérias-primas e insumos, que poderiam indicar maior disposição para produzir no futuro, crescem mais devagar. A alta de abril, de 23,5% sobre março, veio depois de um mergulho, de igualmente 23% naquele mês. Em maio, as importações subiram 5%, sempre considerando dados com ajuste sazonal.

"Todos os dados sinalizam que houve crescimento menor no segundo trimestre", diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Consultores. Para ele, a inflação nos preços dos alimentos verificada nos primeiros meses do ano levou à desaceleração de crescimento de vendas no setor, além de eventos como a Copa do Mundo, "que pode ter sido boa para alguns setores de comércio, mas pode ter prejudicado outros pelas paralisações ocorridas em dias de jogos".

Para Vale, a acomodação da atividade deve levar o crescimento trimestral do Produto Interno Bruto (PIB) dos 2,7% atingidos no primeiro trimestre para 0,9% entre abril e junho, na comparação com os três meses anteriores.

Apesar de a maioria dos indicadores até agora disponíveis apresentar retração em junho, o economista Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, acredita que o ritmo da atividade econômica no país ainda é consistente. "As bases de comparação na margem começam a ficar mais altas. Ficamos com uma sensação de crescimento menor, mas bastante satisfatório, sustentável", avalia.

Ele cita a perspectiva de continuidade da expansão do crédito, investimento e consumo - a venda no varejo foi o único indicador que se manteve positivo em junho (0,1%) sobre maio, segundo a Serasa Experian - como fatores para garantir o avanço da economia, "embora mais modesto". "Não temos indicadores que mostrem que esse ritmo possa se reverter nos próximos seis, nove meses. Se houver alguma desaceleração será por causa de ajustes de arrumação ou algum impacto externo, o que é pouco provável, tamanha é a liquidez injetada na economia internacional. E o Brasil é beneficiário dessas ações", complementa Silveira.

Bancos e mercados estressados

14 de julho de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

MARIO MESQUITA

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Um banco que usar recurso jurídico para não participar do teste de estresse estará dando sinal de fragilidade
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A EUROPA decidiu seguir o exemplo norte-americano e vai implementar, e publicar, testes de estresse para seus bancos.
A razão é simples: o sistema bancário europeu ainda não superou os problemas que começaram com a crise do "subprime" e continuam com a crise da dívida mediterrânea.
O papel do teste de estresse europeu é separar o joio do trigo, mostrando aos mercados que a grande maioria dos bancos na região está confortavelmente solvente.
O teste deverá também apontar as instituições realmente frágeis, mas sua publicação deverá ser administrada de forma a evitar um aumento na percepção de risco sistêmico.
Para alcançar os resultados almejados, o teste de estresse, que será implementado pelo Comitê Europeu de Supervisores Bancários, em cooperação com o BCE, terá de ser representativo, realista e informativo.
O primeiro critério será provavelmente preenchido. A lista de bancos a serem testados chega a 91 (65% do setor bancário europeu), incluindo não apenas os grandes grupos internacionais sediados na Europa mas também instituições domésticas importantes.
Nesse contexto, é positivo que o teste cubra diversos bancos regionais alemães, os Landesbanken, bem como as Cajas regionais de poupança espanholas.
A distribuição geográfica das instituições é, por si só, interessante. Quase a metade dos grupos a serem examinados é da Espanha, da Grécia, da Itália e de Portugal (42 de 91), ao passo que apenas 8, no total, são da França e do Reino Unido.
A avaliação do teste fica mais complexa no quesito do realismo.
Do ponto de vista macroeconômico, o cenário adverso contemplado é de crescimento do PIB regional três pontos percentuais abaixo das projeções da Comunidade Europeia para 2010 e 2011, ou seja, em vez de crescer modestamente, a economia europeia continuaria em recessão nos dois anos (contrações de 2% e de 1,3%, respectivamente).
Quanto ao risco de mercado, considera-se o retorno às condições vigentes no início de maio, antes do anúncio do pacote comunitário de ajuda, com um aumento nas taxas de juros que capture o aumento dos prêmios de risco dos títulos dos governos europeus.
Isso pode ser insuficiente, pois ao mantra dos governantes da região de que não haverá reestruturação da dívida pública se contrapõe a realidade dos mercados, que apreçam com probabilidade significativa a ocorrência de um evento de crédito soberano em algumas das economias mais frágeis da região.
No que se refere à transparência, preocupam as informações, circulando nos mercados e na mídia especializada, de que certos bancos regionais alemães estariam fazendo pressão, com aparente amparo legal, para a publicação apenas de resultados parciais dos testes de estresse.
O sinal dado pelas próprias autoridades europeias é que só maior transparência quanto ao real estado dos bancos pode restaurar a confiança e o bom funcionamento do sistema.
Um banco, ou grupo de bancos, que se valer de recursos jurídicos para se recusar a participar do teste de estresse, ou que condicionar sua participação à publicação de resultados parciais, está sinalizando a sua própria fragilidade.
Mas o teste é apenas a primeira etapa. É de esperar que as autoridades da Europa tenham em mãos (o que requer margem fiscal), e estejam preparadas para utilizar, instrumentos, de recapitalização, fusão e/ou intervenção, que removam prontamente o risco sistêmico derivado das instituições apontadas como problemáticas -sem isso, o exercício pode se tornar contraproducente.
Em resumo, as autoridades europeias tomaram uma atitude corajosa ao anunciar a realização e a publicação dos resultados de testes de estresse, agregados e individuais, no dia 23 deste mês.
Com isso, visam, e devemos torcer para que estejam certas, repetir o sucesso de exercício semelhante realizado nos Estados Unidos no início de 2009.
Mas, no caso europeu, a complexidade é maior, o que pode manter a volatilidade dos mercados e o desconforto dos investidores com a região por mais tempo.

MARIO MESQUITA, 44, doutor em economia pela Universidade de Oxford

Sob pressão, governo ajusta proposta de estatal de seguros

14 de julho de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Ideia é limitar a atuação da empresa a áreas como setor naval

VALDO CRUZ
SOFIA FERNANDES
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O governo não vai desistir de criar a estatal EBS (Empresa Brasileira de Seguros), mas já providenciou ajustes em sua proposta diante da reação do setor, limitando a área de atuação da empresa.
O texto original encaminhado à Casa Civil permitia que a nova estatal atuasse em qualquer área do setor de seguros, como a de automóveis, o que foi visto pelas empresas privadas como uma ameaça de concorrência por parte do governo.
Segundo a Folha apurou, o setor privado decidiu atacar a proposta por avaliar que o governo estava indo além do que havia prometido quando lançou a ideia de criar a estatal -de atuar apenas nos segmentos em que as empresas privadas não operam, como financiamento de grandes obras de infraestrutura e exportação.
A atuação da empresa deverá se concentrar em seguro para crédito habitacional para a baixa renda, aquisição de máquinas agrícolas, indústria naval e pequenas e médias empresas.
O governo quer garantir o seguro das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.
O governo atribui a uma falha técnica a redação que permitia à EBS operar em todos os segmentos e mandou retirar esse trecho da minuta de medida provisória, que pode ser encaminhada ao Congresso em agosto.
Ontem, o ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que o governo não desistirá de criar a EBS. "Não vamos voltar atrás, porque é uma necessidade para o país."
Para apaziguar o setor, o governo irá chamar as empresas de seguros, na próxima semana, para uma conversa. O ministro disse ainda que a estatal vai atuar em parceria com as seguradoras privadas, mas afirmou que o setor privado não está "dando conta" dos projetos.
As seguradoras contestam o argumento. O presidente da Aber (associação das empresas de resseguros), Paulo Pereira, diz que o setor tem condições de garantir a cobertura das grandes obras. Segundo ele, o Brasil representa 1% do mercado mundial, com 81 empresas.

Petrobras perde 1/4 do valor em Bolsa

14 de julho de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Entre as grandes petroleiras, desvalorização em 2010 só é inferior à da BP; incertezas sobre capitalização afetam ações

Investidor ainda não sabe quanto terá de pagar para participar de capitalização, prevista para setembro

RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
SAMANTHA LIMA
DO RIO

As incertezas que envolvem o processo de capitalização da Petrobras provocaram nos últimos meses uma desvalorização intensa das ações da estatal, ampliando as pressões que o governo sofre para definir as condições em que a operação será feita.
De janeiro até ontem, o valor de mercado da Petrobras diminuiu 24,49% em dólares, segundo a agência Bloomberg. Os papéis da estatal se desvalorizaram mais que os de outras companhias de petróleo internacionais.
A única grande empresa do setor com desempenho pior que o da Petrobras neste ano é a BP, cujo futuro é ameaçado por custos decorrentes do desastre ambiental causado pela explosão de uma de suas plataformas em abril, no golfo do México.
O valor de mercado da BP caiu 30,57% neste ano. As ações de outras empresas do setor, como a americana Exxon Mobil, controladora da Esso no Brasil, e a anglo-holandesa Royal Dutch Shell, também se desvalorizaram, mas sofreram perdas menores.

INVESTIMENTOS
A Petrobras está apanhando dos investidores porque eles ainda não sabem o preço que terão de pagar para participar do processo de capitalização da empresa. O governo promete fazer a operação até o fim de setembro, mas a data ainda não foi marcada.
O processo de capitalização poderá injetar na Petrobras até R$ 150 bilhões em recursos que a empresa quer usar para financiar a exploração dos campos de petróleo do pré-sal, construir refinarias e realizar outros investimentos previstos no seu ambicioso plano de negócios.
A Petrobras espera obter parte significativa desses recursos com a ajuda de investidores que hoje são seus acionistas minoritários, mas tudo dependerá do preço que for definido pelas reservas de petróleo que a União entregará à empresa na operação.
A União tem 32% do capital da Petrobras e entregará à empresa o equivalente a 5 bilhões de barris de petróleo para fazer sua parte no aumento de capital. A avaliação das reservas depende de estudos encomendados a consultoria pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), a serem concluídos em agosto.
Os analistas estimam que o valor das reservas ficará entre US$ 5 e US$ 6 por barril de petróleo. Analistas do banco Crédit Suisse apostam que o preço será mais alto, entre US$ 7 e US$ 8 por barril.

FUTURO
Quanto maior o valor atribuído a essas reservas, maior será o volume de recursos que os investidores terão que desembolsar pelas novas ações que serão emitidas pela Petrobras e maior será o custo que os minoritários terão para evitar que seu quinhão na distribuição de dividendos da empresa encolha.
"O preço da ação está sofrendo por causa das dúvidas que envolvem o processo de capitalização, e não porque os investidores tenham ficado subitamente inseguros sobre o futuro da empresa no longo prazo", afirmou o analista Gilberto Pereira de Souza, do Banco Espírito Santo.
É ruim para quem está preocupado com o curto prazo, mas não necessariamente para quem tem tempo. "Poucas empresas no mundo têm o potencial de crescimento da Petrobras nos próximos anos, e as ações estão baratas", disse Marcos Saravalle, da corretora Coinvalores.

Colaboraram ÁLVARO FAGUNDES e TONI SCIARRETTA, de São Paulo

Espanha pedirá à UE prorrogação de ajuda aos bancos

14 de julho de 2010

Estadao.com.br

LIGIA SANCHEZ Agencia Estado

MADRI - Antes da publicação dos resultados dos testes de estresse dos bancos, em 23 de julho, a Espanha pedirá à Comissão Europeia uma prorrogação do prazo para uso de seu fundo estatal de ajuda aos bancos (FROB), para prover capital para as instituições que se encontrarem em situação de fragilidade. A declaração é da ministra das Finanças espanhola, Elena Salgado.


Atualmente, 39 das 45 caixas de poupança da Espanha estão em processo de fusão; elas vão receber 10,19 bilhões de euros do FROB para sustentar suas bases de capital. A Espanha reservou 12 bilhões de euros para o FROB, que poderá ser expandido para até 99 bilhões de euros, apesar de a Comissão Europeia ter autorizado seu uso apenas até 30 de junho.

Na sequência da reunião dos ministros de Finanças da União Europeia, Salgado disse a jornalistas em Bruxelas que a Espanha pediria a prorrogação como uma medida "preventiva", de acordo com o site do governo espanhol. A ministra afirmou que qualquer deficiência no sistema bancário da Espanha não deverá ser ampla. "Acreditamos que as necessidades de nosso sistema financeiro foram amplamente atingidas", afirmou.

Depois de forçar uma ampla reestruturação dos bancos de poupança, autoridades espanholas anunciam que seu sistema bancário está basicamente saudável e encabeçaram o movimento pelos testes de estresses em toda a UE a fim de demonstrar isso. Quase um terço, ou 27 dos bancos a serem testados, são espanhóis. Muitos analistas, entretanto, acreditam que os bancos da Espanha precisarão de mais recursos para assegurar sua solvência. As informações são da Dow Jones.

Brasil quer ampliar fazendas aptas a exportar para UE

14 de julho de 2010

Estadao.com.br

CÉLIA FROUFE Agencia Estado

BRASÍLIA - O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou hoje que o Brasil ampliará o número de fazendas habilitadas para exportar carne bovina à União Europeia. Atualmente, há 1,8 mil unidades com permissão para a comercialização. Rossi está em Bruxelas, na Bélgica, para tentar ampliar o mercado europeu para a carne brasileira. Ele conversou com jornalistas brasileiros por meio de teleconferência.


"Houve entendimento positivo em relação ao credenciamento de fazendas brasileiras", disse. Segundo o ministro, o assunto foi acordado na esfera política e, a partir de agora, os detalhes sobre a ampliação serão acertados entre as equipes técnicas do Brasil e da Europa. Rossi disse que o sistema atual de rastreabilidade limitou muito o número de fazendas credenciadas, o que acaba interferindo no resultado das exportações para a Europa. "Hoje há 1,8 mil fazendas credenciadas. O número é pequeno e precisamos ampliá-lo rapidamente", avaliou.

Segundo Rossi, o Ministério da Agricultura poderá indicar fazendas que ainda não fazem parte do cadastro europeu. "Eles se propuseram a aceitar essas fazendas, ficando com o direito de inspecioná-las a qualquer momento", explicou. O ministro salientou também que, com a crise financeira internacional, caiu o consumo de carne no bloco e uma das consequências foi a diminuição da importação do Brasil. Ele contou ter mostrado aos anfitriões o desenvolvimento da produção agrícola brasileira. "A agricultura e pecuária do Brasil sofreram aumento de qualidade e nos colocaram na vanguarda da agricultura no mundo."

Rossi disse, ainda, ter garantido aos europeus que os frigoríficos brasileiros que vendem carne para o bloco econômico se comprometeram a não comercializar nenhum boi de áreas de florestas. O ministro aproveitou a viagem para detalhar o funcionamento do programa Boi Guardião - sistema de georreferenciamento do gado implantado pelo Brasil em parte do Pará e que deve ser estendido para todo o País.

Banco Mundial e BID veem amadurecimento no mercado de carbono

14 de julho de 2010

Estadao.com.br

REESE EWING REUTERS

SÃO PAULO - O mercado mundial de créditos de carbono está amadurecendo depois de ser duramente afetado pela crise financeira global, e irá sobreviver ao Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, disseram funcionários do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) nesta terça-feira.

"Infelizmente, as linhas (de financiamento) de projetos verdes vêm dos mesmos recursos do financiamento bancário regular. Eles são simplesmente uma cereja sobre um financiamento de projetos mais amplo", disse Christophe de Gouvello, especialista do Banco Mundial em desenvolvimento sustentável, num evento sobre o mercado de créditos de carbono realizado pela BM&FBovespa.


"Mas o crédito de carbono está amadurecendo. Ele ainda é jovem, mas está ficando adolescente", acrescentou.


Os projetos "verdes" aos quais Gouvello se refere ajudam as empresas a gerar créditos de carbono, que podem ser comprados por outras empresas que precisem ultrapassar suas metas de emissão de gases do efeito estufa.


O Protocolo de Kyoto, adotado em 1997, estabelece metas para a redução das emissões em 37 países industrializados e a Comunidade Europeia.


Mas esse tratado expira em 2012, e ainda não há um novo acordo para substituí-lo, o que gera incertezas entre investidores interessados em projetos "verdes" -- como os de preservação florestal ou desenvolvimento de energias limpas.


Mas Gouvello disse que a presença de dezenas de representantes de bancos no evento realizado no Mofarrej Hotel, em São Paulo, é um sinal do crescente interesse das instituições financeiras nos projetos que geram créditos de carbono.


"Há poucos anos, você não veria esses bancos neste evento", disse ele.


O Banco Mundial tem um fundo de 5,7 bilhões de dólares, com o qual ajuda a financiar tecnologias "verdes" em conjunto com bancos regionais de desenvolvimento, como o BID.


"O mercado já aceitou os padrões de Kyoto para a verificação e monitoramento das reduções de gases do efeito estufa, por meio dos chamados Mecanismos do Desenvolvimento Limpo", disse Maria Netto, especialista em mudança climática do BID. "O mercado dos créditos de carbono irá além de 2012."


Segundo ela, esse mercado tem um apoio sólido, porque muitos países europeus exigem por lei que as empresas compensem suas emissões com a compra de créditos de carbono ou com investimentos em tecnologias e melhorias para reduzir o seu "rastro" de carbono.


"A última (hipótese) é muito mais cara", disse ela.


A especialista afirmou que um dos principais desafios no mercado de créditos é encontrar um sistema transparente de precificação. A maior parte dos créditos é vendida em leilões particulares, e não em bolsas, embora a BM&F tenha eventualmente realizado leilões públicos de créditos de carbono.

Brasil deve eliminar miséria até 2016, diz Ipea

14 de julho de 2010

Estadao.com.br

Alexandre Rodrigues, da Agência Estado

RIO - O Brasil eliminará a miséria e reduzirá a pobreza a apenas 4% da população até 2016. É o que projeta estudo divulgado nesta terça-feira, 13, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O trabalho mostra que, entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de brasileiros saíram da condição de pobreza absoluta (caracterizada por renda domiciliar mensal per capita de até meio salário mínimo). Já no caso da pobreza extrema (renda per capita de até um quarto do salário mínimo), o contingente que deixou essa condição no mesmo período foi de 12,1 milhões de pessoas.

Os números representaram uma queda de 33,6% na taxa de pobreza absoluta, que ficou em 28,8% da população em 2008. Já a proporção de miseráveis, estimada em 10,5% da população em 2008, reduziu quase 50% em relação a 1995. A velocidade dessa queda da pobreza desde a estabilidade econômica proporcionada pelo Plano Real e a aceleração desse ritmo identificada pelo Ipea no governo Lula (2003-2008) permitiram aos autores do trabalho projetar a redução a zero da pobreza extrema no País em quatro anos, além de uma queda vertiginosa da chamada pobreza absoluta

O trabalho "Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por estado no Brasil" foi publicado no número 58 da publicação Comunicados do Ipea.

Distribuição

Embora os índices de pobreza no Brasil tenham experimentado queda mais acelerada nos últimos anos, a melhoria das condições econômicas da população desde o Plano Real não teve uma distribuição uniforme entre as regiões do País.

Enquanto a taxa de pobreza absoluta caiu 33,6% entre 1995 e 2008 em todo o País, a redução foi de apenas 12,7% na região Centro-Oeste. Já a queda da taxa de pobreza extrema, cuja média nacional reduziu 49,8% no período, foi reduzida em apenas 22,8% na Região Norte. Já a Região Sul teve resultados bem acima da média nacional nos dois casos: queda de 47,1% da pobreza absoluta e 59,6% da extrema.

Segundo o Ipea, os dados mostram que a redução da pobreza não tem uma relação direta apenas com o crescimento econômico. A região Centro-Oeste, que teve a menor queda na proporção de brasileiros com renda per capita abaixo de meio salário mínimo (pobreza absoluta), registrou no período estudado a melhor média do País de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) por habitante: média de crescimento anual de 5,3%.

Por outro lado, o Sul reduziu a pobreza em maior proporção, mesmo tendo registrado o menor ritmo de crescimento do PIB por habitante entre as regiões: 2,3% anuais. "O crescimento econômico, ainda que indispensável, não se mostra suficiente para elevar o padrão de vida de todos os brasileiros. A experiência recente do País permite observar que as regiões com maior expansão econômica não foram necessariamente as que mais reduziram a pobreza e a desigualdade", diz o estudo do Ipea, que sugere a combinação entre crescimento e políticas públicas voltadas para o combate à pobreza.

De acordo com as projeções do Ipea com base no ritmo da redução da pobreza no governo Lula (2003-2008), o Paraná poderá se tornar o primeiro estado brasileiro a erradicar a pobreza absoluta já em 2013. A mesma condição já poderia ser alcançada no ano seguinte por São Paulo. Em 2015, a pobreza estaria eliminada no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal.

Já entre os Estados em que o desafio é maior para que a média nacional da taxa de pobreza absoluta fique em 4% da população em 2016, como projeta o estudo, estão Alagoas, Maranhão, Pernambuco, Paraíba e Piauí. Nestes estados, a taxa de pobreza absoluta ainda estava acima de 50% da população em 2008.

Já a condição de pobreza extrema, que caracteriza a miséria de famílias com rendimento per capita abaixo de um quarto de salário mínimo, será eliminada em todo o País até 2016, segundo o Ipea. No entanto, o estudo prevê que os Estados de Santa Catarina e Paraná superarão essa condição já em 2012. No ano seguinte, atingiriam o mesmo objetivo Goiás, Espírito Santo e Minas Gerais. Em 2014, a miséria seria eliminada em Estados como São Paulo e Mato Grosso.

"Mas para que essa projeção se torne realidade, os Estados terão de apresentar ritmos diferenciados de redução da miséria, uma vez que registram enorme assimetrias taxas atuais de pobrezas extremas, como se pode observar entre Alagoas (32,3%) e Santa Catarina (2,8%)", diz um trecho do estudo.

(Texto atualizado às 16h28)

13.7.10

EUA tentam aprovar reforma financeira

13 de julho de 2010

Valor Economico (SP)

Andy Sullivan, Reuters, de Washington

Os democratas terão pouca margem de erro esta semana, quando tentarão aprovar no Congresso dos Estados Unidos a mais abrangente mudança nas leis de regulamentação financeira desde a Grande Depressão.

O líder do partido majoritário no Senado, Harry Reid, espera conseguir a aprovação da regulamentação quando o Congresso voltar a se reunir depois de uma semana de recesso, apesar de ainda não ter obtido os 60 votos necessários para evitar um bloqueio processual na casa, que tem 100 membros.

A Câmara dos Deputados americana já aprovou a versão final do projeto, que impõe uma série de duras restrições à indústria financeira, em um esforço para evitar uma nova crise como a que ocorreu entre 2007 e 2009. Depois de um ano e meio de trabalho, os democratas estão ansiosos para encaminhar o projeto à sanção do presidente Barack Obama.

O projeto dá às autoridades reguladoras o poder de intervir em companhias financeiras com problemas por meio da divisão delas, venda de ativos e aceitação de perdas por parte de credores e acionistas a fim de que os contribuintes não paguem essa conta. Envolve ainda ampliação dos poderes reguladores do Federal Reserve (Fed) e estabelece um conselho de risco com altos funcionários, liderado pelo secretário do Tesouro, para detectar potenciais ameaças ao sistema financeiro como um todo.

Engloba também a criação de uma agência de proteção financeira ao consumidor e expande o alcance da Securities and Exchange Commission (SEC).

A aprovação do projeto representaria a segunda grande conquista legislativa do partido, que já conseguiu a aprovação da reforma do sistema de saúde, um feito importante já que eles estão tentando manter o controle do Congresso nas eleições de Novembro desse ano.

No Senado, Reid já conta com 57 votos dos democratas para a aprovação do projeto. Os republicanos Susan Collins e Scott Brown também já indicaram que pretendem apoiar o projeto. Mas isso ainda deixa Reid a um voto da aprovação. Os republicanos Olympia Snowe e Charles Grassley já apoiaram o projeto anteriormente, durante o processo legislativo, mas nenhum dos dois confirmou se pretendem apoiar a versão final.

Entretanto, os analistas acreditam que Reid terá os votos necessários para enviar o projeto a Obama, já que os republicanos moderados serão duramente pressionados a explicar um voto "não" depois de obter uma série de concessões importantes.

Bancos já se preparam para alta menor na Selic

13 de julho de 2010

Valor Economico (SP)

Por dentro do Mercado

Eduardo Campos

Mesmo que ainda existam incertezas sobre a trajetória da inflação e o ritmo de desaceleração da atividade doméstica, o mercado de juros futuros acena, cada vez mais, com um aumento nas apostas de que o Banco Central (BC) fará um ciclo de alta de juros menor do que o previsto anteriormente.

"Estamos entrando em um cenário alternativo, que pode levar o BC a fazer um ciclo menor de alta de juros", resume o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi.

Ainda de acordo com o gestor, já é possível verificar alguns bancos montando estratégias com contratos de juros futuros que contemplam mais uma alta de 0,75 ponto percentual, na reunião da semana que vem, e um aperto final de 0,5 ponto em setembro.

Com isso, o ajuste total ficaria em 275 pontos-base, com Selic a 11,50%. Vale lembrar que no começo do ano investidores falavam em Selic a 13% e até mais do que isso.

Na visão do economista-chefe para o Brasil do Barclays, Marcelo Salomon, o mercado passa a precificar a perda de dinamismo da economia doméstica, algo que começa ganhar contorno mais definido, e o movimento de baixa da inflação. "Essa conjuntura faz o mercado olhar para a política monetária com olhos menos ansiosos, esperando um ciclo menor de alta de juros", disse.

Salomon ressalta que não revisou seu prognóstico para alta de juros agora em 2010. O economista espera mais duas elevações de 0,75 ponto na Selic, o que resultaria em taxa básica de 11,75%. Para efeito de comparação, o último boletim Focus mostra mediana em 12%, recuando de 12,13%.

Ainda de acordo com o economista, um fator determinante para a política monetária não só do Brasil, mas de outros países da América Latina e do mundo, é a forma como os choques externos vão promover uma aceleração ou desaceleração da economia global.

Salomon lista três fontes primárias de incerteza externa. Primeira, a possibilidade de perda de força da economia americana. Segunda, a economia da China respondendo às medidas de contenção de crescimento. E terceiro, o risco de algum evento envolvendo o sistema financeiro europeu.

"Essas três incertezas não vão se dissipar no curto prazo e, quanto mais o mercado precificar desaceleração, tanto menor será o aperto também em outros países", diz o especialista, exemplificando que não espera mais uma alta de juros nos EUA em 2010.

Olhando agora para o câmbio, Salomon trabalha com uma banda de oscilação para o real com piso em R$ 1,75 e teto entre R$ 1,90 a R$ 2,00.

E o que alimenta essa possibilidade de depreciação da moeda brasileira são os mesmo três fatores de incerteza externa, listados acima, aliados ao calendário eleitoral.

Para o economista, falta uma indicação mais clara dos candidatos com relação à condução da política econômica. "Como vamos nos aproximando das eleições e esse tipo de postura é cobrada pelo mercado, não é possível descartar um movimento de apreciação do real", explica.

Salomon pondera, no entanto, que tal desvalorização da moeda não seria sinal de estresse por causa de um novo governo. "Vejo mais como um cenário de cautela, já que o mercado tem que entender um pouco mais o que acontecerá para frente."

Olhando para o pregão de ontem, o dólar comercial teve leve alta de 0,22%, para R$ 1,765. Mas o fato é que pelo quarto dia consecutivo a moeda não foi nem abaixo nem acima da linha de R$ 1,76.

Eduardo Campos é repórter

Em 2013, "déficit" no crédito imobiliário será de R$ 100 bi

13 de julho de 2010

Valor Economico (SP)

"Funding": Esse é o valor que não será coberto pela caderneta e terá que ser captado pelos bancos

Alessandra Bellotto e Adriana Cotias, de São Paulo

Pelo menos R$ 100 bilhões adicionais aos recursos da caderneta de poupança terão de ser captados pelos bancos já em 2013 para dar conta da expansão das carteiras de crédito imobiliário. A previsão da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é de que o dinheiro da caderneta, a mais barata e tradicional fonte de financiamento do setor, hoje com R$ 265 bilhões, só cubra completamente a demanda até 2012, quando o estoque do crédito habitacional no Brasil deve atingir a casa dos R$ 300 bilhões.

Em 2013, quando o saldo dos financiamentos chegar a R$ 400 bilhões, as instituições financeiras vão ter de se virar para levantar recursos extras, afirma o presidente da Abecip, Luiz Antonio França. Para 2014, a Abecip trabalha com um saldo de R$ 500 bilhões em crédito imobiliário, um aumento de mais R$ 100 bilhões.

"Em dois anos, a poupança não vai mais conseguir gerar novos financiamentos, todo o estoque vai estar comprometido com o crédito imobiliário", prevê o executivo, também diretor do Itaú Unibanco. Segundo ele, é a partir daí que devem ganhar relevância os instrumentos alternativos de captação, como a securitização e a emissão de títulos de base imobiliária. O estoque desses ativos hoje já esbarra nos R$ 47 bilhões. Ao mesmo tempo, os recursos da caderneta efetivamente aplicados no crédito imobiliário estão em R$ 111,5 bilhões (aquisição e incorporação). Ou seja, os ativos alternativos já equivalem a 40% do "funding" fornecido pela poupança. Mas nem tudo que é captado via títulos como CRIs e LCIs financia efetivamente o setor.

Apesar do estoque significativo em instrumentos alternativos, ainda falta ao mercado dar alguns saltos para reduzir a dependência da tradicional caderneta. Grandes nomes do setor, como Bradesco, Santander e HSBC são unânimes em considerar a poupança como fonte praticamente exclusiva de financiamento. A lógica está no custo. "A captação de poupança é a mais barata que tem no mercado (TR mais 6,17% ao ano) e isso beneficia o tomador final", diz França.

Contudo, os bancos já consideram ou testaram a estruturação de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) para quando o principal recurso secar. A intenção da Caixa Econômica Federal de emitir R$ 500 milhões em CRI neste ano é emblemática dos tempos que estão por vir. Alexandre Assolini Mota, sócio do escritório PMK Advogados Associados e presidente da Câmara do Mercado Imobiliário da BM&FBovespa, relembra que já houve no mercado a tentativa de emitir CRIs indexados à TR como pretende fazer a Caixa, mas a grande dificuldade foi atrair o investidor, cujo interesse é por papéis lastreados em inflação. "Esse é um desafio para a expansão dos CRIs."

Pelo ritmo de crescimento da carteira do HSBC, que este ano vai ter incremento da ordem de 50% indo a quase R$ 2 bilhões, o banco deve enfrentar escassez de "funding" a partir do fim de 2012, diz o diretor de crédito imobiliário da instituição, Antônio Barbosa. Além da poupança, o banco inglês se vale hoje da emissão de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) em cima de créditos já desembolsados para se refinanciar: os pagamentos futuros, lastreados em determinado contrato, podem ser, assim, reutilizados para uma nova operação.

Comparativamente à caderneta, isso faz da LCI um recurso caro, com descasamento de indexador e de prazo, opção apenas para bancos que não captam poupança, diz o superintendente de crédito imobiliário do Santander, Fernando Baumeier. "Emitimos apenas para atender a necessidade de um determinado grupo de investidores, não chega a ser funding", diz. Como em outras partes do mundo, ele considera que a securitização será o caminho natural para o mercado brasileiro. "Fizemos emissão de CRI em 2007, para exercitar uma saída para quando houver necessidade de caixa." Nos três primeiros meses do ano, a carteira imobiliária do grupo espanhol no Brasil cresceu 40%, alcançando R$ 9,7 bilhões. No mesmo período, os depósitos de poupança tiveram incremento de 26,1%, indo a R$ 25,8 bilhões.

Para os contratos fechados dentro do Sistema de Financiamento à Habitação (SFH) não faz sentido ainda a emissão de CRI, diz o superintendente de crédito imobiliário do Bradesco, Cláudio Borges. "Isso vale para operações de imóvel comercial, com valores maiores e daí se consegue emitir com prazos de três a cinco anos. Nesses casos a operação estruturada é mais eficiente." Com R$ 45,2 bilhões em depósitos em poupança ao fim de março, com evolução de 20,9% em relação ao mesmo mês em 2009, o Bradesco acredita que tem fôlego de mais três a quatro anos para bancar o financiamento imobiliário - carteira de R$ 7,5 bilhões - com a poupança.

Agenda fraca e sem temas polêmicos marca cúpula Brasil-União Europeia

13 de julho de 2010

Valor Economico (SP)

Sergio Leo, de Brasília

Dois acordos na área de aviação civil que beneficiarão a Embraer e empresas europeias de aviação e um acordo de cooperação para incentivar biocombustíveis em Moçambique darão o tom otimista no encontro de cúpula Brasil-União Europeia, que se inicia amanhã, em Brasília, acompanhado de um encontro empresarial de executivos. O temor de que por questões burocráticas esses acordos não fossem assinados foi superado, segundo diplomatas envolvidos nas negociações. A parceria de biocombustíveis, contudo, ficará restrita a Moçambique - o Quênia ficou de fora. Serão tratados mais reservadamente temas delicados, como as preocupações europeias em relação a Argentina, Honduras, Cuba e Venezuela, e a preocupação brasileira com o peso do ajuste econômico em países europeus.

Os acordos do setor aéreo permitirão o reconhecimento de certificação de aeronaves expedidas no Brasil, facilitando o ingresso da Embraer no mercado europeu. Também estenderão a toda a União Europeia os tratados bilaterais de aviação comercial mantidos pelo Brasil com a maioria dos países do continente, permitindo a empresas da Europa aproveitarem permissões de operação no Brasil não usadas integralmente por alguns desses países.

Os europeus pretendem pedir que o Brasil atue discretamente para conter as medidas informais protecionistas na Argentina, que chegou a deter sem justificativas carregamentos alimentos europeus no início do ano. Também estão preocupados com a situação em Honduras, onde o presidente eleito após um golpe de Estado, Porfírio Lobo, tem enfrentado pressões da linha dura local. O reconhecimento do governo Lobo facilitaria a transição para a democracia, na visão europeia. O Brasil deverá repetir que, antes de reconhecer o governo, será necessário a apresentação de medidas de conciliação, como a anistia do presidente deposto, Manuel Zelaya.

Apesar de divergências pontuais, o clima na reunião deve ser de comemoração pelos entendimentos entre o Brasil e o bloco europeu, que discutirão, ainda, como garantir o avanço das discussões contra o aquecimento global.

O governo brasileiro e os dirigentes da comissão europeia tratarão, ainda, das medidas para enfrentar a crise financeira e pretendem trocar impressões sobre as melhores maneiras de evitar a retirada prematura dos estímulos ao crescimento. Os europeus acreditam que poderão convencer os brasileiros de que as medidas de austeridade postas em prática por todos os países da região fortalecerão a economia global sem criar uma temida contração global.

Os brasileiros vinham negociando nos últimos dias a inclusão de um ponto sobre o Irã, na declaração final as ser assinada. Aparentemente, há consenso em fazer referências ao direito iraniano a perseguir um programa nuclear pacífico e o reconhecimento, como importante ponto de partida para a negociação, do acordo firmado entre Irã, Brasil e Turquia, prevendo mecanismos de troca de urânio para enriquecimento fora do território iraniano. O encontro vem sendo visto pelos dirigentes de Brasil e UE como oportunidade para fazer um balanço da "parceria estratégica" firmada em 2007.

Brasil ganha novos indicadores para medir e interpretar rumo da atividade

13 de julho de 2010

Valor Economico (SP)

Conjuntura: Após 16 anos de estabilidade, país tem pelo menos 5 índices para antecipar o PIB

Sergio Lamucci, de São Paulo


O país dos mais variados índices de inflação conta hoje com um número razoável de indicadores que tentam acompanhar de perto a evolução da atividade econômica. Com 16 anos de estabilidade monetária, bancos, consultorias e até o Banco Central (BC) têm investido na construção de índices que procuram apontar com mais clareza - e com menos defasagem - para onde vai o conjunto da economia, e em qual velocidade.

Serasa Experian, Itaú Unibanco, LCA Consultores e Bradesco calculam estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) mensal, usando metodologias diferentes, em que buscam antecipar a direção da atividade, unindo variáveis como a produção industrial, consumo de energia elétrica, estatísticas do mercado de trabalho e crédito e números de exportação e importação (ver quadro). O PIB divulgado pelo IBGE sai com atraso de cerca de 70 dias após o fim do trimestre.

O gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi, vê o surgimento desses índices como fruto da evolução da economia brasileira. Segundo ele, cada vez mais é preciso acompanhar com lupa o ritmo da atividade, algo decisivo para definir os rumos da política monetária. Saber se há ou não folga de recursos na economia é crucial. Foi no "contexto de economia estabilizada" que surgiu o PIB mensal da Serasa Experian, lançado em dezembro de 2009.

"O país sempre teve muitos indicadores de inflação e poucos de atividade", lembra ele. Só entre a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país tem quase dez indicadores de preços.

A Serasa Experian divulga os números do PIB mensal tanto pelo lado da oferta (agropecuária, indústria e serviços) como pelo lado da demanda (consumo do governo, consumo das famílias, investimento e exportações e importações de bens e serviços). Rabi diz que o indicador tem mostrado boa aderência com os dados oficiais do PIB. "O PIB da Serasa Experian apontava alta de 2,8% no primeiro trimestre, na comparação com o anterior, e o número oficial foi de 2,7%." O número mais recente é o de abril, divulgado no fim de junho, após a publicação de informações sobre a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O indicador mostrou crescimento de 0,1% em relação a março, feito o ajuste sazonal, confirmando a desaceleração da economia no segundo trimestre.

O economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, diz que a ideia da instituição, ao construir o indicador, foi ter uma medida agregada da atividade econômica. Muitas vezes, os dados divulgados mensalmente desenham um cenário contraditório, com a produção industrial em alta e as vendas no varejo em queda, por exemplo. Com o indicador, é possível ter uma visão ampla do que se passa na economia sem ter de esperar o resultado do PIB do IBGE.

"Além de ser um método de previsão do PIB trimestral, o PIB mensal permite a estimação de modelos mensais que relacionam o crescimento do PIB com o mercado de trabalho e inflação", diz Bicalho. Em abril, o PIB mensal do Itaú Unibanco também apontou alta de 0,1% sobre março.

O BC lançou o seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) em março, com o objetivo de refletir a "evolução contemporânea da atividade econômica" e contribuir "para a elaboração da estratégia de política monetária". O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que o surgimento dos diversos indicadores de monitoramento da atividade se deve ao "processo evolutivo" da economia brasileira. As séries de indicadores mensais têm hoje um histórico mais longo, o que as torna mais confiáveis.

O IBC-Br também só é calculado pelo lado da oferta, por haver muito mais elementos que possibilitam a estimativa, diz Lopes. Ele faz a ressalva de que o índice do BC não é uma projeção do PIB, mas sim um sinalizador da atividade, sintetizada num único indicador. O relatório de inflação do BC de março, porém, destaca "a relevância do cálculo do IBC-Br como indicador antecedente do PIB", reconhecendo também a "aderência da trajetória do IBC-Br ao comportamento do PIB". Em abril, o indicador teve alta de 0,3% sobre março, na série com ajuste sazonal.

O indicador da LCA, por sua vez, pretende ser um indicador coincidente do PIB. Com isso, leva em conta em seu cálculo apenas indicadores divulgados com frequência diária ou semanal: o licenciamento de veículos, o consumo de energia, expurgada a influência da temperatura, os valores das exportações e importações em valores e a evolução do M1 (papel moeda em poder do público mais depósitos à vista) deflacionada. O modelo também leva em conta o número de dias úteis de cada mês. O economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, diz que "o IAE é uma proxy mensal do PIB", que tem o objetivo de mostrar o "pulso em tempo real da atividade econômica".

Enquanto os indicadores mais recentes do Itaú Unibanco, da Serasa Experian e do BC são de abril, o IAE de junho já está disponível, com recuo de 0,1% em relação a maio. Segundo ele, o indicador melhora a qualidade das previsões e ajuda na discussão da conjuntura econômica. O custo dessa rapidez é uma margem de erro maior, afirma Borges: "O modelo tem um erro médio de 0,4 ponto percentual, para cima ou para baixo."

MP cria estatal do seguro com R$ 18 bi

13 de julho de 2010

Estadao.com.br

Texto que prevê a criação da Empresa Brasileira de Seguros seguiu do Ministério da Fazenda para a Casa Civil, para ser enviado ao Congresso

Adriana Fernandes, Andrea Jubé Vianna - O Estado de S.Paulo


O Ministério da Fazenda já enviou para a Casa Civil o texto da Medida Provisória (MP) que cria a Empresa Brasileira de Seguros (EBS).

Apesar das resistências de parte das seguradoras privadas que veem na iniciativa uma intervenção estatal no setor, o governo tem pressa para criar a nova empresa, que terá papel fundamental na concessão de garantias para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Minha Casa, Minha Vida, da Copa do Mundo, das Olimpíadas e da exploração do pré-sal.

A expectativa é que a MP seja enviada em breve ao Congresso, segundo apurou o Estado. O governo avalia o melhor momento político para isso. O anúncio da criação da nova empresa foi feito no início de maio durante a divulgação do pacote de medidas de incentivo à exportação. A criação de seguro estatal para grandes obras é uma demanda das grandes empresas do setor de construção civil.

A EBS herdará todas as garantias dos fundos garantidores já existentes e deverá trabalhar em parceria com o setor privado, dando suporte na concessão de seguros para grandes obras e também para aqueles seguros considerados de interesse social, não cobertos pelo mercado: exportação de longo prazo; financiamento habitacional para baixa renda (popular); e capital de giro para micro, pequenas e médias empresas.

A EBS poderá fazer seguro diretamente ou em consórcio com o setor privado. Poderá fazer seguro para empresas que estejam participando da construção de uma obra, complementando garantias com seguradoras privadas. A empresa poderá ainda contratar seguros e resseguros no Brasil e no exterior.

Para a criação da EBS, o governo vai reorganizar diversos fundos garantidores, que hoje não podem se alavancar nem contratar resseguro para suas operações. Para isso, vai criar o Fundo Garantidor de Infra-Estrutura (FGIE), unificando a atuação dos fundos naval, de energia e de Parceria Público-Privada (PPPs), e o Fundo Garantidor de Comercio Exterior (FGCE). A EBS deverá começar com recursos de R$ 18 bilhões e administrar o risco dos fundos garantidores.

O governo diz que a EBS não concorrerá com o mercado e que a concessão de seguro garantia (para o empréstimo de construção da obra) ocorrerá somente em consórcio com seguradoras do setor privado.

Zona do euro exalta esforço grego para cortar déficit

13 de julho de 2010

Estadao.com.br

REUTERS

BRUXELAS - O programa de consolidação fiscal da Grécia está em curso e deve permitir ao país obter em setembro uma segunda parcela da ajuda internacional, disseram ministros de Finanças da zona do euro nesta segunda-feira.

"O programa do governo grego... é notável e tem superado nossas expectativas", afirmou a jornalistas o presidente do Eurogroup, Jean-Claude Juncker, resumindo um debate sobre a Grécia entre os chefes de Finanças do conjunto de 16 países que adota o euro.


O comissário para Assuntos Econômicos e Monetários da União Europeia (UE), Olli Rehn, disse que "o programa grego de consolidação fiscal e de reformas estruturais está em curso".


O enorme déficit orçamentário da Grécia forçou a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a disponibilizar 110 bilhões de euros (139 bilhões de dólares) em ajuda ao país. Depois, a zona do euro criou um mecanismo de socorro muito maior para outros países, a fim de evitar que os problemas gregos se espalhassem a países como Espanha e Portugal.


Juncker afirmou que está confiante de que Atenas vai receber a segunda parcela do socorro em setembro, embora uma missão oficial da UE, do FMI e do Banco Central Europeu (BCE) tenha que primeiramente oferecer ao país um claro projeto de reparação fiscal em agosto.


A Grécia afirmou nesta segunda-feira que reduziu quase pela metade o déficit orçamentário de seu governo central nos primeiros seis meses do ano, à medida que drásticos cortes de gastos compensaram as receitas mais fracas do que o esperado com impostos.


O ministro grego de Finanças, George Papaconstantinou, demonstrou confiança de que seu governo vai atingir as metas de redução de déficit no restante do ano.


"Com esperança vamos não só alcançar a meta de redução de déficit como até mesmo obter resultados um pouco melhores", disse ele a repórteres.


"Vamos ter que fazer todas as reformas com as quais nos comprometemos e já aprovamos a importante reforma no sistema de aposentadorias poucos dias atrás, e veremos se o crescimento será melhor."


A meta de Atenas é cortar o déficit para 8,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, ante 13,6 por cento em 2009.


Papaconstantinou também afirmou que os bancos gregos devem no geral mostrar bons resultados nos testes de estresse planejados para instituições dos 27 países que compõem a UE. Ele acrescentou que aqueles que revelarem fraqueza serão ajudados.


"Achamos que eles (os bancos) serão capazes de passar nos testes de estresse, mas caso haja a necessidade de elevar as exigências de capital, eles serão intimados a fazer isso, e, se não conseguirem com seus próprios acionistas, o fundo de estabilidade financeira terá ações preferenciais nesses bancos", disse.


(Reportagem de Sarah Marsh e Marcin Grajewski)

Países da UE irão monitorar orçamentos uns dos outros

13 de julho de 2010

Estadao.com.br

Bloco pretende implementar novas sanções contra países que desobedecerem regras orçamentárias.

BBC Brasil BBC

- A União Europeia anunciou nesta segunda-feira que os Estados membros do bloco passarão a monitorar os orçamentos uns dos outros, como parte de um esforço para restaurar a confiança em suas economias e fortalecer o euro, moeda comum do grupo.

De acordo com o Presidente do Conselho da União Europeia, Herman van Rompuy, os ministros das Finanças do bloco concordaram em iniciar este monitoramento a partir do ano que vem.


Além disso, segundo Rompuy, serão estabelecidas novas sanções para os países que desrespeitarem regras orçamentárias definidas pelo grupo.


Rompuy não deu mais detalhes sobre as possíveis sanções, mas afirmou que elas poderão ser de ordem financeira ou não.


"O campo de sanções financeiras e não financeiras deve ser expandido", disse Rompuy em um comunicado divulgado após a reunião de um grupo de trabalho criado em março, após o início da crise do deficit orçamentário da Grécia, que levantou dúvidas sobre a saúde de algumas economias do bloco.


"Estas sanções devem ser progressivas e diferentes opções para reforçar o automatismo delas foram discutidas", diz o comunicado.


Dúvidas


Embora as declarações mostrem uma preocupação dos ministros das Finanças do bloco com um melhor monitoramento e administração dos orçamentos dos países-membros, as discussões ainda estão em estágio inicial, já que os mecanismos de funcionamento das reformas ainda não foi acordado.


Segundo Andrew Walker, analista de economia da BBC, uma das lições aprendidas pelos ministros das Finanças do bloco com a recente crise foi a de que as regras da UE para limitar os empréstimos governamentais não foram efetivas e que problemas orçamentários de alguns países acabaram prejudicando os outros.


Ainda segundo Walker, a discussão sobre as sanções aos países que desrespeitarem as regras orçamentárias levanta questões políticas delicadas.


Para ele, será difícil conciliar a soberania dos Estados membros da UE com a influência do bloco ou de outros países em políticas de governo relacionadas a gastos e impostos, por exemplo.

Bovespa quer levar ações brasileiras para Hong Kong

13 de julho de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Em troca, investidor brasileiro também poderia operar com papéis chineses

Negociação entraria em vigor em janeiro de 2012; negócios na Ásia ocorreriam durante a madrugada no Brasil

DE SÃO PAULO

A BM&FBovespa pretende levar as transações com ações brasileiras para negociação, a partir de janeiro de 2012, à Bolsa de Hong Kong, vitrina internacional do mercado acionário asiático.
Em troca, os investidores brasileiros também poderão operar com papéis chineses.
A proposta é criar um mecanismo eletrônico de dupla listagem, em que os papéis das empresas fiquem disponíveis para negócios nos dois mercados ao mesmo tempo.
Dessa forma, as empresas não precisariam seguir os trâmites burocráticos para submeter individualmente suas ações às regras locais.
Hoje, uma empresa estrangeira que pretenda ter seus papéis negociados no Brasil precisa emitir BDRs, uma espécie de recibo conversível na ação de outro país.
A emissão de BDR, que passa pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), costuma ser liberada só para negociação entre grandes investidores, como fundos de investimento. Pela dupla listagem, ficarão acessíveis ao pequeno investidor.
Quando o mecanismo funcionar, os papéis de empresas brasileiras passarão a ser negociados na Ásia durante a madrugada no Brasil. Os investidores brasileiros iniciarão as transações locais já com a referência de preços da Ásia, com cotação 24 horas.
Segundo a Bolsa, a iniciativa é inédita no mundo e nenhum outro mercado desenvolveu uma parceria do tipo.
Como o Brasil, a China tem um dos mercados de ações de maior crescimento no mundo. No país, quase não existe investimentos em renda fixa e grande parte da população aplica suas economias em ações.


(TONI SCIARRETTA)

8.7.10

Desemprego atingiu pico, diz a OCDE

08 de julho de 2010

Valor Economico (SP)

Bloomberg

O desemprego provavelmente chegou ao pico nos países desenvolvidos, num momento em que a retomada do crescimento se consolida, após uma recessão que devastou o mercado de trabalho, disse num relatório a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A taxa de desemprego nos países da OCDE alcançou 8.7% no primeiro bimestre do ano, recorde no pós-guerra, contra 5.8% em 2007.

Apesar da recuperação global liderada pelos países emergentes, a estatística provavelmente ficará acima de 8% até o fim do ano, afirma o relatório.

Os países da OCDE entraram na recessão de 2008-2009 com sua menor taxa de desemprego desde 1980, em parte por causa da liberalização do mercado de trabalho. Porém, um dos resultados acabou sendo um aumento mais rápido no desemprego, pois mais assalariados tem contratos temporários e com menos benefícios para os desempregados, disse a OCDE.

Mesmo assim, a organização encorajou os governos a preservarem as reformas feitas nos seus mercados de trabalho.

"À medida que a recuperação ganha força, é essencial criar incentivos para que empresas contratem mais", escreveu John Martin, diretor de Questões de Sociais e Trabalhistas. "Os empregos temporários devem funcionar como transições para empregos fixos, em vez de como armadilhas."