29.6.12

Mercodilemas, mercosurpresas


A reunião de chanceleres do Mercosul começou com um um fato previsível e uma surpresa. O previsível foi a confirmação de medidas para registrar a repulsa sulamericana à ruptura institucional no Paraguai. A surpresa, a renúncia do brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães do cargo de alto representante do Mercosul. Guimarães vinha, há algum tempo, expressando seu descontentamento com a consistência do Mercosul. O bloco sulamericano enfrenta um desafio que não é novo, mas que a crise do Paraguai mostra com toda sua crueza. O artigo é de Martín Granovsky.

Governo deve prorrogar IPI menor para linha branca e móveis


O governo deve anunciar nesta sexta-feira (29) que estenderá o prazo de validade da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os setores de linha branca, móveis, entre outros.
A redução, que inicialmente terminaria em março, foi prorrogada até este sábado (30). A indústria revindica nova prorrogação. O governo vinha negando, mas deve atender ao pedido.
Em uma conversa com a agência de notícias "Reuters" pela manhã, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao ser questionado se o governo anunciaria a prorrogação do benefício respondeu: "Presta atenção hoje à tarde". Mantega está em Mendoza, na Argentina, para reunião do Mercosul. Ele deve voltar para São Paulo ainda hoje.
Os preços dos eletrodomésticos da linha branca caíram até 7% com o corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o segmento. O levantamento foi feito pela consultoria GFK.
O levantamento da GFK mostra que o corte do imposto resultou na redução de 7,37% no preço dos tanquinhos, por exemplo.

Para chegar a essa variação, o estudo comparou o preço médio cobrado em dois períodos: entre dezembro de 2010 e abril de 2011 (quando não havia mudança no IPI); e entre dezembro de 2011 e abril de 2012 (período em que o imposto já estava reduzido).

Empresários antecipam medida do governo

Segundo a agência de notícias Reuters, um empresário ligado a um dos segmentos beneficiados afirmou que já recebeu o sinal do governo de que a medida será prorrogada. 
No dia 26 de março, o governo já havia estendido a redução do IPI para produtos de linha branca, adotada em dezembro de 2011, e reduziu pela primeira vez o IPI de móveis, papel de parede e luminárias.
Na linha branca, a alíquota para fogões permanecerá em zero; em 5% para refrigeradores e congeladores; em 10% para lavadoras; em zero para tanquinhos; em zero para móveis; em zero para laminador; e em 10% para papel de parede.
A decisão de prorrogar a redução do IPI faz parte do arsenal do governo para tentar estimular a economia brasileira, que ainda patina por conta da crise internacional.
Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou mais um pacote, sustentado pelo aumento das compras governamentais e pela redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 6% para 5,5%.
Mantega indicou ainda que os estímulos à economia não terminaram. "O governo vai continuar tomando medidas. Essa não é a única medida a ser tomada... Podemos garantir que o PIB (Produto Interno Bruto) está crescendo e vai crescer mais no segundo semestre que no primeiro", afirmou.

Eurogrupo fecha acordo para recapitalizar bancos

 O chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, ficou exultante após horas de negociações




Os líderes da zona do euro fecharam um acordo na madrugada desta sexta-feira para recapitalizar diretamente os bancos e delegar ao Banco Central Europeu a supervisão financeira da região, ao final de uma longa reunião em Bruxelas.
O presidente francês, François Hollande, foi o primeiro a anunciar "um acordo" entre os países da zona do euro sobre soluções para superar a crise da dívida: "Sim, encontramos os mecanismos".
Segundo o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, a zona do euro aprovou a recapitalização direta dos bancos, sob "certas condições", e se declarou "aberta" a que os países que cumprem com os planos de reforma possam recorrer aos fundos de resgate europeus para "acalmar os mercados".
"Aprovamos a recapitalização direta dos bancos, sob "certas condições", assinalou Van Rompuy ao final da reunião do Eurogrupo consagrada a encontrar soluções rápidas para ajudar Itália e Espanha a superar a crise da dívida.
O acordo prevê que o BCE terá um papel de supervisor financeiro da zona do euro antes do final do ano. "Quando estiver pronto, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MES) nos dará a possibilidade de recapitalizar diretamente os bancos", declarou Van Rompuy.
O Conselho Europeu ficará encarregado de apresentar propostas urgentes para a criação de um órgão supervisor até o final de 2012. O chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, ficou exultante após horas de negociações, durante as quais Espanha e Itália ameaçaram boicotar o pacto que injetará 120 bilhões de euros para reativar a economia e o crescimento.
"Temos um acordo", confirmou Rajoy por volta das 02H30 GMT, antes de passar a palavra a Van Rompuy para explicar seu conteúdo. O presidente do Conselho italiano, Mario Monti, manifestou sua "satisfação" com o acordo e o qualificou de "muito importante para o futuro da União Europeia e da zona do euro".
Itália e Espanha vinculavam sua aprovação ao ''pacto'' de crescimento na Europa à adoção de medidas de urgência para os dois países, hoje na mira dos mercados devido à crise da dívida.
A recapitalização direta dos bancos, sem passar pelos Estados, enfrentava a resistência da Alemanha, contrária ao "rompimento do "vínculo entre dívida pública e bancária".
A decisão pode abrir caminho para a criação de um superministro de Finanças europeu, com capacidade para intervir nos orçamentos de cada país e inclusive modifica-los, além de definir tetos de gasto e de dívida.


Fonte:http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201206290416_AFP_81356176

Professores realizam manifestação em frente ao Banco Central


Há mais de um mês em greve, os docentes fizeram protestos em Brasília, Cuiabá, Rio de Janeiro e São Paulo



Há mais de um mês em greve, professores das instituições de ensino federais realizaram nesta quinta-feira (28), em frente ao Banco Central do Brasil, manifestação para reivindicar melhorias na educação do país e o investimento de 10% do PIB na área. Além de Brasília, o protesto ocorreu em outras capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo e Cuiabá.
O protesto em Brasília, organizado pelo comando nacional de greve, reuniu mais de 200 pessoas, entre docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes. Eles reivindicam reajustes salariais, restruturação do plano de carreira, melhoria na infraestrutura das instituições, além de maior investimento na educação pública.
De acordo com Marinalva Oliveira, professora da Universidade Federal do Amapá (Unifap), o manifesto ocorreu em frente ao Banco Central do Brasil por simbolizar a política econômica do país. “O governo destina quase 50% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagamento dos juros da dívida externa, enquanto a educação fica com menos de 4%. Essa política orçamentária mostra que a prioridade do governo não é com a educação”, disse.
A professora ressaltou que, apesar da Comissão Especial de Educação da Câmara dos Deputados teraprovado 10% do PIB para o setor, na última terça-feira (26), o prazo para atingir esse percentual é até 2023.
O estudante de serviço social da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Brito, disse que as associações e sindicatos de educação não estão satisfeitos com o texto aprovado na Câmara. “Queremos 10% do PIB para educação pública e queremos já”, desabafou.
Marinalva Oliveria disse também que os docentes ainda não receberam nenhuma proposta do Governo Federal. "Já estamos paralisados há 42 dias. Mais de 100 mil professores participam do movimento, o que representa cerca de 95% da categoria, e o governo ainda não apresentou nenhuma proposta. Essa atitude mostra o descaso com a educação do país”.
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Mpog) informou que a pauta de reivindicações dos docentes e de outros 50 sindicatos que representam servidores públicos federais estão em análise. De acordo com o Mpog, as propostas de cada sindicato estão sendo analisadas separadamente. A expectativa é que o governo apresente proposta para todas até dia 31 de julho. O prazo final para responder a todas reivindicações é 31 de agosto, quando o Poder Executivo tem que encaminhar a Lei Orçamentária de 2013 para ser apreciada no Congresso Nacional.
Até agora, 56 das 59 universidades federais participam da greve, além de 33 dos 38 institutos federais, dois Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet) e o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) não soube informar quantos estudantes estão sendo afetados com a paralisação.

IBGE: 46% das pessoas com deficiência recebem até 1 salário


Cerca de 45,6 milhões de brasileiros têm pelo menos uma deficiência, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta-feira com base em dados colhidos em 2010. Entre as pessoas maiores de 10 anos que se declaram com deficiência e têm algum tipo de trabalho, 46,4% ganha no máximo um salário mínimo. Já entre a população sem qualquer deficiência, essa era a realidade de 37,1%, o que indica uma diferença de mais de 9 pontos percentuais entre os dois grupos.
Segundo a coordenadora do Comitê do Censo Demográfico do IBGE, Andréa Borges, o levantamento aponta que para corrigir essas distorções são necessárias políticas públicas mais fortes que incentivem essa parcela da população a aumentar seu grau de instrução, o que interfere diretamente nos níveis de rendimento.
"Os dados revelam que a maioria das pessoas que têm deficiência está concentrada em níveis de instrução e de rendimento muito baixos. Já existem políticas públicas nesse sentido, mas elas podem ser melhoradas para que haja maior incentivo para que essa parcela de brasileiros não pare de estudar ao concluir o ensino fundamental, mas que vá adiante. Enquanto 10,4% dos que não têm deficiência tem (ensino) superior completo, apenas 6,7% das pessoas com deficiência estão nesse patamar", ressaltou.
A situação é mais complicada para quem possui deficiência mental ou motora. De acordo com o levantamento, o maior percentual (cerca de 28%) tem renda entre meio e um salário mínimo. Além disso, o percentual de pessoas economicamente ativas com 10 ou mais anos é menor para deficientes mentais: 22% para homens e 16% para mulheres.
Entre os deficientes visuais, 63,7% dos homens 43,9% das mulheres têm vida economicamente ativa. A mesma diferença foi verificada pelo IBGE no nível de ocupação, que ficou em 17,4% para pessoas com deficiência mental e 48,4% para pessoas com deficiência visual. As pessoas com deficiência visual ou auditiva também ganham mais, concentrando-se na faixa de ganhos de um a dois salários mínimos, 29% e 28,4%, respectivamente.
O levantamento aponta ainda que, em 2010, a população ocupada com pelo uma das deficiências investigadas representava 23,6% (20,3 milhões) do total ocupado (86,3 milhões) no País. Além disso, mais da metade (53,8%) dos 44 milhões de pessoas com deficiência em idade ativa (10 anos ou mais) estava desocupada ou não era economicamente ativa.
Em relação ao total da população desocupada ou não economicamente ativa, que somava 75,6 milhões em 2010, as pessoas com deficiência representavam 31,3%. O documento constatou também que a maioria das pessoas com deficiência ocupadas era empregada com carteira assinada (40,2%), uma diferença de 9 pontos percentuais em relação à população sem nenhuma das deficiências investigadas (49,2%).
Com informações da Agência Brasil.

25.6.12

Plano Real atinge maioridade com novos desafios à frente no campo fiscal

Após 18 anos, estabilidade não é uma tarefa encerrada e a questão fiscal é desafio a ser enfrentado segundo um dos pais do Plano Real, o economista Pérsio Arida

Em 1º de julho de 1994, a população do Brasil vivia um misto de esperança e apreensão. Esperança com uma nova moeda, o real, que entraria em vigor naquela data, lastreada em mais um plano econômico com a promessa de estabilizar o sistema financeiro do País e derrotar de vez o dragão da inflação que ganhava cada vez mais força e havia chegado a 2.400% um ano antes.
A apreensão ficava por conta do receio de que o Plano Real não pudesse cumprir o estabelecido, a exemplo de outras tentativas, como o Plano Cruzado, lançado logo após o fim do regime militar.
Na próxima semana, o real completa 18 anos desde seu lançamento com um saldo bastante significativo. O plano, gestado quase uma década antes com base em estudos elaborados pelos economistas Pérsio Arida e André Lara Resende, e que depois ficou conhecido também como plano “Larida”, trouxe para o Brasil estabilidade econômica e pôs fim ao processo inflacionário que corroía o poder de compra da população.
Após a entrada em vigor do real como moeda, o País trocou uma inflação de cerca de 4% ao dia para algo próximo disso, mas com a diferença de que essa passou a ser a taxa anual.
 
O presidente da República Itamar Franco lançou oficialmente o real, em 1º de julho de 1994 em agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília, ao lado do então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero
Desde a década de 1980, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulava em um período de 12 meses taxas na casa dos 100%. Mas os mecanismos de indexação adotados à época na tentativa de, por exemplo, repor parte da inflação sobre os salários e manter um pouco do poder de compra da população pioravam ainda mais a situação com repasses automáticos para os preços e contribuindo para consolidar a cultura da inflação nas pessoas.
Essa alta generalizada e descontrolada dos preços cujo efeito é a desvalorização da moeda, atuava como um fator de empobrecimento da maioria das pessoas. Apenas uma pequena parcela da população conseguia buscar algum tipo de proteção depositando as suas reservas financeiras nos bancos para tentar reduzir parte das perdas com a desvalorização da moeda na época.
Nos três últimos meses que antecederam o lançamento do Plano Real, a inflação mensal foi de 42,68% em abril de 1994, 44,03% em maio daquele ano, e de 47,43% em junho. Encerrando o primeiro mês com a nova moeda já em vigor, a inflação foi de 6,84% e atingiu 1,86% em agosto daquele ano.
Quando comparado ao IPCA fechado de 1993, ano anterior à adoção do real, período em que a inflação atingiu incríveis 2.477,15%, o acumulado em 12 meses até maio deste ano, que aponta uma variação de 4,99% segundo o IBGE, é um claro termômetro de como a economia do País mudou nesses 18 anos de estabilização.
Tomando-se a média de cinco índices de inflação publicados por diferentes institutos de pesquisa, a taxa de inflação acumulada havia chegado a 758,59% no primeiro semestre de 1994. Esse dado representou uma inflação média mensal de 43,1%, equivalente a uma taxa anual de 7.271,84%. No segundo semestre de 1994 a taxa de inflação acumulada foi de 18,72%, com uma média mensal de 2,9%.
Mas apesar dos muitos avanços, Arida, um dos pais do Plano Real e ex-presidente do Banco Central, afirma que a estabilidade não é uma tarefa encerrada, mesmo após dezoito anos do Plano Real, e que a taxa de juros elevada no Brasil ainda é resultado da desconfiança da sociedade com a inconsistência fiscal no País.
Segundo Arida, a busca por uma melhora na questão fiscal está entre os principais desafios do atual momento, exemplificando que a carga tributária aumentou de 25% do PIB, na época do Plano Real, para 37% do PIB nos dias de hoje.
No campo fiscal, a queda abrupta da inflação no início do Plano Real provocou um nítido alívio para o equilíbrio das contas públicas. A receita líquida do Governo Federal aumentou 11,5% em 1994, trazendo a arrecadação para o valor de US$ 63,2 bilhões naquele ano. Em 1993, um ano antes do plano, essa receita havia sido de US$ 56,7 bilhões.
O plano de estabilização
Além da estabilização da economia e do combate à inflação, o Plano Real pretendia estabelecer um novo padrão monetário que passasse confiança à população. O real entrou em vigor após uma sucessão de moedas adotadas sem sucesso no Brasil.
Desde 1942 foram feitas diversas reformas econômicas que culminaram com a adoação de seis novas moedas: cruzeiro novo, em 1967, cruzeiro em 1970, cruzado em 1986, cruzado novo em 1989, cruzeiro novamente em 1990 e cruzeiro real em 1993, que antecedeu a adocação do real em 1994. A inflação acumulada de 1967 até 1994 foi de aproximadamente 1.142.332.741.811.850% tendo como base o IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas.
Antes da entrada em vigor da nova moeda, em 28 de fevereiro de 1994, teve início a publicação dos valores diários da Unidade Real de Valor (URV) pelo Banco Central. A URV serviria como moeda escritural e conviveu em paralelo com o cruzeiro real para todas as transações econômicas, com conversão obrigatória de valores, dando início a um processo de desindexação da economia sem o qual o novo plano correria o risco de naufragrar como seus antecessores.
A partir de 1º de março de 1994, passou a vigorar o Fundo Social de Emergência (FSE) considerado essencial para o êxito do plano. Por meio de uma emenda, o Governo desvinculou as verbas do orçamento da União, direcionando os recursos para o fundo, que daria ao poder público margem para remanejar ou cortar gastos supérfluos. Os gastos do governo contribuíam para a alimentar a hiperinflação, uma vez que a máquina do Estado brasileiro era grande, dispendiosa e ávida por recursos.
Em 1º de julho de 1994, com o lançamento da nova moeda, o real, toda a base monetária do País foi trocada de acordo com a paridade estabelecida de CR$ 2.750,00 para cada R$ 1,00.
Com a inflação debelada, o ganho proporcionado para a população incentivou o consumo, principalmente de alimentos com maior valor agregado, como foi o caso do iogurte, carnes de cortes mais nobres e o frango dessossado, que virou um dos símbolos dos novos tempos na economia com o real.
Globalização, crises e as fragilidades expostas
Dada à globalização da economia mundial, o real enfrentou logo na largada graves crises como a do México em 1995, a Asiática entre 1997 e 1998 e a da Rússia em 1998. Em todas as ocasiões, o Brasil foi afetado diretamente. O País necessitava de recursos, investimentos e financiamentos estrangeiros. Grandes somas de dinheiro deixaram o Brasil em cada um desses momentos devido ao medo que os grandes investidores tinham com os ainda incipientes mercados emergentes.
Como lembra Arida, somente em 1995, três bancos tiveram que ser socorridos pelo Governo devido a problemas financeiros. Foram os casos do Banco Econômico, do Banco Nacional e do Bamerindus que foram saneados com recursos do Proer, programa criado para evitar uma quebradeira geral no sistema financeiro, e depois repassados a outras instituições financeiras. “Durante o período de inflação alta, essas distorções eram mascaradas”, diz Arida. “Com o fim desse período, após a adoção do real, as ineficiências do sistema financeiro vieram à tona naquele momento de maior fragilidade”, acrescenta.
Ao menor indício de crise em qualquer um desses países, uma massa de investidores corria para buscar refúgio em moedas fortes, como o dólar americano
Outros aproveitavam esses movimentos para especular fortemente contra as moedas dos emergentes, na intenção de obter grandes lucros em curto espaço de tempo, esvaziando as reservas em moeda estrangeira. Isso contaminava negativamente as contas de diversos países, causando um efeito cascata globalizado.
Conforme lembra Arida, para tentar conter o ataque especulativo ao real, o Banco Central recorreu naquela época às reservas internacionais, que eram de US$ 30 bilhões e que em três dias acabaram. Hoje o colchão de proteção da economia conta com mais de US$ 350 bilhões em reservas depositadas no BC.
Como essas crises deixavam o Brasil sem meios de financiar seu plano de estabilização, o governo era obrigado a aumentar a taxa básica de juros, a Selic, para remunerar melhor esses capitais externos, numa tentativa de impedí-los de abandonar o País. O objetivo era evitar uma quebra generalizada que empurrasse o Brasil a uma moratória externa.
Após essa sucessão de ataques, em janeiro de 1999 o Banco Central, sob o comando de Gustavo Franco, outro dos formuladores do plano de estabilização, promoveu a maxidesvalorização cambial para tentar evitar uma fuga maciça de capital estrangeiro que poderia acabar com a estabilidade da economia.
Na avaliação de Franco, a estabilidade e a longevidade do real não são fruto apenas da arquitetura incial do plano, mas também do esforço e da essência do mandato do Banco Central. “Houve um aperfeiçoamento instituicional com outra percepção e a adoção de outras linguagens em termos de política econômica.”
Outras crises menores, apesar de não prejudicarem tanto o processo de controle da inflação do Brasil, que já estava consolidado, trouxeram efeitos negativos na taxa de crescimento. Os ataques terroristas nos Estados Unidos, em setembro de 2001, a Crise da Argentina, em dezembro de 2001, a crise eleitoral de 2002 e o apagão de energia ajudaram a derrubar a taxa anualizada de crescimento do PIB naquele momento.
Recentemente, a crise bancária e das hipotecas no fim de 2008 nos Estados Unidos,seguida pela crise do endividamento nos países da zona do euro foram os desafios mais recentes para o programa de estabilização do Brasil. Mas a cada crise, com o passar do anos, esses efeitos foram cada vez mais diuídos devido à base econômica construída no passado por meio dos erros e dos acertos em termos de políticas econômicas e monetárias.

Fonte: http://economia.ig.com.br/2012-06-22/plano-real-atinge-maioridade-com-novos-desafios-a-frente-no-campo-fiscal.html

20.6.12

Economista prevê que Grécia entrará em moratória

Em entrevista à Carta Maior, o economista grego Costas Lapavitsas, professor na Universidade de Londres, analisa a situação da Grécia e da zona do euro após a vitória dos conservadores na eleição de domingo. Lapavitsas acredita que Antonio Samaras até pode conseguir formar uma coalizão de governo, mas prevê que ela não vai durar muito. "Samaras e a Nova Democracia estão comprometidos com um programa de austeridade que impede o crescimento e sem crescimento não há saída para a crise", diz. A reportagem é de Marcelo Justo, direto de Londres.

Atenas - A vitória da Nova Democracia foi recebida por um quase audível suspiro de alívio na eurozona e em muitas capitais do mundo. Nos mercados a calma durou muito pouco. A escassa perspectiva de crescimento da eurozona e a debilidade de alguns de seus membros provocaram novas preocupações. A taxa de juro dos títulos de dez anos da Espanha superou o limite de 7% o que, segundo os analistas, torna insustentável a dívida, tal como ocorreu nos casos da Grécia, Irlanda e Portugal. Carta Maior conversou com o economista grego Costas Lapavitsas, autor de “Crisis in the eurozone” e professor de SOAS, Universidade de Londres, que analisou a situação da Grécia e da zona do euro.

A vitória de Antonio Samaras é um respiro para a eurozona, mas dá a impressão que não vai durar muito.

Creio que Samaras poderá formar a coalizão que necessita, mas ela vai durar muito pouco por três razões. Em nível econômico porque Samaras e a Nova Democracia estão comprometidos com o memorando e um programa de austeridade que está impedindo o crescimento e sem crescimento não há saída para a crise econômica. A situação é desesperadora apesar de que sequer se começou a implementar o último programa de austeridade. A segunda razão é política. A coalizão será formada com os mesmos personagens que levaram o país à ruína com suas práticas politiqueiras e seus arranjos. E a terceira razão é que há uma oposição organizada que, embora possa mostrar certa tolerância no início, muito rapidamente deixará clara sua oposição à política de austeridade que o novo governo implementará.

No entanto, o próprio Samaras falou da necessidade de rediscutir os acordos com a Troika e agora a Alemanha insinuou que poderia ocorrer uma certa flexibilização dos termos do acordo. Isso não poderia solucionar estes problemas que você acaba de mencionar?

O discurso de Samaras e de outros políticos pró-austeridade deveu-se ao fato de que estavam em campanha e necessitavam dizer isso para ganhar votos. Mas o certo é que vão adotar as políticas com as quais se comprometeram no memorando. Quanto à flexibilização das condições, seriam mudanças cosméticas que não variarão nem um pouco a essência do acordo. É possível que ofereçam uma extensão do período no qual a Grécia deve alcançar um superávit primário, ou seja, antes de considerar o pagamento da dívida. Em tese era para 2014. Pode ser que estiquem um pouco esse prazo, mas isso não vai solucionar nada. Hoje o déficit está entre 1% e 2% do PIB, mas já se vê que nos últimos meses a arrecadação de impostos despencou, em parte pelas eleições, em parte pela queda da atividade econômica. A crise é demasiado profunda para que seja resolvida com alguns retoques.

Se é assim, estamos falando de uma saída da Grécia do euro este ano. Dado que a Grécia importa todo o petróleo e os medicamentos que consome e cerca de 40% de seus alimentos, se tiver que pagar tudo isso com uma moeda de menor valor como o dracma, a situação parece sombria.

O resultado destas eleições implica que a Grécia vai entrar em situação de moratória. As estratégias de austeridade aplicadas desde 2010 não tem funcionado e não há razão para pensar que possam funcionar agora. Será um fracasso, haverá uma forte desestabilização política e calculo que, inevitavelmente, a Syriza terminará chegando ao poder. Eu ficaria surpreso se a Grécia ainda estiver no euro no final do ano. Não resta dúvida que uma saída do euro e a moratória serão muito problemáticas, mas não mais do que a situação atual da qual não se vê nenhuma saída.

Segundo alguns analistas, a saída do euro para melhorar a competitividade não servirá porque a Grécia não tem um setor exportador forte para sair da crise.

Compara-se muito a Grécia com a Argentina e se diz que esta última solucionou seus problemas graças ao preço da soja. Mas eu não penso que a Argentina resolveu seus problemas graças à soja. A soja ajudou, não resta dúvida, mas houve uma política de dinamização do mercado interno e a estrutura produtiva foi fundamental. O que a Grécia precisa agora é precisamente isso: recuperar sua capacidade produtiva. A Grécia é capaz de exportar. O setor exportador andou bastante bem nos últimos dois anos. O que precisamos agora é sair dessa união monetária e impulsionar uma política industrial para recuperar o que tínhamos antes do euro.

A estratégia da elite com o euro foi conseguir uma estabilidade monetária e passar a viver dos serviços. Isso não funcionou. É preciso esquecer a ideia de que necessitamos de capital estrangeiro para nos desenvolver. Pensar que, se fizermos bem os deveres de casa, os mercados nos premiarão e virão os investimentos de que precisamos para crescer é um mito. Os fundos virão de nossa economia doméstica. A Grécia tem que mobilizar seu capital interno, sua capacidade produtiva. Isso nos fará crescer.

Como você acredita que a situação grega vai afetar a Espanha e outros países da eurozona?
Esta eleição não mudou muito as coisas. Se a Syriza tivesse vencido o impacto teria sido muito grande. A Espanha, durante muito tempo, acreditou que não era parte dos países periféricos do euro. Agora está se dando conta de que é sim. Hoje é o ponto real de debilidade do euro. A situação é francamente crítica, em certo sentido mais grave do que a grega.

A cúpula do G20 que se reúne hoje e amanhã pode fazer alguma coisa?

Pode oferecer belas palavras, mas nada mais. Este é um problema muito grave, muito profundo, que precisará de muitos anos para ser resolvido, muitos recursos e uma perspectiva diferente para a economia. Para que a eurozona funcione, será preciso recriá-la sobre uma base completamente diferente. O G-20 não pode fazer nada para avançar por este caminho.


Fonte http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20383

18.6.12

Energia solar não é viável economicamente no Brasil, diz Ministério

RIO - O secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho, afirmou hoje que a energia solar ainda não é viável economicamente. Segundo ele, a resolução aprovada recentemente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que permite ao consumidor instalar painéis solares em sua residência e descontar a energia produzida por eles na sua conta de luz, não tem condições de estimular a indústria solar no Brasil, devido ao custo elevado dos equipamentos.
“O Brasil tem opções mais baratas do que a energia solar. [A resolução] não vai trazer indústrias e a tecnologia para cá. A viabilidade econômica não se justifica. Seremos meros importadores de painéis solares da China”, afirmou o secretário, durante o seminário “Setor Elétrico Brasileiro e Sustentabilidade”, evento paralelo da Rio+20, no Rio de Janeiro.
Segundo ele, o consumidor que quiser instalar esse tipo de equipamento em sua casa terá um gasto entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no entanto, existem hoje regiões no país em que a energia solar já é economicamente viável. Neste mês, a estatal entregou ao ministério um estudo relacionado ao tema.

Belo Monte
O seminário reuniu dois importantes protagonistas relacionados à usina hidrelétrica de Belo Monte, em construção no rio Xingu, no Pará: o próprio secretário do ministério, tradicional defensor do projeto, e Felício Pontes, procurador do Ministério Público Federal no Pará, crítico ferrenho do empreendimento.
Segundo Pontes, o governo deveria repensar o modelo de desenvolvimento energético baseado na hidroeletricidade. “Devemos repensar esse modelo [...] de que 75% da energia produzida vem da água. E o governo quer aumentar para mais de 80%. Lembro que o apagão [em novembro de 2009] ocorreu porque toda a geração estava baseada na energia hídrica. [...] Energia hidrelétrica é suja e cara”, afirmou.
O procurador disse que, apesar de o desmatamento direto provocado por Belo Monte ser de 500 km², o desmatamento indireto será de 5,3 mil km². “Esse dado é importantíssimo porque quebra o discurso do governo de que o desmatamento será pequeno [...] Esse desmatamento indireto só será evitado se houver fiscalização ativa. Vamos ter isso?”
Segundo o secretário do MME, Belo Monte é uma usina “pequena” considerando todo o contexto brasileiro. “É uma usina a fio d’água [sem reservatório de acumulação], com um lago pequeno e longe da zona urbana”, disse.

Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/2718374/energia-solar-nao-e-viavel-economicamente-no-brasil-diz-ministerio

11.6.12

Governos não chegam a acordo e frutas argentinas apodrecem na fronteira


Produtores do país vizinho contradizem versão brasileira sobre bloqueio, que diz barrar maçãs por problemas sanitários



Gabriela Borges
Funcionários da Cervi, no Alto Valle: 63% das maçãs importadas que os brasileiros consomem são argentinas
Uma comissão do governo brasileiro esteve em Buenos Aires na última sexta-feira (8) para uma reunião com o secretario de Comercio Interior da Argentina, Guillermo Moreno. A expectativa era de que fossem solucionados os problemas de importação e exportação entre os dois países – que a Argentina atenuasse as restrições aos produtos brasileiros e o Brasil voltasse atrás com as represálias ao país vizinho. Além de ter terminado sem acordo, o encontro fez surgir informações contraditórias sobre a disputa comercial.
Benedito Rosa, diretor do Ministério de Agricultura, Pesca e Abastecimento (MAPA) brasileiro, afirma que a decisão de barrar a maçã argentina não tem a ver com as polêmicas decisões do governo Kirchner. “Existe um problema fito sanitário. Detectamos a presença de Cydia pomonella, que precisa de inspeção correta, seja qual for o cenário conjuntural do comércio”, diz. A medida que fez a fruta perder a licença automática de importação foi publicada no Diário Oficial da União na sexta-feira, para “reduzir riscos de introdução de praga com potencial de gerar prejuízos econômicos ao Brasil”.

Gabriela Borges
Plantação de maçãs da Kleppe: perdas chegam a US$ 2 milhões por dia, dizem produtores
Mas a Câmara Argentina de Fruticultores Integrados (CAFI) argentina afirma que não recebeu nenhuma notificação oficial nesse sentido e que, até então, trabalhava com a versão de que a maçã, a pera e o marmelo tiveram as licenças suspensas pelos embates comerciais.

Há um mês, o Brasil colocou dez produtos perecíveis argentinos sob o sistema de licença prévia de importação: maçã, queijo, azeitona, vinho, farinha de trigo, uva passa, chocolates, azeite, doces e batata pré-cozida. Até agora, nada havia sido dito sobre riscos sanitários, afirmam os agricultores. No caso das maçãs, várias empresas importadoras brasileiras já haviam feito pedidos e os caminhões estavam na estrada. Quando chegaram à fronteira, foram surpreendidos com a notícia de que deveriam ter uma autorização para entrar no país – o que ninguém tinha.
Diversas empresas têm toneladas de maçãs paradas na fronteira há um mês. As perdas chegam a US$ 2 milhões por dia, dizem os produtores. Nos galpões de embalagem, que dependem dos pedidos de compra para que as maçãs saiam da refrigeração e possam ser colocadas nas caixas, há pouca gente trabalhando. Segundo um membro de uma das cooperativas locais, a falta de emprego e as incertezas para os próximos meses geram pânico entre os trabalhadores.
A reportagem do iG foi à região de Alto Valle, na Patagônia argentina, onde são produzidas 100% das maçãs para exportação do país, que tem no Brasil um enorme volume de clientes diretos. Na temporada que antecede a colheita, em março, a região sofreu com o granizo. As geadas danificaram parte da produção e resultaram em queda de 30% nas vendas do primeiro semestre, normalmente destinadas ao hemisfério norte. Era esperada com otimismo a venda da parte armazenada ao Brasil, principal comprador no segundo semestre – 63% das maçãs importadas que os brasileiros consomem são argentinas.
“A restrição nos trouxe problemas, assim como aos nossos clientes no Brasil. Eles vão ter menos tempo para vender o produto, que pode chegar com uma qualidade mais baixa ao consumidor. Há muitas empresas brasileiras que têm as vendas estruturadas contando com as maçãs argentinas”, diz Oscar Martin, presidente da CAFI.


Gabriela Borges
"Seria desastroso se chegasse às peras", diz produtor; um dia depois, frutas são incluídas no bloqueio
Parte das frutas não vendidas ao Brasil será direcionada ao mercado local, que pode ter uma sobreoferta e queda nos preços. O iG esteve na região dois dias antes da publicação no Diário Oficial, quando as peras ainda não haviam sido barradas. “Seria desastroso se isso chegasse às peras. Estamos com a corda no pescoço”, disse Pablo Kleppe, diretor da empresa fundada pelo avô há quase 80 anos. No dia seguinte à declaração, as peras foram incluídas no bloqueio.
As licenças de importação sempre existiram no caso das maçãs argentinas importadas pelo Brasil, mas eram automáticas e em poucas horas um pedido podia ser liberado. Agora, podem levar até 60 dias. Um mês após o bloqueio, nenhuma autorização havia sido concedida, com exceção de dois caminhões puderam passar devido a recursos que importadores brasileiros conseguiram na justiça. “A Argentina e o Brasil tinham que se complementar e não brigar”, diz Jorge Cervi, diretor da Cervi, uma das marcas de maçã mais vendidas ao Brasil.

Por outro lado, carregamentos de maçãs vindas do Chile, membro indireto do Mercosul, entram no Brasil todos os dias. “Estamos terrivelmente prejudicados e o Chile, absurdamente beneficiado. Éramos sócios e hoje parece que somos inimigos. Enquanto isso, perdemos produtos perecíveis”, completa o presidente da CAFI. “Esse é um dos setores mais atingidos pelas barreiras às importações”, analisa Alejandro Ovando, economista da IES Consultores. Em valores, as perdas já chegam a 24,2% em relação às exportações de 2011.
A Argentina é a maior exportadora de peras do Hemisfério Sul e a quinta maior produtora de maçãs do mundo. São vendidas ao exterior 460 mil toneladas de peras e 230 mil toneladas de maçãs anualmente (100 delas ao Brasil, seu maior comprador), o que gera cerca de US$ 50 milhões ao país. É um dos principais negócios agrícolas argentinos.
A região de Alto Valle, nas províncias de Río Negro e Neuquén, tem 500 mil habitantes e boa parte de sua economia gira em torno da fruticultura, que representa metade das exportações de frutas frescas no país. São 2.500 produtores locais, 300 estabelecimentos de armazenamento e embalagem, 220 frigoríficos e 11 fábricas de suco concentrado. A maioria desses produtores está na terceira geração de famílias de imigrantes italianos e espanhóis, que se organizam em cooperativas e associações para controlar desde a produção até a logística.

Gabriela Borges
Só na região do Valle, frutas geram 50 mil postos de trabalhos diretos e 15 mil indiretos
Toda essa estrutura gera cerca de 50 mil postos de trabalhos diretos e 15 mil indiretos. Segundo a CAFI, a fruticultura demanda quarenta postos de trabalho a cada milhão de dólar faturado – com o petróleo produzido na região, esse número cai para cinco. Em cada hectare de cultivo de maçãs, um posto de trabalho direto é gerado, cerca de 70 vezes mais do que a soja. “Esse tipo de cultivo é grande gerador de mão de obra. É uma vergonha que embates políticos prejudiquem esses produtores”, diz Cervi. “Estamos quase implorando para que a situação seja resolvida logo”, afirma.
Alessandro Teixeira, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, diz que na reunião de sexta-feira não se chegou a um acordo, mas que os dois governos estão analisando cada caso. “Essa foi a primeira reunião que tivemos na nova estrutura do governo argentino”, disse, sobre as negociações agora serem feitas diretamente com o polêmico Guillermo Moreno, a quem definiu como sincero, objetivo, direto e claro. “O que queremos é que essa tendência (de queda do fluxo comercial) diminua e a gente fortaleça o comércio regional”, afirma.
As restrições brasileiras começaram quando governo argentino passou a aplicar um sistema de controle que dificulta as compras no exterior, a DJAI, Declaração Jurada Antecipada de Importação. O objetivo era incentivar a produção local argentina. Entre os principais produtos brasileiros barrados estão calçados, com cerca de dois milhões de pares parados na alfândega, enlatados, autopeças e doces.
A tensão comercial chegou ao auge no começo de maio, quando a Argentina uniu à lista de produtos a carne de porco brasileira. A barreira teve seu fim anunciado pelo governo de Cristina Kirchner, com restrições. Mas a entrada está sendo liberada com lentidão. Como consequência, desde o começo do ano as autoridades brasileiras estão dificultando a entrada de alguns produtos importados e também suspenderem licenças automáticas.
Segundo o jornal Clarín, o total de produtos argentinos que precisam de autorizações prévias já representa 70% das exportações do país ao mercado brasileiro. Por outro lado, de acordo com dados da consultoria econômica Abeceb, as exportações brasileiras à Argentina caíram mais de 16% em maio em comparação ao mesmo período 2011. A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial brasileiro, depois da China e dos Estados Unidos. O Brasil é o principal comprador de produtos argentinos. Na imprensa portenha, há quem sugira que os dois países frequentem uma terapia de casal para resolver os problemas da relação.

Fonte: http://economia.ig.com.br/criseeconomica/2012-06-11/italia-confirma-recessao-apos-contracao-do-pib-de-08-no-1-trimestre.html

4.6.12

Desaceleração econômica estoura 'bolha' de entusiasmo com o Brasil no exterior


Manifestantes no Rio de Janeiro. | Foto: AP
Custo Brasil gera preocupação com a estabilidade econômica do país
A desaceleração da economia brasileira estourou o que muitos analistas acreditam ter sido uma "bolha" de entusiasmo pelo Brasil no exterior.
Esse ritmo mais lento da economia brasileira foi confirmado nesta sexta-feira com a divulgação dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) pelo IBGE. Segundo os números, no primeiro trimestre deste ano, o Brasil cresceu apenas 0,2% em relação aos três últimos meses de 2011.
Na segunda metade dos anos 2000, quando o Brasil ganhou a preferência de investidores estrangeiros, os holofotes da mídia internacional e, de quebra, o direito de sediar uma Olimpíada e uma Copa do Mundo, o termo "Brasilmania" passou a ser usado para referir-se ao crescente interesse internacional pelo país.
Agora, não só o fenômeno parece estar perdendo força como já há especialistas denunciando "exagero" nas análises negativas sobre a economia brasileira.
Um desses analistas é Jim O'Neill, economista do Goldman Sachs conhecido por criar o termo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China)."Os mercados financeiros costumam ir de um extremo a outro quando suas expectativas sobre um país não são confirmadas", disse O'Neill à BBC Brasil.
"As previsões para o crescimento brasileiro eram muito elevadas, principalmente depois da alta de 7,5% do PIB em 2010, e ajustes eram necessários. Mas agora há análises que estão exagerando problemas e riscos para o Brasil."

Exagero

Richard Lapper, diretor do Brazil Confidential, o serviço de análises sobre o Brasil do jornal britânico Financial Times, concorda. "No mercado, o clima é de que a festa brasileira acabou", relata Lapper. "É como se de repente alguns analistas tivessem descoberto que o Brasil tem problemas."
Entre os "exageros" segundo Lapper, estariam a análise de Ruchir Sharma, do Morgan Stanley, que defendeu, na revista Foreign Affairs, que da mesma forma como o Brasil subiu com os preços das commodities, pode cair com uma eventual desvalorização dos mesmos provocada pela desaceleração da economia chinesa.
Nouriel Roubini, economista conhecido por prever o colapso do mercado imobiliário americano, também voltou de uma viagem pelos Brics, em fevereiro, recomendando um "choque de realidade" em relação ao Brasil.
Nota de dez reais. | Foto: BBC
Desaceleração brasileira assustaria investidores de curto prazo, segundo especialistas
Para Neil Shearing, da consultoria Capital Economics, em Londres, um dos analistas "decepcionados" com o Brasil, o problema é que o crescimento brasileiro ficou atrás não só dos outros Brics, mas também de outros latino-americanos, como o México: "Havia uma bolha de entusiasmo pelo Brasil - e agora ela estourou", diz.

Cobertura negativa

A mudança nas percepções em relação ao Brasil é evidente no tom da cobertura sobre o país em alguns veículos da imprensa internacional.
Em um artigo recente para a Foreign Policy, por exemplo, o escritor e jornalista Bill Hinchberger defendeu que o crescimento de 2,7% do PIB em 2011, fez o Brasil "acordar em uma quarta-feira de cinzas" de ressaca da euforia do crescimento da década passada. "O carnaval acabou", anunciou Hichberger.
No fim de 2009, uma capa da revista britânica The Economist trazia o Cristo Redentor alçando voo nos céus do Rio de Janeiro. "O Brasil decola", anunciava. No mês passado, a mesma revista ilustrava um artigo sobre as "fraquezas" da economia brasileira com uma imagem bem menos grandiosa: um boi debatendo-se para tentar sair de um pântano.
As incertezas em relação ao Brasil são alimentadas tanto por fatores internos quanto externos.
Além de o país estar crescendo menos que outros emergentes, há preocupações com as baixas taxas de poupança e investimento, o chamado Custo Brasil (excesso de burocracia, déficit de infraestrutura, etc) e a relativa falta de crescimento na produtividade da indústria.
Como escreveu Marcos Troyjo, da Universidade de Columbia, em um artigo para a BBC Brasil, apesar de a Brasilmania ter feito muitos acreditarem que o PIB do Brasil "estava destinado a um ascensão irresistível e sem escalas", o país não aumentou muito sua fatia da economia global na última década e só consegui tornar-se a sexta economia do mundo por causa do real valorizado.
"É um país que desperta carinho, mas não respeito."
Simon Anholt, consultor britânico
No plano internacional, o foco das preocupações hoje são as incertezas sobre a zona do euro e a as perspectivas de um desaquecimento da China – cenário que levaria a uma redução das exportações brasileiras e desvalorização das commodities.
Para Lapper esses fatores e a desaceleração brasileira podem assustar investidores de curto prazo, mas para os de médio e longo prazo as perspectivas ainda são muito boas. "O mercado consumidor do país é forte e setores como agronegócio, gás e petróleo continuarão a oferecer ótimas oportunidades de negócio."

Imagem

Ainda não está claro quanto esse ajuste de expectativas sobre a economia brasileira no mercado e imprensa internacionais pode alterar a imagem do país com a opinião pública em geral em países estrangeiros.
O consultor britânico Simon Anholt, que faz um ranking com as nações mais admiradas do globo diz que as mudanças ocorrem lentamente nessa área e nem sempre acompanham questões ligadas a desempenho econômico.
"O Brasil era em 2011 o único país em desenvolvimento entre os 20 mais admirados", explica. "Mas curiosamente a sua imagem mudou pouco mesmo nos anos de bonança, estando fundamentalmente ligada a chavões como futebol e carnaval. É um país que desperta carinho, mas não respeito."

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120530_brasilmania_ru.shtml

1.6.12

Botaram na conta das bebidas


O setor de bebidas não escapou de pagar a conta da desoneração fiscal anunciada em abril pelo governo federal. Na época do anúncio da redução de impostos de alguns grupos afetados pela concorrência externa, a equipe econômica avisou que buscaria a compensação com mais tributos sobre cigarros e bebidas. A medida tardou, mas foi anunciada sem mudanças em relação à proposta apresentada pela Receita Federal ao setor em abril. Para decepção dos empresários, que vinham participando de reuniões em Brasília na expectativa de amenizar a fome do leão.
Decreto publicado na quinta-feira 31 determina que, a partir de outubro, as bebidas frias (água, cerveja, refrigerante, energéticos e isotônicos) terão aumento de 27% nos impostos federais, entre eles o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/Pasep e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Como resultado da nova carga tributária, o governo abocanhará 495 milhões de reais a mais em 2012 e 2,97 bilhões em 2013.
A alta da arrecadação ocorrerá em duas frentes. Uma com a atualização do preço de referência dos produtos, coletados nos pontos de vendas. Outra com o aumento de 25% nos multiplicadores, que são os percentuais do preço de referência sobre o qual efetivamente incidem os impostos, uma aproximação do que seria o preço da mercadoria na fábrica, fora o custo dos distribuidores, atacado e varejo. Os multiplicadores variam de acordo com o produto e a embalagem.
Apenas as garrafas PET ficaram de fora dessa mudança. Como exemplo do que ocorrerá, no caso da cerveja vendida em lata, o multiplicador que hoje é de 40% chegará a 50% em outubro de 2013. O aumento será dividido em dois anos. E outubro não foi escolhido por acaso. É o mês de início de alta temporada das vendas das bebidas frias, que dura até abril. No auge, em dezembro, as vendas chegam a ser o dobro do comercializado nos meses de junho.
Por essa mesma razão, outubro também será o mês de atualização anual da tabela de preços de bebidas. Desde a entrada em vigor do regime especial de tributação das bebidas frias, em 2008, não havia uma definição de quando a atualização devia ser feita. Dessa forma, a tabela de preços foi atualizada apenas duas vezes: em 2009, com aumento de 15% dos impostos, e em março do ano passado, com 17%.
As empresas de cerveja avisaram que a conta será repassada para o consumidor, e que os investimentos – de até 7,9 bilhões de reais este ano – serão revistos diante do possível esfriamento do mercado com os preços mais altos. “Temos um estudo mostrando que os multiplicadores utilizados estavam dentro da realidade. A indústria será penalizada por essa mudança”, diz Paulo Macedo, diretor da Associação Nacional da Indústria da Cerveja (CervBrasil). A Receita Federal calcula que o repasse integral aos preços finais resultará num impacto médio de 2,85% para o consumidor.
Enquanto o subsecretário de Tributação e Contencioso da Receita Federal, Sandro Serpa, diz que a carga tributária da indústria de bebidas estava abaixo da de outros setores da economia, as empresas reclamam que são sobretaxadas. Segundo a CervBrasil, os impostos representariam hoje 38,9% do custo da cerveja, na lista das dez mais elevadas cargas tributárias setoriais do mundo.
Mas nem só de má notícia vive a indústria de bebidas. Os pequenos fabricantes de refrigerantes, hoje 19% do mercado nacional, comemoraram a redução da alíquota do IPI na fabricação de concentrados. O incentivo tirará a vantagem hoje das grandes empresas quem produzem no polo industrial de Manaus, já que estende para todos a redução do imposto. A alíquota passará dos 27% atuais para 17% em outubro deste ano, e para 10% em outubro do ano que vem. “O problema do setor de bebidas não é o mercado externo, e sim a concorrência interna, onde as pequenas têm condições menos incentivadas de produção que as grandes”, diz Fernando Rodrigues de Barros, presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras).
Outros produtos
Com o mesmo decreto publicado na quinta-feira 31, a Receita Federal elevou para 35% a alíquota do IPI para alguns tipos de motocicletas, de aparelhos de ar-condicionado e de microoondas. Ficaram de fora apenas os produtos fabricados na Zona Franca de Manaus, que representam 90% da produção nacional. Por isso, o subsecretário Serpa diz que a indústria nacional não será atingida pelos aumentos. A medida unificou as alíquotas, que eram 20% para aparelhos de ar-condicionado, 30% para micro-ondas e 15% para motos de até 50 cilindradas. Acima dessa motorização, recolhiam 25%. As motos fabricadas em Manaus continuam com alíquota de 20%.

Entidades comemoram, mas fazem novos alertas


indicatos e empresas comemoraram, na quarta-feira 30, a decisão do Copom de baixar os juros para 8,5% ao ano, menor patamar desde a criação da Selic, em 1986. Houve ressalvas, no entanto, como a manifestada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em nota: “A queda nos juros e o equilíbrio cambial são positivos, mas não podem ser as únicas iniciativas em prol da competitividade brasileira”.
O BC reduziu os juros: entidades comemoram, mas exigem mais avanços. Foto: Ayrton Vignola/AE
“Produzir no Brasil é mais caro do que nos Estados Unidos, em muitos países da Europa e nos nossos vizinhos da América do Sul”, diz a nota assinada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Entre as medidas propostas pela federação está a redução da carga tributária, do custo da energia, do preço do gás, e da burocracia.
Para a Força Sindical, a diminuição da taxa básica de juros é “um incentivo para a economia que cresce em ritmo muito lento”.
De acordo com o presidente em exercício da entidade, Miguel Torres, “a redução, que ocorre pela sétima vez seguida, é também um alento para a fraqueza industrial do país, que vem mostrando dificuldades em apresentar sinais consistentes de crescimento”, disse.
Torres defende que os juros continuem caindo para combater a “especulação, que é um mecanismo perverso que inibe a produção, o consumo e a geração de novos postos de trabalho”.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) avaliou como um avanço o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, mas cobrou do governo medidas para garantir também a redução dos valores cobrados pelos empréstimos. “Embora todos os grandes bancos, pressionados pelo governo, tenham anunciado reduções nas taxas de juros, e usem isso até em suas campanhas de marketing, a verdade é que o crédito mais barato não chegou à ponta, ao consumidor”, diz o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro.
Segundo Cordeiro, os bancos têm diminuído os juros apenas para poucas modalidades de financiamento. “As reduções ocorrem em apenas algumas linhas de crédito, com tantas condicionantes impostas, que excluem a grande maioria dos clientes”.
Para o presidente da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Orlando Diniz, a decisão foi acertada. Ele destacou as mudanças na Caderneta de Poupança que proporcionaram ao Copom baixar os juros. “A alteração nas regras da caderneta de poupança, por sua vez, eliminou barreira que impedia o corte maior nos juros. No campo fiscal, o governo tem méritos em cumprir as metas de economia para pagamento de sua dívida, mas precisa atentar para a elevação das despesas de custeio”, disse.
Diniz defende que o governo continue a estimular a competitividade e o crescimento das empresas. “Mais do que nunca, nosso foco deve estar em aumentar a competitividade e a produtividade das empresas, de modo a incentivar o investimento e inserir, de vez, a economia brasileira em um ciclo virtuoso de crescimento. Para tal, juros mais razoáveis são fundamentais”.
Já a Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP) destacou em nota: “O novo corte vai ao encontro dos esforços que o governo tem empenhado em reduzir os juros ao consumidor e, desta maneira, possibilitar um crescimento interno sustentado pelo ciclo virtuoso de consumo das famílias, geração de empregos e expansão da massa de rendimentos”.
Para entidade, o corte também ajuda a evitar que a economia nacional seja prejudicada pela crise que atinge a zona do euro.
A Fecomercio-SP mantém a sua posição na defesa de novas diminuições na taxa de juros. “A entidade reforça que novos cortes na Selic são fundamentais para reduzir os gastos com a dívida pública e liberar recursos para investimento em áreas fundamentais para o contínuo desenvolvimento do país, como infraestrutura, segurança e educação”.
Efeitos
Para o diretor executivo de Estudos Financeiros da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) Miguel José Ribeiro de Oliveira, o efeito da redução da taxa básica será pequeno nas operações de crédito ao consumidor.
De acordo com a Anefac, enquanto a Selic está em 8,5% ao ano, as taxas de juros cobradas dos consumidores devem ficar em 106,09% ao ano na média.
Oliveira explica que isso ocorre porque na taxa de juros cobrada dos consumidores existem alguns custos embutidos. A influencia da Selic está na queda do custo de captação de recursos pelos bancos. Quanto a taxa básica é reduzida, o custo de captação pelos bancos diminui.
Mas o diretor lembra que os outros custos permanecem como estão atualmente: impostos e depósitos compulsórios, despesas administrativas das instituições financeiras e o custo do risco, uma vez que parte dos clientes não vai pagar o empréstimo. Além disso, destaca Oliveira, os bancos também incluem, na taxa cobrada dos clientes, o lucro que vai receber por emprestar o dinheiro.
Na simulação feita pela Anefac, com a redução da Selic, a taxa média de juros anual cobrada de pessoas físicas passa de 107,03% para 106,09%. No caso do cartão de crédito, os juros caem de 238,3% para 236,83% ao ano.
No caso dos juros cobrados no comércio, a taxa anual passa de 74,92% para 74,12%. Com a queda dos juros, na compra de uma geladeira, com preço à vista de 1,5 mil reais, por exemplo, a diferença em cada uma das prestações, de um total de 12, é 38 centavos. Ao final de 12 meses, o consumidor terá pago 4,55 reais a menos.

Bancos públicos vão continuar cortando os juros, diz Mantega


Em uma entrevista coletiva para comentar os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do 1º trimestre, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os bancos públicos vão continuar cortando os juros dos empréstimos. Desta forma, esses bancos pressionam os demais a tomarem as mesmas medidas.
Para o ministro. o principal estímulo para que a economia do país continue crescendo é o corte dos juros e a diminuição do spread bancário.
Spread é o ganho que os bancos têm com os juros. Quando eles emprestam dinheiro para seus clientes, como no cheque especial, cobram juros muito maiores do que os juros que pagam aos clientes que investem em fundos, por exemplo. Essa diferença de juros é que é chamada de spread.
Mantega disse ainda que o crescimento econômico do 2º trimestre será superior ao desempenho dos três primeiros meses deste ano. A economia brasileira cresceu 0,2% no primeiro trimestre na comparação com o 4º trimestre de 2011, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Corte dos juros

O BB foi o primeiro banco a anunciar queda nas taxas de juros, em 4 de abril. Após essa medida, vários bancos também cortaram as taxas.
A presidente Dilma Rousseff elevou o tom na guerra do governo para que bancos privados reduzam os juros cobrados aos consumidores. Em pronunciamento na TV, Dilma pressionou as instituições a seguir o movimento de cortes anunciado pelos concorrentes públicos e disse ser inadmissível que o Brasil continue com uma das taxas mais altas do mundo.
Além de usar os bancos estatais como arma para forçar a redução das taxas, o governo tem tido a colaboração do Banco Central, que tem cortado sistematicamente a taxa básica de juros brasileira (Selic), hoje em 8,5%.
Dilma e outros integrantes do governo vêm demonstrando publicamente desagrado com as taxas de juros e o spread bancário. 

Mantega minimiza resultado do PIB e prevê crescimento maior adiante

Resultado de janeiro a março registra retração de 0,2% ante os último trimestre de 2011; indústria, no entanto, teve avanço de 1,7%



São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve hoje (1º) a leitura de que a economia brasileira está no caminho certo e terá uma aceleração no ritmo de crescimento ao longo dos próximos meses ao comentar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que registrou expansão de 0,2% no primeiro trimestre deste ano ante o último trimestre de 2011, segundo o IBGE. Para Mantega, o desempenho da indústria, que avançou 1,7%, é motivo de otimismo. "Principalmente a indústria de transformação, que cresceu 1,9%, e eu considero isso uma boa notícia, depois de três trimestres negativos. A extrativa mineral não tanto, porque houve problema com o minério de ferro."
Na semana anterior à divulgação oficial do PIB, o ministro já antecipava que o resultado seria relativamente fraco, mas manifestava a visão de que as medidas de incentivo tomadas desde o último trimestre do ano passado passariam a favorecer o crescimento da economia, em especial a partir do segundo semestre.
Mantega reafirmou hoje a visão de que as medidas de estímulo já estão surtindo efeito, o que vai permitir que se encerre 2012 com um ritmo de crescimento na casa de 4%. "O governo não tem necessidade de afrouxar a meta fiscal para estimular a economia. O Brasil dá segurança para os investidores porque a nossa situação fiscal é sólida", disse. 
Mantega acrescentou que é importante estimular o mercado de crédito no país e reforçou que os bancos públicos continuarão reduzindo os juros e os spreads bancários – diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa paga aos investidores –  caso as instituições privadas não o fizerem. "O principal fomento da economia é reduzir juros e spreads", afirmou.
Na opinião do ministro, o desempenho do setor de agropecuária, com recuo de 7,3%, foi o grande fator negativo. "Isso aconteceu por conta da quebra da safra de soja, arroz e fumo. Tudo isso ligado a fatores sazonais”, disse.