31.5.10

Crise e corte de gastos na Europa já afetam consumo

31 de maio de 2010

Valor Economico (SP)

Risco: Gasto do consumidor fica estagnado nos EUA e cai em países europeus

De São Paulo

A crise da dívida europeia já está afetando o consumo tanto na Europa como nos EUA. Uma redução prolongada no gasto do consumidor pode minar a recuperação dessas economias, dizem analistas.

Na Europa, vários países vêm registrando queda no consumo, como reflexo de temores relacionados à crise da dívida pública. As estimativas do HSBC quanto aos resultados gerais de maio são de que "o consumo privado foi fraco".

Consumidores europeus temem que os planos de ajuste fiscal elevem o desemprego, como é previsto por economistas. Além disso, há pressão por redução de salários, o que já está ocorrendo com funcionários públicos em alguns países. Alguns governos também estão congelando ou até reduzindo benefícios de aposentadoria.

Segundo pesquisa da CBI, principal associação de indústrias do Reino Unido, 48% dos varejistas britânicos relataram queda no volume de vendas nas duas primeiras semanas de maio, em relação ao mesmo período do ano anterior.

"A pesquisa da CBI reforça nossa velha preocupação de que a recente tendência de alta do consumo - e, por consequência, do crescimento, já que o consumo responde por cerca de 65% do PIB britânico - ficará limitada por algum tempo", disse Howard Archer, economista da IHS Global Insight.

Na Alemanha, a indústria continua a se recuperar, diz o instituto DIW. Mas "os claros ganhos em indústrias-chave voltadas para exportação" se mostram ameaçados "pelo lado da demanda, já que o consumo privado continua sendo um problema", segundo o DIW.

Já na Grécia, país que deu ignição à crise da dívida europeia, a principal associação de comércio do país, a Esee, espera uma quebradeira de pequenos lojistas. Segundo Vassilis Korkidis, presidente da Esee, cerca de 60 mil pequenos varejistas, um terço do total do país, devem fechar as portas até o fim do ano. "O movimento caiu 30% em relação ao ano passado", disse Korkidis. "Muitas lojas não fazem uma única venda em vários dias."

O aumento dos impostos sobre o consumo e a gasolina e os cortes dos salários dos funcionários públicos fizeram com que o poder de compra do consumidor caísse em média 10%, segundo cálculos de associações comerciais gregas.

"A locomotiva do crescimento em 2011-12 e daí para frente não será o consumo, como foi no passado, especialmente consumo movido a crédito", reconheceu o ministro das Finanças grego, Louka Katseli. Para ele, o país dependerá de investimentos privados e exportações para crescer.

Apesar de o ministro grego apostar nos investimentos privados, economistas esperam uma marcada queda na confiança do consumidor na zona do euro. Resta saber se empresários vão investir num ambiente tão pessimista.

Outros países europeus fora da zona do euro também estão sentindo o impacto da apreensão do consumidor com a crise econômica. Na Hungria, as vendas caíram 4% em março, após uma queda de 4,3% em fevereiro. Na Letônia, as vendas de varejo caíram em abril num ritmo mais acelerado: -7,7%, contra -7,4% em março. Na Lituânia, o Banco Central estima uma queda de 7,9% no consumo doméstico em 2010.

E não é só na Europa que essa tendência pode ser notada.

Os gastos dos consumidores americanos ficaram estagnados em abril, apesar de a renda ter crescido e de a inflação ter sido mínima, informou o governo na sexta. Como o consumo é responsável por 70% da atividade econômica americana, o enfraquecimento é uma má notícia para a recuperação econômica do país.

Analistas tinham previsto um crescimento dos gastos em abril entre dois e três décimos, mas o resultado foi zero, segundo o Departamento de Comércio. Em fevereiro os gastos tinham subido 0,5% e, em março, 0,6%. Em abril, a renda dos americanos subiu 0,4%. A alta foi impulsionada pelo aumento dos salários pagos pelas empresas, que estão voltando a contratar.

Em vez de gastar o dinheiro, os americanos preferiram poupá-lo, o que fez com que a taxa de poupança subisse para 3,6% em abril, contra 3,1% de março.

Indústria indica desaceleração no 2º tri

31 de maio de 2010

Valor Economico (SP)

Conjuntura: Resultado de abril, a ser divulgado amanhã, deve mostrar queda da produção em relação a março

Sergio Lamucci, de São Paulo

Depois do forte crescimento dos três primeiros meses do ano, a produção industrial de abril, a ser divulgada amanhã, deve mostrar recuo em relação a março, confirmando a desaceleração da economia no segundo trimestre. Indicadores como a fabricação de automóveis, o fluxo de veículos pesados e as vendas de papelão ondulado caíram em abril na comparação com o mês anterior, levando os analistas a projetar quedas da indústria que variam de 0,3% a 1,8%, feito o ajuste sazonal. O provável resultado negativo, porém, não compromete as perspectivas positivas para a produção industrial e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2010.

O Santander estima para abril contração de 1,5% da indústria sobre o mês anterior, mas mantém a projeção de alta de 13,6% para o ano. Depois da expansão acelerada no primeiro trimestre - em especial em março, quando subiu 2,8% sobre fevereiro -, um recuo do produto industrial era esperado. Em relatório, a economista Luiza Rodrigues, do Santander, observa que, mesmo se confirmada a queda de 1,5% sobre o mês anterior, haverá alta significativa ante abril de 2009, de 15,9% (em março, a expansão foi ainda mais forte, de 19,7% nessa base de comparação).

Em abril, a produção de veículos recuou 5,8% em relação ao mês anterior, segundo o ajuste sazonal da LCA Consultores. A questão é que a indústria automobilística funcionou a todo vapor em março, último mês de vigência da alíquota reduzida do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros flex. Com isso, formaram-se estoques elevados, que levaram a uma fabricação menor no mês seguinte.

"A contração estimada para a indústria em abril é, em grande parte, resultado do impacto da retração na produção de veículos no mês", diz o economista-chefe do Safra Banco de Investimento, Cristiano Oliveira, que espera um recuo de 1,8%. Segundo ele, também pesa o fato de que abril teve 20 dias úteis, três a menos em relação a março.

O economista Fernando Rocha, da JGP Gestão de Recursos, ressalta que, além da produção de automóveis, outros indicadores importantes "vieram fracos", como o fluxo de veículos pesados e as vendas de papelão ondulado. Ele estima recuo da indústria de 1% em relação a março, considerando possível nova queda em maio, com base no recuo do licenciamento de veículos na primeira quinzena do mês e nas informações de retração nas vendas de eletrodomésticos.

A desaceleração no segundo trimestre é esperada pela maior parte dos analistas, mesmo pelos que projetam um crescimento do PIB, em 2010, de 7% ou mais. As vendas no varejo também devem perder fôlego, depois de terem crescido muito de janeiro a março, em parte por causa da antecipação de consumo provocada pelo IPI reduzido para bens duráveis.

Há estimativas, como a do Itaú Unibanco, de que o PIB do primeiro trimestre cresceu 3% sobre o trimestre anterior, o que equivale a mais de 12% em termos anualizados. Para o PIB fechar 2010 em 7,5%, como projeta o banco, o crescimento trimestral terá que cair para a casa de 1%. Além da antecipação do consumo, a alta dos juros e a retirada dos estímulos fiscais tendem a segurar a atividade, que pode ser prejudicada em alguma medida pela crise na Europa. Mas o mercado de trabalho aquecido e a recuperação do investimento jogam a favor da continuidade de um ritmo forte da economia.

Cooperativas podem atingir os "excluídos" pelos juros altos

31 de maio de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

LUIS MIGUEL SANTACREU
ESPECIAL PARA A FOLHA

Qual seria a conveniência do cooperativismo dentro do sistema bancário brasileiro? Estamos vendo uma expectativa forte de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a renda está melhorando e o emprego está crescendo.
No entanto, a despeito do crescimento do crédito, os juros ainda são elevados. As taxas não facilitam o crescimento econômico com melhor distribuição de renda.
Há pessoas que não têm uma renda declarada, que têm um pequeno negócio ou mesmo pequenas empresas com muita vontade e iniciativa que não têm sucesso, seja por falta de qualidade de gestão, porque os juros são altos ou porque o volume de recursos disponíveis é escasso.
Os bancos, usando da sua prudência e critérios internos de análise e aprovação, hesitam em dar crédito a algumas pessoas e empresas.
A cooperativa de crédito tem mais chance de sucesso com pessoas imbuídas dos mesmos princípios, oferecendo taxas em níveis compatíveis com sua atividade.
Se a cooperativa for organizada, ela insere um conjunto de pessoas com boas ideias na economia.
Programas como o Bolsa Família são positivos para tirar famílias da pobreza extrema. Depois, porém, há um segundo passo, em que a cooperativa, aliada a programas de formação e de gestão, pode ajudar, para que a pessoa passe a produzir.
O Banco Central fiscaliza as cooperativas para evitar que algum diretor de má-fé desvie dinheiro ou que, por incompetência dos gestores, a entidade fique insolvente.
Não se pode nem matar o produto nem abrir a porteira e deixar a boiada passar. Se houver uma flexibilização das regras de Basileia para cooperativas, é bem-vinda.
No entanto, cooperados e BC têm que fiscalizar para que a cooperativa não fique muito alavancada, caso em que um problema pontual, como quebra de safra agrícola, pode fazê-la afundar.

LUIS MIGUEL SANTACREU é analista da Austin Rating.

Cooperativa é opção barata de crédito

31 de maio de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Mais organizadas e buscando ampliar atuação, instituições querem aproveitar mudança de regras para crescer

Associados apontam os juros menores e o clima mais amigável como vantagens das cooperativas

DENYSE GODOY
DE SÃO PAULO

As cooperativas de crédito ainda não são muito conhecidas no Brasil. Segundo o Banco Central, elas respondem por apenas entre 2% e 2,5% do total de empréstimos concedidos no país.
Mas as novas regras para a criação de cooperativas anunciadas no final da semana passada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) devem dar novo impulso ao setor exatamente no seu melhor momento em décadas.
No ano passado, por exemplo, a carteira de uma das quatro grandes redes de cooperativas que operam no país, a Sicoob Confederação, teve um aumento de quase 16%, enquanto a dos bancos de varejo comuns subiu apenas perto de 4%, na média.
Como as cooperativas podem ser alternativa mais barata e acessível do que o crédito tradicional, normalmente experimentam crescimento em época de crise.
Entretanto, o bom desempenho registrado em 2009 é apenas resultado de uma reorganização do sistema que está em curso há pelo menos cinco anos.
Para enfrentar a acirrada concorrência com os bancos, as cooperativas também precisaram ganhar escala.
Como nem sempre é possível ampliar as atividades apenas organicamente, muitas pequenas instituições se juntaram e se fundiram a fim de ter mais agências de atendimento. Atualmente, existem cerca de 1.300 cooperativas no Brasil.
Esse processo também reduz o risco de insolvência.
"As políticas brasileiras de regulação e supervisão foram apontadas como exemplares na crise", lembra Edson Feltrin, chefe do Departamento de Normas do Sistema Financeiro do BC.

MENOS JUROS
"A cooperativa existe para servir à comunidade. O cliente não é apenas um número, ele é sócio, ele é dono", diz José de Menezes, presidente da Sicoob Confederação.
É assim que se sente Aparecido Soares dos Santos, funcionário do Residencial Santa Catarina, um condomínio para idosos em São Paulo que faz parte do grupo do Hospital Santa Catarina.
Ele é cooperado desde 2006. "Os juros são até a metade dos cobrados pelos bancos. E há uma relação amigável com os responsáveis por aprovar os empréstimos."

CEF busca fonte para crédito imobiliário

31 de maio de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

À procura de alternativas para financiar a casa própria, banco prepara a 1ª emissão de títulos de sua carteira

Com a demanda em alta, setor prevê que em breve a poupança não será suficiente para atender os pedidos

GIULIANA VALLONE
MARIANA SALLOWICZ
DE SÃO PAULO

A Caixa Econômica Federal deve fazer a emissão do primeiro pacote de securitização de sua carteira de crédito imobiliário neste ano, para levantar recursos.
A securitização consiste na transformação da carteira de crédito em um ativo financeiro. A instituição divide a carteira em partes e as vende como títulos no mercado.
O comprador é remunerado no longo prazo com uma taxa de juros que varia de acordo com o papel. O banco, por sua vez, consegue, ao vender esses títulos, antecipar o recebimento dos recursos dos financiamentos.
De acordo com o vice-presidente de governo do banco, Jorge Hereda, a operação terá volume pequeno e servirá como teste para um lançamento maior em 2011.
A emissão será feita por meio de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).
A ideia da Caixa é buscar uma fonte alternativa de recursos para o crédito habitacional, que hoje vêm basicamente da poupança e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
De acordo com estudos da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), os recursos da caderneta para financiamento à casa própria chegarão ao limite até 2013. A partir daí, as instituições terão de buscar outras fontes de recursos.
"O crédito imobiliário está crescendo num ritmo muito acelerado e, em um determinado momento, a poupança não vai ter mais recursos para atender a demanda futura", diz Luiz Antonio França, presidente da entidade.

RITMO ACELERADO
No acumulado do primeiro trimestre, os financiamentos imobiliários com recursos da poupança atingiram R$ 9,98 bilhões, alta de 70% sobre o mesmo período do ano passado, segundo a Abecip.
No mesmo período, a captação líquida da caderneta cresceu apenas 1%, em R$ 2,53 bilhões.
"Em países como o México e o Chile, a relação entre a carteira de crédito imobiliário e o PIB [Produto Interno Bruto] fica entre 10% e 15%. No Brasil, ainda está em cerca de 3%. Há potencial de crescimento e, para que isso ocorra, é preciso debater o "funding'", diz Hereda.
Mas, para França, a securitização tem atratividade limitada. "A poupança paga juros mais TR [Taxa Referencial]. Um ativo atrelado à TR não tem muito interesse para os investidores."
A Caixa confirma que esse tipo de operação não é tão atraente para grandes investidores que buscam papéis atrelados a índices que apontem tendência de preços, como o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Porém a operação é vista como uma alternativa para o investidor de varejo, que não tem rejeição à TR, diz um especialista do banco.
Para esse técnico, a emissão servirá para construir um modelo que possa ser usado quando esse tipo de operação for mais atraente para o investidor e funcionará como teste de mercado.

Recaída na recessão é possível, diz premiê chinês

31 de maio de 2010

Estadao.com.br

Segundo Wen Jiabao, riscos de dívida soberana ameaçam crescimento econômico mundial

Reuters

TÓQUIO - O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, alertou nesta segunda-feira que o crescimento econômico mundial continua vulnerável a riscos de dívida soberana e à possibilidade de uma segunda recessão, mas disse que o crescimento de seu país está encaminhado.

Wen disse a uma plateia de empresários japoneses que é muito cedo para as economias considerarem retirar as medidas de estímulo que sustentaram o crescimento desde o início da crise financeira global, em 2008.


No entanto, Wen também afirmou que as crescentes quantidades de dívida governamental podem frustrar a recuperação econômica.


"Algumas pessoas dizem que a economia global já se recuperou, e que agora nós podemos considerar mecanismos de retirada (de estímulos). Eu acredito que esse julgamento é prematuro", disse Wen em um discurso feito no segundo dia de sua visita ao Japão.


O alto nível de desemprego nos Estados Unidos e em outros países também pode atrapalhar a retomada econômica e gerar uma recaída na recessão, disse Wen.


"Alguns países vivenciaram crises de dívida soberana, por exemplo, a Grécia. Esse tipo de fenômeno acabou? Agora parece que não é tão simples e nós precisamos avaliar completamente as dificuldades."

Inflação ao consumidor na zona do euro sobe mais, confiança cai

31 de maio de 2010

Estadao.com.br

Preços no varejo subiram 1,6% sobre maio de 2009; parte das mudanças se deve a uma revisão de metodologia

Reuters

BRUXELAS - A inflação da zona do euro acelerou em maio, enquanto a confiança econômica diminuiu fortemente, em parte devido a uma revisão de metodologia, segundo pesquisas divulgadas nesta segunda-feira.


A agência de estatísticas Eurostat informou que os preços ao consumidor subiram 1,6% sobre maio de 2009, acima da alta anual de 1,5% apurada em abril.

O dado é preliminar e não inclui a comparação com o mês imediatamente anterior. O Banco Central Europeu (BCE) tem como meta manter a inflação abaixo e próxima de 2% no médio prazo.

Em outro relatório, a Comissão Europeia informou que a confiança econômica da zona do euro caiu para 98,4 em maio, ante 100,6 em abril.

"Os últimos desenvolvimentos do índice são influenciados por mudanças na classificação de atividades econômicas implementadas em maio", disse a Comissão em nota.

"Análises internas indicam que a mudança afetou o nível, tornando a interpretação mais difícil. A mudança de nível não afetou, no geral, a direção da variação (do índice), apenas sua magnitude."

O componente de confiança da indústria recuou para menos 6 neste mês, comparado a menos 7 em abril. No setor de serviços, houve queda para mais 3, ante mais 6.

A confiança entre os consumidores arrefeceu para menos 18 em maio, contra menos 15 em abril. No varejo, o índice caiu para menos 5, contra menos 1 antes.

Confiança da indústria sobe 0,7% em maio e atinge 3º maior nível em 15 anos

31 de maio de 2010

Estadao.com.br

Já o uso da capacidade instalada recuou para 84,9%, contra 85,1% em abril

Alessandra Saraiva, da Agência Estado

RIO - O Índice de Confiança da Indústria (ICI), indicador-síntese da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação aumentou em maio e registrou o terceiro maior patamar da série histórica iniciada em 1995, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada nesta segunda-feira. A alta foi de 0,7% sobre abril, para 116,1 pontos, com ajuste sazonal. A taxa é bem diferente da apurada no mês passado, quando o índice caiu 1,0% contra março.

O ICI é um indicador cujo cálculo é baseado em cinco tópicos da Sondagem da Indústria. A partir das respostas destes tópicos, a FGV elabora o resultado do índice dentro de uma escala que vai de 0 a 200 pontos, sendo que o desempenho do indicador é de queda ou de elevação se a pontuação total das respostas fica abaixo ou acima de 100 pontos, respectivamente. Os dados atualizados do índice mostram que, de abril para maio, o indicador subiu de 115,3 pontos para 116,1 pontos, na série com ajuste sazonal. Ainda segundo a fundação, este é o terceiro maior nível da série iniciada em abril de 1995.

Para a FGV, o resultado revela que o mercado interno continua aquecido em maio. Em relação aos próximos meses, as expectativas, que estavam menos otimistas nos dois meses anteriores, voltaram a melhorar em maio - embora ainda estejam menos favoráveis que no início do ano, de acordo com a fundação.

O ICI é composto por dois indicadores. O primeiro é o Índice da Situação Atual (ISA), que teve queda de 0,7% em maio após subir 2,3% em abril, nos dados atualizados na série com ajuste sazonal. O segundo componente do ICI é o Índice de Expectativas (IE), que apresentou taxa positiva de 2,3% este mês, após cair 4,5% em abril.

Na comparação com maio do ano passado, o ICI registrou alta de 33,5% esse mês, elevação menos intensa do que a taxa positiva de 38,2% registrada em abril, no mesmo tipo de comparação, nos dados sem ajuste sazonal.

Na comparação com maio do ano passado, nos dados sem ajuste sazonal, houve aumentos de 34,0% e de 33,1%, respectivamente para o índice de Situação Atual e para o indicador de Expectativas, em maio deste ano.

Utilização da capacidade instalada cai para 84,9% em maio

O Nível de Utilização de Capacidade Instalada (Nuci) da indústria da transformação com ajuste sazonal alcançou patamar de 84,9% em maio, após registrar nível de 85,1% em abril, segundo informou há pouco a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Hoje, a instituição anunciou o Índice de Confiança da Indústria (ICI), indicador-síntese da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação.

Segundo a FGV, o Nuci de maio é o menor desde março deste ano, quando nível de utilização atingiu 84,3%. A fundação explicou que o Nuci de maio supera a média registrada nos quatro primeiros meses deste ano (84,3%) e a média desde 2003 (83,0%). Porém, a fundação admite que o nível de maio encontra-se abaixo da média dos 12 meses anteriores à setembro de 2008 (85,9%), quando começou o período mais agudo da crise global.

Ainda segundo a fundação, na série de dados sem ajuste sazonal, o nível de uso de capacidade em maio foi de 84,6%, patamar superior ao apurado em abril, quando atingiu 84,5%, nesta mesma série.

(Com Reuters)

Brasil tem 2º maior crescimento global

31 de maio de 2010

Estadao.com.br

PIB do País no 1º trimestre deve registrar aumento anualizado superior ao da China, ficando atrás apenas da Índia entre as maiores economias

Leandro Modé, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O Brasil deve ocupar o segundo lugar no ranking das maiores taxas de crescimento do mundo no primeiro trimestre, à frente até mesmo da China. O dado oficial só será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira da semana que vem, mas, levando-se em conta as projeções do mercado financeiro, já é possível cravar que o País será um dos líderes em expansão no período.


O Itaú Unibanco, por exemplo, estima uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% nos três primeiros meses do ano, na comparação com o quarto trimestre do ano passado. É uma das projeções mais elevadas de todo o mercado. Em um cálculo anualizado – ou seja, assumindo que o ritmo se manteria pelo resto do ano –, seria o equivalente a crescer 12,6% em 2010.


Para ter uma ideia, a China se expandiu a um ritmo anual de 11,2% entre janeiro e março. O líder do ranking deve ser a Índia, que avançou a uma taxa anual de 13,4%. Os Estados Unidos, que ainda lutam para se recuperar da forte crise que atingiu o país em 2008, cresceram 3%.


O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, observa que há risco de a expansão brasileira no trimestre ser ainda mais forte. O departamento econômico da instituição calcula a alta do PIB mensalmente. Considerando os resultados de janeiro, fevereiro e março nesse levantamento, o crescimento no trimestre seria de 3,6%. Ele admite que os próprios analistas se surpreenderam com o número. Por isso, preferiram optar por uma estimativa mais conservadora.

Recuo

Independentemente da posição do Brasil nesse hipotético ranking global, o fato é que a expansão no trimestre foi bastante superior ao que praticamente todos os analistas esperavam. Por isso, sem uma única exceção, eles projetam uma desaceleração daqui para a frente.


O próprio Itaú acredita que o ritmo de crescimento do PIB vai cair da faixa de 12% para algo como 4% ou 5% no último trimestre do ano. É essa freada que explica a projeção de alta para 2010 inteiro, hoje em 7,5%.


Os especialistas argumentam que, nesse cenário, a expressiva desaceleração é bem-vinda. O Brasil, dizem, não consegue crescer a uma taxa superior a 4% ou 5% de forma sustentável – ou seja, sem uma alta da inflação para um nível acima da meta estabelecida pelo governo e/ou sem abrir um rombo nas contas externas.


"O risco de acelerar demais é sair da estrada e ser obrigado a voltar para trás para retomar a rota", diz o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa. Por isso, avalia, o Banco Central (BC) acertou ao iniciar no mês passado o ciclo de elevações da taxa básica de juros (a chamada Selic subiu de 8,75% para 9,50% ao ano).
Se o BC demorasse para agir, diz Rosa, seria obrigado a retrair a economia de uma forma mais intensa, o que poderia causar até mesmo retração do PIB em algum trimestre.

O mito do superaquecimento

O Estado de S.Paulo - 27/05/2010

Antonio C. de Lacerda

Há em alguns setores uma preocupação exagerada e infundada a respeito do risco de um
alegado superaquecimento da economia brasileira que não se sustenta à luz da
interpretação dos indicadores. O comportamento das vendas no comércio varejista
ampliado aponta um crescimento robusto, de 9,6%, no acumulado de 12 meses. No
entanto, além do efeito estatístico da base de comparação muito baixa dos primeiros
meses do ano anterior, há o impacto do estímulo proporcionado pela redução de
impostos em setores como móveis e automóveis, por exemplo. Ambos os efeitos serão
amenizados nos próximos meses, na medida em que a base de comparação for maior e
também refletir o final da vigência de medidas de incentivo ao consumo. A expansão do
crédito, outro fator de impulso das vendas, também mostra sinais de esgotamento, pela
própria limitação da capacidade de endividamento dos consumidores. Portanto, o ritmo
vai gradualmente refluir.
Já na indústria o quadro é bem diferente. Nos 12 meses acumulados até março,
comparativamente aos 12 meses imediatamente anteriores, a produção física da
indústria, calculada pelo IBGE, ainda apresenta queda (sic) de 1,2%! A indústria
mergulhou profundo na crise e o vale foi o 1.º trimestre de 2009. Desde então, vem-se
recuperando, mas ainda não voltou aos níveis pré-crise. De forma estratificada os dados
são ainda mais impactantes. A produção de bens de capital, pelo mesmo critério,
apresenta diminuição de 10%! Embora haja a perspectiva de crescimento industrial forte
para 2010, nada indica um quadro de crescimento excessivo.
Não há, por outro lado, um risco de esgotamento da capacidade industrial. O nível de
utilização da capacidade industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), vem de
fato crescendo mês a mês. Os dados refletem uma pesquisa realizada com as indústrias
sobre o quanto estão utilizando da sua capacidade instalada. O indicador é proveitoso,
mas precisa ser qualificado, por três motivos principais:
As empresas têm capacidade de ampliar rapidamente a sua capacidade de produção,
sem grandes novos investimentos. Isso se dá mediante adaptações nas linhas de
produção, modernização e, o mais importante, adoção de turnos adicionais e trabalho em
períodos ociosos, como horário noturno ou fins de semana;
é muito difícil sistematizar e confrontar a análise da fotografia do uso da capacidade
instalada com os novos investimentos em realização e previstos, de forma a indicar qual
a nova capacidade de produção que poderá ser atingida no médio prazo;
e o coeficiente de importação vem aumentando, o que altera a estrutura da base
produtiva, portanto gerando mais espaço para crescimento.
Conjunturalmente, há ainda um fator de enorme incerteza, que é o desdobramento da
crise na Europa e seus impactos para o Brasil. Há pelo menos três aspectos
significativos: 1) do lado comercial, com o bloco europeu crescendo menos, isso vai
impactar diretamente 22% das nossas exportações para lá direcionadas; 2) a redução
dos fluxos de capitais, leia-se investimentos diretos, inversões na Bolsa de Valores e
financiamentos, que farão diminuir a liquidez no mercado brasileiro; e 3) uma queda nos
preços, especialmente das commodities.
Há muitas variáveis em jogo, muitas delas imponderáveis. O risco envolvido é o de
exagerar no freio de mão, quando as condições da pista já envolvem, seja pelos efeitos
estatísticos, seja pela mudança brusca das condições meteorológicas, uma redução
natural da velocidade média do veículo.
O Banco Central do Brasil terá de ter muita perícia para tomar decisões sobre taxas de
juros e outros que só farão efeito para o nível de atividades daqui a cinco, seis meses.
Para isso, terá de olhar menos para o retrovisor - os indicadores passados - e mais para
o para-brisa um tanto nebuloso à frente, o que lhe vai exigir muito feeling, intuição. Os
dados passados ajudarão pouco e as variáveis têm mudado substancialmente.
ECONOMISTA, É PROFESSOR-DOUTOR DO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA
PUC-SP. E-MAIL: ACLACERDA@PUCSP.BR

Mercado eleva previsão para crescimento do PIB pela 11ª semana consecutiva

folha de são paulo, 31 de maio de 2010 8:32

SÃO PAULO - A estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano aumentou para 6,47%, contra 6,46% na semana passada, completando a 11ª alta consecutiva para esse índice. A prévia para 2011 permaneceu em 4,5%, mostrou relatório Focus divulgado nesta segunda-feira. Há um mês, o mercado previa uma expansão de 6,06% da economia em 2010.
O mercado brasileiro manteve suas estimativas para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano e no próximo, em, respectivamente, 5,67% e 4,8%.
Produção industrial
No mesmo levantamento, a estimativa para a produção industrial em 2010 subiu de 10,90% para 11,00%. Para 2011, a projeção para o desempenho da indústria permaneceu em alta de 5,00%.
Juros
A estimativa para a taxa básica de juros (Selic) para o fim de 2010 manteve-se em 11,75% ao ano. A projeção para a taxa no fim de 2011 permaneceu em 11,50% ao ano.
Câmbio e contas externas
Os analistas mantiveram a previsão para o patamar do dólar no fim do ano. O nível da moeda norte-americana no fim de 2010 ficou em R$ 1,80. Para o fim de 2011, a expectativa para a moeda americana seguiu em R$ 1,85. A previsão de câmbio médio no decorrer de 2010 ficou em R$ 1,80.
O mercado financeiro alterou as previsões para o déficit nas contas externas em 2010. A previsão para o déficit em conta corrente neste ano subiu de US$ 48,05 bilhões para US$ 48,10 bilhões. Para 2011, a previsão de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos avançou de US$ 57,00 bilhões para US$ 57,97 bilhões.
A previsão de superávit comercial em 2010 subiu de US$ 14,54 bilhões para US$ 15,00 bilhões. Para 2011, a estimativa para o saldo da balança comercial manteve-se em US$ 4,50 bilhões.
Analistas alteraram ainda a estimativa de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2010 de US$ 37,00 bilhões para US$ 36,50 bilhões. Para 2011, a estimativa para o IED permaneceu em US$ 40 bilhões.
(Com Agência Estado e Reuters)

Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral-economia,mercado-eleva-previsao-para-crescimento-do-pib-pela-11a-semana-consecutiva,not_20607,0.htm

O Brasil que não cresce

Folha de São Paulo, domingo, 30 de maio de 2010

País avança ao maior ritmo em mais de duas décadas, mas processo não é homogêneo; levantamento mostra 12 "ilhas de atraso", regiões que ainda não conseguem acompanhar o dinamismo da economia

DENYSE GODOYENVIADA ESPECIAL A MATO GROSSO

O crescimento do Brasil no pós-crise superou todas as expectativas, e os economistas também são bastante generosos nas suas previsões para a elevação do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano: 6,5%, 7%, 7,5%.Atrás desses números robustos, entretanto, esconde-se importante parte do país que apenas assiste ao espetáculo sem usufruir dos benefícios gerados.São cerca de 20 milhões de pessoas -o equivalente a uma Austrália- vivendo em 12 "ilhas de atraso" espalhadas pelo território nacional.É o que mostra levantamento feito pela Folha a partir de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional e da avaliação de especialistas.Tais regiões não conseguem avançar devido ao isolamento geográfico -causa e efeito da falta de infraestrutura essencial-, às condições do clima e do solo, às dificuldades de conciliar o progresso com a preservação ambiental e à organização local da sociedade, em diferentes combinações de fatores dependendo do caso.A economia dessas áreas há anos se encontra estagnada ou cresce abaixo da média do Estado a que pertence e do seu potencial, expulsando os jovens, que vão tentar a sorte em outra parte.Algumas vezes, até chegam a produzir muita riqueza, como na zona cerealista da região Centro-Oeste. Mas, se os recursos que brotam não criam empregos nem são investidos no desenvolvimento local para melhorar a qualidade de vida da população, não significam um progresso de fato.1 Noroeste de Mato Grosso procura alternativas à extração de madeira "Sim, eu sei que quem chega aqui acha que está no fim do mundo. Mas já foi muito pior", resigna-se Rosângela Vidal Andrade, 28, enquanto recolhe rapidamente algumas peças de roupa do varal.Em Brasnorte, que fica a quase 600 quilômetros de Cuiabá, apenas as poucas ruas do centro têm asfalto -as demais são de terra batida, um pesadelo para as donas de casa.A poeira da estiagem e a lama das épocas de chuva estão longe de ser o pior problema de quem vive na cidade, no entanto. Ruim mesmo, por exemplo, é não ter sistema de esgoto, o que obriga as famílias a abrirem fossas nos seus quintais.Rosângela se mudou da zona rural para a periferia urbana, há duas semanas. Foi morar em uma casa de madeira que ela e o marido, Marcos Marcelo Schraegale, 30, construíram com as próprias mãos, nos finais de semana.Antes, moravam em uma fazenda madeireira que virou produtora de soja. Cuidavam, sozinhos, de 500 hectares de plantação.Os brasnortenses têm investido nas novas culturas de grãos para substituir a extração de árvores, alicerce da economia local nas décadas de 1970 e 1980 e que se esgotou, deixando boa parte dos 15 mil habitantes do município sem ocupação.Os pequenos fazendeiros se desfizeram das suas propriedades e agora só os grandes empresários se mantêm no ramo, brandindo as licenças ambientais antes mesmo que se pergunte sobre elas.Nas palavras dos empreendedores, a melhora apontada por Rosângela se parece mais com esperança. De que a recém-pavimentada estrada que liga Brasnorte ao restante do Estado traga desenvolvimento.2 Isolamento deixa o extremo oeste mais vulnerável A diversidade das tribos indígenas que sempre habitaram a região dificulta a organização social e econômica no Alto Solimões. A distância das grandes cidades fez da fronteira do Amazonas com o Peru e a Colômbia uma região muito pobre e vulnerável ao contrabando, ao tráfico de drogas, à guerrilha e à imigração ilegal.3 No Pará, a economia não vai além da floresta A região oeste do Pará sempre viveu de ciclos de exploração da floresta amazônica, sem que uma atividade conseguisse alavancar a economia. Houve o da borracha, o da juta, o da extração de madeira para exportação, o da pimenta do reino, o do ouro. Acabou atraindo algumas indústrias, que beneficiam os produtos tirados da mata.4 Bico do Papagaio tem pobreza e tensão agrária Palco de grandes conflitos pela posse da terra, o Bico do Papagaio reúne boa parcela dos municípios mais miseráveis do país. É grande polo de expulsão de migrantes tanto para as demais regiões quanto para os países que fazem fronteira com o Brasil. A origem desse fenômeno está na sua estrutura política demasiadamente concentrada.5 "Terra de ninguém" fica na região entre o Ceará e o Piauí A divisa do Ceará com o Piauí é uma região disputada pelos dois Estados. Seus moradores foram completamente abandonados pelo poder público. Não há atividade econômica significativa, exceto as voltadas à sobrevivência. As cidades são isoladas, não possuem energia elétrica, água encanada ou sistema de esgoto.6 Seca no agreste nordestino não teve solução Enquanto o litoral progride, o agreste continua na carestia. O clima seco e a falta de rios perenes impediram a instalação de uma agricultura forte. E, assim, a pecuária extensiva para a produção de leite se destacou. As plantações se restringiram a pequenas propriedades familiares, de subsistência. A nova ameaça é a desertificação.7 Norte baiano tenta superar barreiras do semiárido O clima semiárido espantou investimentos públicos e privados do norte da Bahia. Só a pecuária de ovinos e caprinos e a mineração vingaram. Juazeiro é a cidade mais avançada, abrigando, inclusive, um polo industrial. Nas cercanias do rio São Francisco, desenvolve-se uma fruticultura promissora, que usa sistemas de irrigação.8 Entorno de Brasília não estava contido no plano O elaborado planejamento da capital do país não contemplou os arredores, que receberam ondas de migrantes do Nordeste para trabalhar na construção da cidade e na prestação de serviços. Os municípios da área buscam descobrir novas vocações: Luziânia investe na plantação de morangos e Valparaíso de Goiás, na movelaria.9 Minas Gerais tem vasta área que parou no tempo O Centro-Norte de Minas Gerais sofreu com um relativo isolamento em várias épocas. Nem a mineração, nem a pecuária bovina nem a agricultura conseguiram gerar empregos permanentes de forma a promover o dinamismo econômico. A organização da sociedade, baseada em relações de compadrio, por décadas barrou avanços.10 Oeste de Mato Grosso do Sul quer atrair indústrias O solo, repleto de rochas como mármore, granito e calcário, não é propício à atividade agrícola, por isso essa parte do Estado não experimentou o "boom" dos grãos vivido pelo restante do Centro-Oeste. Agora, esforça-se para atrair indústrias para o beneficiamento desses produtos, tentando deixar de ser uma área só extrativista.11 Vale do Ribeira procura avançar sem desmatar Vizinho à região mais próspera do país, acabou deixado de lado, enquanto o interior paulista, de acesso fácil devido à construção de ferrovias, desabrochava com o café. Por isso, a mata local foi preservada. Hoje, enfrenta o dilema de avançar sem degradar o ambiente. Desafio é explorar melhor o turismo ecológico.12 População encolhe no oeste do Rio Grande do Sul Primeiro, a economia era baseada na pecuária de ovinos e bovinos. Depois, começou a cultura do arroz. A pouca diversificação da atividade e o modelo de produção baseado em latifúndios levaram à estagnação. Atualmente, algumas cidades, como Santana do Livramento, estão vendo a sua população diminuir fortemente.

[Na Bahia] Boom de crédito aumenta o valor de imóvel até em beira de estrada

Folha de ão Paulo, domingo, 30 de maio de 2010

DO ENVIADO AO NORDESTE

O boom de negócios e do crédito imobiliário no Nordeste está levando a um rápido aumento nos preços de terrenos e imóveis na região, além de uma saturação da infraestrutura disponível.A maior construtora do interior da Bahia, a R.Carvalho, sediada em Feira de Santana (107 km de Salvador), cresce 100% ao ano e levanta hoje 7.091 unidades, 75% delas voltadas à baixa renda.No Nordeste, a renda per capita cresce hoje a um ritmo de quase 7,5% ao ano, ante 5,3% na média do país. Entre os mais pobres na região, o avanço é de 15%.De acordo com José Luiz Souza, diretor da R.Carvalho, enquanto o metro quadrado de imóveis de baixo padrão chega a R$ 1.400, o valor ultrapassa R$ 3.400 para os de melhor qualidade.Caso de um imóvel comprado em condomínio fechado à beira da BR-116, em Feira de Santana, por Tatiana Coutinho. Ela está pagando financiados R$ 152 mil por uma casa de 46 m² no local.Quando a Folha visitou Tatiana, ela tomava informações via conferência em vídeo por computador para investir em um novo edifício erguido pela OAS em Salvador, o Manhattan. Preço, também financiado: entre R$ 4.500 e R$ 5.000 o m².Questionada se já ouvira falar na chamada "bolha imobiliária" que estourou nos EUA em 2007, após uma farra de crédito direcionada ao setor no país, Tatiana respondeu negativamente.Segundo Tatiana, ela e o marido, que é funcionário público, querem investir em imóveis, pois veem boas chances de valorização.EXPLOSÃOEntre 2004 e 2009, o total do crédito imobiliário no país disponível via poupança e FGTS para a compra de imóveis saltou de R$ 6,3 bilhões para R$ 48 bilhões (662%)Para Ana Maria Castelo, da FGV Projetos (que dá consultoria ao SindusCon-SP), o forte aumento nos preços no setor imobiliário decorre da grande demanda por moradia reprimida por décadas."Ao contrário do que se deu nos EUA, onde as pessoas compravam imóveis a crédito para investir ou refinanciavam moradias para consumir, aqui o objetivo principal é morar", afirma.Mesmo assim, ela reconhece que os preços "sobem muito rapidamente"."O problema no Brasil é a infraestrutura. Para aumentar a oferta [e conter preços], as periferias das cidades, onde ainda há terrenos disponíveis, deveriam contar com melhor acesso e mais transporte público", diz.Ao sul de Feira de Santana, em trecho da BR-116 que está sendo duplicado, por exemplo, há uma série de novos empreendimentos imobiliários em cidadezinhas.Em Milagres (241 km de Salvador), mais de três centenas de casas foram erguidas nos últimos dois anos.O resultado é que a BR-116 vem ficando saturada. Mesmo sua duplicação é vista com ceticismo, já que a estrada é dominada pelo transporte de cargas, que o rápido desenvolvimento da região só faz aumentar.(FERNANDO CANZIAN)

Portos da BA já estão com demanda saturada

Folha de São Paulo, domingo, 30 de maio de 2010


Aumento da atividade congestiona rodovias e expõe as falhas da regiãoEstado está se tornando uma nova fronteira de exploração mineral e não tem mais condições de atender a demanda

DO ENVIADO AO NORDESTE

Cerca de 40% das cargas que chegam ou são embarcadas a partir da Bahia percorrem até 3.000 km (como ir de São Paulo a São Luís, no Maranhão) antes de entrar ou sair do Estado.A origem ou o destino são o Sul e o Sudeste, já que os portos do Estado não têm mais capacidade para atender o nível de atividade atual.A Bahia também está se tornando uma nova fronteira de exploração mineral (além de agrícola), o que só agrava o quadro de saturação."Para atender a demanda na Bahia são necessários inúmeros investimentos", afirma Paulo Villa, da Usuport, que reúne os usuários dos portos da Bahia.No caso do porto de Salvador, há uma obra de R$ 381 milhões com verba do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para completar uma via de 4.300 metros, com túneis e vários viadutos, que pretende ligar a BR-324 diretamente à área de embarque -desafogando parte do centro da cidade.Mas Villa afirma que também seriam necessários novos investimentos para ampliar a capacidade do porto.Na BR-116, principal rodovia de acesso ao Sul e ao Sudeste, cerca de 90% do tráfego é de caminhões. Principalmente com cargas que não podem sair direto da Bahia.DE PORSCHE, EM 1ªRupert Hayward, do fundo Salamanca, que já colocou 500 milhões nas áreas imobiliária, de energia e mineração, afirma querer usar o Nordeste "como plataforma para investimentos"."Mas ainda falta muito em infraestrutura. E o sistema tributário no país é pesado."Um dos sócios de Hayward no país, Silvio Bezerra, presidente da Ecocil, a maior construtora de Natal, reconhece os problemas, às vezes equivalentes, diz, "a ter um Porsche e só andar em primeira" marcha.Mas ele acredita que a Copa do Mundo de 2014 vai impor uma aceleração das obras de infraestrutura na região, como a do novo aeroporto que está sendo construído em Natal (RN).(FERNANDO CANZIAN)

Nordeste vive "Chináfrica", com aceleração e gargalos

Folha de São Paulo, domingo, 30 de maio de 2010


Investimento aumenta e crédito salta 330%, mas infraestrutura atrapalhaMercado de imóveis e negócios têm forte expansão sobre base frágil; indícios sugerem uma "bolha" imobiliária

FERNANDO CANZIAN ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE

O mercado imobiliário e os negócios no Nordeste vivem uma explosão de preços e de atividade. Mas a infraestrutura que sustenta o atual ritmo "chinês" pode ser definida como "africana".Essa "Chináfrica" impõe vários desafios ao crescimento sustentável da região mais pobre do Brasil.Embalado por uma expansão de 330% no crédito nos últimos cinco anos (a maior do país, ante 240% no Sudeste), o Nordeste vem atraindo bilhões de dólares em investimentos, principalmente no setor imobiliário.A contrapartida tem sido maior estresse sobre a infraestrutura e rápido aumento nos preços de imóveis e no endividamento das famílias. Alguns já veem indícios de uma "bolha" imobiliária, inflada pelo crédito farto.Imóveis comerciais em Salvador já são vendidos a R$ 4.000 o m2. É o mesmo valor pago por casas em condomínios fechados em Feira de Santana, à margem da congestionada BR-116.No Rio Grande do Norte, a Folha acompanhou um grupo de investidores estrangeiros ávidos por oportunidades de negócios diante da escassez de opções, atualmente, na Europa e nos EUA."Aqui não há terremoto nem vulcões", dizia o apresentador do Polo Pitangui, em Natal, ao vender a área de 2.000 hectares à beira-mar a investidores. Segundo ele, o local fica a 20 km do "novo aeroporto" de Natal.No "novo aeroporto", iniciado em 2004 pela Infraero em convênio com o Exército, só existe a pista, concluída e sem utilização há três anos.A eletrificação da área ainda é rural (de baixa intensidade), e a água para a obra, trazida em caminhão-pipa. A Infraero promete terminar o aeroporto em 2011.FALTA DE SANEAMENTOAlém da ausência de terremotos, a região não conta com saneamento básico adequado. Embora o governo prometa duplicar o sistema em 2010, o Rio Grande do Norte é um dos piores Estados do país nesse quesito.Seis das principais praias do Estado estavam impróprias por conta dos níveis de coliformes fecais no fim de semana em que os investidores avaliavam suas opções.Na plateia, entre outros, o ex-jogador da seleção brasileira Mauro Silva, construtores de campos de golfe e o britânico Rupert Hayward, do fundo Salamanca. Ele já comprou 50% da Ecocil, a maior construtora de Natal.Cerca de 70% dos lançamentos da Ecocil são voltados para as classes C e D. Os preços médios subiram 60% nos últimos 12 meses.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me3005201001.htm

Trabalho e Previdência apoiam 7,72%

quinta-feira, 27 de maio de 2010 23:00

Ministérios reagem ao Planejamento e à Fazenda que querem vetar reajuste para os 8,3 milhões de aposentados que ganham acima do mínimo

Denise Madueño e Rui Nogueira, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA -

Os ministros da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, e do Trabalho, Carlos Lupi, também são favoráveis a que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprove os 7,72% de reajuste para os 8,3 milhões de aposentados que ganham acima de um salário mínimo.
A Medida Provisória (MP) com esse aumento – contra a proposta inicial do governo, de 6,14% de reajuste – foi aprovada no Congresso na semana passada, mas não caduca no próximo dia 1º de junho. Por ter sido alterada e ter virado um Projeto de Lei de Conversão, o presidente ainda tem duas semanas para sancionar ou vetar o que os parlamentares aprovaram.
Os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) lideram o movimento contra a aprovação dos 7,72%. A maioria dos líderes políticos governistas admite que esse índice dá "conforto eleitoral" para a candidata Dilma Rousseff, mas dentro do Planalto há um movimento aconselhando o presidente a conceder no máximo 7%, que foi o reajuste negociado com a base governista.
O ministro do Trabalho disse na quinta-feira, 27, ao Estado, por meio da assessoria, que não foi chamado a opinar tecnicamente sobre o assunto. Acrescentou, porém, que a posição de Carlos Lupi é a mesma do seu partido, o PDT, na votação da MP – o PDT votou a favor dos 7,72%.
Carlos Eduardo Gabas, da Previdência, em conversa com líderes da base governista, tem se posicionado a favor do reajuste de 7,72%. Ministro e líderes discutem o efeito que teria o pagamento retroativo ao dia 1º de janeiro deste ano junto aos 8,3 milhões de aposentados, faltando quatro meses para as eleições.
O desgaste previsto seria a crítica que Lula agradou aos eleitores e rompeu a linha da responsabilidade fiscal, defendida publicamente por ele mesmo. Dilma também poderia ser criticada, na linha de que, caso eleita, não manteria as contas em ordem.
A MP enviada ao Congresso estabeleceu a correção em 6,14%. O aumento, acima da inflação, foi negociado com as centrais sindicais. Nos cálculos da equipe econômica, a diferença entre os dois índices representa R$ 1,5 bi de gastos a mais por ano.
Já o veto manteria a política de reposição da inflação em vigor e a correção das aposentadorias acima de um mínimo ficaria apenas nos 3,5%. Nesse caso, os ataques partiriam de todos os lados, de aposentados à oposição e sindicalistas.
A terceira opção tem o fato negativo de deixar o assunto exposto ao debate político. Essa hipótese traria junto com o veto a edição de outra MP para corrigir o valor dos benefícios, levando em conta a inflação mais um ganho real. Uma nova MP teria de ser discutida antes do término das eleições. Em agosto, já estaria trancando a pauta de votações do plenário da Câmara, servindo a deputados da base afoitos em agradar os eleitores aposentados e à oposição.

Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+brasil,trabalho-e-previdencia-apoiam-7-72,not_20373,0.htm

JUAZEIRO E SERRANO CLASSIFICAM-SE PARA A GRANDE FINAL DO BAIANO 2ª DIVISÃO 2010

- 30.05.2010

Neste domingo aconteceram as partidas de volta da Fase Semifinal do Campeonato Baiano de Futebol Profissional 2ª Divisão – Edição 2010, que definiu Juazeiro e Serrano finalistas da competição. Além de disputar o título de Campeão desta edição, ambas já ascenderam automaticamente a Primeira Divisão em 2011.


Campanha dos Finalistas

No primeiro jogo o Serrano garantiu o primeiro lugar no Grupo 02 e a consequente vantagem sobre a Catuense. O time de Vitória da Conquista jogava por dois resultados iguais para conquistar sua vaga na final da Segunda Divisão, bem como retornar a elite do futebol baiano em 2011. Na partida de volta empatou em 1 x 1 com a Catuense e alcançou assim a classificação para a final.

O Juazeiro por sua vez, venceu o Camaçariense no primeiro jogo, por 3 x 1 e tinha a vantagem de perder por até um gol de diferença na partida de volta, o que aconteceu, perdeu por 3 x 2, mesmo assim conquistou a vaga na grande final.


O Retorno a Elite do Futebol Baiano

O Juazeiro retorna a elite do futebol baiano depois de 02 anos fora, quando foi rebaixado em 2008. O clube já conquistou o título de vice-campeão da 1ª Divisão em 2001 e o de campeão da 2ª Divisão em 1996.

O Serrano foi Campeão Baiano da 2ª Divisão em 1992. e Participou do Campeonato Baiano de Futebol 1ª Divisão pela última vez em 2003.


Fase Final

A Fase III – Final será disputada por Juazeiro e Serrano, que comporão o grupo 05, e se enfrentarão no sistema de ida e volta, sagrando-se campeã a associação melhor colocada do grupo.

O mando de campo no jogo de volta e vantagem de jogar por dois resultados iguais, pertencerá a equipe do Serrano, por ter obtido a melhor campanha em todas a competição com 21 pontos contra 19 pontos da equipe do Juazeiro.

Confira abaixo a composição do grupo 05:

GRUPO 05
Juazeiro
Serrano


Confira abaixo os confrontos do grupo 05:

DATA Dia HORÁRIO LOCAL
03/06 Qui 16:00 Juazeiro
Juazeiro x Serrano
06/06 Dom 16:00 Vit. da Conquista
Serrano x Juazeiro


fonte: http://www.fbf.org.br/

30.5.10

28.5.10


Reação sindical a cortes na UE mistura revolta e resignação

28 de maio de 2010

Valor Economico (SP)

Trabalho: Sindicatos criticam medidas de austeridade, mas acham improvável que elas sejam revertidas

Marcos de Moura e Souza, de São Paulo


Um misto de revolta e resignação. É assim que trabalhadores e sindicatos europeus estão reagindo aos cortes de gastos que diversos governos vêm anunciando nas últimas semanas para tentar reequilibrar suas economias.

Os gregos já organizaram três paralisações para protestar contra o pacote de austeridade; a principal central sindical da Espanha ameaçou na semana passada com uma convocação de greve geral; e ontem centenas de milhares de franceses saíram às ruas em diversas cidades do país.

"Os governos estão fazendo uma coisa muito arriscada, repetindo o que predecessores fizeram e repetindo o que presidente [Herbert] Hoover fez em 1931", disse ao Valor John Monks, secretário- geral da Confederação Europeia Sindical (Etuc, em inglês), de Bruxelas. O fantasma do ex-presidente americano (1929-1933) - criticado por medidas de austeridade no período da Grande Depressão - ressurge agora, segundo Monks, com o risco de minar renda e emprego.

Monks disse que a confederação planeja reunir em junho líderes sindicais de diversos países da Europa que integram da direção executiva da entidade. Fundada em 1973, a Etuc diz congregar 82 centrais sindicais em 36 países europeus. "Todos estamos sofrendo as mesmas pressões e o que vamos debater é se poderemos fazer algo conjuntamente."

Por enquanto, avalia Monks, "há um sentimento de resignação em alguns dos países do norte da Europa" pelo fato de os governos estarem implementando pacotes que dificilmente serão revertidos, mesmo com protestos e greves.

Além disso, as medidas de austeridade, continua Monks, fazem com que trabalhadores se sintam "fartos, deprimidos e bravos".

Em países como Grécia, Portugal, Itália, Reino Unido e França esse descontentamento vem se traduzindo em greves e protestos, em alguns casos, e críticas e ameaças de paralisação, em outros.

Na Espanha, a maior central sindical do país a Comisiones Obreras (CCOO) já convocou uma greve de servidores públicos para 8 de junho, ao lado da UGT, a segunda maior confederação de sindicatos espanhóis.

Numa carta enviada no dia 14 ao presidente Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, Monks disse que "os cortes que estão sendo aplicados são pró-cíclicos, deflacionários e vão aumentar o desemprego. O setor privado ainda está fragilizado e não conseguirá fornecer um crescimento compensatório. As conquistas sociais estão sendo minadas à medida que os cortes começam a atingir os salários, as aposentadorias, os gastos públicos e as condições trabalhistas".

Monks reclama que de modo geral os governos ignoraram entidades sociais e sindicais da Europa na elaboração de seus pacotes para conter seus déficits fiscais.

Um dos efeitos colaterais que mais preocupam as organizações de trabalhadores europeus é o desemprego. A taxa em alguns países está em 10%; em outros, como na Espanha, chega a 20%. Para Monks, os governos erram agora em reduzir gastos, congelar salários e alterar regras de aposentadoria.

"A Grécia, por exemplo, precisa ser encorajada a crescer. Acho que a UE deve dar algum tipo de ajuda financeira para uma mudança de direção do rumo das economias da Grécia, Espanha e Portugal", diz o líder sindical. "O que acho que é importante é que a UE ajude mais do que penalize esses países. No momento, a Grécia está submetida ao poder colonial de Bruxelas, ou Frankfurt ou Washington. E com outros países poderá ocorrer o mesmo."

BC: superávit fiscal de R$ 19,7 bi melhora perfil de endividamento

28 de maio de 2010

O Globo (RJ)

Relação dívida líquida/PIB cai a 42,2%, mas BNDES faz dívida bruta crescer

Patrícia Duarte


BRASÍLIA. A forte arrecadação de impostos em abril — que levou o país a obter um superávit primário de quase R$ 20 bilhões, o terceiro maior da série histórica — também melhorou os indicadores de dívida líquida, cuja tendência voltou a ser de queda. Segundo o Banco Central (BC), no mês passado o endividamento — indicador de referência para a solvência das contas federais — chegou a R$ 1,371 trilhão, o que equivale a 42,2% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país).

Em março, a relação estava em 42,4% e vinha crescendo desde janeiro. Para maio, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a expectativa é que a chamada relação dívida/PIB caia para 41,2% e feche o ano a 40%. Isso porque a arrecadação continuará crescendo, puxada pela forte atividade econômica, e a inflação começará a cair.

— Existe uma parcela grande da dívida indexada a preços — acrescentou Lopes.

Hoje, por exemplo, 25,8% dos títulos da dívida são corrigidos pelo IPCA. Já a dívida pública bruta, que não leva em consideração ativos do setor público, subiu para R$ 1,968 trilhão em abril, a 60,6% do PIB — 0,2 ponto percentual a mais ante março. Esse avanço decorreu da capitalização feita pelo Tesouro no BNDES, que somou R$ 180 bilhões nos últimos 12 meses.

Superávit está em 2,17% do PIB, abaixo da meta

Daqui para a frente, disse Lopes, as receitas dos governos, oriundas dos pagamentos de impostos e contribuições, vão continuar crescendo por causa da economia fortalecida, gerando bons resultados fiscais. Além disso, vários tipos de gastos serão limitados a partir de julho, por ser ano eleitoral. No mercado, a previsão é que o PIB cresça 6,5% neste ano, mas alguns apostam em 7,5%.

Em abril, por exemplo, o superávit primário (economia feita pelo setor público para o pagamento de juros) fechou em R$ 19,789 bilhões, quase R$ 8 bilhões a mais do que a cifra vista um ano antes (RS 11,950 bilhões) e com o terceiro melhor resultado mensal da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2011. O número do mês passado corresponde a 2,17% do PIB num fluxo de 12 meses, ainda distante da meta fixada pelo governo para 2010, de 3,3%.

Para o governo, os dados reforçam a expectativa de que a meta será cumprida. Porém, embora essa seja a expectativa do Tesouro Nacional, para uma ala do Executivo federal o otimismo não é tanto a ponto de ver resultados acima do estabelecido.

— A meta é de 3,3%, e é com isso que trabalhamos — disse ontem o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

O resultado de abril levou o país a registrar ainda superávit nominal (receitas menos despesas e pagamento de juros) de R$ 5,304 bilhões. Em abril, o superávit primário do governo central (Tesouro Nacional, BC e INSS) ficou em R$ 16,528 bilhões, o melhor resultado para o mês em dois anos. Já os governos regionais apresentaram um superávit primário de US$ 3,611 bilhões, enquanto as estatais registraram um déficit primário de R$ 350 milhões

Economia vira prioridade de segurança nacional nos EUA

28 de maio de 2010

Valor Economico (SP)

Doutrina Obama: Recuperação econômica é vital para manter poderio

Agências internacionais

O governo dos EUA divulgou sua nova doutrina de segurança nacional, na qual pretende unir diplomacia e disciplina fiscal, por um lado, com poder militar, do outro lado, para reforçar a posição dos EUA no mundo.

Em uma ruptura formal com o unilateralismo da era Bush, a estratégia do presidente Barack Obama preconiza expandir as parcerias para além de aliados tradicionais dos EUA e englobar potências emergentes, como China, Índia e Brasil, para compartilhar a carga da política internacional.

Diante de uma economia em dificuldades e déficits recordes, o governo também reconheceu que aumentar o crescimento econômico e colocar a situação fiscal do país em ordem devem ser prioridades de segurança nacional. "No centro dos nossos esforços está um compromisso de renovar a nossa economia, que serve como fonte do poder americano", diz o texto.

A primeira declaração oficial de Obama quanto aos objetivos de segurança nacional intencionalmente omite a política de guerra preventiva de seu predecessor, George W. Bush, que afastou alguns aliados americanos.

O documento formaliza a intenção de Obama de enfatizar a diplomacia multilateral, em vez do poderio militar, enquanto tenta remodelar a ordem mundial.

O governo ainda reiterou a determinação de Obama de tentar negociar com "nações hostis" - uma referência velada ao Irã e à Coreia do Norte -, mas ameaçou a isolá-las se elas continuassem a desafiar as normas internacionais.

A Estratégia de Segurança Nacional é uma exigência legal feita a todos os presidentes e muitas vezes se torna uma reafirmação de posições existentes. Ela é considerada importante porque pode influenciar orçamentos e leis.

Obama, que assumiu o poder durante a pior crise financeira desde a década de 1930, tomou uma posição mais clara do que qualquer dos seus antecessores na elaboração da ligação entre a saúde econômica doméstica dos EUA e sua estatura no exterior.

"Precisamos renovar a base da força dos Estados Unidos", diz o documento. Ele afirma que o crescimento econômico sustentável depende de colocar o país em um "caminho fiscalmente sustentável", e também pediu a redução da dependência de fontes estrangeiras de petróleo.

Não houve menção ao grande endividamento do país em relação a países como a China. Isso vem se tornando uma preocupação entre políticos e diplomatas e poderia representar um problema de segurança nacional.

Bush usou sua primeira declaração sobre segurança nacional, em 2002, para demarcar o direito de ataque preventivo contra os grupos terroristas e países considerados ameaças para os EUA. Isso ocorreu no rescaldo dos ataques de 11 de setembro de 2001.

O plano de Obama distanciou sua administração da que ficou conhecida como Doutrina Bush

A melhora do tom dos EUA na política externa já é amplamente creditada a Obama, o que levou o presidente a ganhar o Nobel da Paz em 2009, mas ele ainda enfrenta duas guerras inacabadas, impasses nucleares com Irã e Coreia do Norte e um esfriamento do processo de paz no Oriente Médio. Para seus críticos, os esforços diplomáticos de Obama refletem uma fraqueza dos EUA e põem em risco os interesses americanos, por se basearem demais em "soft power".

OCDE sugere que país baixe imposto sobre salários

28 de maio de 2010

Valor Economico (SP)

De Paris


A Europa em crise de endividamento e baixo crescimento deve se inspirar no que o Brasil começou a fazer bem na sua economia. É o que diz o economista-chefe e vice-diretor da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Pier Carlo Padoan. "O Brasil hoje está na frente", diz ele. Ao mesmo tempo, o economista sugere que o Brasil avance em reformas, incluindo baixar imposto sobre os salários e aumentá-los sobre o consumo. E também cobrar pela entrada nas universidades públicas. A seguir, os principais trechos da sua entrevista:

Valor: A Europa caminha para uma nova recessão?

Pier Carlo Padoan: Não vejo o risco de dupla recessão. Mas os países europeus têm que fazer reformas estruturais para melhorar a produtividade, liberalizar o mercado de serviços, baixar o custo do trabalho. Pode-se fazer também algo no lado da demanda, mas não é com despesa pública ou menos impostos. Se não há estabilidade financeira na zona do euro, as consequências serão mais queda de demanda. É preciso recuperar a estabilidade financeira.

Valor: O ajuste que os países anunciaram é suficiente?

Padoan: Os mercados precisam ainda ser convencidos um pouco. O pacote de US$ 1 trilhão para a Europa é maior do que o programa que os EUA adotaram na época da quebra do Lehman Brothers. Mas o mercado visivelmente espera que as medidas anunciadas sejam implementadas. Acho que isso pode se fazer rapidamente. Espera também que o mecanismos de decisão na União Europeia seja reforçado, e aí há um problema, porque é preciso realmente reforçar a governança na UE.

Valor: Que lições a Europa pode tirar das crises na América Latina?

Padoan: O Brasil tirou lições de crises anteriores e seu desempenho é muito bom. Fez reformas macroeconômicas, mas também estruturais para reforçar o crescimento. A situação do mercado mostra que o Brasil está mais avançado face a instabilidade que os países europeus, e isso na política macroeconômica, financeira e no reforço estrutural para estimular o crescimento. É preciso fazer isso na Europa.

Valor: O Brasil pode requerer mais influência globalmente?

Padoan: Sem dúvida. O papel do Brasil vai ser mais e mais importante. O desempenho de sua economia é um fator importante dessa evolução. Mas a liderança do Brasil na cooperação internacional, como no G-20, vai crescer.

Valor: O que o Brasil precisa melhorar rapidamente?

Padoan: A OCDE tem sugerido ao Brasil mais ações nas áreas tributária, educação e infraestrutura. É preciso mudar a estrutura tributária no país, baixar as taxas adversas ao crescimento e compensar isso com outras taxas. A OCDE recomenda baixar o imposto direto sobre o trabalho, os salários, e de outro lado, aumentar a taxa indireta sobre o consumo. Com isso, terá mais produtividade, mais crescimento, mais renda disponível para as famílias. Também é preciso pensar em adotar uma taxa carbono, para reduzir as emissões de gases na produção, vincular mudança climática e crescimento. A competitividade depende de muitas coisas, como especialização, inovação tecnológica. É possível aumentá-la e ser mais ambientalmente correto.

Valor: E cobrar pela entrada nas universidades federais?

Padoan: Sim. É preciso melhorar no Brasil a eficácia do investimento na educação. Uma maneira é cobrar pela entrada na universidade pública. Isso pode ser atenuado com concessão de bolsas para os bons estudantes que não podem pagar. Há muita experiência internacional boa nesse sentido.

Valor: Na infraestrutura, o país tem o PAC em andamento.

Padoan: A indicação é de continuar a aumentar o estoque de capital infraestrutural. O Brasil está a pleno vapor, mas precisa de infraestrutura e de capital humano.

Valor: Voltando à instabilidade nos mercados, isso pode durar?

Padoan: Creio que é preciso alguns dias [para se acalmar]. Mas veja, não é somente a Grécia, Espanha e Portugal, mas todos os países da zona do euro que fazem ajuste fiscal. A própria França estuda colocar na constituição um limite ao endividamento. Há uma mudança de velocidade para resolver o problema fiscal na Europa.

Valor: Até que ponto o sistema bancário europeu corre risco?

Padoan: No balanço dos bancos europeus há também a dívida soberana de países que estão em situação de dificuldade, como a Grécia. Daí a importância de reforçar o balanço dos bancos. A decisão do Banco Central Europeu de aceitar os bônus governamentais é medida de curto prazo que permite ganhar tempo.(AM)

Com economia em crescimento, desemprego segue em queda

28 de maio de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

JOÃO SABOIA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A divulgação, ontem, dos resultados de abril da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE confirma mais uma vez a situação favorável da economia e do mercado de trabalho do país.
A taxa média de desemprego ficou em 7,3%, o menor valor para meses de abril desde 2002, quando a nova PME foi implantada.
Estão sendo gerados empregos em praticamente todos os setores da economia, inclusive na indústria, que foi o segmento mais atingido pela crise de 2008/2009. O rendimento médio continua aumentando quando comparado com os anos anteriores.
Segundo o IBGE, o emprego com carteira assinada está crescendo nas seis regiões metropolitanas incluídas na pesquisa, confirmando os dados nacionais levantados pelo Caged, que havia mostrado a geração de quase 1 milhão de empregos até abril. Este ano certamente será o de maior geração de empregos formais no país.
Os resultados favoráveis do mercado de trabalho refletem o comportamento excepcional da economia brasileira, que deve apresentar neste ano taxa de crescimento da ordem de 7% a 7,5%, segundo previsões de várias instituições, inclusive do Grupo de Conjuntura do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Se esse crescimento se confirmar, será a maior taxa observada no país desde meados dos anos 1980.
As contas públicas estão positivas, a arrecadação, em alta, e o superavit fiscal bateu novo recorde no primeiro quadrimestre do ano.
Infelizmente, tal esforço fiscal acaba sendo desperdiçado com o pagamento dos juros da dívida pública, que deverão subir ao longo do ano com o aumento da Selic.
Apesar dos bons resultados, há alguns desafios para a continuidade do crescimento econômico e a consequente melhoria do mercado de trabalho.
Do ponto de vista interno, o principal é a necessidade de investimentos nos mais diversos setores da economia. A taxa de investimento do país é reconhecidamente baixa e precisa ser aumentada para dar conta de uma economia em ritmo crescente de crescimento econômico.
Pelo lado externo, tem havido forte deterioração da conta-corrente, principalmente devido ao pior resultado da balança comercial. O deficit externo, entretanto, deverá ser financiado com a entrada de capitais sem maiores dificuldades no curto prazo.
A médio prazo, entretanto, o país poderá encontrar dificuldades de financiamento das contas externas caso a balança comercial não se recupere. Certamente, uma desvalorização do real poderia dar uma boa contribuição nesse sentido.
Em resumo, o ano de 2010 já está assegurado, mas, para a continuidade do crescimento econômico no futuro, algumas questões estruturais terão que ser enfrentadas pelo próximo governo.

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JOÃO SABOIA é diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.