7.12.12

Inflação oficial fica em 0,60% em novembro, aponta IBGE


O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a "inflação oficial" do país, por ser usado como base para as metas do governo, passou de 0,59% em outubro para 0,60%, em novembro, segundo informou, nesta sexta-feira (7), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em novembro de 2011, a taxa havia ficado em 0,52%.
No ano, o indicador acumula alta de 5,01% - taxa infeiror aos 5,97% verificados no mesmo período de 2011. Em 12 meses, o IPCA ficou em 5,53%, acima dos 5,45% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores.
Na passagem de outubro para novembro, o maior índice foi registrado em Belém (1,27%) e o menor, em Brasília (0,35%).
Ainda que tenham continuado em alta, os preços dos alimentos subiram menos de outubro para novembro: de 1,36% para 0,79%. O maior destaque ficou com o preço das carnes, cuja taxa de variação recuou de 2,04% para 0,40%.
Também mostraram desaceleração de preços os grupos vestuário (de 1,09% em outubro para 0,86% em novembro) e saúde e cuidados pessoais (de 0,48% para 0,32%). Educação (0,05%) e comunicação (0,31%) ficaram com resultados idênticos aos do mês anterior.
Na contramão, a taxa do grupo transporte subiu para 0,68%, contra alta de 0,24% em outubro, influenciado, principalmente, pelas passagens aéreas, cujos preços aumentaram, em média, 11,80% a mais em novembro.
Os preços relativos à habitação também subiram, de 0,38% para 0,64%, com destaque para o preço da energia elétrica, que, depois de cair 0,24%, subiu 1,38% em novembro.
O grupo de despesas pessoais também viu seus preços reajustados para cima, passando de 0,10% em outubro para 0,53% em novembro. As maiores influências partiram dos empregados domésticos, cuja variação passou de -0,16% para alta de 0,66%, e excursão, que foi de 0,98% para 6,55%.
No grupo artigos de residência, a taxa de variação foi de 0,37% em outubro para 0,47% em novembro, com destaque para o item mobiliário (de 0,58% para 1,11%).
INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ficou em 0,54% em novembro, taxa 0,17 ponto percentual abaixo do resultado de 0,71% de outubro. O acumulado do ano foi para 5,42%, abaixo da taxa de 5,54% relativa a igual período de 2011. Nos últimos 12 meses, o índice situou-se em 5,95%, abaixo dos doze meses imediatamente anteriores (5,99%). Em novembro de 2011 o INPC ficou em 0,57%.



'Economist' foi 'precipitada' ao sugerir saída de Mantega, diz Pimentel


O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou nesta sexta-feira (7) que a revista britânica “The Economist” foi “um pouco precipitada” ao afirmar que a presidente Dilma Rousseff deveria demitir o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para restabelecer a confiança na economia do país.
"No dia em que a Economist nomear ministro no Brasil nós deixaremos de ser República", afirmou Pimentel, ao chegar para a abertura do Fórum Empresarial do Mercosul, em Brasília.
O ministro defendeu as medidas de estímulo à economia tomadas pelo governo e destacou que este foi um ano de dificuldades na economia mundial como um todo, com reflexos também no Brasil. Para Pimentel, os indicadores apontam para uma forte retomada do crescimento econômico e dos investimentos no país.
Questionado sobre câmbio, o ministro deixou claro que quem cuida da questão é a Fazenda e o Banco Central. Ele destacou, entretanto, que o câmbio é flutuante e que o governo não permitirá que esta flutuação prejudique a competitividade. Pimentel acrescentou ainda que, toda vez que o mercado agir claramente contra a taxa de câmbio o governo vai intervir para impedir prejuízos à competitividade.
Mantega não comenta
Mantega evitou comentar nesta sexta-feira a reportagem da "The Economist". Na saída do ministério para o aeroporto, onde embarcaria para São Paulo, ele entrou no carro sem falar com os jornalistas.

Reportagem da "The Economist" afima que o mercado perdeu confiança em Mantega depois do resultado desapontador do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre – que mostrou uma alta de 0,6% sobre o trimestre anterior.
“Ela [Dilma] insiste que é pragmática. Se é assim, ela deveria demitir Mantega, cujas previsões excessivamente otimistas perderam a fé dos investidores, e indicar um novo time capaz de restabelecer a confiança dos negócios”, afirma o texto.
A revista aponta que há dois anos, quando Dilma Rousseff foi eleita presidente, a economia estava em expansão; depois, “estacionou”, e agora luta para se recuperar. Apesar dos esforços “frenéticos” de estímulo, a “criatura moribunda” cresceu no terceiro trimestre apenas metade do previsto por Mantega.
A publicação reconhece os esforços do governo para estimular o crescimento, como o corte na taxa de juros para sua mínima histórica, de 7,25%; as desonerações das folhas de pagamento das empresas, os planos de investimento em infraestrutura e a previsão de corte nos custos de eletricidade. Mas afirma que os investidores estão cautelosos porque o governo “interfere demais”.
“Rousseff parece acreditar que o estado deve dirigir as decisões sobre investimentos privados. Esse tipo de ‘micro-interferência’ mina também a confiança na política macroeconômica”, diz a Economist. Em vez de interferir, afirma a publicação, o govero “deveria redobrar os esforços para cortar o ‘custo Brasil’ (...) e deixar o espírito animal do setor privado rugir”.




3.12.12

Balança comercial tem pior resultado para novembro em 12 anos


No mês passado, foi registrado déficit comercial de US$ 186 milhões.
Na parcial do ano, superávit recua 33,9%, para US$ 17,18 bilhões.


A balança comercial brasileira registrou déficit (importações maiores do que exportações) de US$ 186 milhões em novembro deste ano, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) nesta segunda-feira (3). Trata-se do pior saldo, para meses de novembro, desde 2000 (-US$ 654 milhões).
Em novembro deste ano, as exportações somaram US$ 20,47 bilhões, ou US$ 1,02 bilhão de média diária, o que representa uma queda de 6% sobre o mesmo mês de 2011. Ao mesmo tempo, as importações totalizaram US$ 20,65 bilhões, ou US$ 1,03 bilhão por dia útil. Isso representa um recuo de 2,6% sobre novembro de 2011.
Mudança na contabililização de petróleo
A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, informou que a instrução normativa 1.282 da Receita Federal concedeu um prazo, em julho deste ano, de 50 dias para a Petrobras registrar nas estatísticas da balança comercial as importações de petróleo e derivados, como combustíveis.
Com isso, houve um "represamento" da contabilização de importações de petróleo e combustíveis realizadas nos últimos meses nos dados oficiais da balança comercial brasileira - cuja maior parte acabou sendo registrada, segundo ela, somente em novembro. "Há concentração maior neste mês [de novembro]. Essa situação diz respeito à regularização de operações [de petróleo e combustíveis]. Boa parte das operações já foi regularizada", declarou Prazeres a jornalistas.
Acumulado do ano
No acumulado dos onze primeiros meses deste ano, ainda segundo números oficiais, as exportações superaram as compras do exterior, resultando em superávit da balança comercial, em US$ 17,18 bilhões. O valor representa uma queda de 33,9% frente ao mesmo período do ano passado – quando o saldo comercial positivo somou US$ 25,99 bilhões.
A queda do saldo comercial brasileiro acontece em meio à crise financeira internacional. Com crescimento menor da economia mundial, as exportações para outros países diminuem. A crise financeira também gera acirramento da competição internacional por mercados compradores, como o Brasil, e também dificulta as vendas externas brasileiras em outras nações.
No parcial de janeiro a novembro de 2012, as exportações somaram US$ 222,83 bilhões, com média diária de US$ 964 milhões, enquanto as compras do exterior totalizaram US$ 205,64 bilhões (média de US$ 890 milhões por dia útil). Em relação ao mesmo período de 2011, as vendas externas tiveram queda de 5,6% e as importações recuaram 2%, de acordo com dados do governo federal.
Resultado de 2011 fechado
Em todo o ano de 2011, o superávit da balança comercial brasileira somou US$ 29,79 bilhões. Com isso, o superávit da balança comercial registrou crescimento de 47,8% em relação ao ano de 2010, quando o saldo positivo totalizou US$ 20,15 bilhões. Trata-se, também, do maior superávit da balança comercial desde 2007 (US$ 40,03 bilhões). Em 2008 e 2009, respectivamente, o saldo comercial somou US$ 24,95 bilhões e US$ 25,27 bilhões.
Perspectivas para 2012
Para 2012, ano que está sendo marcado pelos efeitos da crise financeira internacional, com a previsão de crescimento do PIB de 1,27%, e pela concorrência acirrada pelos mercados que ainda registram crescimento econômico – como é o caso do Brasil –, os economistas dos bancos acreditam que o valor do superávit da balança comercial (exportações menos importações) registrará queda, atingindo cerca de US$ 20 bilhões.
O Banco Central, por sua vez, projeta um superávit da balança comercial de US$ 18 bilhões para este ano. Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê um saldo comercial positivo de US$ 19,7 bilhões neste ano.

Fonte

12.11.12

Após suicídio, Espanha promete moderar despejos em meio à crise


Mulher se jogou de 4º andar após tentativa de despejá-la de apartamento.

Premiê pediu que partidos mudem leis sobre retirada de inadimplentes.

O ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, prometeu nesta segunda-feira (12) que nenhuma família necessitada ficará sem moradia por causa da inadimplência hipotecária, numa resposta à indignação popular depois do suicídio de uma mulher que estava sendo despejada.
A associação espanhola dos bancos informou que seus filiados vão suspender durante dois anos as ordens de desocupação contra mutuários que tenham sido particularmente afetados pela crise econômica e pelo desemprego recorde.
Os bancos recuperaram cerca de 400 mil imóveis na Espanha desde o estouro da bolha imobiliária no país, em 2008. O país em seguida mergulhou numa recessão que deixou milhões de pessoas sem emprego e impossibilitadas de pagarem seus financiamentos imobiliários.
O suicídio de Amaia Egaña, de 53 anos, ocorrido na sexta-feira, inflamou uma opinião pública já irritada com a suposta falta de compaixão dos bancos, muitos dos quais se beneficiaram de resgates financeiros organizados pela elite política e bancados pelo contribuinte.
Homem passa por grafite em que a palavra 'desahucio' (despejo) aparece ao lado de uma forca nesta segunda-feira (12) no centro de Madri (Foto: Susana Vera/Reuters)Homem passa por grafite em que a palavra 'desahucio' (despejo) aparece ao lado de uma forca nesta segunda-feira (12) no centro de Madri (Foto: Susana Vera/Reuters)
Egaña, ex-vereadora socialista no norte da Espanha, saltou do seu apartamento de quarto andar em Barakaldo, no País Basco, quando oficiais de Justiça tentavam desalojá-la por inadimplência.
Falando em Bruxelas, De Guindos disse que é vital impedir os despejos num momento em que muitos imóveis construídos durante a febre imobiliária pré-2008 estão desocupados.
"Atualmente na Espanha, temos quase 1 milhão de unidades habitacionais vazias. Nesta situação, o governo e o Ministério da Economia... precisam tomar medidas para que nenhuma família de boa fé fique sem casa. Esse é o nosso compromisso."
Diante da pressão da opinião pública, o primeiro-ministro Mariano Rajoy pediu na segunda-feira a funcionários do seu Partido Popular e da oposição socialista que acelerem as negociações sobre as reformas das leis de despejo.
Mas a Associação Espanhola dos Bancos disse que seus filiados já acertaram com o governo na semana passada uma suspensão por dois anos dos despejos que atinjam as famílias mais carentes, segundo nota divulgada na segunda-feira pela entidade.
No sábado, torcedores do Rayo Vallecano, time de um bairro proletário de Madri, estenderam no estádio uma faixa com alusão a Egaña e a outros casos semelhantes. "Não são suicídios, são assassinatos. Os bancos e políticos são cúmplices. Parem os despejos!", dizia o cartaz.

5.11.12

Fim do almoço grátis no Brasil


O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Sua gestão é marcada pela recente tendência de queda dos juros.

Em 10 de outubro, o Banco Central do Brasil cortou sua taxa de juro básica pela décima vez em pouco mais de um ano, para 7,25%. A medida surpreendeu os analistas, pois os juros já estavam historicamente baixos e a inflação, acima do centro da meta do Comitê de Política Monetária, de 2,5-6,5%. Nem o crescimento econômico anêmico, que provavelmente terminará este ano em 1,5%, nem a moeda, que tende a subir com os juros enquanto se acumulam os investidores estrangeiros em busca de retornos, supostamente influirão em suas deliberações. Mas hoje a maioria dos analistas acredita que suas decisões são tomadas com vistas a aumentar o crescimento e enfraquecer a moeda, e que a menos que a inflação ameace romper a barreira dos 6,5% os juros continuarão baixos por algum tempo.
Por enquanto, a demanda global contida significa que é improvável que a inflação escape da coleira. Mas em longo prazo o governo terá de conter os gastos públicos e aplicar reformas difíceis se quiser que o Brasil cresça mais que 3 a 4% ao ano sem alimentar a inflação. Medidas recentes para cortar os impostos em folha de pagamento, limitar os aumentos de salários do setor público, reduzir os custos da energia e melhorar a péssima infraestrutura de transportes deverão ajudar a aumentar esses limites de velocidade econômica claramente modestos. Elas também convenceram muitos de que a presidente Dilma Rousseff fará o que for necessário para evitar que o banco tenha de aumentar de novo.
Taxas de juros permanentemente mais baixas seriam o mais positivo avanço econômico no Brasil desde que a hiperinflação foi dominada quase 20 anos atrás, diz Enestor dos Santos do BBVA, um banco espanhol ativo na região. As firmas investiriam mais — e ter um retorno decente significaria financiar projetos produtivos, não apenas estacionar dinheiro em títulos do governo.

Retornos ao credor

Mas em alguns setores os lucros estão caindo. Quando os investidores perceberam que as firmas de eletricidade teriam de aceitar retornos muito mais baixos a partir do início do próximo ano, ou ficar inelegíveis para se candidatar a concessões que terminam entre 2015 e 2017, os preços das ações despencaram. Masha Gordon, da administradora de fundos PIMCO, elogia o governo por tapar os ouvidos para interesses escusos e declarar o fim do “almoço grátis” no Brasil. As concessionárias de pedágios rodoviários e de energia que assinaram acordos quando os juros estavam muito mais altos se beneficiaram enormemente quando eles caíram, ela indica, deixando alguns projetos de baixo risco com retornos reais próximos de 20%. Dificilmente se poderia esperar que isso durasse.
Mas são os bancos que terão de se esforçar para se adaptar ao novo ambiente de juros baixos no Brasil, diz Gordon. Suas margens líquidas de juros vêm caindo há anos enquanto as taxas que cobram sobre empréstimos caem juntamente com a taxa básica, e o espaço para cortar os juros que eles oferecem sobre reduções de depósitos. Isso comeu os retornos. A pressão sobre os lucros aumentou recentemente enquanto o governo pressionou os bancos a transferir para os clientes os juros menores.
Os dois grandes bancos controlados pelo Estado, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, cortaram os juros a pedido do governo. Os bancos privados tiveram de acompanhá-los ou perderiam participação de mercado. Segundo a Anefac, uma organização de contabilistas, a taxa média paga pelos mutuários brasileiros no varejo em setembro caiu abaixo de 100% pela primeira vez. As taxas para empréstimos empresariais também estão no menor nível histórico — 48% ao ano.
Pelos padrões brasileiros, esses juros podem ser baixos; pelos internacionais, dão água na boca. O maior motivo, segundo Sergio Furio da bankFacil, uma startup que oferece informações online sobre finanças ao consumidor, é a ineficácia dos bancos brasileiros. Embora suas receitas por funcionário estejam amplamente de acordo com outras grandes economias, sua baixa produtividade é mascarada por preços muito altos. Elas precisam de duas vezes mais pessoal para gerar os mesmos volumes que os bancos da Europa ou dos EUA, ele indica — mas ainda são rentáveis porque as margens também são duas ou três vezes maiores.
“Os bancos brasileiros vêm contando com o último sopro das taxas de juros escandalosas”, diz Furio. Em vez disso, eles deveriam tentar ser mais eficientes e atrair um tipo melhor de clientes. Os empréstimos de alto custo afastam as pessoas abastadas que poderiam ser confiáveis para repagá-los. Essa seleção adversa significa que as taxas de juros devem ser aumentadas ainda mais para cobrir as frequentes inadimplências. O bankFacil espera ganhar dinheiro rompendo esse ciclo, enviando usuários recém-educados e dignos de crédito para instituições financeiras que podem cobrar menos deles.
As mais altas taxas de juros estão nos cartões de crédito, que no Brasil são principalmente usados para comprar produtos em prestações “sem juros”. Os comerciantes oferecem planos de pagamento autofinanciados de até 18 meses. Eles escondem seus custos financeiros no preço da etiqueta e só recebem pagamentos mensais da emissora do cartão do cliente. Os bancos ganham pouco com esse peculiar “crédito sobre crédito”, que forma 70% do total dos empréstimos em cartão de crédito no Brasil. Somente quando um detentor de cartão perde um pagamento a emissora finalmente pode cobrar juros. Mas a probabilidade de inadimplência entre esses pagadores é de 28%, o que significa que os juros têm de ser astronômicos para que os bancos tenham algum lucro.
No mês passado o Itaú Unibanco, maior banco brasileiro de controle privado, informou que gostaria de pôr fim ao uso dos cartões de créditos dessa maneira. Mas o governo teme que os consumidores brasileiros estejam tão habituados a pagar por tudo, de roupas a eletrodomésticos ou carros, em prestações supostamente sem juros que poderiam parar de gastar totalmente, cortando na origem uma nascente recuperação. Qualquer medida terá de ser gradual.
A boa notícia é que os bancos brasileiros têm muita gordura para cortar antes de chegarem ao osso. Eles também adquiriram muitos novos clientes na última década, diz Franklin Santarelli da Fitch Ratings, um processo caro que deverá dar recompensas durante a próxima. O Brasil está “apenas entrando na corrente dominante”, diz Ceres Lisboa da Moody’s, outra agência de classificação. Seus bancos, como os de outros lugares, precisam descobrir como ganhar dinheiro com margens menores e volumes maiores.

Fonte> http://www.cartacapital.com.br/economia/fim-do-almoco-gratis-no-brasil/

29.10.12

“Alguém vai fazer melhor e mais barato em algum lugar”


Para o brasileiro Alessandro Bonorino, vice-presidente mundial para recrutamento da IBM, falta ao País ambição e planejamento com relação à qualificação dos trabalhadores


Se há algo que Alessandro Bonorino conhece são trabalhadores. Trabalhadores qualificados em todo o mundo. Vice-presidente mundial para recrutamento da IBM, empresa com 420 mil funcionários, cabe ao brasileiro Bonorino, 42 anos, traçar estratégias e políticas para buscar, atrair e reter os melhores profissionais em 170 países do mundo, numa área na qual eles são disputados a tapa: tecnologia.
Foto: Mayara Teixeira
Depois de dois anos na China, Bonorino diz "fiquei decepcionado ao voltar para o Brasil"
Bonorino acaba de voltar de uma temporada de dois anos na China, sede da IBM para mercados emergentes. Ao conhecer mais de perto o mercado asiático, sua visão do Brasil mudou: “quando estamos aqui temos a impressão de que o País está crescendo, e de fato está melhorando”, diz ele. “Mas não de maneira suficiente.” A pouca qualificação, somada aos altos encargos e à falta de objetivos estabelecidos pelo governo para o longo prazo criam alguns dos principais gargalhos para nosso crescimento, acredita. “Nós ficamos o tempo inteiro, consistentemente reagindo”, afirma. “Estamos resolvendo problemas ao invés de pensar em projeções para o futuro”

Confira os principais trechos da entrevista que Alessandro Bonorino concedeu ao iG .
iG: Um trabalhador brasileiro dedica mais horas ao trabalho do que a população da maioria dos países ricos, em contra partida, gera pouco mais de 20% da riqueza gerada por um trabalhador americano ao ano . Por que a produtividade do nosso trabalho é tão baixa? O que nos falta?
Alessandro Bonorino: Temos problemas de infraestrutura, investimento e educação. Na verdade, é difícil comparar força de trabalho, porque depende do setor e de uma série de outros fatores. Mas, o Brasil está chegando a um gargalo crítico na educação. Em comparação com a Ásia, estamos atrás na maioria dos índices internacionais. A Coreia, por exemplo, está se transformando com foco em inovação, com marcas multinacionais de sucesso e tudo isso passa pelo investimento pesado em educação. O progresso da Índia nos últimos anos também tem o mesmo motivo. Hoje, a Índia é um centro de serviço para grande parte das empresas multinacionais. Não só porque a população é enorme, ou porque o custo da mão de obra é baixo, mas porque tem o foco em desenvolver pessoas, especialmente em tecnologia.
iG: O trabalhador brasileiro custa caro?
Bonorino: O trabalhador brasileiro não tem formação, mas ganha um salário de um trabalhador com formação, é relativamente caro. Quando eu saí do Brasil, o déficit de população formada em tecnologia da informação era de 100 mil, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). São números assustadores, você olha e pensa “como mudar essa situação?”. A combinação de falta de escolaridade e elevados encargos sociais aumenta o custo da mão de obra de forma desproporcional, o que faz com que se perca competitividade. Não é só o custo de infraestrutura, o custo Brasil, mas o custo de nossa mão de obra fica descompassado. Isso traz problemas de competitividade internacional, porque tem alguém que vai fazer melhor e mais barato em algum lugar. Ao invés de comprar o produto brasileiro você pode comprar da China, do Vietnã.
iG: Depois de sua experiência na Ásia, você consegue fazer uma comparação entre o Brasil e outros mercados emergentes?
Bonorino: Você vê que eles partiram de padrões até inferiores aos que existiam no Brasil em décadas passadas, e fica um pouco decepcionado. O Brasil está melhorando, mas não o suficiente, poderia melhorar mais. Na Malásia, criou-se uma agência com membros do governo e do empresariado que discutem estrategicamente como formar talentos para o país alcançar padrões desenvolvidos até 2020. Fiquei até chateado quando saí de lá, porque apesar da minha posição mundial na empresa, sou brasileiro. E por que não temos um plano estratégico assim no Brasil, por que não temos uma visão em longo prazo? Nós ficamos o tempo inteiro, consistentemente reagindo. Estamos resolvendo problemas ao invés de pensar em projeções para o futuro. Temos visões, mas falta ambição, somos uma das maiores economias do mundo e não fazemos nada para manter essa posição e nosso lugar de destaque e liderança.
iG: Na falta de uma visão clara a longo prazo do Estado, cabe às empresas ter esse objetivo e treinar seus funcionários?
Bonorino: Isso acaba sendo uma necessidade de sobrevivência. Não só treinando seus funcionários, mas ajudando a treinar o mercado, influenciando a academia e o ecossistema educacional. Aqui no Brasil, a IBM tem parcerias educacionais com escolas técnicas, com universidades e faculdades. Existe um trabalho em conjunto com instituições de ensino, além do foco interno no desenvolvimento dos profissionais. Não é possível continuar crescendo sem os investimentos e os recursos necessários para dar suporte à visão estratégica.
iG: Em outros países a parceria com instituições de ensino não é necessária?
Bonorino: Esse trabalho é necessário mundialmente. O governo e as instituições de ensino têm de estar juntos. Mas, o Brasil precisa mais e tem mais por fazer. A visão educacional e do desenvolvimento organizacional brasileiros progrediu, não podemos negar isso, mas ainda está aquém do que poderia ser. Esse é um dos potenciais gargalos que pode levar o Brasil a uma desaceleração. Estamos quase no pleno emprego, com apenas 6% da nossa população desempregada. Não dá mais para compensar o problema incorporando gente à produção, precisamos acelerar nossa produtividade de maneira sustentada.
iG: Esses profissionais não estão capacitados, mas estão empregados. Como explicar isso?
Bonorino: As empresas têm de desenvolvê-los. Agora é preciso preparar os funcionários quando eles entram na empresa. A IBM, por exemplo, tem muito investimento nisso, o que aumenta indiretamente o custo da mão de obra. As pessoas podiam estar mais prontas, sem dúvida nenhuma.
iG: Por que nosso país forma menos engenheiros, matemáticos, técnicos e estatísticos? É uma questão cultural?
Bonorino: De fato, há um descasamento entre oferta e demanda no mercado de trabalho. Na Índia, forma-se dez vezes mais gente na área de tecnologia, informação e engenharia e eles não são dez vezes maiores. Lá, houve um grande trabalho para vender a área de tecnologia da informação como importante. É preciso mostrar que o mundo da tecnologia é interessante, divertido, inovativo para começar a despertar o interesse nessas áreas. No Brasil, o número de horas dedicadas às ciências quando a criança está no ensino fundamental é menor do que em outros países.
iG: A falta de investimento em educação resulta em um menor potencial de inovação nos brasileiros?
Bonorino: Aqui surge inovação, temos produção de tecnologia e profissionais muito capacitados. Um profissional muito famoso na IBM mundial é o Jean Paul Jacob, um engenheiro eletrônico brasileiro-belga.
iG: Esse brasileiro que tem talento e pensa em inovação é o ponto fora da curva? É o fruto de nossa desigualdade?
Bonorino: Não, não acho que é o ponto fora da curva. O brasileiro tem a característica de inovar, de sobreviver em um ambiente com dificuldades. Poderíamos inovar muito mais se os gargalhos de infraestrutura e educação fossem resolvidos, geraríamos mais inovação de forma estruturada e diferente. Até o brasileiro que não tem acesso à educação está inovando para sobreviver. Somos inovadores por natureza, é algo cultural. Faltam condições e disciplina (uma palavra que os brasileiros não gostam muito) para que isso gere mais benefícios econômicos.
iG: Então, o que acontece? Nosso governo está cego pelo otimismo?
Bonorino: Estamos progredindo, mas falta visão de longo prazo, do que queremos ser daqui a cinco anos. Reagimos demais. Se a carga tributária está muito alta, vai lá e faz um pacote para resolver a carga tributária, se tem problema nos aeroportos, vai lá e toma uma medida. Qual é o trabalho de visão que fazemos? Não projetamos a economia que vamos ser. Tem uma série de iniciativas, mas deveria ser mais agressivo, mais amplo, mais coordenado e estruturado com nossas empresas.
iG: Muitos brasileiros estão se tornando líderes na América Latina ou globalmente. Por que as empresas querem os brasileiros na liderança?
Bonorino: Apesar dos obstáculos e desvantagens de infraestrutura e nível educacional que o Brasil tem, temos a vantagem de agregar e integrar mais fácil, ser mais suscetíveis às diferenças. É uma generalização, mas de maneira geral, as raízes culturais como falta de guerra geram pessoas com essa vantagem competitiva. Além disso, viemos de uma geração que vivenciou transformações muito importantes. Na minha carreira, vivi inflação de 50% ao mês, crise e fase de crescimento. Essa vivência de vários ciclos econômicos, vários desafios, aliado aos nossos centros de referência em educação e nossa habilidade de inovar, fazem com que muitos executivos brasileiros tenham bastante sucesso e continuem crescendo fora do país.
iG: A explosão da classe média nos Estados Unidos foi consequência do aumento da produtividade, seguido do natural aumentos dos salários. No Brasil, a que se deve o fenômeno da nova classe média?
Bonorino: Esse é um fenômeno de inserção importantíssimo, muitos países estão fazendo isso. Só que essa estratégia chega a um limite. A inserção de novos trabalhadores e consumidores num mercado formal acelera o crescimento, mas em algum momento quase todos já estarão inseridos. Aí o delta vai ser produtividade. O país cresceu, a classe média cresceu, mas e depois da inserção, o que fazer?
iG: A visão dos estrangeiros sobre o Brasil mudou?
Bonorino: O Brasil ainda é visto como um emergente com grande potencial de crescimento. Mas, há dúvidas sobre sua capacidade de crescimento sustentável e estruturado. O Brasil vai realmente acompanhar os outros emergentes que estão crescendo de forma mais agressiva? Existem perguntas. O olhar não é o mesmo, Existe uma expectativa muito grande, mas temos que fazer mais e melhor. Já progredimos, mas podemos progredir mais.

Fonte: http://economia.ig.com.br/empresas/2012-10-29/alguem-vai-fazer-melhor-e-mais-barato-em-algum-lugar.html

22.10.12

‘Brasil não é protecionista’, diz Delfim Netto

Delfim Netto é saudado pelo vice-presidente da República Michel Temer e pelo presidente do Conselho de Administração do CIEE, Ruy Martins Altenfelder Silva. 

O economista Antônio Delfim Netto, colunista de CartaCapital, afirmou nesta segunda-feira 15, em um evento do CIEE em São Paulo, que o Brasil não age de maneira protecionista no comércio mundial, mas “toma algumas medidas em legítima defesa”. O País vem recebendo críticas nos últimos meses de Japão e Estados Unidos, entre outras economias, por adotar ações como a taxação de importados. Um tipo de medida que, para o especialista, ocorre em razão do afrouxamento monetário dos países centrais, que inundam o mercado de dólares para dar maior liquidez às suas economias, afetando indiretamente a economia brasileira.
“Não há nenhum país que não tente defender o nível de sua atividade”, disse. “No Brasil, tivemos muitas dificuldades, câmbio valorizado por muito tempo. Destruímos a sofisticação de uma indústria importante e estamos tentando reconstruir isso. Não há nada de protecionismo nisso”, completou, após receber o prêmio Professor Emérito de 2012 – Troféu Guerreiro da Educação, realizado pelo CIEE e o jornal O Estado de S.Paulo. O evento homenageia todos os anos as personalidades que se destacaram na educação.
O economista também comentou ser o momento de interromper a longa série de quedas na Selic, que na última semana foi cortada em mais 0,25 ponto percentual pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa de juro da economia está em 7,25%, o patamar mais baixo da história. “Muitos incentivos já foram dados e, talvez, seja bom esperar para verificar os resultados.”
Educação
Em seu agradecimento pelo prêmio, Delfim destacou que a economia atual está profundamente relacionada à maneira como os recursos naturais são utilizados, pois  a produção de gases nocivos ao meio ambiente é proporcional ao avanço do PIB dos países, contribuindo para a mudança climática.”É  preciso utilizar os recursos naturais de maneira mais eficiente para melhorar a produção e fazer pesquisas para reduzir a produção de CO2. Mas tudo isso depende de educação, pesquisa e inovação. Não há nada no desenvolvimento do mundo que não dependa do conhecimento.”
Presente no evento, o vice-presidente Michel Temer elogiou a forma como Delfim transita pelo mundo acadêmico e jornalístico. “Você dá um sabor muito popular à economia, o que me leva a procurar seus escritos para me informar sobre o que acontece no país e no mundo.”

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/economia/brasil-nao-e-protecionista-diz-delfim-netto/

15.10.12

Crise cria 'geração perdida' em países ricos

Na Espanha e na Grécia, onde a situação é mais grave, o desemprego entre jovens até 24 anos ronda os 50%; em 2006, os índices nesses países eram de 18% e 25%


O grande problema deles foi ter nascido no ano errado. Ou na geração errada. São jovens na faixa dos 20 aos 30 anos. Estudaram muito mais do que os seus pais. Viajaram e aprenderam diferentes idiomas. Estão habituados às novas tecnologias de comunicação e cresceram em períodos de relativa bonança, sem ter a criatividade e a liberdade tolhidas por regimes autoritários, guerras ou outras contingências.

Ainda assim, não conseguem uma oportunidade para entrar no mercado de trabalho.
Impulsionados pela crise e por medidas de austeridade, crescentes níveis de desemprego entre os jovens em alguns países desenvolvidos - e principalmente na Europa e EUA - estão criando o que a imprensa e economistas desses países vêm chamando de "geração perdida" ou "geração desperdiçada".
Nos países que estão sofrendo duramente com a crise, os índices de desemprego entre os jovens da faixa dos 20 aos 30 anos são bem maiores do que os da população em geral. A situação é particularmente grave para os que têm até 24 anos e procuram o primeiro emprego, mas jovens com alguma experiência que saíram do mercado por um ou outro motivo também estão com dificuldade para voltar.
Na Espanha e na Grécia, onde a situação é mais grave, o desemprego entre jovens até 24 anos ronda os 50%. Em 2006, os índices nesses países eram de 18% e 25% respectivamente, segundo a OCDE.
Em Portugal, Irlanda e Itália, o índice de desemprego juvenil ronda os 30% e Na França e Grã-Bretanha já ultrapassa os 20%, mais que o dobro da média geral.
Nos Estados Unidos, desde 2006, a porcentagem de jovens desempregados subiu de 10% para 17% segundo a OCDE.
É claro que a crise atinge a todos, mas os jovens estão sofrendo mais porque, ao detectar um desaquecimento econômico, o primeiro que as empresas fazem é interromper as contratações, como explicaram à BBC Brasil Stefano Scarpetta, vice-diretor de Emprego, Trabalho e Assuntos Sociais da OECD e Richard Jackman, especialista em mercado de trabalho da London School of Economics and Political Science (LSE).
Uma segunda medida comum é despedir os trabalhadores que estão em contratos temporários - em geral, também profissionais na faixa dos 20 a 30 anos.
Por trás das estatísticas, há histórias de talentos desperdiçados e expectativas que não se cumpriram - milhares de jovens que foram levados a acreditar que, se estudassem mais e se preparassem melhor para o mercado de trabalho, teriam um futuro profissional garantido e uma posição social confortável.
Agora, com uma coleção de diplomas na parede, não conseguem sair da casa dos pais.

Exemplos
A espanhola Sonia Andolz-Rodríguez, por exemplo, fala seis idiomas - espanhol, catalão, inglês, alemão, italiano e árabe -, tem duas graduações (uma em Direito, outra em Ciências Políticas e Relações Internacionais) e dois mestrados da renomada Universidade de Oxford (Antropologia Social e Estudos sobre Refugiados e Migração Forçada). Também tem alguns anos de experiência profissional - ela só parou de trabalhar para estudar na Inglaterra.
De volta à Espanha, ela está procurando trabalho há 13 meses, desde que terminou o mestrado. "Simplesmente, não são abertos novos postos em ONGs e instituições da minha área de atuação", disse à BBC Brasil.
"Já morei oito anos fora do meu país e não queria ir embora de novo porque sei que é nesse momento de crise que ele mais precisaria de profissionais bem preparados. Mas a verdade é que, do jeito que a situação está, não há como ficar aqui."
Para Ava Givian, que vive em Londres e, desde que se formou em Criminologia, há sete meses, já enviou de 800 a 900 currículos, há um descaso com o problema por parte das autoridades políticas do país. "É frustrante. Estou bastante deprimida por ter estudado tanto para nada", diz, após contar que a irmã, socióloga, chegou a trabalhar em uma rede de supermercados.

Subemprego e emigração
Sem trabalho, alguns jovens fazem uma peregrinação por estágios não-remunerados - muitas vezes tão concorridos como trabalhos pagos. Outros, se dedicam a "sub-empregos".
Na Espanha, é cada vez mais comum encontrar jovens que omitem qualificações no currículo para conseguir empregos como vendedores por exemplo. Na Inglaterra, o número de jovens com formação universitária empregados como garçom, funcionários de supermercados e outros trabalhos não qualificados aumentou 6% no último ano segundo a Higher Education Careers Service Unit.
Um caso de grande repercussão foi o da jovem Cait Reilly, formada em geologia na Universidade de Birmingham. Cait entrou com um processo contra o governo depois que, dentro de um esquema introduzido sob a administração David Cameron, foi obrigada a trabalhar arrumando as prateleiras de uma loja Poundland - que vende diversos produtos por uma libra (R$ 3,2) - para continuar a receber seu seguro-desemprego.
Como as empresas não precisam pagar pelos trabalhadores recrutados nesse esquema, a defesa da jovem alegava que ele era ilegal e contraproducente, desestimulando contratações. Além disso, Cait dizia que a obrigação lhe forçou a largar um trabalho voluntário em um museu, mais relevante para a carreira que queria seguir.
Seus argumentos foram julgados improcedentes pela Justiça, mas a contenda dá a medida das dificuldades que os jovens de países ricos estão tendo de enfrentar para se inserir no mercado.
Um grupo importante pensa em emigrar, como fizeram seus ancestrais menos qualificados no passado. Uma pesquisa da Organização Internacional de Migrações (OIM) divulgada neste mês, por exemplo, revelou que 107 mil europeus deixaram o continente após a eclosão da crise em direção, principalmente, à países latino-americanos, como o Brasil.
Até o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, sugeriu que os jovens de seu país emigrassem para conseguir mais oportunidades de trabalho - abrindo uma grande polêmica em seu país.

Consequências
Para especialistas, as altas dos índices de desemprego entre os jovens - e em especial o crescimento das taxas de desemprego de longo prazo (mais de um ano) - podem ter efeitos bastante graves e duradouros para a economia e a sociedade dos países ricos.
"Pesquisas indicam que jovens que demoram para se inserir no mercado de trabalho também tardam mais para se desenvolver profissionalmente e, em geral, têm salários mais baixos que aqueles que encontraram oportunidades logo após a faculdade", explicou Scarpetta.
Quanto mais tempo a pessoa ficou desempregada, maior esse efeito "cicatriz", descrito por economistas como Paul Gregg, da Universidade de Bath.
Jackman lembra que o desemprego também tende a agravar problemas de saúde pública - com o aumento de casos de depressão e ansiedade.
"Além disso, embora seja difícil de calcular, há um custo coletivo envolvido no desperdício desses talentos, habilidades e qualificações, cuja criação envolveu o investimento de recursos", completa Scarpetta. "Toda a sociedade perde."
Fonte: http://economia.ig.com.br/criseeconomica/2012-10-15/crise-cria-geracao-perdida-em-paises-ricos.html

8.10.12

JAC Motors decide iniciar obra de nova fábrica em Camaçari, BA

Segundo a empresa, novo regime automotivo viabiliza instalação no país.
Complexo industrial deve ficar pronto no fim de 2014.


Jac J3 2013 (Foto: Divulgação) 
Marca ainda não confirmou quais modelos serão
produzidos 
A Jac Motors decidiu iniciar as obras de seu complexo industrial em Camaçari (BA). Segundo a empresa, o novo regime automotivo, divulgado nesta quarta-feira (4) pelo governo, viabilizou a instalação. A pedra fundamental da unidade será lançada em 28 de novembro.
Em comunicado, a montadora chinesa afirmou que o complexo industrial deve ficar pronto no fim de 2014.Os investimentos no projeto serão de R$ 900 milhões, com capacidade produtiva de cem mil unidades por ano. A estimativa é que sejam gerados 13,5 mil empregos, dos quais 3,5 mil diretos e dez mil indiretos.
No texto, Sergio Habib, presidente da JAC Motors, elogiou o regime automotivo e disse que as novas regras beneficiarão a empresa. "Esse regime está bem montado, foi negociado para todas as montadoras (...). Houve uma preocupação grande do governo para reduzir o consumo de combustível dos carros e resolver o problema de quem quer investir no Brasil", disse.

"Durante os dois anos e meio que leva para montar uma fábrica, o regime permite ter condições econômicas de desenvolver a rede",  afirmou. Segundo as novas regras, as empresas que investem em fábricas no país podem trazer, anualmente, o equivalente a 25% de sua capacidade de produção sem pagar os 30 pontos adicionais de IPI definidos no ano passado. Permite ainda acumular crédito de IPI equivalente a outros 25% da produção. Esse crédito poderá ser usado para descontar IPI dos carros que forem produzidos no país.
Em julho passado, a montadora divulgou que havia suspendido a construção da fábrica, antes ainda da terraplanagem, devido ao aumento dos 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados de fora do México e do Mercosul. As montadoras instaladas no Brasil também ficaram fora do aumento.

Novas regras
O novo regime permitirá que empresas que produzam no país evitem a elevação do IPI inclusive para a importação de veículos. Segundo as regras, entretanto, as empresas poderão importar até 25% de sua produção estimada no Brasil e, mesmo assim, não ter o IPI elevado em 30 pontos percentuais. Poderá, ainda, importar mais 25% da produção estimada, pagando IPI cheio (com 30 pontos a mais no IPI sendo cobrados), mas com crédito posterior no IPI de carros produzidos no país.
Nesta quarta, ao anunciar as novas regras, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, já havia afirmado que a Jac faria a fábrica, citando também a BMW, montadora que estudava iniciar produção de carros no Brasil.

Fonte: http://g1.globo.com/carros/noticia/2012/10/jac-motors-decide-iniciar-obra-de-nova-fabrica-em-camacari-ba.html

11.9.12

Ventos do mundo podem garantir energia limpa até 2030, diz estudo

Turbinas em toda a superfície criariam 16 vezes mais energia que necessário. Maior potencial eólico está sobre os oceanos, segundo cientistas.
Turbinas instaladas nos oceanos e áreas marítimas podem otimizar ganho de energia eólica, dizem cientistas (Foto: Jan Oelker/Repower)


Um estudo da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, afirma que as fontes de vento disponíveis no planeta são muito maiores do que as necessárias para suprir a demanda por energia de um modo limpo e econômico no mundo até 2030.
A maior parte do potencial eólico necessário está sobre os oceanos, afirmam os cientistas. Para determinar o potencial máximo de vento do planeta, eles criaram um modelo atmosférico em 3D, levando em conta o uso de turbinas de vento para extração da energia do ar circulante.
Os pesquisadores dizem que há um limite para a quantidade de energia que pode ser extraída da atmosfera. Eles calcularam qual seria o potencial eólico a 100 metros acima do nível do solo, altura média do eixo das turbinas de vento.
Pelo estudo, publicado no periódico "Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America", os ventos do planeta podem produzir mais de 250 terawatts se forem instaladas turbinas em toda a superfície do globo a 100 metros do solo.
O número equivale a mais de 16 vezes a energia consumida pela população do planeta em 2008. Já a 10 quilômetros acima do nível do chão, altura em que os ventos adquirem velocidade muito maior, a produção energética pode chegar a 380 terawatts. Em 2008, o consumo de energia em todo o planeta foi de aproximadamente 15 terawatts, segundo reportagem da revista "The Economist".
Se for considerada apenas a superfície do planeta que é coberta por rochas e solo (sem levar em conta mares, rios e oceanos), e se forem instaladas turbinas também no litoral, a produção chegaria a 80 terawatts, segundo os pesquisadores.
Ponto de saturação
Autores do estudo, os cientistas Mark Jacobson e Cristina Archer chegaram à conclusão que há um ponto de saturação para o número de turbinas usadas para extrair energia eólica. Segundo eles, no ponto de saturação nenhuma turbina consegue extrair mais de 59,3% da energia cinética do vento para transformá-la em elétrica.
Os cientistas calcularam que 4 milhões de turbinas operando a 100 metros do solo e produzindo 5 megawatts cada uma poderiam suprir uma demanda de 7,5 terawatts - mais da metade do que é consumido hoje em termos de energia elétrica no mundo.
Criar "fazendas de vento" em locais geograficamente escolhidos, com um número fixo de turbinas, pode aumentar a produtividade da energia eólica, diz a pesquisa. Os cientistas sugerem também aproveitar a colocação de turbinas nos oceanos e regiões marítimas para otimizar os ganhos com este tipo de energia.

Entidades setoriais apoiam pacote para redução de contas de luz


Governo anunciou corte de encargos e prorrogação de concessões.Mudanças trarão aumento da competitividade da economia, diz Abdib.


Associações setoriais avaliam positivamente o pacote de redução das contas de luz anunciado nesta terça-feira (11) pelo governo federal que prevê corte de encargos e prorrogação de concessões no setor de energia elétrica.
Para a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), as mudanças colaborarão para aumento da competitividade da economia brasileira.

O presidente da entidade, Paulo Godoy, avalia, em nota, que a renovação das concessões do setor de energia que estão vencendo a partir de 2015 “reforça o modelo regulatório setorial e elimina algumas incertezas que pairavam sobre o mercado elétrico (...). As empresas com ativos nessas condições terão mais condições de planejar e tomar decisões de longo prazo”, disse.

A associação diz, ainda, que o pacote reforçará a segurança jurídica e a estabilidade regulatória para as empresas do setor elétrico.

O presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Antenor Barros Leal, também considerou positivo o corte no preço da energia elétrica anunciado pela presidente Dilma Rousseff, de 16,2% para o consumidor doméstico e de até 28% para a indústria. Barros Leal disse que "o processo de competição internacional precisa que as nações que disputam mercado estejam em linha com seus custos padrões".

“Um dos papéis fundamentais de quem cuida da economia brasileira é ajustar, na medida do possível, o custo Brasil. E aí se inclui infraestrutura, energia, mão de obra e tantas outras questões. A presidente Dilma Rousseff tomou uma providência inteligente, oportuna e que já deveria ter sido tomada. Hoje a economia trabalha com margens muito reduzidas e qualquer ponto percentual é decisivo para a indústria na compra do produto”, afirmou.

Balança comercial tem resultado superior a US$ 1 bilhão


O resultado é fruto de exportações no valor de US$ 4,445 bilhões e de importações equivalentes a US$ 3,417 bilhões na primeira semana de setembro

Contêineres no Porto de Santos, em São Paulo

Brasília – A balança comercial brasileira registrou saldo de US$ 1,028 bilhão na primeira semana de setembro. O resultado é fruto de exportações no valor de US$ 4,445 bilhões e de importações equivalentes a US$ 3,417 bilhões, segundo números divulgados hoje (10) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
No acumulado do ano, o superávit comercial soma US$ 14,198 bilhões – resultado da diferença entre as vendas externas de US$ 165,043 bilhões e compras internacionais de US$ 150,845 bilhões. Houve queda de 30% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o saldo comercial registrado somou US$ 20,3 bilhões.
Em setembro, a média diária dos embarques externos foi US$ 1,111bilhão. O índice é a maior média diária desde a primeira semana de junho. Houve um pequeno crescimento de 0,2% ante o mesmo período de 2011. O aumento é atribuído ao acréscimo nas exportações de manufaturados (+9,3%) e de básicos (+0,2%). Em contrapartida, retrocederam as vendas de semimanufaturados para o exterior (-18,7%).
A média diária das compras internacionais somou US$ 854,3 milhões, baixa de 11,26% em relação a setembro do ano passado (US$ 962,5 milhões). De acordo com o MDIC, caíram os gastos, principalmente, com combustíveis e lubrificantes (-60,3%), farmacêuticos (-27,7%), aparelhos eletroeletrônicos (-13,8%) e siderúrgicos (-12,3%).

China indica que vai estabilizar seu crescimento

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, participa do Fórum Econômico Mundial em 11 de setembro de 2012 em Tianjin

Tianjin - A China afirma que vai estabilizar sua economia com novas medidas monetárias e fiscais para apoiar seu crescimento, apesar da crise econômica mundial, indicou nesta terça-feira o primeiro-ministro do país, Wen Jiabao, em declarações durante um fórum econômico na cidade de Tianjin (norte).

"O crescimento econômico prossegue nos limites fixados no início do ano e mostra sinais de estabilização, apesar da desaceleração", afirmou Wen no discurso inaugural do Fórum Econômico Mundial, chamado de "Davos de verão", que reúne até a próxima quinta-feira vários líderes da economia mundial.
O objetivo de crescimento na China para 2012, fixado em março passado, é de 7,5%, frente aos 8% nos anos anteriores.
O PIB chinês registrou no segundo trimestre do ano um crescimento de 7,6%, a pior cifra em três anos, e que supõe, além disso, o sexto trimestre consecutivo de contração.
O banco central chinês baixou as taxas de juros em junho e julho e reduziu várias vezes desde dezembro as reservas dos bancos com o objetivo de favorecer o crédito.
"Vamos adotar medidas fiscais e monetárias (...) e conceder uma importância ainda maior à estabilização do crescimento", enfatizou Wen.
O governo poderá, além disso, colocar em marcha "reduções de impostos estruturais, deixará de aumentar o crédito a um ritmo moderado e estável e fará crescer a demanda dos consumidores", acrescentou o premiê.

4.9.12

Expansão da indústria não repõe perdas anteriores


A queda acumulada pela indústria nos sete primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, atingiu 3,7%

Fábrica da Ford na Bahia

Rio de Janeiro – Apesar de dois meses em crescimento, a indústria brasileira ainda não conseguiu repor as perdas acumuladas entre março e maio deste ano. A alta acumulada em junho e julho deste ano chegou a 0,5%, segundo dados divulgados hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto nos três meses anteriores houve redução de 2%.
A queda acumulada pela indústria nos sete primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, atingiu 3,7%. Dezoito das 27 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE acumulam quedas na produção neste período, com destaque para os veículos automotores que, neste ano, tiveram uma produção 17,2% menor do que em 2011.
Mas são os veículos automotores que, com uma alta acumulada de 8,1% em junho e julho, foram os principais responsáveis pelo resultado positivo da indústria nesses dois meses. Segundo o coordenador da Pesquisa Industrial Mensal, André Macedo, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), adotada pelo governo nos últimos meses, e a normalização dos estoques nas montadoras levaram a um aumento na produção de veículos.
A redução do IPI também proporcionou um crescimento da produção de eletrodomésticos da linha branca. O aumento da produção nesses dois setores, bem como o de outras atividades, levou a um crescimento de 0,8% nos bens de consumo duráveis de junho para julho. “Com o crescimento de 4,8% de junho, os bens de consumo duráveis acumulam ganho de 5,7%”, disse André Macedo.
Os bens de consumo duráveis poderiam ter um resultado ainda melhor, caso as motocicletas não tivessem uma forte queda. “A queda pode ser explicada pela concessão de férias coletivas no setor de motocicletas”, destacou o coordenador.

Confiança do comércio tem queda de 4% na média do trimestre encerrado em agosto


Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A confiança do comércio na economia brasileira diminuiu 4% na comparação entre a média do trimestre terminado em agosto de 2012 e a do mesmo período do ano passado, ao passar de 131,1 para 125,8 pontos. O Índice de Confiança do Comércio (Icom) foi divulgado hoje (4) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em julho, a confiança havia apresentado queda de 3,4%, no mesmo tipo de comparação.
Segundo a FGV, se considerado apenas o mês de agosto, o resultado ficou em 127,4 pontos, abaixo da média histórica dos 30 meses da pesquisa (130,8 pontos), o que sugere um quadro de moderação da atividade do setor.
A queda da confiança foi influenciada principalmente pelo varejo. No segmento de veículos, motos e peças, houve queda de 3,4% no trimestre encerrado em agosto, ante a variação de -4,5% em julho em julho. No segmento de material para construção, a confiança diminuiu 7,6% em agosto, após recuo de 9,1% no mês anterior. No atacado, as taxas para os mesmos períodos foram -2,9% e -3,7%, respectivamente.
De acordo com a FGV, as variações interanuais do indicador trimestral mostram evolução favorável em sete dos 17 segmentos pesquisados.
Entre os componentes do Icom, houve piora do Índice da Situação Atual (ISA-COM) e relativa estabilidade do Índice de Expectativas (IE-COM). O ISA-COM médio do trimestre encerrado em agosto foi 4,1% inferior ao do mesmo período do ano passado; em julho, a variação havia sido de -2,3%, na mesma base de comparação. Das empresas consultadas, 19,4% avaliaram o nível atual de demanda como forte e 22,7% como fraca. No mesmo período de 2011, esses percentuais haviam sido de 20,5% e 19,7%, respectivamente.
Em relação às expectativas, o IE-COM recuou 4% em agosto na comparação com o de igual período de 2011, ante queda de 4,2%. Entre os quesitos analisados, a estimativa de vendas para os três meses seguintes foi o fator que mais contribuiu para o resultado. Dentre as empresas consultadas, 61,3% esperam aumento e 4,1%, diminuição das vendas (contra 65,3% e 4%, respectivamente, em 2011).
Edição: Juliana Andrade

Preços altos dos alimentos requerem ação, diz ONU



O alerta global sobre o potencial de uma crise alimentar do tipo da vista em 2007/08 ganha força à medida que uma seca nos Estados Unidos elevou os preços dos grãos

Colheitadeira em plantação de soja

Roma - Os líderes globais precisam realizar uma rápida ação coordenada para garantir que os choques de preços dos alimentos não se transformem em uma catástrofe que afete dezenas de milhares de pessoas nos próximos meses, disse a agência para alimentação das Nações Unidas, em comunicado nesta terça-feira.
O alerta global sobre o potencial de uma crise alimentar do tipo da vista em 2007/08 ganha força à medida que uma seca na região Meio-Oeste dos Estados Unidos levou os preços dos grãos a máxima recordes, estimulando uma alta de 6 por cento no índice de preço dos alimentos da Organização para Agricultura e Alimentação da ONU, a FAO.
A FAO disse em comunicado conjunto com o Programa Global de Alimentos (WFP) e o Fundo Internacional para Desenvolvimento Agrícola (IFAD) que uma rápida ação internacional poderia evitar uma nova crise alimentar.
Ela disse que os líderes precisam lidar tanto com a questão imediata dos altos preços dos alimentos, quanto como a questão de longo prazo de como o alimento é produzido e consumido em uma época de aumento da população, da demanda e de mudanças climáticas.
Autoridades do G20 fizeram teleconferência nesta semana sobre o aumento dos preços dos alimentos, mas líderes vão esperar pelo relatório de safra de setembro do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) antes de decidir se farão uma ação conjunta, disse o ministro da Agricultura francês em agosto.
A soja renovou recorde na bolsa de Chicago nesta terça-feira.

Gastos sociais do governo cresceram 172% em 16 anos


Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os gastos do governo federal na área social cresceram de R$ 234 bilhões para R$ 638,5 bilhões em 16 anos, um aumento de 172%, descontada a inflação do período, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A informação foi divulgada hoje (4) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que apresentou estudo sobre os desembolsos governamentais entre 1995 e 2010. Em termos de Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país), o valor passou de 11,24% do PIB, em 1995, a 15,54%, em 2010.
Os gastos sociais incluem despesas com Previdência Social, saúde, educação, assistência social, trabalho e renda, desenvolvimento agrário, habitação e urbanismo, alimentação e nutrição (incluindo merenda escolar), saneamento básico e cultura, além de benefícios a servidores públicos. Os principais responsáveis pelo aumento dos gastos de 1995 a 2010 foram Previdência, assistência social, educação e habitação e o urbanismo, sendo que nesse último o crescimento dos investimentos se concentra a partir de 2008, como reflexo de iniciativas como Programa Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Os gastos com a Previdência, tradicionalmente a maior consumidora de recursos, saltaram de 4,98% para 7,38% do PIB em 16 anos. Em valores correntes, subiram de R$ 103,7 bilhões para R$ 303,5 bilhões. Segundo o Ipea, os recursos destinados à assistência social demonstraram uma trajetória de elevação contínua, passando de 0,08% do PIB para 1,07% de 1995 a 2010. O ano de 2010 foi o primeiro em que os gastos federais nessa área ultrapassaram a barreira de 1% do Produto Interno Bruto. Na avaliação do Ipea, programas de transferência de renda - como o Bolsa Família - contribuíram para a alta expressiva.
No caso da educação, em 1995 os investimentos correspondiam a 0,95% do PIB e, há dois anos, chegaram a 1,11%. Já as despesas com habitação e urbanismo no período passaram de 0,11% do Produto Interno Bruto para 0,81%.
O diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão, disse que os destaques do resultado são o aumento dos investimentos em infraestrutura – representados pela área de habitação e urbanismo – e a recuperação do poder de gasto com a educação. Ele destacou ainda que "o gasto social é fundamental para se combater a pobreza e para a queda da desigualdade".
Entre as áreas que não foram prioritárias no investimento do governo federal destacam-se os benefícios a servidores públicos - em valores monetários, os gastos cresceram de R$ 51,5 bilhões para R$ 93,1 bilhões, mas a participação no PIB ficou praticamente estável, passando de 2,46% a 2,26%. "O governo realmente não deu prioridade aos gastos com o servidor. Benefícios como auxílio ao plano de saúde, creche e transporte foram mantidos, mas de forma cristalizada, sem aumento real, a inflação foi 'comendo'", avaliou Jorge Abrahão.
Os gastos com saúde também permaneceram estáveis em relação ao Produto Interno Bruto: embora tenham subido de R$ 37,3 bilhões a R$ 68,6 bilhões de 1995 a 2010, abocanharam praticamente a mesma parcela do PIB: o percentual passou de 1,79% a 1,68% no período. "Infelizmente, não houve aumento nos gastos com saúde", disse Jorge Abrahão. A divulgação do Ipea inclui apenas gastos federais, não levando em conta verbas dispendidas por estados e municípios.
Edição: Juliana Andrade

3.9.12

Mercado mantém previsão da taxa Selic a 7,25% em 2012 e reduz projeção do PIB


Os analistas consultados pelo Banco Central reduziram a perspectiva para o crescimento do Produto Interno Bruto para 1,64%, ante 1,73% na semana anterior

O mercado manteve a projeção de que a Selic encerrará este ano a 7,25% após o Banco Central reduzir a taxa básica de juros pela nona vez seguida na semana passada, e elevou a previsão para a inflação a 5,20%, ante 5,19% na semana anterior, mostrou a pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira.
Já a expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi reduzida no Focus pela quinta vez, passando a 1,64% em 2012, ante 1,73% na semana anterior. Para 2013, a projeção foi mantida em 4%.
A projeção para a taxa de câmbio no final de 2012 e de 2013 se mantém em R$ 2,00 nas estimativas dos analistas pela quarta semana seguida. Para o fim de setembro, as expectativas são de um dólar pouco acima desse patamar, em R$ 2,02.
O mercado financeiro manteve a previsão de taxa média de câmbio em 2012 em R$ 1,94. Para 2013, a projeção subiu de R$ 1,99 para R$ 2,00. Há um mês, a pesquisa apontava que a expectativa de dólar médio estava em R$ 1,94 em 2012 e em R$ 1,97 no próximo ano. A mediana das projeções dos analistas do Top 5 médio prazo passou de R$ 2,04 para R$ 2,06 no fim de 2012 e se manteve em R$ 2,10 no fim de 2013.
Contas externas
O mercado financeiro elevou a previsão de déficit em transações correntes em 2012 de US$ 58,71 bilhões para US$ 58,80 bilhões. Há um mês, estava em US$ 59,63 bilhões. Para 2013, a previsão de déficit nas contas externas ficou em US$ 70 bilhões pela quinta semana. Na mesma pesquisa, a estimativa de superávit comercial em 2012 subiu de US$ 18,00 bilhões para US$ 18,04 bilhões.

Economistas mantiveram, no entanto, a projeção para 2013 em US$ 15 bilhões. Há quatro semanas, as previsões eram de US$ 17,6 bilhões e US$ 13,7 bilhões, respectivamente. A pesquisa mostrou ainda que as estimativas para o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado ao setor produtivo, ficaram em US$ 55 bilhões em 2012 pela 10ª semana. Para 2013, subiram de US$ 59,00 bilhões para US$ 59,01 bilhões, ante US$ 60 bilhões quatro semanas antes.

Fonte: http://economia.ig.com.br/2012-09-03/mercado-mantem-previsao-da-taxa-selic-a-725-em-2012-e-reduz-projecao-do-pib.html

31.8.12

País tem 3,7 mi de jovens fora da escola, aponta relatório do Unicef


O Brasil tem cerca de 3,7 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos fora da escola, de acordo com relatório lançado nesta sexta-feira pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). A maior defasagem é na pré-escola e no ensino médio.
Entre as crianças de 4 e 5 anos, o número chega a 1,4 milhão. O levantamento apontou que nessa faixa etária a maioria dos não-matriculados nos sistemas de ensino é negra --56% do total.
A renda também é um fator que influencia o acesso à educação, segundo a pesquisa. Enquanto 32% das crianças de famílias com renda familiar per capita de até um quarto do salário mínimo estão fora da escola, apenas 6,9% daquelas oriundas de famílias com renda superior a 2 salários mínimos per capita estão na mesma situação.
Os números indicam que a frequência ainda insuficiente de crianças de 4 e 5 anos está relacionada, muitas vezes, à falta de vagas na rede pública. Por isso, no grupo com renda um pouco maior (dois salários per capita), o percentual de crianças fora da escola é menor, já que nesse caso a família acaba optando por pagar uma escola particular.
Para Maria de Salete Silva, coordenadora do Programa de Educação do Unicef no Brasil, o desafio de incluir todas as crianças na escola é grande, mas algumas iniciativas governamentais, como o Proinfância, que tem a meta de construir 6.000 creches em todo o país até 2014, são respostas interessantes ao problema.
"A última política do governo, o Brasil Carinhoso, prioriza as família abaixo da linha da pobreza no acesso à escola e ataca exatamente essa desigualdade", disse.
A representante do Unicef afirma, entretanto, que o maior desafio está "na outra ponta" da educação básica. O relatório diz que 1.539.811 adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora da escola. Nesse caso, os problemas de frequência não estão relacionados à falta de vagas, mas ao desinteresse da população nessa faixa etária pelo ensino médio. Para muitos jovens já envolvidos com o mercado de trabalho, a escola é pouco atrativa.
"Isso requer uma mudança muito grande no ensino médio. Estamos com a maior população de adolescentes da história do Brasil, a gente não pode perder isso e esperar para resolver na próxima geração porque está condenando o país a ter milhões de adultos sem formação escolar", afirma Salete.
Para ela, é necessário tornar a escolas mais atrativa para a realidade dos jovens. Salete diz ainda que os investimentos do governo no setor precisam aumentar.
"A gente discorda de quem acha que o problema da educação no Brasil não é dinheiro, mas gestão. Nós temos problemas sérios de gestão, mas só com os recursos que temos hoje não conseguimos fazer tudo que é necessário: incluir todos na escola, ter qualidade, professor bem remunerado e capacitado, escola com boa infraestrutura. O desafio é enorme", disse.