18.12.09

Seis dicas para cumprir metas no próximo ano

Siga as dicas e cumpra todas as suas metas em 2010

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Acontece a mesma coisa em todo fim de dezembro: as pessoas fazem muitas promessas para o ano que se aproxima. No entanto, a ideia de colocá-las em prática acaba ficando de lado com o passar dos meses.

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Para evitar essa frustração e realmente conquistar algumas metas, o especialista em gestão do tempo e produtividade Christian Barbosa dá seis dicas simples. Confira-as abaixo e "que tudo se realize no ano que vai nascer"!

1)Revise o que é importante, se questionando em que atividades pode focar e quais deve descartar. Faça duas listas com as respostas (focar e descartar) por ordem de importância.
Reflita sobre os cinco primeiros itens e detalhe um plano de ação em sua agenda.

2) Organize uma agenda, onde possa centralizar todos os seus planos. Assim, não tem como se esquecer do que pretende conquistar em 2010.

3) Não tenha muitas metas. É melhor focar em poucos objetivos, sempre relevantes e viáveis.

4) Crie pontos de controle da seguinte maneira: a cada bimestre, agende uma reunião de uma hora com você mesmo com o intuito de revisar suas metas e o que deve descartar.
Isso diminui o risco de que as promessas sejam deixadas de lado.

5) Compartilhe seus objetivos com alguém de confiança, que o ajude a manter a motivação. Questione a pessoa escolhida sobre seus planos.

6) Dedique tempo a você em 2010, o que colabora na tarefa de ter energias para executar suas metas. Portanto, inclua atividades de lazer em sua rotina com uma periodicidade ao menos quinzenal.

Redação Terra

COP-15 mostra que não há como preservar o meio ambiente no capitalismo

Delegações presentes na Conferência Climática de Copenhague não apresentam planos contra aquecimento global

A 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) acontece em Copenhague até o dia 18 de dezembro. Delegações de 192 países estão reunidas para discutir sobre aquecimento global e deliberar de forma consensual um documento que garanta o comprometimento dos países envolvidos em reduzir a emissão de gases nocivos ao Planeta.

Na prática deveria ser um encontro para definir a melhoria das condições climáticas do planeta, porém, o que predomina, são os interesses imperialistas das grandes potências.

Os maiores poluidores, entre eles o Estados Unidos, rejeitam ampliar o corte de emissões proposto no encontro. A administração de Barack Obama diz que se compromete a cortar emissões de carbono em 17% até 2020, o que representa apenas 3% em relação a 1990. Junto com a China, os EUA são responsáveis por 40% das emissões de carbono mundial. Estes são os países que se abstém em aprovar um pacote climático, previsto para 2010.

A África, o continente mais afetado pelo aquecimento global, apesar de contribuir com menos de 4% às emissões de gases de efeito estufa de todo o planeta, se retirou em certo momento das negociações. Seus governantes tinham como objetivo pressionar por um acordo ambicioso com validade legal que realmente implemente iniciativas contra o aquecimento.

O Protocolo de Kioto, que já era ineficiente, corre o risco de deixar de existir, e ser substituído por um acordo pior. O encontro climático dá sinais claros de ser um fiasco, como já estava previsto.

Discurso e práticas diferentes - O presidente Lula embarcou na terça-feira (15) para Copenhague com o discurso populista de reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 39,8% até 2020. Mas, apesar, do discurso, no Brasil a realidade é outra. A Amazônia encontra-se cada vez mais devastada, os medidores de qualidade do ar das grandes metrópoles, como São Paulo, mostram uma realidade estampada: qualidade do ar ruim e um Brasil que deixa muito a desejar neste sentido.

Na semana passada, por exemplo, o governo federal prorrogou a entrada em vigor do decreto 6514, que regulamentava, após 44 anos, as punições previstas para crimes ambientais pelo Código Florestal Brasileiro. Como se não bastasse o adiamento, o presidente ainda concedeu uma anistia para todos os fazendeiros que desmataram ilegalmente até hoje. Para ser anistiado, basta o fazendeiro dizer onde deveria estar sua reserva legal, reconhecer que desmatou além da conta e prometer que vai recuperá-la num prazo de 30 anos. Assim, desaparecem as multas relacionadas a crimes ambientais. Calcula-se que a anistia significará a renuncia de R$ 10 bilhões que deixarão de ir para os cofres públicos.“Quem desmatou leva o perdão à vista, enquanto pode pagar o que deve ao país a prazo”, afirma um comunicado do Greenpeace sobre a medida.

Nessa semana o deputado Marcos Montes (DEM-MG), membro da bancada da motosserra na Câmara, tentará colocar em votação na Comissão de Meio Ambiente o projeto de lei 6424, chamado de Floresta Zero. O projeto, que conta com o apoio nada velado do Ministério da Agricultura, flexibiliza o código florestal e contribui para aumentar o desmatamento no país.

Repressão às manifestações
Diante disso, cerca de 100 mil manifestantes de todo mundo foram às ruas de Copenhague protestar contra a intransigência dos países ricos e contra este encontro que mostra a cada dia ser uma grande farsa. Mais de 500 organizações, de 67 países, têm participado dos protestos e cobrado resultados. Mais de 900 pessoas já foram presas.

Um esboço de um acordo internacional apresentado na terça-feira (15), em Copenhague não contém nenhuma menção a metas de cortes de emissões de gás carbônico, o que indica que as mudanças não aconteceram ou tendem a ser piores do que as anteriores. Isto já era de se esperar, uma vez que não faz parte dos planos do capitalismo evitar um colapso ambiental se isto implicar na revisão de seu sistema de produção e lucros.

O máximo que a conferência poderá produzir é um acordo de intenções e oportunidades de negócios através da criação de um novo derivativo, baseado na compra e venda do direito de poluir. Os chamados créditos de carbono movimentam hoje 120 bilhões de dólares e estão se tornando uma oportunidade para especuladores ganharem muito dinheiro enquanto o planeta agoniza.

( Com informações de G1, UOL e PSTU)

Cerco maior aos sonegadores

18 de dezembro de 2009

Estado de Minas (MG)

Receita Federal vai pôr até fiscais dentro das grandes empresas a partir do ano que vem


Paola Carvalho


Depois de fechar o cerco a pessoas físicas e pequenas e médias empresas, a Receita Federal surpreendeu ontem ao anunciar a mais dura medida de fiscalização dos últimos anos. Grandes empresas sofrerão a partir do ano que vem fiscalização ininterrupta com a presença física permanente de auditores fiscais em suas dependências para controlar o pagamento de tributos e a emissão de documentos, como notas fiscais. Também terão que se adequar a reduzir à metade os períodos de apuração e prazos de recolhimento dos tributos. Novas medidas de reforço na fiscalização serão tomadas em breve, segundo o subsecretário de Fiscalização, Marcos Vinícius Neder. “Estão vindo algumas maldades por aí. Aos poucos, vocês vão ver”, disse.

Por meio da Instrução Normativa (IN) 979, publicada ontem no Diário Oficial, o fisco regulamentou o Regime Especial de Fiscalização (REF) com uma “medida de exceção” para reforçar o combate à sonegação de grandes devedores. Além disso, a IN estabelece em 150% a multa por infrações, dobrando o valor normalmente cobrado. “Isso, na verdade, é uma chantagem. A sonegação não está nas grandes empresas, que sofrem controle da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), dos acionistas, da auditoria interna, auditoria externa, assembleia e por aí vai. Na minha opinião, não deixa de ser jogada política”, criticou o tributarista Sacha Calmon.

Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Tributário (Abradt), Janir Adir, todas as medidas que vêm sendo somadas no fim deste ano são no sentido de aumentar a fiscalização e a eficiência na cobrança de tributos para recuperar perdas, seja pela crise, seja pela troca de diretoria no órgão. “A Receita, vez por outra, já utilizava essa sistemática. É sabido, porém, que a sonegação é maior nas micro e pequenas empresas. Podemos concluir, então, que ela vai se concentrar onde pode arrecadar mais”, avalia. O sub-secretário de fiscalização destacou que é uma medida pela qual a Receita vai controlar a “boca de caixa” da empresa. “É dura, mas será usada com parcimônia”, afirmou Neder.

As empresas que forem incluídas no REF terão que usar compulsoriamente um controle eletrônico das suas operações entregue pela Receita. Esse controle eletrônico será feito diariamente. As emissões de documentos comerciais e fiscais da movimentação financeira da empresa também ficarão sob controle especial dos auditores. O subsecretário disse que essa medida é importante para aumentar a percepção de risco do contribuinte. Segundo ele, o que garante a arrecadação é a certeza de punição do infrator. Neder explicou que as empresas sujeitas ao REF são grandes devedoras contumazes, que frequentemente são autuadas pela Receita, mas que continuam operando, prejudicando a concorrência entre as empresas.

A última grande ofensiva da Receita sobre os grandes contribuintes foi a “Operação Ouro de Tolo”, que teve início em 19 de outubro e se estendeu até ontem. O órgão enviou mandados de procedimento fiscal para 146 empresas responsáveis por uma queda de R$ 33,4 bilhões na arrecadação federal. Os nomes não foram revelados. Ainda dentro da estratégia de combater a sonegação e reforçar os cofres, a Receita anunciou na semana passada que vai, a partir do ano que vem, pedir automaticamente a inscrição no Cadastro de Inadimplentes (Cadin) da pessoa jurídica que estiver inadimplente e não quitar seus débitos no prazo definido após a notificação do fisco. Já na quarta-feira informou estender aos contribuintes com imposto a restituir a multa por apresentar despesas irregulares na declaração do Imposto de Renda, a exemplo de gastos com saúde e educação que não puderem ser comprovados. Quem declarar o valor do imposto retido na fonte diferente do total que foi efetivamente recolhido também será multado. A multa é de 75% sobre o total restituído a mais. Se a Receita conseguir provar que houve má-fé (intenção de dolo), a multa sobe para 150%.

Mantega: 2010 não deve ter pacotes de estímulo

18 de dezembro de 2009

O Globo (RJ)

Ministro anuncia incentivo para venda de motos e diz que não será mais preciso socorrer outros setores


Aguinaldo Novo e Karina Lignelli

SÃO PAULO. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem medidas de incentivo financeiro para o setor de motocicletas e sinalizou que este poderá ser o último pacote de ajuda a setores atingidos pela crise. Segundo Mantega, como a economia voltou a crescer a um ritmo “entre 4,5% e 5%”, o governo já não veria mais a necessidade de socorrer outros setores ou prorrogar os acordos anunciados neste ano e que acabam no início de 2010.

— Não posso dizer categoricamente (que o pacote anunciado ontem foi o último), porque a economia é dinâmica. O que digo é que a maioria dos setores já está crescendo. Teremos pela frente um ano tranquilo — afirmou o ministro, durante evento em São Paulo.

Segundo ele, apenas o setor de motos e de móveis (beneficiado recentemente por redução de tributos) ainda não tinham se recuperado totalmente da crise. Mantega anunciou a redução de 3% para zero da Cofins na venda de motos até 150 cilindradas (que respondem por 90% do mercado no país), alíquota que vai valer até 31 de março. Além disso, o governo criou uma linha de crédito de R$ 3 bilhões para tentar destravar as operações de financiamentos no varejo.

Os recursos serão operados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal.

A renúncia fiscal com as duas medidas foi estimada em R$ 54 milhões. Com esse novo pacote, Mantega calcula que só neste ano as desonerações tributárias tenham alcançado cerca de R$ 12 bilhões, mas ele ressalta que esse número não pode ser tomado de forma isolada.

— Não podemos ver que o governo deixou de arrecadar R$ 12 bilhões ou R$ 13 bilhões.

Se abrimos mão de parte do IPI, aumentou a arrecadação com outros tributos, como o PIS e a Cofins.

Os acordos anunciados nos últimos meses pelo governo passaram a ser alvo de economistas, que entendem haver risco de comprometimento do equilíbrio fiscal no próximo ano. Em resposta a esses ataques, Mantega afirmou que “as contas públicas foram mantidas sob controle num ano de crise e estarão melhores em 2010”.

— É claro que o resultado primário foi menor, mas foi melhor do que em outros países.

Em 2010, vamos voltar a uma superávit fiscal de 3,3% (do PIB) — disse ele.

Indústria espera alta de 14% nas vendas em 2010

Com a decisão anunciada ontem, os fabricantes de motos passaram a projetar alta de até 14% das vendas no próximo ano. Para 2009, a previsão é de uma queda entre 18% e 20%, para cerca de 1,6 milhão de unidades, refletindo principalmente a escassez de crédito ao longo do primeiro semestre. Historicamente, o crediário responde por 65% das vendas de motos no país, índice que está hoje em 45%.

— A falta de crédito foi um problema crônico para o setor — afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores e Motonetas (Abraciclo), Shuiti Takeuchi, acrescentando que o repasse da Cofins deve significar desconto entre R$ 150 e R$ 200 no preço final de motos de até 150 cilindradas.

A escassez de crédito no primeiro semestre fez o total de 2,035 milhões de unidades vendidas em 2008 despencar para 1,620 milhão neste ano.

Até novembro, o setor comercializou 1,432 milhão de motos, com queda no faturamento ainda maior, de 30%, em relação ao ano passado. Já o prejuízo para os fabricantes chegou a R$ 3,6 bilhões em novembro, com baixa de 16,6% nas vendas para o mercado interno em comparação a outubro.

Honda prevê fechar ano com 20% de queda na produção

Até a Moto Honda, que responde por 77,5% do mercado de duas rodas no país, fez duas paralisações na fábrica de Manaus, em outubro e novembro, para readequar o nível de produção os altos estoques. De acordo com a montadora, a projeção é fechar o ano também com 20% de queda na produção e vendas, ou 1.165 unidades produzidas em 2009, contra 1.456 milhão de 2008.

Na Zona Franca de Manaus, o setor é um dos poucos que ainda ficaram para trás por ter uma cadeia com mais etapas.

As principais marcas precisam competir com outros fabricantes da China e da Coreia que importam boa parte do que estão montando na região.

Há 11 fabricantes do produto final e outras 55 de componentes.

COLABOROU: Vivian Oswald

Empresas preveem longa ressaca de consumo nos EUA

18 de dezembro de 2009

Valor Economico (SP)

Lisa Bannon e Bob Davis, The Wall Street Journal

No ano que vem, o Fine Living Network, um canal de televisão a cabo criado em 2002 no auge da paixão dos americanos com um padrão de vida luxuoso, deve fechar as portas. Em seu lugar, a Scripps Networks Interactive Inc. vai lançar o Cooking Channel.

Programas como o "I Want That" ("Eu Quero Isso"), que celebravam pias cravejadas de diamantes, e "Dream Drives" ("Ruas de Sonho"), que mostrava os bairros mais mais ricos dos Estados Unidos, foram extintos. Em vez disso, os telespectadores assistirão a programas focados em ensinar a cozinhar em casa.

"Não é que tenhamos uma audiência diferente, mas uma audiência que está agindo diferente", disse John Lansing, presidente do conselho da Scripps Networks Interactive. "O sistema de valores deles está passando de almejar riqueza material para conquistar uma vida melhor."

A economia aparentemente está começando a se recuperar, depois da pior recessão dos últimos cinquenta anos. Mas várias empresas, de fabricantes de sapatos a firmas de serviços financeiros e hoteis de luxo, preveem que os consumidores americanos não voltarão tão cedo a gastar como antigamente. Elas acham que as pessoas emergiram da punitiva recessão com um novo estado de espírito: cuidadoso, prático, mais consciente da sociedade e envergonhado com demonstrações exageradas de riqueza.

Assim como os anos 30 moldaram os hábitos de consumo de uma geração inteira, muitas empresas já preveem uma mudança no comportamento das pessoas, que persistirá mesmo depois que o desemprego e o crescimento voltarem ao normal.

"Estamos aparentemente num momento de mudança cultural, como não víamos desde a Segunda Guerra", disse Jim Taylor, vice-presidente do conselho da firma de pesquisa de mercado Harrison Group. Mês passado, ela entrevistou 1.800 americanos de alta renda e descobriu que 48% deles acham que podem enfrentar prejuízos financeiros substanciais no futuro. "As pessoas estão se acostumando a ter cautela e não sei como é que se desfaz isso", disse Taylor.

Para lidar com essas mudanças, as empresas estão usando transformações radicais no marketing, estratégias que variam de oferecer dicas financeiras mais cautelosas a apelar para o ambientalismo ou um foco nas experiências em vez dos objetos de posse.

Não há como garantir que os americanos nunca voltarão ao consumo desregrado quando a economia se recuperar, como fizeram depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, e alguns fabricantes de produtos de luxo resolveram manter suas apostas. A BMW AG, cujas vendas caíram 22,5% nos EUA entre janeiro e novembro, segundo a Autodata Corp., reagiu à recessão com o lançamento de uma nova campanha publicitária focada no prazer de dirigir, em vez na imagem de luxo.

Mesmo assim, o diretor-superintendente da BMW na América do Norte, Jim O'Donnell, duvida que a mudança na cultura do consumismo seja duradoura. "Minha intuição é que as pessoas estão dizendo que vão mudar seus hábitos nas entrevistas, mas ainda não estou convencido", disse. Caso a mudança acabe não sendo tão profunda ou duradoura quanto aparenta, a BMW acredita que pode alterar sua campanha para algo mais hedonista.

Essa possiblidade, segundo O'Donnell, já foi levada em conta na criação da campanha.

Mas quanto mais durarem os tempos de vacas magras, diz John Quelch, professor de marketing da Universidade Harvard, "mais as pessoas descobrem jeitos mais baratos de viver, e esses mecanismos que criam para lidar com os problemas ficam entranhados". Então, embora poucas empresas prevejam mudanças tão duradouras quanto as criadas pela Grande Depressão, elas também não esperam que as mudanças da profunda recessão atual sejam efêmeras.

Uma das mudanças mais surpreendentes é que os americanos passaram a declarar que pretendem economizar muito mais. Eles planejam economizar 15% da renda depois que a economia melhorar, disseram as pessoas entrevistadas por uma pesquisa de novembro da consultoria AlixPartners. Seria uma mudança enorme em relação ao índice de poupança de 1,4% na última década. "Parece que há um novo modo de pensar e de ser, não um momento rápido", disse Fred Crawford, diretor-presidente da AlixPartners.

As pessoas também dizem que passaram a se preocupar mais com questões sociais ou ambientais do que antes. Em pesquisas da DYG Inc., uma firma de pesquisa de mercado de Danbury, Estado americano de Connecticut, a proporção de entrevistas que passou a dizer que buscou produtos por motivos "sociais, políticos e ambientais" subiu 10 pontos porcentuais, para 51%, em relação ao ano passado.

Embora a presidente do conselho da DYG, Madelyn Hochstein, duvide que tanta gente assim realmente esteja comprando por motivos tão elevados, "as pessoas estão nos dizendo que é assim que querem ser vistas".

Brigitte Graulich, de 42 anos, mãe de dois filhos em Las Vegas, Nevada, costumava comprar em média duas bolsas de marca por mês antes da recessão. Ela cortou fortemente os gastos, embora a renda do marido, que tem um restaurante, continue a mesma.

Quando gasta, Graulich busca produtos que não exagerem no luxo. "Tenho evitado ficar exibindo minhas marcas", diz ela.

É uma mensagem que muitas empresas voltados ao consumo final estão levando muito a sério.

Na sede da Timberland Co., em Stratham, New Hampshire, no início do mês, os executivos que coordenam o marketing, a produção e o design se reuniram para tentar descobrir o que as pessoas vão querer daqui a um ano.

As botas rústicas da empresa entraram na moda a partir dos anos 90. Para atender à forte demanda de consumidores moderninhos, a Timberland lançou cada vez mais sapatos e botas com sua marca proeminente, em metal.

Agora ela está dando uma reviravolta. A frugalidade vista primeiramente no fim do ano passado está evoluindo, e o que era considerado "legal" mudou, disse Andy Richard, diretor sênior de marketing. "A autoestima é ligada a fazer compras estudadas para impressionar seus colegas, em vez do consumo conspícuo."

Mike Harrison, diretor de marca, colocou uma bota na mesa. "Então isso significa marcas menores", disse ele, apontando para o sutil logotipo de árvore da Timberland programado para a coleção outono 2010, que substituirá as marcas metálicas chamativas de alguns anos atrás.

Crise econômica deixa danos psicológicos em americanos

18 de dezembro de 2009

Valor Economico (SP)

EUA: Baixo-astral tem efeitos políticos e cria cicatrizes profundas no país

Gerald Seib, The Wall Street Journal


A crise econômica que continua persistindo já custou aos EUA não só trilhões de dólares em capital perdido. Ela também está cobrando um alto preço da psique nacional, deixando cicatrizes que podem demorar anos para sarar.

Esse dano psicológico tem sérias implicações políticas, com certeza. Ajuda a explicar por que azedaram as atitudes para com o presidente Barack Obama e o Partido Democrata, agora no governo; gerou uma espécie de baixo-astral nacional que traz problemas para políticos de todos os partidos; e é uma das principais razões para o crescente apoio ao tipo de insurreição representada pelo movimento contra gastos governamentais e impostos excessivos chamado "Tea Party", numa referência a uma revolta de colonos americanos no século XVIII contra os impostos da coroa britânica sobre o chá.

Mas em última análise o impacto transcende a esfera política. Basta examinar a mais recente pesquisa de opinião feita pelo "WSJ"/NBC News, e dá para ver o dano causado ao tradicional espírito americano de otimismo. As conclusões levantam uma pergunta mais profunda: Que efeito tem a calamidade econômica sobre a alma de um país?

No mínimo, os resultados sugerem que, agora que um ano excepcionalmente difícil vai chegando ao fim, os lampejos de recuperação que surgem no nível macroeconômico não estão se filtrando plenamente para baixo, até as bases da vida americana.

Depois que os americanos começaram a expressar mais otimismo, em meados do ano, crendo que o país estava novamente tomando a direção certa, essa sensação de otimismo agora parece estar sumindo. Na nova pesquisa, apenas 33% responderam que o país está seguindo na direção certa, menos que os 42% de junho. A maioria respondeu que o país está no caminho errado.

Apesar da desaceleração no corte de empregos e de uma recuperação no mercado acionário, apenas 46% dos respondentes acham que 2010 será melhor para o país do que 2009.

Mais que 4 em cada 10 americanos disseram que consideram extremamente provável perder o emprego, sofrer corte de salários ou bônus, ou ter que aceitar um cargo com salário mais baixo no ano que vem. Um terço disse que uma dessas coisas já aconteceu. Um quarto dos americanos teme um golpe duplo, esperando, ao mesmo tempo, perder renda e ter que assumir os pagamentos da moradia ou dar ajuda financeira a familiares.

Uma recuperação real em 2010 produziria, é claro, resultados mais felizes do que esses americanos preveem. Mesmo assim, talvez nem isso baste para sanar as cicatrizes que parecem ser mais fundas.

Duas em cada três pessoas disseram que não confiam em que a vida para a geração de seus filhos será melhor do que foi para eles próprios. Quase a mesma proporção disse que o país está em declínio.

Nada menos de 39% preveem que a China será o principal país do mundo daqui a vinte anos - comparado com 37% que creem que os EUA serão o país líder.

Peter Hart, pesquisador do Partido Democrata que realizou o levantamento do "WSJ"/NBC News juntamente com Bill McInturff, do Partido Republicano, perguntou simplesmente: "Onde foi parar todo o otimismo?" Jay Campbell, que trabalha com Hart, dá uma resposta parcial: "É difícil ter otimismo quando não se consegue nem pagar as contas".

Um fato marcante quanto a esses golpes ao otimismo nacional é que eles não estão atingindo apenas os americanos de renda mais baixa, que tradicionalmente sentem o maior impacto durante uma recessão econômica profunda. As sementes da dúvida também são vistas entre os que estão no alto da pirâmide dos empregos.

Profissionais liberais e executivos tiveram quase exatamente a mesma probabilidade dos trabalhadores manuais de dizer que não têm confiança em que a vida para a nova geração será melhor, e a mesma probabilidade de dizer que o país está em declínio. Dois em cada dez profissionais liberais disseram que estavam insatisfeitos com sua segurança no emprego.

E com boa razão, pois a atual queda econômica - causada pelo declínio nos mercados financeiros e no valor dos imóveis - foi um duro golpe justamente para a alta classe média, que antes tinha motivos para pensar que poderia estar imune às oscilações da economia.

Uma dessas pessoas é Susan Streck-Moss, profissional de marketing de New Canaan, Connecticut. Depois de trabalhar vários anos em marketing para TV, ela passou para o marketing de marcas empresariais. Há alguns anos sofreu uma séria lesão nas costas e depois tentou voltar à profissão antiga. Isso foi em 2007 - exatamente quando a atual profunda recessão estava começando.

"Eu tinha grandes esperanças", disse ela. "Eu nunca tinha deixado de conseguir um emprego. Nunca fui recusada por emprego nenhum. De repente, era como se eu estivesse procurando trabalho como atriz. Era uma rejeição atrás da outra." Ela ainda não conseguiu encontrar trabalho fixo e entrou em grupos de apoio onde fica conhecendo outros na mesma situação difícil - profissionais liberais que já tomaram duas ou três hipotecas sobre suas casas, esperando em vão que a sorte melhore.

Streck-Moss, de 52 anos, disse que já perdeu a casa e teme perder o apartamento. "Esses são os novos EUA", disse. "São as pessoas que sempre tiveram bons empregos, criaram os filhos, mandaram-nos para a faculdade e fizeram tudo certo. De repente a gente se vê soterrada. É um pesadelo."

Para a economia, o pesadelo talvez esteja terminando. E talvez um fim do pesadelo econômico altere o declínio verificado nas pesquisas em relação aos democratas, que inevitavelmente assumem a maior parte da culpa porque no momento estão governando o país. Saber se uma recuperação econômica vai reacender o espírito do otimismo americano é uma questão inteiramente diferente.

Indústria pretende investir mais em 2010

18 de dezembro de 2009

Valor Economico (SP)

De Brasília


As indústrias pretendem investir 23% mais no próximo ano e o valor médio aplicado no aumento da capacidade, na modernização dos processos e no lançamento de produtos deve subir de R$ 3,52 milhões, em 2009, para R$ 4,35 milhões. Apesar disso, os empresários brasileiros estão dando cada vez menos importância às exportações, o que tem preocupado os economistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Essas são as principais informações da Sondagem Especial sobre Investimento, realizada pela CNI, e que entrevistou, de 20 de novembro a 4 de dezembro, representantes de 350 empresas. Desse total, 24 são pequenas (até 99 empregados), 146 médias (de 100 a 500 empregados) e 180 grandes (com mais de 501 empregados).

O maior problema apontado pelos empresários, segundo a CNI, é a perda de espaço que o mercado externo vem sofrendo desde 2005. Naquele ano, 35,2% dos investimentos eram dirigidos às exportações, mas essa participação deverá cair para 25,5% em 2010. Em 2009, foi de 28,4%.

Na avaliação do economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, o câmbio desfavorável é o principal motivo dessa perda de foco nas exportações porque os outros "gargalos" da competitividade no Brasil, como, por exemplo, deficiências de infraestrutura e alta carga tributária, também não foram resolvidos.

O problema, para o economista, é a perspectiva da competitividade e o país pode ficar para trás quando a demanda internacional se recuperar. As economias continuarão integradas e o Brasil não pode se isolar. "O esforço para ganhar mercados no exterior, feito na primeira metade desta década, pode estar sendo perdido", avisou.

O gerente-executivo de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, reconheceu que a crise econômica mundial também pressionou os empresários a procurarem ganhos no mercado doméstico, mas ele argumentou que o real excessivamente valorizado vem prejudicando as exportações em geral e principalmente as de produtos manufaturados. Para esses itens de maior valor, os concorrentes asiáticos têm ocupado muito espaço.

Outro ponto negativo captado pela pesquisa da CNI é o pequeno apoio que os bancos privados vem dando aos investimentos. Para 2010, as respostas indicaram que 55% das intenções de investimento terão recursos próprios como a principal fonte. Os bancos oficiais de desenvolvimento ficaram com 27% e as instituições financeiras privadas apareceram com apenas 8%, quase o mesmo peso dos bancos comerciais públicos (7%). Castelo Branco disse que esse é, praticamente, o mesmo quadro apresentado em 2002, o que mostra "estagnação".

A sondagem da CNI também mostrou que 61,8% das empresas ouvidas planejam aumentar suas compras de máquinas e equipamentos no próximo ano, apesar de as respostas terem indicado que apenas 15,8% acreditam que a capacidade instalada é insuficiente para atender à demanda prevista para o ano que vem. Isso, segundo afirmou Castelo Branco, mostra que há folga na indústria e, portanto, não existem sinais de pressões inflacionárias. (AG)

Comitê vai obrigar grandes bancos a ter capital extra para evitar quebras

18 de dezembro de 2009

O Estado de S.Paulo (SP)

Medida faz parte de um pacote de reformas apresentado pela agência encarregada da supervisão bancária global

Jamil Chade, CORRESPONDENTE, GENEBRA

Os grandes bancos serão obrigados a garantir um maior capital para resistir a eventuais turbulências e evitar quebras como ocorreram desde setembro de 2008. A medida faz parte de um pacote de reformas apresentado ontem pelo Comitê da Basileia de Supervisão Bancária, uma espécie de agência reguladora mundial das regras do sistema financeiro. Vinte e sete países, entre eles o Brasil, fazem parte do Comitê. No centro da proposta estão medidas para garantir liquidez, evitar quebras e reduzir os riscos para o sistema econômico.

Desde a eclosão da crise, os balanços dos bancos já apresentaram perdas de US$ 1,7 trilhão. Os fluxos de crédito dos bancos não voltaram aos níveis anteriores à crise e as economias entraram em recessão, mesmo com os bilhões de dólares injetados por governos. Sem acesso a créditos, empresas quebraram e o desemprego explodiu. Enquanto isso, a dívida de governos bateu recordes.

A regulação dos bancos tem sido um dos alvos do trabalho do G-20, ainda que críticos alertem que as reformas até agora estão muito distantes das promessas feita por políticos no momento da eclosão da crise. Em abril, a cúpula do G-20 estipulou que novas exigências deveriam ser criadas para o sistema financeiro, dando ao Comitê da Basileia a tarefa de chegar a esse padrão.

Agora, as reformas são consideradas como as mais profundas nas últimas décadas e, ontem, os mercados já reagiram às propostas que representam um cerco às atividades dos bancos. Os detalhes serão negociados pelos governos até o final de 2010. Mudanças na forma de registrar os balanços, detalhes sobre a exposição de cada instituição e outras mudanças já teriam de ocorrer no próximo ano. Cada banco teria de detalhar, por exemplo, sua exposição a derivativos.

Mas a maioria das medidas somente será adotada a partir de 2012, quando se espera que a economia mundial já esteja em plena expansão.

A principal medida é a exigência de que bancos mantenham um maior volume de capital - tanto em ações como em recursos - para permitir que lidem de forma mais tranquila com eventuais perdas. Os bancos teriam duas opções: reter seus lucros ou sair ao mercado para se capitalizar.

A ideia é simples: acumular um colchão de recursos em épocas de expansão para permitir o uso em períodos de crise. Uma lista de bancos considerados pilares da economia mundial ainda será redigida, e essas instituições terão responsabilidades maiores.

Por enquanto, o Comitê não informa qual será o valor do aumento de capital exigido para cada banco. Isso fará parte das negociações em 2010. Na prática, o que a agência quer evitar é que as novas exigências não sejam uma nova desculpa aos bancos para não emprestar. Mas também quer garantir que os padrões de empréstimos sejam elevados. Até mesmo uma espécie de multa poderia ser implementada caso um empréstimo resulte numa exposição perigosa ao sistema financeiro.

BÔNUS

Os bancos ainda limitarão a forma pela qual distribuem suas ações e lucros aos seus executivos. Isso garantiria uma redução nos riscos do sistema financeiro. O Comitê justifica que não seria aceitável que bancos que tenham sido salvos por recursos públicos usem agora o capital para recuperar pagamentos generosos a investidores e executivos.

Mas, por enquanto, nenhum teto na distribuição de bônus foi acertado, e o tema promete ser polêmico em 2010. De fato, as negociações para detalhar o esquema prometem ser duras. Americanos e europeus têm visões diferentes sobre o que deve constituir o capital de colchão dos bancos, além da própria questão dos bônus.

Sejam quais forem os números finais no acordo, o Comitê da Basileia garante que estabelecerá um período de transição. "A transição será suave", garantiu um comunicado do grupo.

Para o presidente do Comitê, Nout Wellink, as propostas vão criar um sistema financeiro mais sólido. "As medidas criarão um melhor equilíbrio entre a inovação financeira e o crescimento sustentável." Ele explicou que a implementação das medidas vai aguardar o momento da recuperação da economia mundial, em 2012.

Segundo ele, as propostas apresentadas vão reduzir a margem de manobras de bancos, garantindo que construam proteções contra eventuais crises e limitem a distribuição de bônus aos executivos.

AÇÕES

Ainda que se trate de uma proposta, as bolsas de valores pelo mundo reagiram de forma positiva à iniciativa do Comitê da Basileia.

Parte da alta foi considerada diante da decisão dos reguladores de dar um prazo longo para a implementação das novas regras. Para o mercado, trata-se de uma boa notícia para os bancos. Algumas das regras apenas seriam totalmente implementadas ao final de dez anos.

Logo na abertura dos pregões na Europa, as ações do Deutsche Bank, Banco Santander, HSBC e BNP Paribas subiram entre 1,2% e 4,9%.

''Inflação está estável e na meta''

18 de dezembro de 2009

O Estado de S.Paulo (SP)

Meirelles espera também que meta fiscal seja cumprida em 2010

Célia Froufe, BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reforçou ontem as perspectivas de cumprimento das metas fiscal e de inflação em 2010 pelo Brasil. "O BC espera que a meta (fiscal) de 2010 seja cumprida", disse ele, em relação à economia de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) que o governo terá de fazer no próximo ano. Para a inflação do mesmo período, ele considerou que a taxa mostra-se "estável e dentro da meta" de 4,5%.

Meirelles também previu que o crescimento do PIB poderá se sustentar acima de 5% no próximo ano. "Esperamos um crescimento em 2010 de cerca de 5% ao ano. Talvez um pouco mais do que isso", disse à TV NBR, do governo federal, após participar de entrevista a emissoras de rádio no programa "Bom Dia, Ministro".

Esta é a primeira vez que o presidente do BC considera uma expansão do PIB acima dos 5%, porcentual já incorporado aos cálculos do governo. Esse crescimento estaria ancorado na geração de emprego e aumento do crédito, e se daria com a inflação sob controle. "Talvez seja a maior criação de empregos da história do Brasil em tempos normais."

Meirelles previu ainda que a trajetória para o câmbio flutuante é de equilíbrio no médio prazo. "Se o dólar ficar barato, tendem a entrar mais importações e (isso) tende a equilibrar (o dólar). Isso pode levar ao aumento de outras moedas no médio prazo." São dois fenômenos que estão por trás do comportamento do câmbio, segundo o presidente do BC: ao mesmo tempo em que o dólar perde valor por causa dos efeitos da crise nos EUA, o real ganha força com a entrada de recursos para investimentos. "O Brasil é o maior destino para investimentos hoje no mundo. E tem futuro promissor, pois, para crescer, é preciso investimento."

Na área política, o presidente do BC negou que tenha aspiração ao cargo de vice-presidente da República, na chapa da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência em 2010. "Não tenho nenhuma pretensão a esse cargo", afirmou. Ele voltou a dizer que, até abril de 2010, quando deverá decidir se concorre ou não a um cargo eletivo, não pensará em mais nada que não seja 100% o BC. "Não tenho pretensão a cargos de âmbito nacional. Meu foco, no momento, é o Banco Central."

Copom vê inflação 'tranquila' e ganha tempo

18 de dezembro de 2009

O Estado de S.Paulo (SP)

Ata do comitê do BC manteve fora do curto prazo a alta de juro e aponta recuperação gradual da economia

Fabio Graner e Fernando Nakagawa, BRASÍLIA

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, desenhou um cenário favorável para a inflação e manteve fora do curto prazo a possibilidade de alta na taxa de juros básica (Selic). O documento evidenciou uma trajetória de recuperação "gradual", mas consistente da economia brasileira. O Copom afirmou que a indústria ainda não esgotou sua capacidade de produção, o que para o colegiado ainda deve levar algum tempo para acontecer, reforçando a perspectiva de os preços seguirem sob controle.

"O Copom avalia que, diante da margem de ociosidade remanescente na economia, evidenciada por indicadores de utilização da capacidade na indústria e do mercado de trabalho, e do comportamento das expectativas de inflação para horizontes relevantes, continuaram favoráveis as perspectivas de concretização de um cenário inflacionário benigno, no qual o IPCA seguiria exibindo dinâmica consistente com a trajetória das metas", diz a ata.

A retomada "gradual" da atividade é uma das expressões-chave para se entender a ata. Isso porque uma trajetória gradual de expansão da economia permitiria que os investimentos que estão sendo feitos pelas empresas amadureçam ao longo do tempo. A maturação dos investimentos amplia a capacidade produtiva ou pelo menos posterga o aparecimento de eventuais gargalos, gerados por demanda de consumo maior que a oferta de bens, que podem deflagrar aumento de preços.

Depois do comunicado divulgado na semana passada, com o anúncio de que a Selic continua estável em 8,75%, analistas esperavam um documento mais duro, sinalizando uma maior proximidade do início de alta dos juros. Mas a ata de ontem ficou muito parecida com a da reunião de outubro, com alguns pequenos ajustes que mostraram um BC mais atento, que saiu do piloto automático, mas ainda confortável com as perspectivas de inflação.

O BC afirma que a trajetória da economia ainda tem incertezas, "que deverão ser dirimidas ao longo dos próximos meses". E que "decisões sobre a taxa básica de juros têm que levar em conta a magnitude dos estímulos introduzidos na economia, cujos impactos econômicos ficarão evidentes ao longo do tempo". Os estímulos são: corte de juros, alta dos gastos públicos e desonerações tributárias, e uma política agressiva de crédito dos bancos públicos.

O economista da Tendências Consultoria Bernardo Wjuniski avaliou a ata como "tranquila" do ponto de vista do cenário de juro. Por isso, ele prevê alta apenas em setembro de 2010. Wjuniski esperava "alguma novidade" mais forte no documento e especula que a falta desse elemento pode ter relação com o os dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados na semana passada, depois da reunião do Copom, que mostraram um recuperação mais lenta que o esperado. Para o economista, a decisão de manter a Selic não levou o PIB em conta, mas quem redigiu a ata pode tê-lo considerado para manter um tom indicando que a situação de atividade econômica está confortável para o cenário inflacionário.

A economista-chefe da Rosenberg Associados, Taís Zara, avalia que a ata "subiu um pouco o tom", mostrando que o BC tem certeza de que a recuperação da atividade econômica está acontecendo, com redução da margem de ociosidade. "Apesar disso, em termos de inflação, o BC se mostra bastante confortável", disse Taís, lembrando que o documento menciona a deflação nos preços do atacado. Ela afirma que a ata mostra um BC atento, mas avalia que os juros não devem subir em 2010, embora ao longo do tempo a autoridade monetária começará a preparar mais claramente o terreno para alta nos juros.

FISCAL

Com 2009 acabando, o BC já começou a estender seu horizonte de análise até 2011. Dessa forma, a autoridade monetária disse trabalhar com uma meta de superávit primário - economia para pagamento de juros - 'sem ajustes' de 3,3% do PIB. A meta para 2011 ainda não foi fixada pelo governo, o que ocorrerá só em abril, por meio da Lei de Diretrizes Orçamentárias. .

A expectativa do BC de cumprimento da meta cheia, sem descontos, difere do cenário para 2009 e 2010, anos em que o governo deve lançar mão de instrumentos para abater investimentos da meta. Isso, na prática, reduz a meta a ser perseguida pelo governo. Para Bernardo Wjuniski, da Tendências Consultoria, a menção à política fiscal de 2011 tem um recado implícito de que o BC vê a política fiscal mais frouxa de 2009 e 2010 como atípica, e que ela voltará ao normal em 2011.

Bancos fazem alerta sobre ativos no país

18 de dezembro de 2009

Folha de S.Paulo (SP)

É preciso prevenir valorização para impedir problemas no futuro, diz IIF

Para associação de bancos, uma das soluções pode ser o aumentos nos juros, medida que acarreta certos riscos no curto prazo

DA EFE

O IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), a maior associação de bancos do mundo, lançou um alerta sobre a sobrevalorização de ativos financeiros no Brasil e em outros emergentes.
"São indicativos do que vemos como uma tendência", disse Charles Dallara, diretor-executivo do IIF, em referência ao recente auge nas Bolsas de muitos mercados emergentes.
Segundo ele, em geral, a forte alta da Bolsa no Brasil fala "positivamente" sobre a força de sua economia. Nesse sentido, lembrou que, na última década, o Brasil deixou de ser um país com inflação alta e ambiente econômico instável para ter inflação baixa e ser um lugar atrativo para investidores locais e internacionais.
O Brasil é o segundo mercado mais rentável do mundo neste ano, com uma taxa acima dos 120%. Além disso, o índice de preço-lucro nos últimos 12 meses no país é de 16 vezes, ante a média histórica de 13 vezes.
"Não estamos dizendo que seja necessário parar nesse nível de valorização de ativos", afirmou Hung Tran, subdiretor-gerente do IIF, em referência aos mercados emergentes.
Para Hung, a mensagem que o IIF quer transmitir é que, se não houver ações para prevenir a forte valorização de ativos, alguns deles de baixa qualidade creditícia, poderá haver problemas no futuro.
Já Dallara disse que em alguns casos a solução pode levar a aumentos nos juros, uma medida que acarreta certos riscos no curto prazo porque poderia estimular ainda mais o apetite dos investidores.

Indústria brasileira vai priorizar mercado interno, afirma CNI

18 de dezembro de 2009

Folha de S.Paulo (SP)

74% das empresas brasileiras do setor priorizarão negócios no país em 2010

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O descompasso entre a recuperação da economia brasileira e a retomada do comércio internacional fez com a indústria deixasse de priorizar o mercado externo na elaboração dos novos planos de investimentos para 2010, o que pode retardar ainda mais a reentrada dos produtos nacionais em países que são clientes tradicionais do Brasil, mas perderam o fôlego de compras durante a crise.
De acordo com sondagem da CNI (Confederação Nacional da Indústria), os esforços de melhoria e ampliação da capacidade de 74,1% das indústrias brasileiras no próximo ano estarão voltados principalmente para o mercado interno, que tem sustentado o aumento das vendas do setor. Apenas 5,2% das empresas afirmaram que os investimentos terão como objetivo principal atender a demanda externa.
"Esse é um dado preocupante porque envolve a competitividade dos nossos produtos, e revela uma tendência da indústria que vem desde 2004, claramente acompanhando a valorização do real nesse período", afirmou o gerente de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.
Segundo o economista, as empresas que deixarem de investir agora pensando nas exportações terão dificuldades em atender à demanda internacional no futuro e em oferecer mercadorias com a qualidade e a inovação exigidas para o retorno a grandes mercados.
"Nossa reação é limitada pela retração do comércio mundial, por causa do câmbio e, olhando para a frente, a diminuição desses investimentos. O esforço para ganharmos mercados até a metade desta década pode estar sendo solapado por essas condições", avaliou o gerente de Política Econômica da entidade, Flávio Castelo Branco.
Segundo a CNI, 85% das indústrias brasileiras investiram em 2009. Desse grupo, 46,3% conseguiram concluir as inversões previstas, percentual semelhante ao de anos anteriores, mas partindo de planos mais modestos de ampliação, por causa da crise econômica.
Com o crescimento da economia e a retomada das vendas, 86,6% das indústrias planejam investir no próximo ano. A projeção da entidade para o total de investimentos médio da indústria em 2010 é de R$ 4,353 milhões, um aumento de 23% sobre a estimativa de R$ 3,526 milhões deste ano.
No entanto, as empresas continuarão dependendo principalmente de recursos próprios e de fontes oficiais para expandir e realizar melhorias. Para 2010, a expectativa é que em média 55% dos valores investidos saiam do caixa das companhias e 26,5% de bancos de fomento, como o BNDES. As instituições privadas devem responder por apenas 8,3% dos financiamentos.

Deficit ainda não preocupa, dizem analistas

18 de dezembro de 2009

Folha de S.Paulo (SP)

Rombo externo é financiável em 2010, mas risco é desequilíbrio crescer ao longo da próxima década, afirmam economistas

Para especialista, país deve criar condições para impedir valorização excessiva do real e aumentar competitividade dos produtos exportados

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil ficará mais dependente em 2010 do dinheiro estrangeiro, utilizado para financiar o deficit nas transações envolvendo produtos e serviços com o restante do mundo, mas a situação continua financiável ao menos no próximo ano, dizem especialistas.
O problema maior é esse desequilíbrio crescer ainda mais e perdurar indefinidamente na próxima década, especialmente se o restante do mundo passar por um período prolongado de estagnação econômica.
"Não é um problema para 2010, embora a tendência seja preocupante. O que chama a atenção é a rapidez da deterioração. Se projetarmos para o futuro, não é um deficit saudável", diz o economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
"Apesar de a gente prever deficit em transações correntes maior para o ano que vem, ainda é perfeitamente financiável. Até porque nossa projeção para o câmbio é bastante tranquila em 2010", disse Marcio Nakane, coordenador da consultoria Tendências.
A consultoria prevê que o dólar encerre 2010 na casa de R$ 1,75, próximo do R$ 1,79 do fechamento de ontem. Nesse patamar, o câmbio não deteriorará o comércio no próximo ano.
Problema crônico da economia brasileira até a desvalorização do real em 1999, o deficit em contas externas mede o quanto o país precisa "importar" dinheiro do restante do mundo para suprir deficiências internas para gerar recursos e financiar seu crescimento.
Uma das formas de ajustar essa deficiência é reduzir o peso da dívida pública, que consome a maior parte dos recursos do país, uma iniciativa que os economistas descartam no final do governo Lula.
Para Lacerda, o país deveria evitar que o quadro se agrave adotando instrumentos de intervenção no câmbio capazes de impedir uma apreciação indesejada no real, além de políticas de incentivo à competitividade das exportações.

BC projeta rombo externo recorde de US$ 40 bi em 2010

18 de dezembro de 2009

Folha de S.Paulo (SP)

Aumento de remessas e saldo menor na balança elevarão deficit, prevê Banco Central

Investimentos diretos e em aplicações devem cobrir deficit; analistas questionam dependência do capital externo para país crescer

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A necessidade de poupança externa para financiar o crescimento do país em 2010 fará o Brasil registrar deficit recorde nas suas transações com o exterior no próximo ano. A recuperação da economia nos últimos três meses levou o BC a aumentar a previsão para esse resultado negativo de US$ 29 bilhões para US$ 40 bilhões.
Embora esse seja o maior deficit registrado nas estatísticas oficiais, que datam de 1947, o governo e os analistas do mercado financeiro não avaliam os números como algo ruim no curto prazo. No próximo ano, por exemplo, o BC prevê que o investimento estrangeiro no setor produtivo -a principal fonte de financiamento do deficit- deva superar esse valor e chegar a US$ 45 bilhões.
O país deve receber ainda US$ 25 bilhões por meio das aplicações de estrangeiros em ações e títulos públicos. Apesar de o valor estar abaixo do recorde já alcançado neste ano, de quase US$ 46 bilhões até a metade de dezembro, ainda é um resultado expressivo para as contas externas.
Há, no entanto, preocupações em relação à dependência de capital externo para manter esse ritmo de crescimento do país nos próximos governos. Principalmente devido ao efeito dessa entrada de dólares sobre o câmbio.
O componente que mais pesou no aumento dessa previsão foi a revisão na estimativa de remessas de lucros e dividendos para o exterior, que dobrou, para US$ 30 bilhões. Também se espera que a recuperação da economia puxe ainda mais a demanda por serviços do exterior, o que gera mais gastos com transportes, computação, aluguel de equipamentos e viagens internacionais.
Outro fator que vai influenciar essa conta é a redução no superavit comercial do Brasil com o exterior. O BC projeta uma queda de quase 40% no próximo ano em relação a 2009, devido ao aumento das importações a uma velocidade superior à das exportações.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o deficit do Brasil com o exterior apresenta hoje características "mais saudáveis" em relação à década passada. Antes, o passivo externo do país era composto por dívidas, o que gerava um forte fluxo de saída de dinheiro para pagamento de juros. Agora, as remessas se devem ao retorno dos investimentos feitos no crescimento do país.
"O país tem um estoque de investimentos diretos e no mercado de capitais bem mais elevado. É de esperar que as empresas remetam mais recursos em cima desses estoques. E, como a economia vai estar em um ritmo mais forte, vai gerar mais lucros", disse Altamir.
O economista André Sacconato, da consultoria Tendências, avalia que o resultado negativo nas transações correntes pode ficar até abaixo do previsto pelo BC. "Estamos até mais otimistas. De todo modo, isso não é preocupante, pois as fontes de financiamento cobrem com tranquilidade esse deficit. O mundo está disposto a financiar o Brasil", diz ele, que projeta resultado negativo de US$ 35 bilhões para o próximo ano.

Balança
Para o presidente da Sobeet (sociedade de estudos da globalização), Luís Afonso Lima, o ponto negativo nos resultados esperados para 2010 é o desempenho da balança comercial, que inverteu a tendência vista desde o início da década de expansão mais forte das exportações do que nas importações.
Há também a questão da dependência brasileira de recursos externos, já que o aumento dos gastos públicos reduz a capacidade de investimentos do país e inviabiliza a criação de uma poupança interna para financiar o crescimento.
Além disso, essa entrada de dólares influencia o câmbio, que é uma das principais preocupações do governo e do exportador. "O ideal seria termos também nossa poupança interna, reduzir o deficit fiscal e elevar o investimento, para financiar o nosso crescimento. Mas estamos caminhando no sentido contrário disso", diz Lima.

17.12.09

Menos imposto sobre salários e consumo

17 de dezembro de 2009

Jornal do Brasil (RJ)

Marcos Cintra
VICE-PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

A sonegação gera injustiças porque alguns contribuintes conseguem pagar pouco imposto e outros têm que compensar tal fato pagando mais do que deveriam. Há estimativas mostrando que em 2008 as empresas no Brasil sonegaram R$ 200,3 bilhões.

As bases tributárias que compensam a sonegação no Brasil são os salários e o consumo. Os rendimentos dos trabalhadores formais são tributados na média em 42,5%, e do total de R$ 1 trilhão arrecadado em impostos em 2008 as contribuições sobre a folha de pagamentos (empregados mais empregadores) representaram 22,5%, excluindo o Imposto de Renda. Já as vendas de mercadorias e prestação de serviços, que foram responsáveis por 48,4% das receitas do governo no mesmo ano, têm embutidos em seus preços finais tributos elevados, como, por exemplo, 37,8% nas roupas, 39,3% nos automóveis de 1.000 cilindradas, 46,7% na conta de telefone, 45,8% na conta de luz e 53% no litro da gasolina.

A supertributação sobre salários e consumo limita o potencial da economia brasileira.

No caso dos impostos sobre os salários, eles limitam a renda das famílias, e o elevado ônus tributário sobre os preços reduz o poder aquisitivo dos consumidores.

Essa é uma questão que precisa ser focada na retomada das discussões envolvendo a reforma tributária.

É necessário um projeto que minimize a sonegação e que, ao mesmo tempo, alivie a carga de impostos sobre os salários e o consumo. Para que isso ocorra só há uma base viável para a cobrança de tributo, que é a movimentação financeira nos bancos.

Nesse sentido há o projeto do Imposto Único, que prevê o fim do Imposto de Renda, INSS patronal, ICMS, IPI, IOF, ISS e outros. A arrecadação que eles geram seria obtida através da cobrança de apenas 2,8% sobre os débitos e os créditos de cada lançamento nas contas-correntes bancárias. A cobrança seria automática, e toda operação só seria liquidada em termos jurídicos depois de passar pelo sistema bancário, medidas que fariam com que todos paguem a sua parte, inclusive os sonegadores.

No caso dos salários não haveria mais os descontos do IRPF na fonte, elevando a renda disponível, e o ônus sobre a folha de pagamentos das empresas, que é de 35%, se restringiria aos 8% do FGTS, que permaneceria por se tratar de patrimônio do trabalhador.

Simulações revelam que no tocante ao consumo a substituição dos tributos indiretos pela cobrança de apenas 2,8% sobre as transações bancárias permitiria reduções nos preços finais. Por exemplo: um veículo de R$ 25 mil poderia ter seu valor reduzido para R$ 21 mil, o litro da gasolina passaria de R$ 2,50 para R$ 1,89, um par de sapatos de R$ 100 poderia custar R$ 84,35. Ou seja, haveria maior poder aquisitivo com o Imposto Único.

Este é um projeto viável para o país, pois ganham as empresas e os trabalhadores sem que o governo perca arrecadação. Só os sonegadores perderiam.

Marcos Cintra é doutor em economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas. Internet: www.marcoscintra.org; e-mail: mcintra@marcoscintra.org e twitter: http://twitter.com/marcoscintra

Calote tem o maior recuo desde 2007

17 de dezembro de 2009

O Globo (RJ)

Já os juros de bancos caem para 6,96%, o menor nível desde 1995


Aguinaldo Novo e Karina Lignelli


SÃO PAULO. A uma semana do Natal, duas novas pesquisas reforçam a previsão de apetite renovado do consumidor. Divulgada pela Serasa, a primeira sondagem mostrou que a inadimplência de pessoas físicas teve em novembro o maior recuo desde maio de 2007, caindo 3,9% em comparação com o mesmo mês de 2008, e 1,8% contra outubro deste ano. Em maio de 2007, a queda havia sido de 7,5%.

Recorde também apareceu em pesquisa feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) sobre a variação dos juros bancários. A taxa média apresentou uma redução de 0,07 ponto percentual no mês, passando de 7,03% para 6,96% ao mês, o menor patamar desde o início da sondagem, em janeiro de 1995.

— Estas reduções podem ser atribuídas ao bom momento por que passa a economia, à maior competição do sistema financeiro e à expectativa da redução da inadimplência com a retomada do crescimento do emprego e da renda — disse o economista Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac.

No acumulado de janeiro a novembro, a inadimplência da pessoa física, medida pela Serasa, ainda apresenta crescimento de 6,8%. Mas os técnicos da empresa projetam nova queda dos índices agora em dezembro e ao longo de 2010. Segundo eles, com o aumento do número de empregados com carteira assinada, o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário ajudou no pagamento de dívidas.

É apostando nessa perspectiva que o varejo mantenha a previsão de um Natal gordo em 2009. De acordo com dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), órgão ligado à Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que mede as vendas a prazo, a primeira quinzena de dezembro registrou alta de 3,8%, comparada ao mesmo período do ano anterior. Já em relação a novembro, primeiro mês de 2009 com alta positiva, de 0,4%, a expansão foi de 37,4%. Na m e s m a c o m p a r a ç ã o , o SCPC/Cheque, que mede as vendas à vista, subiu 8,2% na primeira quinzena de dezembro, e de 42,6% em novembro. No ano, a projeção é de alta de 1,2%.

Segundo a Serasa, o valor médio do cheque sem fundo entre microempresários cresceu 43,5% entre janeiro e novembro deste ano, ante o mesmo período de 2008, refletindo as dificuldades do setor com a crise financeira.