29.3.13

Obesos deveriam pagar mais para voar, diz economista


As companhias aéreas deveriam cobrar mais de passageiros obesos, sugere um economista norueguês, apontando benefícios para a saúde, o ambiente e a economia.
Bharat Bhatta, professor-associado da Faculdade Sogn og Fjordane, disse que o setor aéreo deveria seguir o exemplo de outras formas de transporte que já cobram segundo o espaço ocupado e o peso embarcado.
"À medida que os passageiros perderem peso e, portanto, reduzirem as tarifas, a economia resultante será um benefício para os passageiros", escreveu Bhatta nesta semana na publicação The Journal of Revenue and Pricing Management, especializada em questões de faturamento e precificação.
"Já que um avião de determinado fabricante e modelo pode acomodar mais passageiros leves, isso também pode recompensar as companhias aéreas", além de reduzir o consumo de combustível, o que tem efeitos ambientais positivos.
Bhatta montou três modelos para o que chamou de "precificação aérea ?pague o quanto pesa'".
O primeiro cobraria a tarifa segundo o peso somado do passageiro e da sua bagagem. Seria definido um valor por quilo, de modo que alguém que pesasse 60 quilos pagaria metade da passagem de alguém com 120 quilos (considerando que os dois passageiros hipotéticos viajassem sem bagagem).
Um segundo modelo usaria uma tarifa básica, com a cobrança de um adicional para passageiros mais pesados. Dessa forma, também haveria uma tarifa diferenciada para cada passageiro.
O terceiro modelo, preferido por Bhatta, prevê uma tarifa fixa para passageiros com peso médio. Um desconto ou adicional seria cobrado para quem estivesse abaixo ou acima de determinados limites. Haveria, assim, três tipos de tarifas: "leve", "normal" e "pesada".
Há anos as companhias aéreas discutem como acomodar passageiros que, na média, estão se tornando maiores e mais roliços. Empresas como Air France e Southwest Airlines, por exemplo, permitem que passageiros obesos comprem assentos adicionais e recebam um reembolso parcial sobre eles. A United Air Lines solicita a passageiros que não caibam confortavelmente em uma só poltrona que comprem uma segunda passagem.
Cerca de dois terços dos adultos nos EUA estão acima do peso ou são obesos. Numa pesquisa em 2010 para o site de viagens Skyscanner, 76 por cento dos viajantes disseram concordar que as companhias aéreas cobrem a mais de passageiros que precisem de um assento adicional.
Fonte: http://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2013/03/29/obesos-deveriam-pagar-mais-para-voar-diz-economista.htm

O pessimismo no retrovisor


Por Delfim Neto
A divulgação dos números confirmando o fraco desempenho da economia em 2012 induziu à criação de um clima de pessimismo em relação à possibilidade de recuperação do crescimento neste ano, que somente agora começa a se dissipar com os sinais incipientes de retomada da produção industrial e da consolidação dos números do bom movimento do comércio embalado pelas festas de fim de ano.
O pessimismo foi, evidentemente, exagerado, na medida em que se ignorou o progresso social a gestar uma classe média mais educada e mais exigente de qualidade dos serviços públicos, sem a qual não se consolidam as instituições democráticas capazes de aumentar paulatinamente a igualdade de oportunidades.
Avanços importantes para a sociedade brasileira foram esquecidos durante o nevoeiro. Exemplos: a redução ordenada e consistente da taxa Selic; a bem-sucedida manobra de substituição dos juros reais de 6% nos rendimentos da poupança e o controle dos aumentos de salários no serviço público por três anos. Em outras frentes, a aprovação do sistema previdenciário do funcionalismo, o enfrentamento dos custos nos setores básicos da energia e portuário, o aprendizado nos leilões de concessões nos projetos de infraestrutura para atrair o investimento privado. E, ainda, a exoneração da folha de pagamento para setores industriais, que, combinada com a desvalorização da taxa cambial, recomeça a estimular a exportação de manufatura. E houve pequenos aperfeiçoamentos no sistema tributário, com reduções pontuais nos níveis de impostos.
Por último, mas não menos importante, registre-se a melhora do entendimento entre o poder incumbente e o setor privado, capaz de convencer o empresariado de que a política econômica do governo é amigável e objetiva o aumento da competição e da produtividade. Isso pode nos levar a retomar o ritmo de um crescimento do PIB entre 3% e 4%, em 2013, como reafirmou a presidenta em recente seminário na Europa, em um encontro de empresários brasileiros e estrangeiros.
É preciso lembrar que medidas “macroprudenciais” introduzidas no começo por seu governo haviam sido recebidas inicialmente com grande ceticismo. O desenvolvimento da conjuntura mostrou que essas medidas foram não apenas altamente efetivas como talvez tenham sido subavaliadas. Posteriormente abriu-se um espaço para a redução consistente da taxa de juro real, reclamada há décadas pela economia brasileira. A maior taxa de juro real do universo conhecido promovia um movimento de capitais especulativos a favor da supervalorização da taxa de câmbio real, acentuando os inconvenientes da redução da atividade global promovida pelo controle monetário.
Em um ano, o Banco Central trouxe a Selic a 7,25%, o que, com expectativa de inflação anual da ordem de 5,5%, nos deixou com uma taxa de juro real de cerca de 2%. Longe ainda da taxa de juro real do mercado internacional, hoje por volta de 2% negativos. O atual diferencial de juro interno e externo é próximo de 4%. Em um ambiente de política cambial defensiva, ele ainda deixa margem para a exploração de oportunidades lucrativas para o capital estrangeiro de curto prazo, principalmente diante da contínua enxurrada de liquidez produzida externamente.
Com o nível de atividade atual, é claro que a preocupação com o crescimento assumiu um peso importante nas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), mesmo porque nossa política econômica é de “legítima defesa” contra as políticas monetárias externas que procuram desvalorizar suas moedas. É preciso ser muito desinformado para não saber que os EUA tentam abertamente reduzir seu déficit em conta corrente, não apenas aumentando sua oferta interna de energia, mas estimulando um dólar “fraco” para ampliar suas exportações.
As incertezas e as fragilidades da situação mundial serão mais prolongadas do que se supunha. E deverão nos ajudar com alguma redução da pressão inflacionária externa. Vemos que o dissenso foi mais uma questão subjetiva: como cada um vê a velocidade e a eficiência com que o mundo poderá se livrar das incertezas criadas pela crise financeira de 2007.
É difícil decidir quem, afinal, estará certo, porque o futuro continua mais opaco do que sempre foi e inexiste, de fato, uma liderança política mundial forte e bem informada. É necessária certa humildade e desconfiar das afirmações de alguns analistas supostamente portadores da verdadeira “ciência econômica”. Que na realidade não existe.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/economia/o-pessimismo-no-retrovisor/

Inflação - Pobre discussão

Por Delfim Neto


Quando, há um ano e meio, o Banco Central iniciou o cuidadoso procedimento de redução da taxa de juros, abriu-se um espaço para a multiplicação de análises interessadas em atacar a política. A expectativa era produzir um nível de descrédito capaz de interromper o processo. Basicamente, as análises favoráveis à manutenção dos altos juros pretendiam convencer a sociedade de que sem eles seria impossível controlar a inflação.
O governo insistiu, contudo, na política de trazer o juro o mais próximo possível dos níveis internacionais, por entender ter esse um espectro de influência sobre o sistema econômico que transcende seu papel de estabilizar a inflação. Manter um juro real baixo é fundamental para estimular a retomada dos investimentos privados. E um fator decisivo para aumentar a capacidade do investimento público nos empreendimentos vitais para a solução dos gargalos logísticos na infraestrutura.
Está mais do que evidente, hoje, que a estratégia do Banco Central foi correta ao manter a prioridade da política de queda dos juros. Durante um longo período, houve uma espécie de cabo de guerra entre o setor financeiro e o governo, finalmente vencido por este. A discussão ameaça recomeçar, com a iniciativa de analistas do setor financeiro a prever a alta da taxa Selic para 8,5% até o fim de 2013, o mais tardar no primeiro trimestre de 2014.
Projeções dessa ordem têm pouco valor. É muito difícil fazer previsões dessa natureza por um período superior a um trimestre, ou dois, no máximo. Num primeiro trimestre você tem alguma condição de acertar, num segundo a névoa cresce e num terceiro é noite pura. Estamos a ver apostas avançando quatro ou cinco trimestres. É tudo torcida! Elas apenas se inserem nessa pobre discussão que tomou conta do Brasil a respeito da necessidade de aumentar a taxa de juros. Novamente um cabo de guerra entre o setor financeiro e o governo, o primeiro tentando convencer a sociedade de que a taxa real de juros do Brasil está muito baixa; que a inflação está muito alta e que, portanto, só a elevação da Selic produziria o efeito de contê-la.
A inflação brasileira claramente tem causas estruturais muito mais complexas do que aquelas passíveis de ser corrigidas simplesmente com a elevação da taxa de juros. Acontece que muitas pessoas não querem discutir as causas reais, preferem aceitar que existem soluções simples como a defendida pelos sacerdotes do sistema financeiro: se subiu a taxa de inflação, basta elevar a taxa Selic e esperar que esse movimento produza o efeito desejado: o aumento do juro real colocará a inflação nos eixos. O Brasil, à custa de muito sofrimento, já entendeu ser isso absolutamente falso.
Hoje é preciso enxergar a desestruturação de nosso mercado de trabalho. Houve uma verdadeira revolução, quando se atingiu um nível de emprego bastante alto em meio a estímulos a aumentos de salários mínimos, cujo objetivo era melhorar a distribuição de renda (o que foi atingido), mas que se mostraram incompatíveis com o equilíbrio monetário. Agora se trata de balancear esses efeitos: não é possível imaginar que bastaria elevar a taxa de juros para controlar a inflação e fazer o Brasil caminhar para o seu nível de atividade normal.
Há um aparente conformismo com o baixo crescimento da economia brasileira. Para reencontrar o nível de atividade “normal” (crescimento mínimo anual do PIB de 4% a 5%, sustentável, com “viés de alta”) temos de aprofundar as mudanças na direção perseguida pela presidenta Dilma. Seu governo tem enfrentado graves problemas estruturais do País, como o da redução do custo da energia e da taxa de juros real, a batalha dos portos e a enormidade do estrangulamento logístico na infraestrutura de transportes, apanhando aqui, avançando mais adiante, com um saldo inquestionavelmente positivo.
Não é um governo contemplativo, mas um que luta nos campos estrutural e institucional à procura de melhorar a qualidade do mercado de trabalho, formulando um projeto de livre negociação dentro da empresa.
Todos esses são problemas fundamentais. Não significa que a questão dos juros não seja importante, ela produz seus efeitos. É preciso deixar claro, contudo: a vida não se esgota na Selic e o mundo não acaba nem começa na taxa de juros…

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/economia/pobre-discussao/


Chipre reabre seus bancos sob forte vigilância


Os bancos do Chipre reabriram nesta quinta-feira 28 sob vigilância policial após doze dias de fechamento, embora os clientes só estejam autorizados a retirar 300 euros diários devido às restrições impostas para evitar uma fuga de capitais da ilha, salva da quebra por seus sócios europeus.
Dezenas de pessoas fizeram fila em frente aos bancos pouco antes da abertura das agências, ao meio-dia local. Algumas agências, no entanto, permaneceram fechadas após o horário de abertura, gerando inquietação e revolta entre os clientes, que chutavam as portas. Cerca de cinquenta pessoas faziam fila em frente ao Bank of Cyprus, no centro de Nicósia. Em outros bancos, as filas eram menores.
Os bancos devem permanecer abertos durante seis horas. Os clientes poderão retirar um máximo de 300 euros por dia, os pagamentos e transferências ao exterior não poderão superar os 5.000 euros por mês e os viajantes que deixarem a ilha só poderão levar consigo 1.000 euros em dinheiro.
Já os cheques só poderão ser depositados em contas, e não retirados em dinheiro, diferentemente do que muitos cipriotas costumam fazer.
Esta é a primeira vez que um país da Eurozona (formada por 17 membros) impõe restrições ao movimento de capitais.
O governo justificou as medidas, que a princípio só serão aplicadas durante quatro dias, pela “falta de liquidez substancial e pelo grande risco de fugas de capitais, com a possível consequência do colapso das instituições de crédito”.
As bolsas europeias operavam com prudência, embora o euro se mantivesse desde quarta-feira à noite abaixo de 1,28 dólar, seu menor nível em quatro meses. As autoridades bancárias, com medo de cenas de caos, pediram na quarta-feira para que fosse concedida prioridade nas filas aos idosos – que geralmente não têm cartões de crédito – para que pudessem sacar o dinheiro de suas aposentadorias.
O sindicato dos empregados bancários, ETYK, pediu aos clientes que não dirijam sua frustração contra eles. ”Como funcionários do banco, não somos responsáveis, pelo contrário, nossos colegas são, eles mesmos, vítimas de atos criminosos que conduziram a este desastre e que colocaram muita gente sob esta situação muito trágica”, disse o sindicato em um comunicado.
A reestruturação do setor acordada com a troica de credores internacionais do Chipre – União Europeia (UE), Banco Central Europeu (BCE) e FMI – prevê a liquidação do Laiki Bank e a absorção de suas atividades pelo Bank of Cyprus, o maior do país. Estes dois bancos têm 5.600 empregados em seu quadro de funcionários, em um país de 850 mil habitantes.
Várias empresas cipriotas têm dificuldades de funcionar normalmente, e muitas delas podem estar condenadas à quebra, segundo a Câmara de Comércio cipriota.
A Europa impôs ao Chipre um preço “muito elevado, que gera inquietação e raiva”, estimou o ministro cipriota das Relações Exteriores, Ioannis Kasulidis.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/economia/chipre-reabre-seus-bancos-sob-forte-vigilancia/

Economia brasileira deve crescer 3,1% este ano, prevê Banco Central


A economia deve crescer 3,1%, este ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, foi divulgada nesta quinta-feira 28 pelo Banco Central, no Relatório de Inflação. A projeção está 2,2 pontos percentuais acima da expansão observada no ano passado (0,9%).
Para a produção agropecuária, a estimativa de expansão é 6%, depois do recuo de 2,3% em 2012. No caso da indústria, a perspectiva de crescimento é 2,3%, ante retração de 0,8%, no ano passado. Para o setor de serviços, a projeção de expansão é 3,1%, superior em 1,4 ponto percentual ao resultado de 2012.
O BC projeta ainda crescimento de 3,5% para o consumo das famílias, ante 3,1% em 2012. Para o Banco Central, esse aumento será “consistente com a expansão moderada da oferta de crédito e a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho”.
O consumo do governo deverá aumentar 2,8%, ante 3,2% em 2012, enquanto a expansão da formação bruta de capital fixo (investimentos em máquinas, equipamentos e na construção civil) deverá atingir 4%.
As exportações e as importações de bens e serviços devem crescer 4,5% e 7%, respectivamente, no período, ante as elevações de 0,5% e 0,2%, respectivamente, em 2012. “As vendas de produtos brasileiros no exterior devem se beneficiar da intensificação do ritmo de atividade em relevantes parceiros comerciais, enquanto o aumento das importações brasileiras se alinha às perspectivas de maior crescimento da demanda doméstica, em particular, de investimentos”, diz o BC, no relatório.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/economia/economia-brasileira-deve-crescer-31-este-ano-preve-banco-central/

Juro é 'pior remédio' contra inflação à exclusão de todos os outros, diz BC


O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, afirmou nesta quinta-feira (28), que o uso da taxa básica de juros é o "pior remédio" contra o crescimento da inflação, à exclusão de todos os outros. 
A declaração, segundo o próprio Carlos Hamilton, é uma alusão ao ex-primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, durante a segunda guerra mundial, que teria dito que a "democracia é o pior dos regimes - à exclusão de todos os outros".
Mesmo apontando o juro como principal instrumento de combate à inflação, Hamilton, ao ser questionado sobre qual a ordem dos instrumentos que o BC está utilizando, não quis responder. "Decisão de política eu não vou falar. Vamos aguardar. Decisão de política você toma e comunica", afirmou o diretor.
Desde o início deste ano, analistas do mercado financeiro têm especulado que a autoridade monetária também estaria se valendo da taxa de câmbio, que tem oscilado entre 1,95 e R$ 2, para controlar as pressões inflacionárias. No segundo semestre de 2012, o dólar oscilou acima de R$ 2 - chegando a atingir mais de R$ 2,10 em novembro.
O dólar mais alto, embora favoreça as vendas de produtos brasileiros no exterior, tornando-os mais baratos, também gera impacto na inflação – uma vez que os insumos e produtos importados ficam mais caros.
Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), e também no relatório de inflação divulgado nesta quinta-feira, o BC destacou que a "dinâmica dos preços de certos ativos reais e financeiros [como o câmbio, citado pela autoridade monetária], que, na hipótese de permanecerem nos atuais níveis, constituirão importante força desinflacionária".
Na ata do Copom de março, o BC informou que o "ritmo de recuperação da atividade econômica doméstica – menos intenso do que se antecipava – se deve essencialmente a limitações no campo da oferta". "Dada sua natureza, portanto, esses impedimentos não podem ser endereçados por ações de política monetária, que são, por excelência, instrumento de controle da demanda", informou no documento.
Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/03/tirando-demais-instrumentos-juro-e-pior-remedio-contra-inflacao-diz-bc.html

É 'irrealista' recuo do IPCA para meta central de 4,5% em 2013, admite BC


O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, admitiu nesta quinta-feira (28) que é "irrealista" considerar um cenário no qual o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para o sistema de metas de inflação, recue para 4,5% neste ano - valor da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional.
"Na minha visão, é irrealista [esse cenário de] convergência da inflação para 4,5% em 2013. Em 2014, acredito que muita coisa ainda possa ser feito para garantir que a convergência ocorra", afirmou o diretor do Banco Central.
Segundo Carlos Hamilton o uso da taxa básica de juros é o "pior remédio" contra o crescimento da inflação, à exclusão de todos os outros – ou seja, é um remédio ruim, mas os outros são piores.
A declaração, segundo o próprio Carlos Hamilton, é uma alusão ao ex-primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, durante a segunda guerra mundial, que teria dito que a "democracia é o pior dos regimes - à exclusão de todos os outros".
Mesmo apontando o juro como principal instrumento de combate à inflação, Hamilton, ao ser questionado sobre qual a ordem dos instrumentos que o BC está utilizando, não quis responder. "Decisão de política eu não vou falar. Vamos aguardar. Decisão de política você toma e comunica", afirmou o diretor.
Sistema de metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC deve, teoricamente, calibrar os juros para atingir as metas centrais de inflação pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 
Os dados mostram que o BC manteve a taxa básica de juros inalterada na mínima histórica, em 7,25% ao ano, atual patamar, desde outubro do ano passado, mesmo com a deterioração do cenário de inflação registrado no primeiro trimestre deste ano – explicitado no relatório de inflação divulgado após a reunião.Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
A expectativa do mercado é que os juros básicos comecem a subir em maio próximo, terminando 2013 em 8,5% ao ano. Deste modo, os analistas dos bancos preveem uma alta de 1,25 ponto percentual na taxa de juro no decorrer deste ano.
Previsões do BC e do mercado
O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, mais cedo, suas reestimativas para o comportamento da inflação em 2013 e 2014. Com as novas previsões, o BC informou que vê o IPCA acima de 5% em todos os anos do governo Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014.
Para 2013, a previsão oficial do Banco Central para o IPCA, que até dezembro do ano passado estava pouco abaixo dos 5%, passou para 5,7% (no cenário de referência, que considera juro e câmbio estáveis) e para 5,8% no cenário de mercado (que contempla as previsões dos analistas dos bancos para a taxa básica de juro da economia e para o valor do dólar).
Já para 2014, a estimativa do BC, que também estava pouco abaixo dos 5% em ambos os cenários, passou para 5,3% no cenário de referência e para 5,1% no cenário de mercado.
A expectativa de inflação da autoridade monetária está alinhada com o que pensa o mercado financeiro para este ano, visto que os analistas dos bancos estimam um IPCA de 5,71% para 2013. Entretanto, para o ano que vem, a previsão do mercado ainda é mais alta que a da autoridade monetária (5,6%).
Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/03/e-irrealista-recuo-do-ipca-para-meta-central-de-45-em-2013-admite-bc.html

27.3.13

Cinco lições de uma semana de confusão no Chipre



A eurozona se engana se pensa que encurralou completamente a crise. Os depositantes nos bancos de outros Estados membros não esquecerão que a zona euro esteve disposta, em um dado momento, a empreender contra os depositantes grandes ou pequenos. Por Larry Elliott, do The Guardian

  • De modo apropriado, uma semana de turbulência no Chipre acabou em confusão. O governo de Nicósia se encontrava, na sexta-feira, em uma maratona de conversações com a troika (a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) entre especulações de que se chegaria a um acordo no fim de semana para impedir que o Chipre quebrasse na segunda-feira.

Mas, inclusive nesta fase, podem-se extrair cinco conclusões amplas no final de outra tumultuosa semana na trajetória do euro. Em primeiro lugar, a proposta de deixar fora da taxa de resgate os depositantes de menos de 100.000 euros (85.000 libras esterlinas) foi tão sensata como tivera sido insensata a ideia de incluir esta cláusula em um princípio. Teriam evitado muitas angústias se houvessem focalizado em quem tivesse depósitos acima de 100.000 euros para conseguir os 5,8 bilhões de euros que a troika exige em troca de uma tábua de salvação financeira de 10 bilhões de euros.

Como resultado deste enorme erro, um drama se converteu em uma crise. Mesmo que agora se necessitem controles de capital para impedir pânico em escala real quando os bancos abrirem para retomar sua atividade, junto a uma possível reestruturação do sistema bancário destinada a criar um banco "bom" e um banco "mau".

A segunda conclusão é que para os outros 16 membros da eurozona o Chipre não importa muita coisa, e não perderiam o sono se ele abandonasse a moeda única. Isto supõe um agudo contraste comparado com a atitude em relação aos outros países resgatados – Grécia, Irlanda e Portugal – onde houve muito menos dessa política de risco calculado de “é-isso-ou-nada-feito” que luziu nos últimos sete dias. Este enfoque não só se vê incitado pelo fato do Chipre ser um país pequeno que só corresponde a 0.2% do PIB da eurozona. Também se tem a sensação – em países como a Alemanha – de que o Chipre é uma espécie de país díscolo [“rogue state”], que esteve encantado em basear sua economia na lavagem de dinheiro "sujo" da Rússia. Angela Merkel não vê razão pela qual uma crise em um paraíso fiscal deveria estender-se à Itália ou à Espanha.

Em terceiro lugar, esta visão parece ser compartilhada com os mercados financeiros, que até agora estiveram profundamente tranquilos em relação aos acontecimentos no Chipre. É verdade que o euro baixou um pouquinho e as bolsas já tiveram semanas melhores, mas não houve nenhum sintoma no aumento dos tipos de juros da dívida italiana, espanhola ou portuguesa, um indicador chave do risco de contágio. Alguns analistas afirmaram que isso era um sinal enormemente animador, dando a entender que os problemas do Chipre estavam controlados. Há outros, como Stephem Lewis, do Monument Securities, que se preocupa que os mercados tenham ficado "insensibilizados" às más notícias pela disponibilidade dos bancos centrais em inundar de liquidez os sistemas bancários.

Em quarto lugar, o Chipre tem pela frente um futuro deprimente embora se resgate seus bancos e se salve sua integração no euro. Não lhe será permitido manter seu status como paraíso fiscal preferido dos moscovitas opulentos e será obrigado a experimentar uma dose muito mais severa de reequilíbrio econômico do que a que necessita o Reino Unido. O Chipre ficará com um índice de dívida pública com respeito ao PIB (145%) acima do da Grécia, mesmo assumindo que consiga os 10 bilhões de euros de ajuda financeira da troika e dê por perdidos 5,8 bilhões de euros de dívida bancária. Isso parece insustentável, especialmente se considerado que um programa de austeridade selvagem, que é condição prévia para o empréstimo da troika, quebrará ainda mais a economia na recessão.

Por último, a eurozona se engana se pensa que encurralou completamente a crise. Os depositantes nos bancos de outros Estados membros não esquecerão que a zona euro esteve disposta, em um dado momento, a empreender contra os depositantes grandes ou pequenos. Também se darão conta de que quando o Chipre respondeu ao plano original, a eurozona pestanejou.

Larry Elliott dirige a seção de economia do jornal britânico The Guardian e é coautor, junto com Dam Atkinsom, de The Gods That Failed: How the Financial Elite Have Gambled Away Our Futures (Vintage) [Divindades falidas: Como a elite financeira apostou nosso futuro].
Fonte:http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21805

Gol e empresas de Eike Batista lideram prejuízos em 201225


A Gol Linhas Aéreas, a petrolífera OGX e a mineradora MMX foram as empresas listadas em Bolsa de Valores que tiveram os maiores prejuízos de 2012, segundo pesquisa feita pelo jornal "Valor Econômico". Juntas, as três companhias perderam cerca de R$ 3,4 bilhões. 
A Gol divulgou seus resultados na terça-feira (26). A companhia teve prejuízo de R$ 1,51 bilhão em 2012, o dobro das perdas de 2011 (R$ 751,5 milhões). O resultado, segundo a empresa, reflete o momento "desafiador" pelo qual passam as empresas aéreas, principalmente com a alta no preço do combustível.
A OGX, petrolífera do grupo do empresário Eike Batista, anunciou, também na terça (26), prejuízo líquido de R$ 1,173 bilhão em 2012, ante perdas de R$ 509,8 milhões em 2011. Ou seja, de um ano para o outro, o prejuízo cresceu 130%.
Com o terceiro maior prejuízo de 2012, a mineradora MMX, também de Eike, encerrou o ano com desvantagem de R$ 792,4 milhões. A perda foi 40 vezes maior que a registrada em 2011, quando foi de R$ 19,2 milhões.

DEZ MAIORES PREJUÍZOS DE COMPANHIAS ABERTAS EM 2012

EmpresaSetorPrejuízo (R$ milhões)
GolAviação1.512,9
OGXPetróleo e gás1.138,7
MMXMineração792,4
BraskemQuímica731,1
FibriaPapel e celulose704,7
UsiminasSiderurgia639,6
CobrasmaMaterial ferroviário532
PanamericanoFinanças e seguros496
MPX EnergiaEnergia elétrica435,2
CEEE-DEnergia elétrica308,7
  • Fonte: Economatica, BM&FBovespa e Valor Pro
FONTE: http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/03/27/gol-e-empresas-de-eike-lideram-prejuizos-de-2012-diz-jornal.htm#comentarios

26.3.13

Disputa entre China e Índia pela África expõe diferença nos Brics

Os números impressionam: o comércio entre China e África do Sul passou de 1,5 bilhão para 60 bilhões de dólares em 15 anos. Os investimentos chineses no país chegam a 10 bilhões de dólares. A África do Sul é hoje, de longe, o maior parceiro comercial da China na África.
Com um sistema bancário e financeiro de primeira categoria e uma excelente infraestrutura, a África do Sul é a porta de entrada ideal para a China num continente africano em expansão. Além disso, o portfólio e o engajamento chineses entre a Cidade do Cabo e o Cairo crescem constantemente. E incluem um volume de negócios na ordem de 100 bilhões de euros, obras gigantescas de infraestrutura e programas de apoio de bolsas de estudo.Foto: Stringer/AFP
A China ainda está na liderança na África. Mas, em segundo lugar, a Índia se aproxima, com um volume comercial de 33 bilhões de dólares. Até 2015, a cifra de aumentar para 90 bilhões. Quando o primeiro-ministro indiano, Manhoman Singh, anunciou no ano passado “uma nova era nas relações indo-africanas”, estava mandando, ainda que indiretamente, uma mensagem a Pequim.
A Índia, afirmou Singh, pretende empregar trabalhadores locais – uma referência velada à prática chinesa de usar a própria mão de obra na África. De forma parecida se manifestara também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seu governo, ao dizer que o Brasil não agiria como uma potência hegemônica, mas como um parceiro da África.
Pela primeira vez, a crítica sobre a política chinesa repercute na própria África. No início de março, o presidente do Banco Central da Nigéria, Lamido Sanusi, declarou ao jornal Financial Times que a China contribui significativamente para a “desindustrialização e o subdesenvolvimento” da África.
“Essa também foi a essência do colonialismo. A África se abre voluntariamente agora para uma nova forma do imperialismo”, afirmou Sanusi, que defendeu que, por esse motivo, o “romance” da África com a China deve ser “substituído por um brutal calculismo econômico.”
Comércio desigual
Devido às vozes cada vez mais críticas, o alarme soou em Pequim, e o governo chinês procura agora promover uma imagem mais positiva na África. Houve certamente alguns problemas de crescimento, como disse recentemente o embaixador chinês Tian Xuejun em artigo no jornal sul-africano The New Age. No texto, Tian defende que as relações sino-africanas devem ser observadas de forma “objetiva”, porque, segundo ele, a África pode “escolher de forma independente” seus parceiros de desenvolvimento. E isso soou mais uma vez como a posição original da China.
Economistas sul-africanos advertem, no entanto, sobre uma balança comercial injusta. Os chineses estariam explorando os recursos naturais da África, processando-os na China e vendendo os produtos derivados novamente para a África do Sul. O círculo vicioso estaria, segundo eles, levando a uma troca comercial desequilibrada.
Com a intenção, provavelmente, de abordar o assunto, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, recebeu o presidente chinês, Xi Jinping, já antes do início do encontro dos Brics, iniciado nesta terça-feira (26/03) em Durban. Os sul-africanos anseiam por investimentos chineses no setor manufatureiro, transferência de tecnologia e uma cooperação na área do meio ambiente.
“Mas a relação política entre os dois países é assimétrica”, disse o analista dos Brics e cientista político Mzukisi Qobo. “A África do Sul pressiona muito pouco por concessões.”
Velhos amigos CNA e PCC
O fato de o novo presidente Xi Jinping ter escolhido justamente o encontro dos Brics para a sua estreia no cenário internacional é visto na África do Sul como um sinal das estreitas relações entre o Congresso Nacional Africano (CNA), atualmente no governo do país, e o Partido Comunista Chinês (PCC), que desempenhou um papel importante na luta antiapartheid. Embora a China e a África do Sul só mantenham relações diplomáticas há 15 anos, a ligação ideológica é muito mais antiga.
Por esse motivo, em Durban, Xi enfatizou a máxima de seu governo: “China e África: bons irmãos, bons amigos, bons parceiros.”
No encontro em Durban, a Índia – parceiro da China no grupo dos Brics e concorrente na exploração dos recursos naturais africanos – tem uma vantagem histórica de localização. O herói nacional indiano Mahatma Ghandi viveu e trabalhou por muitos anos na África do Sul. Além disso, a comunidade indiana no país já foi bastante grande.
Ainda hoje, templos hindu, riquixás e restaurantes que servem caril picante próximo ao local do encontro são testemunhos da grande influência que imigrantes indianos exerceram em Durban há 150 anos. Embora o navegador chinês Zheng He já tenha aportado na África no século 15, foi necessário esperar mais cinco séculos para o potencial econômico ser descoberto por seus descendentes.
 

Brics criam banco de desenvolvimento com aporte inicial de US$ 50 bilhões

DURBAN, África do Sul (AFP) – Os Brics – grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – consolidaram nesta terça-feria 26 a criação de um banco de desenvolvimento conjunto para financiar projetos de infraestrutura. O banco terá um aporte inicial de 50 bilhões de dólares – cada país contribuirá com 10 bilhões – e irá focar suas ações no financiamento de projetos de infraestrutura, o que representa um desafio direto às sete décadas de domínio do Banco Mundial neste setor.

Ministros das Finanças que participam do encontro posam para uma foto oficial. Foto: ©afp.com / Elmond Jiyane
 
“Está feito”, declarou o ministro de Finanças da África do Sul, Pravin Gordhan durante a reunião de chefes de Estado do grupo na cidade sul-africana de Durban.
“Fizemos bons progressos, os líderes vão anunciar os detalhes”, acrescentou.
Os projetos a serem financiados deverão beneficiar principalmente a África, um continente onde a China – peso pesado dos BRICS – já está fortemente presente.
O novo banco que surge para competir com o Banco Mundial deverá ser instalada na África do Sul.
Crise mundial
Durante o encontro, também discute-se a possibilidade dos Brics colocarem em um fundo comum uma parte de suas fabulosas reservas de divisas – 4,4 trilhões de dólares, segundo Pretória (deles, mais de dois terços em mãos de Pequim) – para se ajudar em caso de crise conjuntural.
Este fundo comum poderá contar com bilhões de dólares, segundo o diretor do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini.
Essas discussões representam a primeira  tentativa desde a inauguração das cúpulas do BRICS – há quatro anos – que o grupo aborda demandas retóricas para uma ordem global mais igualitária com passos concretos.
A cúpula de chefes de Estado e de Governo do Brics se inicia oficialmente nesta terça-feira 26 à noite e o programa oficial prevê a assinatura de acordos e comunicados à imprensa na quarta-feira.
Juntos, os membros do BRICS contam com 25% da renda global e 40% da população mundial.
fonte:http://www.cartacapital.com.br/economia/brics-criam-banco-de-desenvolvimento-com-aporte-inicial-de-us-50-bilhoes/

Argentina prorroga por dois meses congelamento de preços

O congelamento está em vigor desde fevereiro e deveria terminar no dia 1º de abril

 
Bandeira da Argentina tremula em Buenos Aires
 
Buenos Aires – O governo argentino prorrogou por mais 60 dias o congelamento de preços, que está em vigor desde fevereiro e deveria terminar no dia 1º de abril. A decisão foi anunciada hoje (26), após reunião do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, e representantes das cadeias de supermercados. Eles concordaram manter os preços fixos até o dia 1º de junho.
Moreno negociou o primeiro acordo de congelamento, de dois meses, com as redes de supermercado e de eletrodomésticos como forma de conter a alta dainflação. A medida foi criticada por economistas independentes, que consideram ineficaz a estratégia do governo para manter a inflação sob controle. Os sindicatos oposicionistas também protestaram, acusando o governo de querer mascarar os índices inflacionários para fortalecer sua posição na hora de renegociar salários.
Na Argentina, os reajustes salariais são decididos nas chamadas paritárias, acordos negociados entre trabalhadores e empresários, que precisam ser ratificados pelo Ministério do Trabalho para entrar em vigor. Hugo Moyano, líder da CGT (a maior central sindical do país), já tinha anunciado que iria pedir aumento salarial de 30% para cobrir a inflação. O índice inflacionário, calculado por institutos privados, é três vezes superior ao oficial, que não supera 11% anuais.
Na reunião com o setor privado, Moreno também negociou o lançamento de um novo cartão, o chamado supercard, que está sendo apelidado de Morenocard. O cartão será emitido pelas próprias redes de supermercados, com taxa de juros inferior a 22% ao ano. Os bancos argentinos, atualmente, cobram comissões em torno de 3% dos comerciantes que fazem as vendas com cartão de crédito. O governo quer baixar esse percentual para menos de 1%.