26.2.10

Saúde fiscal da Grécia volta a abalar mercado e bolsas caem

26 de fevereiro de 2010

DCI (SP)

Carolina Gama agências internacionais


SÃO PAULO - As principais bolsas de valores europeias tiveram forte queda ontem. Dados macroeconômicos e a condição fiscal da Grécia voltaram a preocupar investidores. O índice FTSEurofirst 300, que acompanha as principais empresas da região, caiu 1,69%, para 996 pontos - menor fechamento desde 15 de fevereiro. Foi também a maior queda diária em cerca de três semanas.

Em Londres, o índice Financial Times fechou em baixa de 1,21%, a 5.278 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 1,48%, para 5.532 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 recuou 2,02%, para 3.640 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib encerrou em baixa de 2,36%, a 20.843 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou desvalorização de 1,25%, aos 10.126 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 teve baixa de 1,63%, a 7.445 pontos.

"Creio que os dados macroeconômicos estão saindo de uma tendência positiva que vimos no mês passado e isso pesa no mercado", disse Giuseppe-Guido Amato, estrategista da Lang & Schwarz, em Frankfurt. "A situação na Grécia irá tomar o mercado. Os riscos para o mercado de ações são claramente negativos".

Inspetores da União Europeia avaliaram em visita a Atenas que a recessão maior que o esperado da Grécia e os altos juros tornarão as metas de redução de déficit difíceis de serem cumpridas, disse uma autoridade do ministério das Finanças grego. "As negociações continuam porque eles veem um grande descompasso nas metas", disse a autoridade, que não quis ter seu nome citado.

Ele acrescentou que os inspetores estimam que a porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) da dívida da Grécia seja reduzida somente de 1,5 ponto percentual a 2 pontos percentuais, ante a meta de 4% neste ano.

Uma equipe de inspetores da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) está visitando Atenas nesta semana para verificar o progresso do país em lidar com a crise da dívida antes do prazo de 15 de março. A autoridade disse que quaisquer medidas extras para atingir as metas serão anunciadas após a inspeção e a visita do Comissário de Assuntos Econômicos da UE, Olli Rehn, na semana que vem.

As agências de classificação de risco Moody's e Standard & Poor's também acederam a luz de alerta para o governo grego: as companhias afirmaram que uma mudança na nota de crédito do país dependerá do compromisso com o plano de reforma fiscal. A S&P reafirmou ainda que uma redução em um ou duas notas no próximo mês continua possível.

"Nas revisões para baixo que vimos, a Grécia tem a maior redução e isso não é o fim do mundo, porque ainda é investment grade", disse Moritz Kraemer, diretor de Ratings soberanos da Europa, Oriente Médio e África da S&P.

No dia 16 de dezembro a S&P anunciou a redução da nota da Grécia de "A-" para "BBB+". Além disso, a agência manteve a nota do país em observação negativa - o que permitiria um novo rebaixamento a qualquer momento.

A S&P alegava então que as medidas adotadas pelo governo grego à época não bastavam para eliminar as incertezas sobre novos avanços nas dívida pública do país. "O rebaixamento reflete nossa opinião de que as medidas recentemente anunciadas pelas autoridades da Grécia para reduzir seu alto déficit não serão suficientes, em nosso ponto de vista, para garantir uma redução sustentável na dívida pública", informou a agência em nota.

"Temos que olhar os fatos e olhar se o governo da Grécia está fazendo o que prometeu fazer", disse o diretor de Rating global da Moody's, Pierre Cailleteau.

Emissão de bônus

A Grécia planeja emitir bônus de 10 anos na próxima semana, depois que o governo anunciar um novo pacote de medidas de austeridade no valor entre 2 bilhões de euros e 2,5 bilhões de euros, segundo fontes próximas à situação. O governo planejava fazer a emissão nesta semana, mas o plano foi suspenso por causa da greve geral no país e dos alertas sobre ratings. Uma das fontes afirmou que o melhor momento para a emissão seria depois que o mercado tiver alguma boa notícia da Grécia. Essa boa notícia pode ser um novo pacote de medidas para corte de custos e para novos impostos, que pode ser anunciado na próxima semana.

Inflação pelo IGP-M dobra para 1,18% em fevereiro, a maior em sete meses

26 de fevereiro de 2010

O Globo (RJ)

Índice supera expectativas e pode sinalizar aumento na taxa de juros

SÃO PAULO e RIO. O Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) apresentou uma forte aceleração em fevereiro, praticamente dobrando em relação à taxa verificada em janeiro, devido aos custos no atacado. De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o indicador subiu 1,18% este mês, ante um avanço de 0,63% em janeiro.

Trata-se do maior patamar desde julho de 2008.

Com o resultado de fevereiro, o IGP-M já acumula alta de 1,82% este ano. Mas, nos últimos 12 meses, o índice variou apenas 0,24%.

O índice de fevereiro superou a expectativa média de 1,13% feita por 20 economistas consultados pela agência Reuters, cujas projeções variaram entre 0,9% e 1,25%. O Índice de Preços por Atacado (IPA, com peso de 60% do IGP-M) avançou 1,42% em fevereiro, após alta de 0,51% em janeiro.

Para o economista-chefe da ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, o resultado não é desprezível, pois “mostra que a aceleração do IPA está bastante disseminada, não podendo ser circunscrita a algum grupo específico”.

Preços ao consumidor tiveram alta de 0,88%

Ele acrescenta que a alta da inflação poderá levar a um aumento de juros pelo Banco Central (BC). Os preços no atacado, continua, subiram como reflexo da alta do dólar no início do ano.

Esses custos foram influenciados também por uma demanda mais forte da economia, acrescenta o economista.

No atacado, os preços agrícolas avançaram 0,64% este mês, ante queda anterior de 0,11%. Já os custos industriais tiveram alta de 1,67%, contra uma variação positiva de 0,71% no mês passado.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC, com peso de 30% no IGP-M) subiu 0,88% em fevereiro, ante alta de 1% em janeiro, influenciado principalmente pelo reajuste da tarifa de ônibus urbano em São Paulo e pelo aumento das mensalidades escolares. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC, que representa 10% do IGP-M) cresceu 0,35%, contra aumento de 0,52% antes.

Em forte crescimento, China agora sofre por falta de mão de obra

26 de fevereiro de 2010

Valor Economico (SP)

Tom Mitchell, Financial Times, de Shaoguan

A recuperação das exportações no país mais populoso do mundo está se deparando com uma restrição inesperada: mão de obra.

Com as exportações chinesas retornando a níveis de 2008, pré-crise, os donos de fábricas estão preocupados com sua capacidade de atender uma forte alta nas encomendas, agora que começou um novo ciclo industrial, depois dos feriados do ano novo lunar.

O problema é especialmente grave na província Guangdong no sul, e no centro fabril no delta do Rio das Pérolas, próximo a Hong Kong, na região conhecida como "a fábrica do mundo".

Guangdong responde por um terço das exportações da China e seria um dos dez maiores exportadores do mundo se fosse um país. Mas a capacidade da província de atrair e manter força de trabalho migrante procedente do vasto interior da China está se esgotando.

"A disponibilidade de mão de obra está escassa nesse momento em Guangdong, em relação com outras regiões", disse Paul Hussey, executivo-chefe da Strix. A companhia, que domina o mercado global de controles termostáticos em jarras elétricas, mantém a maioria das suas operações industriais na capital da província, Guangzhou.

Quantificar essa escassez de mão de obra é extremamente difícil, dadas as enormes diferenças por região, setor e nível de qualificação. No começo dessa semana, recrutadores da Galanz, maior produtora mundial de fornos de micro-ondas, estavam oferecendo a operários de linha de produção uma base salarial mensal relativamente polpuda, de 1,7 mil yuan (US$ 250). Técnicos especializados estavam recebendo 65% a mais.

Em Dongguan, centro industrial próximo de Guangzhou, o governo local estima que há agora apenas um trabalhador para cada dois postos de trabalho.

O bem sucedido programa de estímulo econômico de Pequim contribuiu para a disputa por trabalhadores no litoral, elevando as oportunidades de investimento e emprego nos demais lugares. "O estímulo fiscal incentivou a expansão de vagas nas províncias do interior", disse Ben Simpfendorfer, economista do Royal Bank of Scotland em Hong Kong.

Em dezembro, a China inaugurou o mais veloz trem de passageiros do mundo, entre Guangzhou e a cidade de Wuhan, no centro do país, cobrindo uma distância de 1,1 mil km em apenas três horas. A linha Expresso Harmonia reduziu o tempo de viagem entre Guangzhou e Shaoguan, uma periferia industrial na remota região montanhosa de Guangdong, para apenas 40 minutos, o que permite aos trabalhadores ficar mais perto das suas casas.

Compulsório já elevou os juros

26 de fevereiro de 2010

Valor Economico (SP)

Custo do crédito: Bancos se antecipam ao aumento dos depósitos e sobem as taxas

Fernando Travaglini, de São Paulo

Os bancos já se anteciparam ao aumento do compulsório. Parte da alta dos juros verificada no crédito em janeiro é fruto de estratégia preventiva das instituições, segundo pessoas ouvidas pelo Valor. Também pode acontecer um recuo da expansão das carteiras de crédito previstas para este ano, mas esse movimento pode depender também de outros fatores, como uma possível alta da taxa Selic.

O Banco Central anunciou na quarta-feira a retirada de parte das medidas de flexibilização dos depósitos compulsórios realizadas durante a crise. Na época, o objetivo era restaurar a liquidez do sistema, especialmente dos bancos de porte menor, afetados pela turbulência externa. Com a nova medida, o BC espera recolher, entre março e junho, R$ 71 bilhões dos R$ 99,8 bilhões que foram injetados no fim de 2008.

O impacto dessa medida é imediato no custo do crédito. "Alguns bancos já subiram os juros esperando por isso", disse um executivo de grande banco. Essa expectativa se somou a uma elevação dos juros futuros, que servem de base para o preço do crédito, e o reflexo já foi sentido pelos tomadores neste início de ano.

A taxa média para as empresas apresentou elevação de 1 ponto percentual em janeiro, para 26,5% ao ano. As empresas de pequeno porte, que tomam recursos prefixados, sofreram mais. O aumento foi de 2 pontos percentuais, para 37,9% ao ano. Já na pessoa física, o juro médio para o consumidor teve alta de 0,3 ponto percentual no mês, para 43% ao ano, de acordo com dados do Banco Central.

Há um excesso de liquidez no sistema que precisa ser enxugado e a maneira mais rápida de se fazer isso é pelo aumento do compulsório, afirma o professor Alexandre Assaf Neto, pesquisador do Instituto Assaf. O problema, diz ele, é que isso vai afetar o custo do crédito. "Parte do dinheiro dos bancos agora está esterilizado no BC e isso se recupera na taxa de juro", diz Assaf. Segundo ele, o fato de o Brasil ter uma grande concentração bancária, com a maior parte dos recursos na mão de poucas instituições, agrava esse processo.

O efeito na taxa se dá pela própria disponibilidade de recursos na economia. Com menos dinheiro no mercado, pela lei de oferta e procura, o produto tende a ficar mais caro. "Se você tira R$ 70 bi da economia, é natural que custo do recurso fique mais alto", diz Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Além disso, completa Oliva, há impacto no custo de captação para os bancos e is- so, de certa forma, pode aumentar o custo para o cliente final.

Mas Oliva não acredita que o movimento seja suficiente para reduzir o crescimento das carteiras projetado para este ano. Segundo ele, a oferta de crédito hoje é superior a demanda por recursos. Dessa forma, mesmo que haja certo recuo na disponibilidade dos bancos em emprestar, ainda assim o resultado final será superior à necessidade de recursos por parte das empresas. "A oferta não vai recuar, a demanda será atendida, mas com custo mais alto", diz.

Para que haja menor crescimento dos empréstimos, continua o presidente da ABBC, é preciso que a demanda por recursos arrefeça e isso, segundo ele, seria decorrência de aumentos seguidos da Selic ou de mensagens do BC sinalizando preocupação com a inflação.

Mas há quem acredite em redução do crescimento do crédito. "Entendemos que a medida representa exatamente o anunciado, ou seja, um gradual retorno à normalidade à medida que os efeitos da crise são superados. No entanto, a medida deve ter impactos diretos sobre o crescimento da carteira de crédito", diz o economista-chefe do Santander, Alexandre Schwartsman, em relatório para clientes. De acordo com o texto, a expectativa é que o estoque de dívidas do sistema financeiro apresente uma expansão entre 18% e 20% neste ano, mas com a medida "é provável que o crescimento fique mais perto de 18%", diz.

Os economistas do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn e Guilherme da Nóbrega, também acreditam em redução da demanda. "Dada a magnitude e a velocidade de implementação das novas regras, é possível que haja impacto palpável sobre a demanda, reduzindo o risco de inflação", diz em relatório. Tanto o Santander quanto o Itaú, no entanto, continuam acreditando em alta da Selic já em março.

O presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão, disse que as taxas de juros cobradas no banco não devem ser alteradas com o aumento do depósito compulsório. A elevação "não tem essa repercussão e nem essa profundidade", disse após participar de cerimônia dos 200 anos da Associação Comercial do Rio de Janeiro, no Rio.

Ele também minimizou o impacto sobre a oferta de crédito. "Reduz, mas nada substancial." O banqueiro afirmou ainda que a medida está dentro do esperado pelo setor, já que a redução do compulsório foi tomada em um cenário de falta de liquidez entre os bancos, o que não ocorre mais.

O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, também afirmou que a decisão não vai influenciar o crescimento do BB.

Já para os bancos médios, a decisão do BC foi positiva, visto que as medidas que afetam diretamente a liquidez dessas instituições foram mantidas. "É importante a discussão do compulsório como elemento de distribuição de liquidez. O BC usa esse instrumento para retirar recursos do mercado, mas devolve de forma melhor distribuída, já que os bancos grandes têm de comprar CDI de banco pequeno e médio", diz Renato Oliva, da ABBC. (Com Folha Online)

Indústria de SP prevê produção 13% maior este ano

26 de fevereiro de 2010

Valor Economico (SP)

Fernando Taquari, de São Paulo

O Indicador de Nível de Atividade (INA), que mede o desempenho da indústria paulista de transformação, terá um crescimento de 13% em 2010, segundo estimativa feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), responsável pelo índice.

Paulo Francini, diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da entidade, diz que a projeção leva em conta as perspectivas de expansão da economia brasileira, principalmente da indústria, e o espaço ainda folgado para a recuperação. "O crescimento da indústria paulista não provocará uma pressão suficiente para dar margem a um movimento de alta no juro por parte do Banco Central", avalia.

Em janeiro, o INA subiu 0,4% na comparação com o mês anterior, considerados os ajustes sazonais. Sem ajuste, a atividade da indústria de transformação caiu 4,5%. "O desempenho está em linha com o registrado neste período em anos anteriores. Não traz surpresas quanto à trajetória que estamos percorrendo", disse Francini.

Em relação ao mesmo período de 2009, o índice teve avanço de 18%, reflexo da base baixa de comparação no ano passado, quando o setor amargava perdas decorrentes da crise financeira mundial. Trata-se do melhor desempenho desde 2001 nas comparações com o mesmo mês do ano anterior. Nos últimos 12 meses, o INA caiu 6,2%.

Entre os setores industriais, a Fiesp chamou atenção para a queda de 9% em alimentos e bebidas, na série sem ajuste sazonal. Segundo Francini, o dado foi influenciado pelas condições climáticas adversas, geradas pelo aumento das chuvas no começo do ano. "O campo, por exemplo, ficou paralisado e não pode dar continuidade ao corte de cana. Com a menor produção, houve recuo na receita e no faturamento das usinas", explicou.

Francini ainda destacou dois setores que estão em fase de recuperação. Metalurgia apresentou crescimento de 2% no mês passado e 11,3% na comparação com janeiro de 2009. "Este setor, entretanto, tem folga para avançar mais, uma vez que o seu nível de uso da capacidade instalada (Nuci) está em 83,9%, quando devia operar acima de 90%."

O setor de máquinas e equipamentos, por sua vez, caiu 6,9% no confronto entre janeiro e dezembro. Em relação a janeiro de 2009, no entanto, ocorreu alta significativa de 28,1%. Para Francini, este número indica que os investimentos no segmento estão voltando com força. "Este resultado mostra que as indústrias foram às compras para se reequipar, modernizar e aumentar o processo produtivo", ponderou o diretor da Fiesp.

Em janeiro, o Nuci da indústria de transformação paulista, já com ajuste, ficou em 81,7%, abaixo dos 82,4% de dezembro passado, mas acima dos 78,8% de janeiro de 2009. As vendas reais da indústria registraram baixa de 21,2% em janeiro em relação a dezembro, sem considerar ajuste sazonal. No comparativo com o primeiro mês de 2009, as vendas declinaram 0,4%. O total de salários pagos caiu 5,5% em janeiro, perante dezembro, sem ajuste.

Indústria de máquinas vai investir 20% mais este ano

26 de fevereiro de 2010

O Estado de S.Paulo (SP)

Marcelo Rehder

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos deverá investir R$ 8,9 bilhões em 2010, 20% mais que os R$ 7,43 bilhões do ano passado, segundo pesquisa divulgada ontem pela Abimaq, entidade que reúne as empresas do setor. Esse movimento é motivado pela melhora nas perspectivas de negócios, puxados pela retomada do crescimento da economia e por programas de governo, como o Minha Casa, Minha Vida, do setor habitacional.

Projetos relacionados à exploração do pré-sal e à realização da Copa do Mundo, em 2014, e da Olimpíada, em 2016, também fazem os empresários apostarem na modernização e ampliação das fábricas. Além disso, eles aproveitam os incentivos fiscais para troca de maquinário. Do total de investimentos previstos este ano, R$ 5,587 bilhões serão destinados à compra de máquinas e equipamentos. O número representa crescimento de 49% em relação aos R$ 3,756 bilhões de 2009.

"A maior parte desses recursos será aplicada na substituição de máquinas velhas por novas, o que deve representar 80% dos investimentos nas linhas de produção", disse o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. Segundo ele, a idade média das máquinas em uso no setor é superior a 20 anos.

Para Aubert, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujo prazo de vigência foi prorrogado até o fim de junho próximo, teve influência decisiva nos planos de boa parte das empresas do setor.

"Quando o empresário encontra uma linha de crédito de dez anos que cobra juro nominal de 4,5% ao ano, taxa real zero, com dois anos de carência, ele aproveita para melhorar sua competitividade", ressaltou o presidente da Abima.

Segundo a entidade, os fabricantes de máquinas e equipamentos faturaram R$ 4,63 bilhões em janeiro, valor 17,1% superior ao de igual período de 2009, o pior janeiro da pesquisa. Na comparação com dezembro do ano passado, houve queda de 26,3%, primeiro recuo após dois meses de altas. "Acreditamos que janeiro será um ponto fora da curva em 2010", ponderou Aubert. Para o ano, ele prevê alta de 18% a 20%.

Objetivo do BC é inibir 'aventuras'

26 de fevereiro de 2010

O Estado de S.Paulo (SP)

Mudança do compulsório é uma 'medida prudencial'

Beatriz Abreu

BRASÍLIA


A decisão do Banco Central de retirar dinheiro dos bancos e reduzir o volume de crédito no País interfere diretamente na chamada liquidez e, certamente, eliminará o risco de os bancos se envolverem com operações feitas sem a devida cautela e de elevado risco, segundo fontes do governo. O que o BC fez foi calcular qual o volume de dinheiro necessário para manter a atividade econômica e a oferta de crédito no tamanho adequado para atender os consumidores, sejam pessoas físicas ou jurídicas.

O que estava sobrando volta para o BC. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes, definiu a mudança no recolhimento dos compulsórios como uma "medida prudencial". O objetivo, portanto, era retirar o incentivo para "aventuras". Vale lembrar que o excesso de liquidez foi o combustível para a crise financeira, que começou nos Estados Unidos, avançou na economia mundial e ainda fragiliza a Europa.

Prudencial também pode ser definida a medida que determina o recolhimento em espécie do compulsório a prazo, como aplicações em CDBs ou poupança. A lógica é: considerando-se os compulsórios como um colchão de liquidez, como definem as regras de Basileia, recolhimento em espécie preserva o valor da moeda em momentos de estresse do mercado financeiro. Pagamento em títulos públicos não traz a mesma eficácia. A crise mostrou que muitos governos tiveram problemas para garantir a liquidez no mercado porque suas carteiras estavam cheias de títulos que perderam valor rapidamente.

RISCO

A política diferenciada praticada nessa nova mexida nos compulsórios mostra que o Banco Central considera que ainda há o risco de impactos da crise sobre bancos brasileiros. Está garantindo às instituições R$ 30 bilhões em novas operações para compra de carteiras, medida agora voltada apenas ao segmento de bancos pequenos e médios. Essas operações poderão acontecer até 30 de junho.

Se um menor volume de dinheiro em circulação vai ou não impactar os juros do mercado e/ou a Selic é uma questão que o BC não discute. O mantra que será repetido cada vez mais é o de que o efeito dos compulsórios na política monetária será neutro. Foi o que disse Mendes na quarta-feira. Não se descarta, porém, que redução do dinheiro em circulação e aumento de taxas de juros possam ser complementares.

A política de utilizar o controle dos chamados agregados monetários para conter a inflação ficou para trás, na leitura da ação do BC. Os compulsórios são, apenas, instrumentos de controle da liquidez. A inflação é controlada pelas taxas de juros. É isso o que diz o BC para tentar derrubar interpretações de que o ajuste dos compulsórios é uma medida para adiar o ajuste na Selic. Ou mesmo permitir uma correção mais gradual da taxa de juro básica da economia, quando necessário.

Decisão do BC terá impacto no crédito, diz Febraban

26 de fevereiro de 2010

O Estado de S.Paulo (SP)

Tamanho do impacto vai depender da concorrência, cenário externo e inadimplência, entre outros fatores

Ricardo Leopoldo, Célia Froufe, Renata Veríssimo, Altamiro Silva Júnior e Débora Thomé

O aperto monetário anunciado pelo Banco Central, que mexeu nas taxas do compulsório, deve ter impacto na oferta e no custo de crédito, avalia Rubens Sardenberg, economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). "É inevitável que tenha algum tipo de impacto em um primeiro momento", disse à Agência Estado.

Para Sardenberg, a dimensão desse impacto vai depender de fatores como concorrência entre os bancos, aquecimento da economia, cenário externo e taxas de inadimplência. "Os bancos estão capitalizados e a concorrência é grande", diz o economista, destacando que os bancos públicos também estão com forte apetite no segmento de crédito, o que acirra ainda mais a disputa por clientes.

Se a concorrência nos empréstimos continuar acirrada, diz o economista, o aumento do custo trazido pelas taxas mais altas do compulsório pode não ser repassado para o tomador final. Sardenberg diz que não houve surpresa com a decisão do BC, pois o mercado já esperava a medida.

Na avaliação do presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro Brandão, a medida do governo está correta e "dentro das perspectivas normais". Segundo ele, "o governo tem sempre ajustes". "Liberou quando achou que liquidez era importante, mas agora acha que não tem a importância que tinha no passado" O banqueiro participou de evento na Associação Comercial do Rio de Janeiro em comemoração aos 200 anos da associação.

Indagado sobre a possibilidade de o aumento no compulsório significar redução na oferta de crédito do banco, ele afirmou que haverá, sim, uma queda, mas "nada substancial". Já os juros, em sua opinião, não devem ser alterados. De qualquer forma, essa decisão do Banco Central não vai interferir na rentabilidade do Bradesco.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou "muito adequada" a decisão do BC em relação aos compulsórios. Segundo ele, a medida da autoridade monetária faz com que o sistema retorne ao status do período pré-crise. "Foi uma medida importante, pois agora (o BC) considera que o crédito está normalizado."

Mantega evitou fazer estimativas sobre possíveis mudanças dos departamentos econômicos dos bancos em relação ao próximo momento de alta da Selic. O ministro descartou também a possibilidade de a alteração nos compulsórios ter como consequência uma freada na economia. "Não acredito nisso."

Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, a normalização de depósitos compulsórios, em conjunto com um provável aumento de 2,5 pontos porcentuais da Selic, indica que o BC optou por uma estratégia de "aperto monetário moderado" para conter excessos do nível de atividade.

De acordo com Vale, a decisão sugere que a instituição oficial vai balancear o uso desse instrumento com o aumento da Selic, o que fortalece a avaliação de que não será necessária uma elevação mais drástica da taxa. "É bem provável que o BC vai aumentar os juros de forma um pouco mais branda, em cinco elevações de 0,5 ponto porcentual cada."

Com forte alta do crédito, BB amplia liderança e tem lucro recorde no País

26 de fevereiro de 2010

O Estado de S.Paulo (SP)

Banco do Brasil lucra R$ 10,1 bilhões em 2009 e se distancia no topo do ranking, com R$ 709,5 bilhões em ativos

Leandro Modé

O crescimento de 33,8% da carteira de crédito turbinou os resultados do Banco do Brasil (BB) em 2009. Além de obter o maior lucro da história do setor bancário ? R$ 10,1 bilhões ?, o BB encerrou o ano com folga na liderança do ranking das maiores instituições financeiras do País. Em dezembro, possuía ativos totais de R$ 708,5 bilhões, ante R$ 608,3 bilhões do segundo colocado, o Itaú Unibanco ? ou seja, pouco mais de R$ 100 bilhões. No fim de 2008, a diferença era de R$ 111 bilhões a favor do banco privado.

Com o desempenho, o BB alcançou os dois principais objetivos traçados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para o banco em 2009: recuperar o posto de número 1 e funcionar como amortecedor da crise global no Brasil, por meio do forte crescimento na concessão de empréstimos. Ontem, o ministro comemorou os números do BB (ver abaixo).

O ritmo de expansão dos empréstimos no banco foi bem superior ao das instituições privadas. No Itaú Unibanco, o crescimento da carteira de crédito no ano foi de 2%, no Bradesco, de 10%, e no Santander, de 2%. "Não havia motivo técnico que justificasse não ocuparmos o espaço que a concorrência estava abrindo", afirmou o vice-presidente de Finanças do BB, Ivan Monteiro.

Segundo ele, os índices de inadimplência do banco, "inferiores aos do sistema", mostram que a estratégia foi acertada. O BB terminou 2009 com uma taxa de inadimplência de 3,3%. Segundo o Banco Central (BC), o índice médio do sistema era de 5,6% em dezembro.

"Estabelecemos como foco o crédito consignado e o financiamento de veículos", explicou Monteiro, referindo-se a dois segmentos nos quais a inadimplência é tradicionalmente mais baixa. "Compramos a Nossa Caixa em São Paulo para expandir o consignado e nos tornamos sócios do Votorantim para crescer na área de veículos."

O presidente do BB, Aldemir Bendine, afirmou que, em 2010, o ritmo deve desacelerar. A expectativa do banco é de uma alta entre 18% e 23%. Mesmo assim, o teto da estimativa é superior às projeções médias dos bancos privados para o ano, que estão na casa de 20%.

Segundo Monteiro, apesar da concorrência maior em 2010, o BB vai lutar para manter a participação de mercado no crédito alcançada em 2009. Ele disse que a fatia da instituição saiu de 13,8% para 20%.

No início da semana, o Banco Central indicou que as instituições públicas devem continuar puxando a alta do crédito em 2010. O discurso dos executivos do BB e a expectativa do BC contrariam a avaliação de analistas do setor, que esperam uma recuperação do espaço pelos bancos privados.

O comportamento dos bancos públicos preocupa um ex-dirigente do BC, que pede para não ser identificado. Sua análise está centrada no impacto que a manutenção do ritmo forte dos bancos públicos pode ter sobre o resto do setor.

"Mais do que a saúde do BB e da Caixa, que sempre terão o Tesouro para vir em socorro caso alguma coisa dê errada, me preocupa o comportamento que os outros bancos podem ter nesse cenário. Afinal, os privados não vão entregar o osso assim", disse. "Na ânsia de não perder mercado, podem ser agressivos e, com isso, colocar em risco os padrões de prudência do sistema. No auge da crise, o próprio governo celebrou a qualidade do setor no Brasil."

O presidente da Austin Rating (empresa especializada na avaliação de bancos), Erivelto Rodrigues, afirmou que, "por enquanto", o forte crescimento do crédito no BB não afetou negativamente os bancos. Ele ressaltou, porém, que só o tempo vai deixar claro se a expansão foi feita "com qualidade".

Monteiro rechaça a ideia de que o banco possa ter problemas em decorrência da alta dos empréstimos. "Alguns analistas diziam que a inadimplência ia aparecer três meses depois. Outros, seis meses depois. Agora, falam que o efeito só será sentido um ano depois", ironizou.

Em relatório, os analistas do Banco Fator consideraram o balanço positivo e disseram que os números ficaram dentro das expectativas. Destacaram, entre outros fatores, a "manutenção do ritmo de crescimento da carteira de crédito". No lado negativo, citaram o fraco desempenho das receitas de prestação de serviço e o forte aumento das despesas administrativas.

As ações ordinárias (ON) do BB perderam 1,48% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os papéis preferenciais (PN) do Bradesco caíram 0,16% e os do Itaú Unibanco, 0,03%.

DIVIDENDOS E EMISSÃO

O estatuto do BB prevê a distribuição de 40% do lucro para os acionistas. Como o Tesouro Nacional detém 68% do capital da instituição, estima-se que receberá R$ 2,7 bilhões.

O BB lembrou que está terminando estudos para fazer um aumento de capital de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões. O objetivo é poder emprestar mais e se adequar às regras da BM&FBovespa no que diz respeito à quantidade de ações em circulação. Indagado pelo Estado, Monteiro não quis comentar o assunto.

COLABOROU ANA PAULA RIBEIRO

Fed contesta ação de banco na Grécia

26 de fevereiro de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

BC dos EUA diz que vai investigar papel de Goldman Sachs e outras instituições na crise da dívida grega

Bancos criaram em 2009 índice que permite a investidores apostar na possibilidade de quebra da Grécia e de outros europeus

DA REDAÇÃO

O presidente do banco central dos EUA (Fed), Ben Bernanke, disse que a entidade vai examinar o papel do Goldman Sachs e de outros bancos de Wall Street em acordos financeiros que teriam ajudado o governo grego a esconder a dívida pública crescente. Por esses mesmos acordos, bancos e fundos de hedge estariam apostando em um calote grego.
"Estamos olhando uma série de questões relacionadas com o Goldman Sachs e outras companhias e seus acordos de derivativos", disse, em depoimento no Senado americano. "Usar esses instrumentos de maneira que desestabiliza intencionalmente uma empresa ou um país é contraprodutivo."
Em 2001, o Goldman Sachs ajudou o governo grego a pegar emprestado bilhões de dólares sem que esse dinheiro acabasse aparecendo no deficit do país.
Isso ocorreu porque o banco propôs um instrumento financeiro que era definido como transação cambial, e não como empréstimo, o que ajudou Atenas a cumprir as metas da UE (que impõem teto de 3% do PIB para o deficit), enquanto gastava mais do que podia.
No final de 2009, com a troca de governo, foi descoberto que o deficit no Orçamento grego representava 12,7% do PIB, e não os 3,7% estimados pela administração anterior. Com isso, investidores temem que o país acabe dando calote na dívida.

Incêndio
Ao mesmo tempo, os contratos feitos pelo governo grego, conhecidos como "credit default swaps" (CDS), efetivamente permitem que bancos e fundos de hedge apostem no equivalente financeiro a um incêndio grave: a moratória do país. Caso Atenas dê calote em sua dívida, os investidores que detiverem esses CDS lucrarão.
"É como comprar uma apólice de seguro sobre a casa de seu vizinho -você cria um incentivo para que aquela casa seja queimada", disse Philip Gisdakis, do UniCredit.
Mas, mesmo antes que o papel dos bancos na crise grega se tornasse aparente, uma companhia pouco conhecida que conta com investimentos de Goldman Sachs, JPMorgan e cerca de uma dúzia de outras instituições havia criado um índice que permitia aos participantes do mercado apostar na possibilidade de quebra da Grécia e de outros países europeus.
Em setembro, essa empresa, o Markit Group, introduziu um índice baseado nesses CDS que permitiu que operadores começassem a apostar na Grécia, logo antes da crise.
Como resultado, dizem operadores, há um círculo vicioso. Enquanto bancos e outras instituições correm para adquirir esses CDS, o custo de seguro da dívida grega cresce. Alarmados por esse sinal negativo, os investidores no mercado de títulos passam a rejeitar os papéis gregos, o que torna mais difícil a captação do país. Isso, por sua vez, faz crescer a ansiedade, e logo o processo todo se reinicia.
Nas mesas de operações, ocorre um debate feroz sobre o que exatamente vem causando os problemas recentes da Grécia. Alguns operadores dizem que os CDS podem ter agravado a situação, enquanto outros atribuem o problema à deterioração nas finanças gregas.
"Trata-se de um país que está emitindo títulos apesar da debilitação do mercado", disse Ashish Shah, do Barclays Capital, em referência à contínua necessidade grega de captação.
As operações com o índice do Markit dispararam neste ano, o que ajudou a elevar o custo de seguro de títulos de dívida grega e, com isso, elevou o custo em que Atenas incorre na sua captação. O custo de seguro para US$ 10 milhões em títulos gregos, por exemplo, subiu para mais de US$ 400 mil, neste mês, ante os US$ 282 mil do começo de janeiro.
O índice Markit é formado pelos 15 CDS mais negociados da Europa e cobre também outras economias em crise, como Portugal e Espanha. E, à medida que a preocupação quanto às dívidas desses países causava movimento nos mercados de todo o mundo, as transações com o índice explodiam.
Neste mês, a demanda por contratos do índice atingiu US$ 103,9 bilhões, ante US$ 52,9 bilhões em janeiro. O Markit recebe honorários fixos dos corretores que licencia para operar com o índice.
Os bancos europeus envolvidos incluem os suíços Credit Suisse e UBS, os franceses Société Générale e BNP Paribas e o alemão Deutsche Bank, que estiveram entre os maiores compradores de seguros em forma de CDS, segundo operadores e executivos financeiros.

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Tradução de PAULO MIGLIACCI
Com agências internacionais e o "New York Times"

Mantega pressiona bancos sobre juro

26 de fevereiro de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Elevação do compulsório para 15% não causará impacto nos bancos nem deve elevar taxas, diz ministro

"Não há razão para aumento de taxas de juros e de "spreads" no país, porque as condições são muito favoráveis", disse o ministro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois que o Banco Central decidiu retirar de circulação da economia R$ 71 bilhões a partir do mês que vem, a equipe econômica tenta se eximir da culpa por uma alta de juros ao consumidor, empurrando a responsabilidade para os bancos.
Tanto no BC quanto no Ministério da Fazenda, o discurso é o de que a medida não causará impacto para as instituições financeiras e, portanto, não há motivo para uma elevação do custo dos empréstimos e dos financiamentos.
Os técnicos também evitam assumir que, ao enxugar uma parcela significativa de recursos da economia, o BC facilita seu próprio trabalho, já que numa economia com a liquidez mais equilibrada a alta de juros para conter pressões inflacionárias pode ser menor.
No final de 2008, no auge da crise financeira internacional, o BC liberou cerca de R$ 100 bilhões para os bancos manterem o volume de empréstimos, ajudando a retirar a economia de uma recessão.
Agora, a maior parte desse dinheiro será novamente recolhida pelo Banco Central, como depósito compulsório.
Apesar de os bancos perderem esses recursos, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, afirmou, na última quarta-feira, que o governo não está "criando nenhum custo adicional" para as instituições financeiras.
Ontem, foi a vez de o ministro Guido Mantega (Fazenda) defender que "não há razão para aumento de taxas de juros e de "spreads" no país, porque as condições são muito favoráveis. Não sei dizer, quem tem que responder são os bancos".
Para o ministro, "o que o BC fez foi retornar ao status pré-crise. A medida é adequada e terá um efeito positivo". Para Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban (entidade que representa os bancos), é inegável que a medida anunciada pelo BC "reduz a oferta de dinheiro e põe pressão sobre o custo".
Apesar de ser esperada por parte do mercado, a decisão, anunciada na noite da última quarta-feira, diminuirá a oferta de crédito e aumentará o preço.
O tamanho do impacto, avalia, vai ser determinado por vários fatores, entre eles a concorrência bancária.
"Uma coisa é o banco ter dinheiro disponível no caixa e decidir aplicar em títulos públicos no fim do dia. A outra é o recurso estar recolhido no BC como compulsório, o que não está disponível para o banco", argumenta Sardenberg, para rebater uma das justificativas apresentadas pelo BC em defesa das novas medidas.
Na avaliação da cúpula do BC, o governo está apenas recolhendo dinheiro que estava sobrando diariamente nos bancos e era usado para comprar títulos públicos no final do dia. Para a economista Zeina Latiff, do banco ING, a decisão do BC de retomar um patamar de depósito compulsório mais próximo do que o país tinha antes da crise financeira internacional de 2008 levou a instituição a "suspender estímulos monetários que não são mais necessários".
Com isso, tenta minimizar o risco de o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) iniciar um processo de alta de juros que pode não ser suficiente para conter a alta do crédito.
(SHEILA D'AMORIM)

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Colaborou EDUARDO RODRIGUES, da Sucursal de Brasília

Endividamento público tem redução, mas perfil da dívida piora

26 de fevereiro de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Participação do débito corrigido pela Selic atinge recorde de 70%; BC diz que teve de vender títulos de curto prazo para enxugar excesso de recursos do mercado

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dívida líquida do setor público caiu em janeiro, na comparação com dezembro, devido à desvalorização cambial e ficou em 41,7% do PIB, ou R$ 1,32 trilhão. O perfil do endividamento, no entanto, piorou. A participação da dívida corrigida pela taxa básica (Selic) chegou ao nível recorde de 70,4%.
O problema, segundo o Banco Central, é o excesso de recursos no sistema financeiro, o que obriga a instituição a vender títulos de curto prazo para tirar parte desse dinheiro do mercado. O estoque dos papéis negociados pelo BC nessas operações cresceu 20% e chegou ao recorde de R$ 536 bilhões.
Ontem, o ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que esse excesso de dinheiro no mercado financeiro deve ser corrigido, em parte, pela mudança anunciada nos depósitos compulsórios a partir de março. O governo decidiu reduzir o dinheiro disponível para os bancos emprestarem em R$ 71 bilhões, o equivalente a 70% do que foi liberado no final de 2008 por causa da crise.
Parte desse excesso também vem das compras de dólares feitas pelo BC e do vencimento de títulos da dívida que não são rolados pelo Tesouro, dois fatores que servem para injetar reais na economia.
Outro fator que explica a queda na dívida, na comparação com o R$ 1,34 trilhão de dezembro, é a melhora nas contas públicas, que no mês passado ficaram no azul pela primeira vez desde outubro de 2008, início da crise econômica. Desde aquele mês, a economia do governo para pagar os juros da dívida (superavit primário) estava abaixo da carga de juros.
Em janeiro, o superavit primário somou R$ 16,2 bilhões, puxado pelo recorde de arrecadação e pela postergação de gastos do governo. A carga de juros caiu para R$ 14 bilhões. É o segundo melhor resultado para meses de janeiro, nos dois indicadores, da série histórica iniciada em 2001. "O resultado primário é fruto de uma atividade econômica bem mais aquecida neste início do ano. E há também uma carga de juros menor, ainda por conta do efeito da redução da Selic", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Para o economista Roberto Padovani, do Banco WestLB, o governo ainda está distante de conseguir cumprir a meta de superavit deste ano (3,3% do PIB, incluindo as contas de Estados, municípios e estatais), apesar dos esforços para reduzir gastos e arrecadar mais. "As medidas recentes do governo ampliam as chances de que a meta seja alcançada, mas não trabalho com esse cenário."

Nova metodologia
O BC anunciou também ontem uma mudança metodológica na divulgação das contas públicas. A partir deste ano, o valor do PIB que é utilizado na comparação com a dívida não será mais corrigido pela inflação medida pelo IGP-DI. Será utilizado apenas o PIB corrente, que é o resultado divulgado pelo IBGE ou, para períodos mais recentes, uma projeção do BC para esse número.
A justificativa para a mudança é a estabilização da economia. Com a nova regra, a relação dívida/PIB no começo do ano (41,7%) veio um pouco mais alta do que ficaria se não houvesse a mudança (41,3%).

Desemprego tem a menor taxa para janeiro

26 de fevereiro de 2010

Folha de S.Paulo (SP)

Índice de 7,2% registrado pelo IBGE no mês passado é o menor para esse período do ano na série histórica iniciada em 2002

Apesar de o período ser caracterizado pela dispensa dos temporários de Natal, índice ficou abaixo dos 8,2% de janeiro de 2009

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 7,2% em janeiro, o menor patamar já registrado nesse mês desde o início da série histórica do IBGE, em 2002.
O aumento de 0,4 ponto percentual em relação aos 6,8% verificados em dezembro também é o menor já visto em uma passagem de ano -o período é caracterizado pela demissão de parte dos temporários contratados para o Natal.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a dispensa desses trabalhadores foi menor neste ano devido à retomada da economia. A indústria e o comércio foram os que mais demitiram.
Responsável pela pesquisa, Cimar Azeredo, do IBGE, diz que o resultado indica que o mercado de trabalho "deslanchou". Em 2009, por causa da crise que afetou principalmente a indústria, a taxa de desemprego fechou o ano em 8,1%, acima dos 7,9% de 2008.
Em janeiro deste ano, o desemprego já foi um ponto percentual menor do que o de janeiro do ano passado, quando bateu 8,2%. O aumento no número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 3,5% sobre janeiro de 2009 e a 0,7% sobre dezembro.
O comportamento histórico do índice, porém, aponta para o crescimento do desemprego nos próximos meses -nas cidades turísticas, os temporários só costumam ser dispensados após a temporada de férias, o que é um dos fatores de pressão sobre a taxa.
Desta vez, outro componente deverá contribuir para isso: o fim do desalento provocado pela crise, que fez com que muitos desistissem de procurar emprego nos últimos meses.
Na sua pesquisa, o IBGE registra como desempregada apenas a pessoa que procura trabalho ativamente.
"Com perspectivas mais favoráveis no mercado de trabalho, as pessoas voltam a buscar uma atividade e a população economicamente ativa cresce. A gente esperava já ver isso em janeiro, mas ainda não aconteceu. A expectativa é que apareça nos próximos meses", diz o economista Rafael Baccioti, da consultoria Tendências.
Em janeiro, a população economicamente ativa (soma dos ocupados e desocupados) manteve-se praticamente estável (-0,5%) em relação a dezembro, totalizando 23,3 milhões de pessoas.
O número de desocupados (1,7 milhão), mesmo com aumento de 6% sobre dezembro, foi o menor já registrado em um mês de janeiro em toda a série. Já o de ocupados (21,6 milhões, queda de -1,0% em relação a dezembro) foi o maior para o período. O nível de ocupação chegou a 52,4% da população em idade ativa, outro recorde para janeiro.

25.2.10

Sete estudantes são vítimas de trote violento em Barretos

Eles sofreram intoxicação e queimaduras de 1º grau.
Santa Casa da cidade atendeu jovens na noite desta segunda.

Do G1, em São Paulo

Estudante sofreu queimaduras no rosto após trote violento no interior de SP. (Foto: Silva Júnior/Folha Imagem )

Sete calouros do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (Unifeb), no interior de São Paulo, foram alvo de um trote violento na noite desta segunda-feira (22), primeiro dia de aula. Eles foram atingidos por um líquido, ainda não identificado, jogado por veteranos, que causou queimaduras e náusea.

Os jovens foram atendidos pela Santa Casa de Misericórdia de Barretos, em São Paulo, vítimas de intoxicação e queimaduras de 1º grau. De acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa, os estudantes foram liberados na noite de ontem.

Os jovens são moradores da cidade de Jaborandi e foram atingidos quando desceram do ônibus que os deixou perto da faculdade. "As brincadeiras começaram dentro do ônibus, com tinta e corte de cabelo, mas, até aí, estava tudo bem", conta Patrick Adriano Pereira dos Santos, 23 anos, calouro do curso de engenharia civil.

"Quando saímos do ônibus, jogaram o produto na gente. Entramos na faculdade e fomos lavar com água, mas queimava muito e dava tontura. Tivemos que ir até o hospital."

A universidade, em nota, lamentou o fato e informou que a agressão aos alunos aconteceu fora do campus da instituição. Ainda conforme o comunicado, a instituição diz que seguranças e monitores foram contratados para coibir trotes violentos e depredação de patrimônio por parte dos alunos. De acordo com a nota, "dentro do campus, as brincadeiras e trotes transcorreram com tranquilidade e segurança, sem excessos".

A instituição informou, também, que pedirá o reforço do patrulhamento da Policia Militar fora das dependências do centro universitário para garantir a segurança dos cerca de 4 mil alunos.

Um boletim de ocorrência foi registrado no 2º Distrito Policial de Barretos, que vai apurar o caso.

Déficit da Previdência tem queda de 43,8% em janeiro, para R$ 3,7 bilhões

Em janeiro de 2009, resultado negativo somou R$ 6,61 bilhões.
No mês passado, houve pagamento pequeno de sentenças judiciais.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília

O déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sistema público de previdência que atende os trabalhadores do setor privado no país, somou R$ 3,71 bilhões em janeiro deste ano, informou nesta sexta-feira (19) o Ministério da Previdência Social.

Com isso, o resultado negativo caiu 43,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o rombo do INSS somou R$ 6,61 bilhões, de acordo com números do governo federal.

Sentenças judiciais

O secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer, explicou que essa queda no resultado negativo em janeiro deste ano, contra o mesmo mês de 2009, se deve ao pagamento, em janeiro do ano passado, de sentenças judiciais, fator que não se repetiu com a mesma intensidade neste ano. Com o pequeno pagamento de precatórios, foi o melhor janeiro desde 2007.

"Houve grande pagamento de sentenças judiciais [em janeiro de 2009]. É um comando que o Conselho da Justiça federal tem sobre o pagamento de valores que se acumularam no ano anterior. Em janeiro de 2009, o pagamento de sentenças somou R$ 3,1 bilhões, contra R$ 225 milhões em janeiro deste ano", explicou Schwarzer.

Segundo ele, os valores pagos, em sentenças judiciais em janeiro de 2009, se referem aos julgamentos realizados no ano anterior, ou seja, ao longo de 2008. Ele explicou que isso deve acontecer também em 2010, referente às sentenças do ano de 2009, provavelmente em fevereiro ou março, o que deve elevar o valor do déficit do INSS.

Arrecadação e pagamento de benefícios

Segundo o Ministério da Previdência Social, a arrecadação líquida do INSS somou R$ 14,07 bilhões em janeiro deste ano, o que representa um aumento de 16,9% em relação ao mesmo mês de 2009 (R$ 12,03 bilhões).

Ao mesmo tempo, o pagamento de benefícios previdenciários, e de setenças judiciais, somou R$ 17,78 bilhões em janeiro deste ano, com recuo de 3,18% frente ao mesmo mês de 2009 (R$18,36 bilhões).

Previsão para 2010

Para 2010, a previsão para o resultado negativo do INSS é de mais de R$ 52 bilhões, informou o secretário Helmut Schwarzer. Em 2009, o déficit do INSS totalizou R$ 43,6 bilhões.

Segundo o secretário de Políticas de Previdência Social, o aumento do salário mínimo de R$ 465 para R$ 510, além da correção de 6,14% para os benefícios acima de um salário mínimo, terão um impacto de R$ 14,3 bilhões no resultado negativo do INSS neste ano, ou cerca de R$ 1,5 bihão a mais por mês no pagamento de benefícios previdenciários.

Economia baiana

Economia
Inflação semanal diminui em Salvador
Publicada: 19/02/2010 9:33| Atualizada: 19/02/2010 9:31

Samanta Uchôa (com informações da Agência Brasil)

De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), a capital baiana registrou diminuição (de 1,09% para 0,92%) da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S).

A maior redução foi verificada em São Paulo, capital com maior peso na formação do índice, onde o IPC-S passou de 1,87%, na semana encerrada em 7 de fevereiro, para 1,42%, na semana até 15 de fevereiro.

Também houve decréscimo em Brasília (de 0,82% para 0,51%), Belo Horizonte (de 1,16% para 0,94%), Recife (de 0,69% para 0,47%), no Rio de Janeiro (de 0,84% para 0,67%). Somente em Porto Alegre a inflação ganhou força, tendo o IPC-S passado de 0,93% para 0,99%.

O IPC-S de 15 de fevereiro ficou em 1,04%. O resultado representa o primeiro recuo após seis semanas de aumentos consecutivos. O resultado foi 0,29 ponto percentual menor do que o observado na apuração anterior.

Bahia cria 14,4 mil vagas com carteira assinada e bate recorde

João Pedro Pitombo, do A TARDE

A temporada de novas vagas está aberta. Num resultado histórico para o mês de janeiro, o saldo entre contratações e demissões resultou na criação de 181 mil postos de trabalho formais no Brasil. A Bahia seguiu a tendência de crescimento e também bateu recorde: foram geradas 14.424 novas vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho.

O número surpreendeu as expectativas do ministério, que esperava a criação de cerca de 100 mil vagas no país em janeiro. Na Bahia, os números também foram recebidos com surpresa: “O surgimento de novas vagas era natural, tendo em vista a retomada da nossa economia. Mas tivemos um incremento bastante expressivo”, avalia o secretário de Trabalho do Estado, Nilton Vasconcelos. O Estado foi responsável por 78% das novas vagas do Nordeste.

O resultado foi impulsionado pela recuperação da economia brasileira frente à crise, calcado na retomada dos investimentos da indústria e da construção civil. No Brasil, destaque para a indústria de transformação, responsável por 38% dos novos postos de trabalho. Na Bahia, a construção civil foi o setor que impulsionou o crescimento no emprego, com 4.029 vagas.

O investimento público em obras de infraestrutura continua sendo o carro-chefe destas novas contratações. De acordo com o presidente do Sindicato da Industria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon), Carlos Alberto Vieira Lima, o setor imobiliário impulsionou as novas contratações com o início das obras do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida na Bahia. Em ritmo mais lento, os investimentos privados também têm crescido, com o lançamento de novos empreendimentos imobiliários.

Outros setores como o de serviços, indústria, agropecuária, comércio e mineração também registraram crescimento na geração de novos postos de trabalho. Os segmentos da administração pública e de serviços industriais de utilidade pública oscilaram negativamente.

A maioria das vagas estão concentradas na Região Metropolitana de Salvador. Somente na capital foram 5.031 novos empregos. No interior, destaque para Feira de Santana, Itapetinga e Vitória da Conquista.

Indústria - Concentrada em poucos setores e com forte dependência das exportações, a retomada da indústria segue num ritmo mais lento. Contudo, o saldo positivo de 2.418 novos empregos em janeiro mostra que a produção industrial ganha fôlego e deve seguir contratando.

O presidente da Federação das Indústrias do estado da Bahia, Victor Ventin, projeta uma recuperação plena da indústria baiana num horizonte de um ano e meio. “Evidentemente que ainda não é um resultado brilhante, mas mostra que estamos numa curva de crescimento”.

Bahia vai ter refinaria privada

Agência Estado

Os produtores independentes de petróleo da Bahia passarão a contar com uma nova refinaria para entregar seu produto a partir de abril deste ano. Com investimentos de R$ 20 milhões, a Dax Oil, empresa fabricante de solventes, vai entrar na área de refino, com expectativa de processar em média 2,5 mil barris por dia.

Segundo um dos sócios do projeto, Cyro Valentini, esse volume nem sequer é produzido atualmente no recôncavo baiano, apesar de haver capacidade produtiva para isso nos campos exploratórios sob concessão na região. "Os investidores nos pequenos campos de produção andaram um pouco desanimados com as dificuldades de venda de seu petróleo e acabaram reduzindo o ritmo. Acreditamos que, com a nossa entrada no mercado, esse cenário deve mudar", disse.

Junto com a refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e da Univen, em Itupeva (SP), a Dax Oil será a terceira refinaria privada existente no Brasil, num mercado dominado pela Petrobras, com suas 14 unidades. "Não há a menor intenção de chegar perto de uma concorrência, mas agregar valor ao nosso produto e atender a uma parte do mercado industrial local", disse Valentini.

Segundo ele, dos 2,5 mil barris processados, 50% serão destinados a produzir um tipo de óleo combustível usado nas indústrias. Outros 30% serão usados para fabricar um subproduto entre o querosene e o diesel, também usado na indústria. E ainda serão usados 20% para a fabricação da nafta destinada ao solvente. Hoje a Dax produz em média 1,5 milhão de litros de solvente por dia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Copa do Mundo vai trazer 13 grandes hotéis para capital

25 de fevereiro de 2010

O Tempo (MG)

Boom. Setor imobiliário se agita e especulação já valoriza terreno na região Centro-Sul em mais de 100%


Investimentos já previstos e em estudo podem chegar a R$ 100 mi

ZU MOREIRA


Belo Horizonte está prestes a receber 13 novos hotéis de padrão médio para luxo. Os empreendimentos visam atender a Copa do Mundo de 2014, mas já deixam o mercado imobiliário agitado desde agora. A especulação pode até a ameaçar este boom do setor hoteleiro.

Para Rodrigo Magerotti, superintendente da Arco, administradora de hotéis, a especulação imobiliária é inerente ao momento. Segundo ele, entre 2001 e 2003 houve carência de oferta de apartamentos. "Com o crescimento econômico, foi necessária uma readequação, mas não do jeito que está se processando. A construtora vende o imóvel alto e depois, com o aumento da oferta, quem sofre são as administradoras hoteleiras", disse.

Ele ressalta que os investimentos estão concentrados no padrão executivo. Em parceria com a Construtora Bitarães, a Arco tem dois empreendimentos em cursos. Em fase de aprovação na PBH, o San Diego Pampulha vai oferecer 72 leitos. A previsão é que a obra, com investimentos de cerca de R$ 15 milhões, seja iniciada em abril e seja concluída em um prazo de 18 meses. Já o segundo hotel, com capacidade para 85 apartamentos, está em fase de construção na região de Vespasiano, a um custo de cerca de R$ 10 milhões.

Já o Grupo Paranasa/Maio Empreendimentos, em parceria com a rede francesa Accor, está construindo o Ibis Belo Horizonte Savassi. Com investimento previsto de cerca de R$ 40 milhões, o hotel terá 208 apartamentos, com abertura prevista para o primeiro semestre de 2011. Outro exemplo é a Concreto Empreendimentos que vai erguer um hotel na região da Pampulha, previsto para ser entregue em 2012, mediante aporte de R$ 20 milhões.

Na avaliação de José Francisco Couto de Araújo, vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), tem havido "exagero" por parte do mercado na cotação de terrenos na região Centro-Sul da cidade, que deve receber alguns dos empreendimentos previstos. De 2008 até o início deste ano, segundo ele, a alta do custo do metro quadrado chega a 100%.

Nova oferta pode abrir 3.000 leitos em Belo Horizonte


Segundo a presidente da Abih-MG, Silvânia Capanema, a região da Savassi não comporta mais empreendimentos voltados para o setor hoteleiro. "O lotes são pequenos para a construção de hotéis", completa. O único empreendimento em andamento é o Ibis Savassi, do grupo Accor. Na sua avaliação, os investimentos previstos devem ser direcionados para a região da Pampulha e em pontos da avenida do Contorno. De acordo com ela, a especulação imobiliária não deve inibir os negócios no setor hoteleiro. "O que manda é o mercado".
No momento, um dos focos da entidade é a qualificação profissional. Com os novos empreendimentos em cursos, que irão acrescentar cerca de 3.000 apartamentos no setor hoteleiro, cerca de 2.000 empregos serão gerados. (ZM)

Entenda
Operação Urbana. O objetivo do instrumento é viabilizar intervenções de maior escala em atuação conjunta do poder público e da iniciativa privada, visando a integração e a divisão de competências e a obtenção de recursos para a execução de projetos comuns. Pode-se considerá-lo uma forma de urbanização consorciada, na qual o Estado faz concessões à iniciativa privada mediante o oferecimento de contrapartida.

Valorização

Metro quadrado por R$ 10 mil


Uma nova onda de especulações começa a surgir com o projeto de lei enviado pela Prefeitura de Belo Horizonte à Câmara Municipal, que incentiva a participação da iniciativa privada na construção de hotéis, hospitais e equipamentos culturais para atender a demanda na época da Copa do Mundo, em 2014. A chamada “Operação Urbana” prevê, entre outros benefícios, o aumento do coeficiente de aproveitamento do terreno, passando dos atuais três para cinco vezes a área construída. Ou seja: em um terreno de mil metros quadrados, a área construída líquida pode ser de até 5.000 metros quadrados, segundo o Sinduscon.

Em função do projeto, especula-se no mercado que “os bons terrenos na zona sul já estão cotados a R$ 10 mil o metro quadrado”. O representante do Sinduscon-MG já até ouviu falar desse valor, mas admite que, na região, o metro quadrado de um terreno comprado a R$ 4.000 em 2008 pode valer hoje cerca de R$ 8.000.

O padrão básico de um lote na zona Sul é de 400 metros quadrados. Para a construção de um hotel, são necessários, no mínimo, três lotes. Para ele, a especulação pode travar ou inviabilizar alguns negócios. “Se o terreno dobra de preço, o incentivo deixa de existir. O mercado é que vai ditar isso. O empreendedor deve avaliar com cautela. Se todo mundo começar a construir hotéis podem sobrar vagas após a Copa”, disse.

A presidente do Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Silvânia Capanema, disse que, com a aprovação do projeto, os empreendimentos já existentes poderão ser ampliados. Segundo a assessoria da Câmara Municipal, o projeto de “Operação Urbana” está pronto para ir a plenário para aprovação em primeiro turno. O que pode acontecer na semana que vem.

O mercado, no entanto, teme que, com o aquecimento do setor hoteleiro, haja uma superoferta de leitos em Belo Horizonte e região após o término do maior evento esportivo do mundo. (ZM)

Empréstimos do BDMG ultrapassam R$ 1 bilhão

25 de fevereiro de 2010

Estado de Minas (MG)

Banco apresentou lucro de R$ 62,6 milhões no ano passado

O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) encerrou o ano passado com um recorde de mais de R$ 1 bilhão em desembolsos – tanto para empreendimentos do setor privado quanto do público –, 9,6 mil clientes ativos em 73% dos municípios mineiros e lucro de R$ 62,6 milhões. “Esses números são o resultado do trabalho que o banco vem desenvolvendo, nos últimos anos, para aprimorar seu processo de concessão de crédito, criar produtos e ampliar sua presença no interior do estado”, afirmou o presidente da instituição, Paulo Paiva.

Os financiamentos destinados a micro e pequenos empreendimentos, incluindo pequenos negócios no campo e na cidade, chegaram a R$ 250 milhões em 2009, atendendo 3.820 clientes. Outro avanço foi no apoio às médias empresas, em que os desembolsos de R$ 187 milhões, em 2009, foram 35% maiores do que no ano anterior. O número de novos clientes atendidos cresceu, subindo de 3.046, em 2008, para 4.267, em 2009 – alta de 40%.

Outra frente de atuação do BDMG é o fortalecimento de regiões consideradas de baixo dinamismo, como Norte de Minas, Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce e alguns municípios da Região Central. Só em 2009 foram cerca de R$ 74 milhões desembolsados para empreendimentos nessas localidades e com potencial para gerar emprego, renda e oportunidades.

Com um forte crescimento nas liberações já no início deste ano (R$ 166,2 milhões, 43% a mais do que o valor desembolsado em janeiro e fevereiro do ano passado), o BDMG espera chegar ao fim de 2010 com números ainda mais expressivos, injetando R$ 1,35 bilhão na economia mineira. Para isso, está abrindo novas frentes de atuação, principalmente no interior. Um dos novos projetos, denominado Caravana do Desenvolvimento, começou nesta semana no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, onde executivos do banco realizam encontros para apresentar aos empresários, produtores rurais, representantes de classe e lideranças locais as linhas de financiamento que o BDMG oferece para estimular os negócios e a economia da região.

Em outra frente, o BDMG já está analisando projetos de infraestrutura urbana, aquisição de maquinário para obras públicas e gestão sustentável de resíduos sólidos de 272 prefeituras mineiras, no âmbito do Programa Novo Somma.

STF muda fundo de participação estadual

25 de fevereiro de 2010

DCI (SP)

Marina Diana Fernanda Bompan


SÃO PAULO - O Fundo de Participação de dez estados (FPE) e do Distrito Federal serão remanejados a partir de 2013. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem que parte da Lei Complementar 62/1989 é inconstitucional. O texto de lei que trata do rateio dos recursos foi alvo de quatro ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) que questionam os percentuais definidos há 21 anos. A lei só terá efeitos até 31 de dezembro de 2012. A partir dessa data, entrará em vigor uma nova lei sobre o mesmo assunto.

"Essa lei conflita com a Constituição Federal porque congelou os percentuais projetados no tempo", afirmou o ministro Marco Aurélio de Melo. De acordo com a lei, os percentuais dos 26 estados e do Distrito Federal contam com a seguinte distribuição de recursos: 85% para os Estados das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; 15% para os estados das Regiões Sul e Sudeste.

Os ministros demonstraram preocupação com o tempo que levará para que o Congresso Nacional criar nova lei de distribuição do Fundo de Participação dos estados e do DF, uma vez que a atividade legislativa fica prejudicada por ser este um ano de eleições. Por isso, a corte estabeleceu como prazo máximo para a vigência da lei complementar 62/89 o ano fiscal de 2012.

Equilíbrio

"Deve haver uma redução das desigualdades sociais e regionais. Os estados devem sofrer perdas de acordo com os critérios que podem ser adotados", ponderou o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes.

A declaração procede, já que pelos novos cálculos, que atualizam os índices populacionais, a renda per capita e a área geográfica, Alagoas, Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo, além do Distrito Federal, serão beneficiados com o recebimento de uma fatia maior de recursos do fundo. Sob essa ótica, São Paulo deve ser o que mais ganhará com a declarada inconstitucionalidade da lei. Isso porque passará do atual 1% a que tem direito do FPE para 4,34%. Em 2009, o Fundo teve R$ 36,2 bilhões líquidos.

A Lei foi editada em 1989 em obediência ao artigo 159 da Constituição sobre a repartição das receitas tributárias, mas deveria ter vigorado apenas nos exercícios fiscais de 1990 e 1992. Após esse ano, a previsão era de que o censo do IBGE reorientaria a distribuição, mas isso nunca foi feito e a Lei Complementar continua em vigor com os mesmos coeficientes vinte anos depois.

A decisão do STF foi provocada por quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI) ajuizadas pelo Rio Grande do Sul (ADI 875), Mato Grosso e Goiás (ADI 1.987), Mato Grosso (ADI 3.243) e Mato Grosso do Sul (ADI 2.727). O fundamento das ações é o de que a lei complementar, na época da edição, teve por base o contexto socioeconômico do Brasil daquele tempo, que não é necessariamente o mesmo hoje. Além disso, os coeficientes teriam sido estabelecidos de maneira arbitrária por acordos políticos costurados à época.

Para justificar seu voto, Mendes ressaltou que os critérios de rateio dos fundos de participação deveriam promover o equilíbrio socioeconômico entre estados e municípios. "O FPE tem esse caráter nitidamente redistributivo."