15.4.12

Livre-comércio entre EUA e Colômbia começa em maio


Anúncio oficial do acordo será feito ainda neste domingo

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos

Cartagena, Colômbia - Funcionários do governo dos Estados Unidos disseram neste domingo que o acordo de livre-comércio entre os EUA e a Colômbia está pronto para ser totalmente implementado e deverá entrar em vigor em maio deste ano, aumentando as perspectivas de exportação da indústria americana para o país sul-americano. "A Colômbia já aprovou as leis e regulamentações necessárias para que o acordo de livre-comércio entre em vigor", disse o representante de comércio dos EUA, Ron Kirk. "Esse foi um marco", afirmou.

O anúncio oficial do acordo de livre-comércio entre EUA e Colômbia será feito mais tarde neste domingo, após a conclusão da VI Cúpula das Américas, que ocorre em Cartagena, no Caribe colombiano, informa o Wall Street Journal.
Para completar o acordo, os colombianos tiveram que cumprir com várias medidas legislativas, muitas na área trabalhista. O Parlamento da Colômbia teve de adotar sessões extraordinárias para aprovar as medidas, para que o acordo fosse anunciado durante a vinda do presidente dos EUA, Barack Obama, a Cartagena. Entre essas medidas, dizem funcionários dos EUA, estão proteções especiais que a Colômbia precisa adotar para os trabalhadores nas minas e seus líderes sindicalistas. A Colômbia é o país da América Latina onde mais sindicalistas são assassinados.
O acordo entre a Colômbia e os EUA ficou pendente durante vários anos, até que a administração Obama enviou o acordo ao Congresso e o documento foi ratificado no fim do ano passado. O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, prevê que a entrada em vigor do acordo criará mais de 250 mil empregos na Colômbia e servirá como um motor para o crescimento econômico do seu país em 2012. Ele disse que com o acordo a Colômbia aumentará suas exportações em 6% e que os EUA ampliarão seus investimentos no país sul-americano. As informações são da Dow Jones.

Economia verde: preservar o planeta pode dar lucro


A caminho da rio+20, governos, empresas e pesquisadores debatem como fazer a guinada para um modelo que não esgote o meio ambiente e que seja economicamente atrativo


Novo modelo de energia eólica

"Algumas pessoas dizem que a economia verde tem essa cor por causa do dólar", afirma, em tom de brincadeira, o embaixador André Aranha Corrêa do Lago. O negociador chefe do Brasil para a Rio+20 se permite zombar dos radicalismos, mas admite que o tema central da conferência da ONU, que ocorre entre 16 e 22 de junho no Rio, ainda carece de definições. Fora a referência óbvia às causas ambientais, o verde, nesse caso, representa o que não é “marrom”, como é chamado o modelo que domina a maior parte das atividades econômicas, em que o avanço de empresas e governos implica em um alto custo para a natureza e a qualidade de vida do homem. O modelo almejado é aquele em que o uso dos recursos do planeta se dá de forma sustentável, sem riscos a espécies e ecossistemas, mas também sem inviabilizar o avanço dos negócios e o bem-estar.
Contagem regressiva para a Rio+20
Como qualquer atividade econômica, que movimenta lucros e interesses, há preocupações com a nova ordem que pode emergir a partir de propostas e modelos discutidos em encontros como a Rio+20. O Rio de Janeiro, na posição de quem deve dar exemplos como sede da conferência, criou uma subsecretaria estadual para a economia verde, ligada à secretaria de Meio Ambiente. Pioneira na implementação do conceito em nível governamental no Brasil, a subsecretária Suzana Kahn, que foi vice presidente do Painel Intergovernamental de mudanças climáticas (IPCC) até 2014, prefere ver a questão com o pé no chão. “No fundo, a economia verde pode manter a situação atual de dominância dos ricos em relação aos pobres. Como nós não temos dinheiro suficiente para investir em tecnologia, acabaríamos tendo que importar os painéis solares e as turbinas eólicas fabricadas por eles”, exemplifica. Outra área sensível apontada por Suzana é a possibilidade de os países desenvolvidos usarem as novas regras economia verde para implementar barreiras comerciais protecionistas. “O que precisamos é criar salvaguardas para que isso não crie distorções”, alerta.
Desde já estão sendo discutidas formas de fazer com que, a partir da Rio+20, empresas, governos e entidades não governamentais possam estimular uma guinada em relação ao sistema de exploração dos recursos naturais de hoje. O ‘modus operandi’ da economia atual falhou, afirma Suzana, ao deixar de resolver os desafios impostos pelo meio ambiente, ao não se mostrar eficaz para dividir riqueza e ao deixar de promover melhor qualidade de vida para boa parte da população. A economia, até aqui, caminhou desprezando a limitação dos recursos naturais e criou problemas que vão além dos países, dos continentes, como problemas climáticos, desequilíbrios de abastecimento e elevação do risco de desastres naturais.
Para Suzana, esse é o quadro "não é sustentável". "Temos todos os motivos para nos prepararmos para um mundo sem petróleo, que é um recurso finito. Por isso, o Rio é um local ideal para se praticar o exercício da economia verde. Temos que aprender a saber migrar e ter um tipo economia que não dependa tanto desses recursos", explica.
Enquadrar a questão social na discussão é justamente a grande preocupação do Brasil em relação às implicações da economia verde. Uma das propostas brasileiras é a de acréscimo da expressão “inclusiva” ao termo, no documento final da Rio+20. "Em economia verde inclusiva, você teria os três pilares do desenvolvimento sustentável, que são o econômico, o ambiental e o social", afirma Corrêa do Lago. Para o embaixador, o maior obstáculo para as políticas do desenvolvimento sustentável é dificuldade de enquadrar o aspecto econômico. "É raro ver uma pessoa da área econômica se referindo a desenvolvimento sustentável", afirma Corrêa do Lago.
1,3 trilhão de dólares para reciclar o mundo
A grande virada da economia verde é convencer de que, apesar de requerer mais investimentos a curto prazo — assim como a maioria das iniciativas de sustentabilidade —, o sistema proposto se mostra lucrativo no longo prazo. Ou seja, do ponto de vista do relatório da Iniciativa para Economia Verde (GEI, sigla em Inglês), a economia marrom atual é menos rentável. A partir da perspectiva de lucro, atrai-se – ou, pelo menos, espera-se atrair – o empresário.
Melinda Kimble, vice-presidente do Fundo para as Nações Unidas, órgão especializado em arrecadar recursos para ajudar a financiar a ONU, afirma que essa é uma forma de engajar a iniciativa privada. "O setor privado não faz doações. Ele precisa de um retorno no investimento para mobilizar recursos. É por isso que precisamos da economia verde", explica.
De forma prática, o relatório da GEI aponta para dez setores chave para onde os recursos devem se encaminhar: edificações, florestas, turismo, água, gerenciamento de lixo, energia renovável, transportes, pesca, indústria e agricultura. O documento, que congrega ideias e avaliações sob o ponto de vista da economia verde, aponta a necessidade de investimento anual de 2% do PIB mundial, o que corresponde a aproximadamente 1,3 trilhão de dólares, nos patamares atuais.

Custo Brasil?


Sempre, no Brasil, quando são lançadas algumas medidas de estimulo econômico como fez recentemente o governo brasileiro, vem à tona a discussão a respeito do custo Brasil.

No início deste mês, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apresentou uma pesquisa que resultou em um livro: Progressividade da Tributação e Desoneração da Folha de Pagamentos – elementos para reflexão.

O livro é a segunda publicação fruto da parceria entre o Ipea, o Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal) e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). A primeira obra resultado da cooperação foi a cartilha A Progressividade na Tributação Brasileira: por maior justiça tributária e fiscal.

Uma das primeiras constatações abordada pelo estudo demonstra que em 2009 os 10% mais pobres gastaram 32% de sua renda em tributos diretos e indiretos, enquanto os 10% mais ricos gastaram 21%. Para começar a compreender essa disparidade, a pesquisa destaca que o Brasil tem uma estrutura tributária muito complexa, com muitos tributos incidentes sobre a mesma base. O problema é especialmente relevante no caso dos tributos indiretos sobre bens e serviços. Enquanto a maior parte dos países tem um ou dois tributos indiretos, o Brasil tem seis, com grande diversidade de legislações, que estão em permanente alteração.
Por exemplo, somente na esfera federal são quatro tributos e três regimes tributários diferentes. O ICMS, de competência estadual, apresenta 27 diferentes legislações, com enorme variedade de alíquotas e critérios de apuração. No caso da tributação do lucro das empresas, há dois tributos distintos: o imposto de renda (IR) e a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL).
No que diz respeito aos tributos sobre a folha de salários resulta não apenas da contribuição previdenciária e do FGTS, mas também do financiamento de programas que não tem qualquer relação com o salário dos(as) trabalhadores(as), como as ações do Sistema “S” e a educação básica (financiada pela contribuição para o salário educação).
Entretanto, não quer dizer, que a carga tributária, expressada através da relação entre o volume de recursos, que o Estado extrai da sociedade para financiar as atividades que se encontraram sob sua responsabilidade, e o produto ou a renda nacional de um determinado país. Essas atividades, entretanto, são diversas e podem envolver desde as tarefas vinculadas às funções básicas do Estado – primordialmente financiadas por tributos – às decorrentes de seu papel de avalista ou administrador de determinados contratos – como o da Previdência Social, por exemplo – ou ainda de mobilizador de recursos para viabilizar atividades consideradas relevantes do ponto de vista econômico e social. Na realidade a carga tributária brasileira é injusta e regressiva e extremamente complicada para, inclusive, criar artifícios para a sonegação.
As realidades tributárias estão espalhadas pelo Brasil afora. O IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) de maneira geral, as favelas e casas de pessoas de menor renda, pagam, proporcionalmente, impostos maior do que as mansões. Outro aspecto injusto, ou estranho é o IPVA (Imposto sobre Veículos Automotores), quem têm automóveis, por exemplo, pagam tributos, os proprietários de avião, helicópteros, lanchas, iates, não pagam. E mesmo o IR (Imposto de Renda), que poderia ser muito mais progressivo, na medida em que a alíquota maior é 27%. Já tivemos, por exemplo, durante o regime militar alíquotas bem maiores e progressivas.
Neste sentido, é mais do que urgente uma reforma tributária, não para reduzir impostos, mas sim, desenvolver regras claras, para inclusive tornar a sonegação quase nula e que na somatória da carga tributária, o tributo direto seja muito maior do que o tributo indireto.
Segundo a pesquisa, uma reforma tributária, justa, progressiva e desburocratizada, pode criar condições para que, nos próximos vinte anos, o PIB cresça cerca de 0,5 pontos percentuais ao ano a mais do que cresceria na ausência da Reforma. Ou seja, se sem a Reforma a tendência fosse de crescimento de 5% ao ano, com a reforma esta taxa subiria para 5,5% ao ano.
A tendência é que: com o aumento do crescimento ganham todos: trabalhadores, empresas, Estados e Municípios e a própria União, que, mesmo assumindo o custo da reforma, no final da transição estará com uma situação fiscal mais sólida que no início.

Elevar crescimento da produtividade é desafio da indústria brasileira, afirma presidente do BNDES


Kelly Oliveira e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O Brasil tem o desafio de crescer a produtividade da sua economia para aumentar a competitividade e distribuir melhor os ganhos. A afirmação é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, no evento que apresentou hoje (13) o Programa de Apoio à Competitividade da Indústria Brasileira, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que conta com financiamento do banco.
“A produtividade precisa aumentar a níveis mais próximos a 4% ao ano. Não podemos continuar crescendo a 2%”, disse Coutinho. Segundo ele, o aumento da produtividade é necessário para o Brasil sustentar “um desenvolvimento virtuoso”, com distribuição dos ganhos em aumento de salários, lucros e investimento. “Precisaremos aumentar o tamanho da força de trabalho industrial do país, com mudança do seu perfil e aumento da produtividade”, destacou.
O Programa de Apoio à Competitividade da Indústria Brasileira pretender ampliar a atuação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) nas áreas de inovação tecnológica e educação profissional para a indústria. Para a expansão, o Senai vai utilizar 81 unidades móveis que levarão cursos de qualificação onde existe demanda industrial por mão de obra preparada e não há unidades fixas da instituição.
Serão, ainda, construídos 53 centros de formação profissional, reformadas 250 escolas e instalados 23 institutos de inovação e 38 de tecnologia. O investimento total na ampliação é R$ 1,9 bilhão, do quais R$ 1,5 bilhão é financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 400 milhões de recursos próprios.
No evento de apresentação do programa, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, explicou que a intenção é ampliar a qualificação profissional e estimular a inovação na busca de aumentar a competitividade da indústria brasileira para enfrentar a concorrência externa.
“A atividade industrial impulsiona os ganhos de produtividade das demais áreas da economia e estimula a demanda, o emprego e as exportações. É por esse motivo que a indústria deve estar no centro da estratégia de crescimento do país”, disse Andrade.
O presidente da CNI destacou o empenho do governo em “reduzir os juros cobrados de consumidores e empresas, equilibrar o câmbio”. Para Andrade, essas medidas do governo são necessárias para o “crescimento econômico mais robusto e igualitário”.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que está sendo celebrada a convergência de fundamentos e princípios entre o setor empresarial brasileira e o governo. “Vamos colocar o Brasil entre as maiores potências do mundo”, enfatizou.

13.4.12

G20 pode aumentar recursos do FMI em US$ 400 bi a US$ 500 bi


BRUXELAS, 13 Abr (Reuters) - As 20 principais economias do mundo devem concondar em aumentar os recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) entre US$ 400 bilhões e US$ 500 bilhões, em vez dos US$ 600 bilhões inicialmente planejados pelo FMI, disseram à agência de notícias Reuters autoridades do G20. 
O dinheiro extra é para dar ao FMI mais poder para lutar contra a crise da dívida soberana, acionada por políticas instáveis em países da zona do euro como Grécia, Portugal e Irlanda.  

Negociação

Os ministros das Finanças do G20 vão se reunir na próxima semana em Washington para discutir o pedido do FMI feito em janeiro por mais recursos, depois que a zona do euro aumentou o tamanho de seus próprios fundos de combate à crise em março em resposta à pressão do grupo. 
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse na quinta-feira que o acordo poderia levar algum tempo, um sinal de que a reunião da semana que vem pode não ser a última palavra.  
Mas Lagarde também disse que o FMI pode não precisar de tanto dinheiro quanto pensava apenas alguns meses atrás, na medida em que riscos econômicos e financeiros diminuíram e as necessidades de financiamento do credor mundial são menores agora.    
"Eu diria que será algo entre US$ 400 bilhões e US$ 500 bilhões e isso depende muito de quanto as grandes economias mundiais e europeias, mas de fora da zona euro, vão comprometer", disse uma autoridade do G20.  
Em janeiro, o FMI estimou que seriam necessários mais US$ 500 bilhões para empréstimos e outros US$ 100 bilhões para reservas, a fim de formar uma proteção adequada contra os riscos colocados pela crise da zona do euro.     

Abaixo do previsto

"Sempre foi claro que os US$ 500 bilhões a US$ 600 bilhões... eram demais, não realistas", disse uma segunda autoridade do G20.  
"Ficaremos felizes se conseguirmos o mesmo de outros países assim como os europeus estão dispostos a fornecer", disse a segunda autoridade.  
Os países da zona do euro se comprometeram a fornecer 150 bilhões de euros (US$ 200 bilhões), enquanto outros países da União Europeia (UE) prometeram outros US$ 50 bilhões.
A primeira autoridade disse que a China e o Japão podem fornecer mais US$ 100 bilhões ou um pouco mais entre os dois países.
"Mas, nas economias em desenvolvimento, ainda há uma forte ideia de que os membros ricos, como a Alemanha, devem desempenhar um papel maior na correção dos problemas da região. Pode não haver acordo até o último minuto", disse uma terceira autoridade.  
Os únicos países que não devem contribuir para o aumento dos recursos do FMI agora são os Estados Unidos e o Canadá.  

Calote com cheque cresce pelo 2º mês seguido em março

Quase 2 milhões de folhas voltaram por causa da falta de fundos, segundo a Serasa



O calote com cheque cresceu pelo 2º mês consecutivo em março e atingiu 2,19% de todos os documentos emitidos no mês, segundo balanço da Serasa Experian divulgado nesta sexta-feira (13).

Somente em março, 1,7 milhão de cheques foram devolvidos por falta de fundos. Por outro lado, 78,4 milhões de documentos foram compensados normalmente.

Em dezembro do ano passado, o calote com cheque ficou em 1,99%. Em janeiro, caiu para 1,93%, mas voltou a subir em fevereiro para 2% do total e agora está em 2,19%. Em março do ano passado, 2,13% dos documentos emitidos voltaram – o que representou 1,8 milhão de cheques.

As razões para a alta da inadimplência com cheques foram, principalmente, o pagamento de impostos. Segundo os economistas da Serasa, “o terceiro mês do ano é caracterizado por fortes pressões sobre o orçamento familiar, provocadas por despesas como pagamento de parcelas do IPVA [imposto do carro], do material escolar e os gastos com férias e Carnaval”.

A inadimplência em geral que vem crescendo desde o começo de 2011 também contribuiu para a alta do calote com cheque, segundo a entidade.

Trimestre

Entre janeiro e março deste ano, 4,7 milhões de cheques emitidos pelos brasileiros foram devolvidos por causa da falta de fundos –  2,04% do total. Por outro lado, 230,6 milhões de documentos foram compensados.

No mesmo período de 2011, 4,8 milhões de cheques voltaram (1,89% do total) e 255,1 milhões foram compensados normalmente.


Estados

Os consumidores do Estado de São Paulo são os que pagam mais em dia com cheque, já que apenas 1,51% dos documentos emitidos entre janeiro e março voltaram por falta de fundos. Na segunda colocação aparece o Rio de Janeiro (1,68%) e, em terceiro, Santa Catarina.

No outro extremo, os consumidores de Roraima foram os mais indisciplinados no uso do cheque no primeiro trimestre: 15,81% dos documentos preenchidos voltaram por falta de grana na conta. Acre e Amapá completam a lista dos três Estados que mais deram calote com cheque.


Fonte:http://noticias.r7.com/economia/noticias/calote-com-cheque-cresce-pelo-3-mes-seguido-em-marco-20120413.html?question=0

PIB da China tem menor crescimento em quase três anos


PEQUIM, 13 Abr (Reuters) - A economia da China cresceu no ritmo mais lento em quase três anos nos três primeiros meses de 2012, e a leitura abaixo do esperado provocou entre os investidores a preocupação de que a desaceleração ainda não tenha chegado ao fim depois de cinco trimestres seguidos de enfraquecimento e que mais ações de política serão necessárias para interromper essa tendência.
O crescimento do PIB desacelerou para 8,1% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2011, depois de ter alcançado 8,9% nos três meses anteriores, informou nesta sexta-feira o Escritório Nacional de Estatística.
Economistas consultados pela Reuters previam um crescimento de 8,3%.
Os dados do PIB são o destaque entre uma série de indicadores publicados nesta sexta-feira. Entre eles, a produção industrial da China subiu 11,9% em março ante o ano anterior, acima da previsão de 11,5%.
Por sua vez, as vendas no varejo avançaram 15,2% no mês passado na comparação com o mesmo período de 2011, contra previsão de 15%. Já o investimento em ativos fixos trimestral, um dos principais motores da economia da China, subiu 20,9%.
Eles ficaram amplamente em linha com as expectativas conservadoras de investidores que mostraram-se cada vez mais preocupados nas últimas semanas de que a fraqueza do ciclo econômico da China se estenderia para o segundo trimestre do ano, conforme enfrenta dificuldades para escapar da sua pior desaceleração sequencial desde a crise financeira de 2008/09.
"O que está claro é que a economia ainda está desacelerando e o setor imobiliário está deflacionando", disse o economista do Société Générale, Yao Wei.

Vendas no varejo voltam a cair em fevereiro, diz IBGE


Recuo foi de 0,5%, interrompendo sequência de três altas mensais.
Receita nominal também registrou queda - a primeira desde março de 2010.


As vendas no comércio varejista brasileiro caíram 0,5% em fevereiro, após terem crescido 3,3% (dado revisado), de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta sexta-feira (13). O resultado de fevereiro quebrou uma sequência de três meses de alta. No ano, o indicador tem alta de 8,7% e, em 12 meses, de 6,7%. Na comparação com fevereiro do ano passado, o varejo cresceu 9,6%.
Em relação à receita nominal, também foi registrado recuo, de 0,7%, o primeiro registrado desde março de 2010, segundo o IBGE. No acumulado de janeiro a fevereiro, o comércio tem avanço de 12,6% e, nos últimos 12 meses, de 11,4%. Já na comparação com fevereiro de 2011, o aumento verificado nas vendas é de 13,2%.
Na pesquisa de fevereiro, dos 10 setores do comércio avaliados pelo IBGE, 4 tiveram aumento no volume de vendas, com destaque para equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,1%) e combustíveis e lubrificantes (1,9%), entre outros.
Em relação a um ano antes, só duas atividades registraram resultado negativo: livros, jornais, revistas e papelaria e tecidos (-0,8%) e vestuário e calçados (-3,4%). Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tiveram maior alta no volume de vendas, de 11,8%, e exerceram o maior impacto sobre a taxa.
Nas regiõesO comércio nos 27 estados apresentou aumento sobre fevereiro de 2011. Os principais resultados partiram de Roraima (35,9%); Tocantins (19,6%); Mato Grosso do Sul (17,1%); Santa Catarina (16,2); e Paraná (15,9%).
Na comparação com janeiro, 13 estados tiveram resultados positivos. As maiores variações foram em Alagoas (8,3%); Sergipe (4,9%); Amapá (5,0%); Tocantins (4,7%). As maiores quedas foram no Acre (-3,4%); Paraná (-3,2%); Rondônia (-3,1%) e Rio Grande do Sul (-1,8%)

10.4.12

Belluzzo: "temos uma chance"

O tema da desindustrialização ou da reindustrialização brasileira ocupa espaço crescente no debate acadêmico, mas ainda não galvanizou a agenda política; é premente que isso aconteça. Mas, sobretudo, que se faça a partir do significado abrangente que a industrialização pode ter no processo de desenvolvimento de uma sociedade. Um primeiro cuidado é não 'tomar a nuvem por Juno'. Industrialização não é galpão fabril. Não é um fetiche ou o anacronismo desenvolvimentista 'de uma certa esquerda', como querem alguns denominados 'economistas de mercado'.

Assim justamente denominados, diga-se. Mesmo depois do que o mercado mostrou ser capaz quando entregue a sua própria lógica, eles continuam firmes no leme: até baixar juro de bancos estatais e expandir o crédito, no seu douto entendimento, seria 'interferência política'; afrontaria a livre ação dos mercados. Suicidas europeus tem opinião diversa, mas passemos. "Industrialização é a capacidade soberana que tem uma economia de construir um polo irradiador de inovação e produtividade", explica a voz ecumênica, ponderada e sempre ouvida do economista Luiz Gonzaga Belluzzo.

Dono de um currículo que lhe permitiria pontificar enunciados e ter audiência atenta, Belluzzo não se acomoda a esse papel. A gripe o golpeia, mas lá está o intelectual engajado a se debruçar sobre o século XIX norte-americano, desde as primeiras horas da manhã de segunda-feira. "O que eles fizeram (os EUA) foi isso; foi o mesmo que fez a Alemanha e, mais recentemente, os chineses. Criaram um arcabouço que propiciou a integração do setor financeiro com a indústria, sob indução estatal. Ampliaram a escala das empresas e, desse modo, robusteceram o espaço econômico de um setor estratégico de bens de capital, a mola sistêmica que dissemina inovação e produtividade em múltiplas frentes'.

O longo amanhecer do desenvolvimento brasileiro, um bordão de Celso Furtado, ainda encerra a esperança de um salto nesse sentido? Belluzzo recupera o fio da meada - o significado político da industrialização. Não é uma agenda técnica. É uma escolha histórica. Não está ao alcance de todos os povos. Almejá-la, ao menos na forma de uma iniciativa política soberana requer justamente uma demanda intersetorial que viabilize o florescimento de um complexo produtor de máquinas e inovação. Uma coisa não existe sem a outra: projeto político soberano e salto industrializante.

'É um equívoco deslocar o debate para uma disjuntiva que contrapõe a manufatura à agricultura. Quando se fala em processo de desenvolvimento, a tecnologia de um e de outro setor, rural ou urbano --ambientalmente sustentável em ambos os casos-- virá do segmento de bens de capital; impulsioná-lo pode decidir o rumo de um país, o nosso, por exemplo, nas próximas décadas', pondera Belluzzo.

As interações entre a decisão de construir uma economia forte e soberana não são estranhas à decisão de se ter ou não uma democracia capaz de estender os princípios equânimes dos direitos civis aos direitos sociais. Um país sem capacidade soberana de estruturar o seu desenvolvimento pode delegar à sociedade, de fato, o escrutínio do seu futuro? Dificilmente. No fundo é essa liberdade essencial, mãe da liberdade individual que efetiva o potencial humano almejado por Marx, que leva também o intelectual Luiz Gonzaga Belluzzo a se debruçar sobre o século XIX norte-americano para vislumbrar o XXI brasileiro.

Não é uma esperança desprovida de materialidade histórica. "O Brasil tem uma chance; uma fronteira que o autoriza a incluir a industrialização, assim entendida, na agenda do nosso tempo: essa fronteira é o pré-sal', diz ele. Curto e grosso: desdenhar da agenda da industrialização é desdenhar do maior trunfo representado pelo pré-sal --e vice-versa.

Um primeiro passo foi assegurado no governo Lula. O encadeamento virtuoso requeria um lacre de segurança que garantisse a permanência dessa riqueza no metabolismo da economia brasileira. A regulação soberana da exploração do pré-sal construiu essa blindagem que dá a chave de acesso às reservas à Petrobras. Foi uma decisão que evidenciou o antagonismo agudo com interesses contrário ao papel da empresa no país.

Esse antagonismo foi escancarado mais uma vez nas eleições de 2010 pelo assessor do programa de energia de José Serra, David Zylberstajn. Ex-dirigente da Agencia Nacional de Petróleo no governo FHC, Zylberstajn declarou ao Valor, em 06-10-2010, que aconselharia Serra, caso eleito, a reverter o modelo do pré-sal aprovado pelo Congresso. O próprio Serra confidenciaria a representante das petroleiras internacionais que reverteria o modelo que dava o comando da exploração à Petrobras e a prerrogativa de comercialização do óleo à nova estatal criada para esse fim, a Pré-Sal Petróleo SA.

A radicalização das escolhas tem motivações superlativas. Estão em jogo reservas que concentram cerca de 70 bilhões de barris; podem chegar a 100 bilhões.Uma poupança fabulosa guardada no fundo do mar em pleno ciclo de escassez e valorização do combustível. O que Belluzzo está dizendo é que esse trunfo mudou o tamanho do Brasil na geopolítica mundial. Mudou também o horizonte do seu desenvolvimento, credenciando o país a um novo ciclo de industrialização coroada por um setor de bens de capital disseminador de inovação e riqueza.

Toda uma cadeia de equipamentos, máquinas, logística, tecnologia e serviços diretamente ligados e também externos ao ciclo do petróleo poderá ser alavancada nos próximos anos, transformando o Brasil, também, num grande exportador industrial.

Para que essa oportunidade não se perdesse era vital a definição de um “dosador” soberano capaz de coordenar duas variáveis básicas: o ritmo da extração e refino e a sua sintonia com a capacidade brasileira de atender à demanda por plataformas, máquinas, barcos, sondas e centenas de outros equipamentos requeridos no processo. Se o comando estratégico escapar ao controle nacional, a demanda por bens de capital, os empregos inscritos no processo e o multiplicador de renda que ele representa vazarão para o exterior. O custo não é apenas contábil.

Belluzzo reitera: industrialização é soberania econômica. Por trás do tema 'técnico' encontra-se talvez o mais importante salto de desenvolvimento e democracia ao alcance do país em nosso tempo. Certas ofertas da história não se repetem. Partidos, sindicatos e movimento sociais tem a responsabilidade de não desperdiçar o bilhete premiado.

http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=945

8.4.12

O Brasil e o cavalo selado


Roberto Amaral


A enxurrada diária de dólares que ingressa no país, destinada quase toda ela a operações especulativas, é estimulada pela nossa política de juros altos que vem dos tempos cada vez mais longínquos da inflação alta, quando o Estado, para financiar seus gastos, era obrigado a se submeter aos ditames do capital financeiro. Ora, há cerca de duas décadas que a inflação está sob controle e o governo ainda hesita em completar a desindexação da economia, providência indispensável para que os juros caiam para patamar civilizado. Enquanto houver diferença significativa entre a taxa de juros internos e a de juros externos, o capital especulativo correrá para cá, a não ser que o governo estabeleça controles sobre o fluxo de capitais, como recomendado hoje até por economistas do Banco Mundial.
Mais ainda, da associação de juros altos à depreciação da moeda norte-americana decorrem algumas conseqüências graves, a começar pela  invasão de importados, principalmente de manufaturados, e principalmente chineses. Isso que pode ser chamado de crise cambial está a refletir-se na produção industrial, atacada no mercado interno via concorrência dos importados e contundência dos juros altos, e prejudicada no acesso ao mercado externo, via desvalorização do dólar.
EUA, Europa e China, isto é, todas as grandes economias, desvalorizam artificialmente suas moedas para assim poderem exportar mais, e para exportar mais reduzem a capacidade de produção dos demais países numa concorrência desleal e predatória que compreende barreiras alfandegárias claras ou mascaradas e subsídios.  Essa política vem de décadas, há duas pelo menos, e portanto antecede à crise financeira global (a história é velha: livre-cambismo como receita para as colônias, protecionismo como prática da metrópole), a qual,  agora, é apenas pretexto para seu aprofundamento. Diante dessa política, a OMC (Organização Mundial do Comércio) nada faz, porque seu conceito de livre-comércio é seletivo. Depende dos interesses das grandes potências. Os emergentes e os mais pobres, de sua parte, ainda não encontraram alternativas de defesa, nem lançam mão, de forma concertada,  de medidas clássicas, paliativas ou não, como a regulação dos fluxos de capitais, como o estabelecimento de cotas de importação, a taxação das importações e a desoneração das exportações (acompanhada de  financiamento) ou mesmo o controle cambial, ou ainda uma política de Estado que leve o sistema financeiro privado a investir na atividade produtiva. Limitados, como é sabido, por contradições, os BRICs se vêem, até o momento, impossibilitados de agir como um coletivo.
Nosso real sobrevalorizado é consequência da desvalorização artificial do dólar, do euro e do yuan. É verdade. Mas essa não é a única explicação para a crise da indústria nacional, que não se encerra, tampouco, na alegada baixa produtividade nacional. É evidente que não se podem pôr de lado os efeitos dos já mencionados juros ainda estratosféricos, nem muito menos o peso da carga tributária, nem o alto custo da burocracia, nem as deficiências de infraestrutura  e logística em geral (com destaque para os sistemas viário e portuário), nem muito menos o custo do capital para quem não tem acesso ao sistema BNDES, nem o custo da energia (cujos preços subiram na última semana para R$ 188 por megawatt-hora, o mais alto valor em 17 meses), nem  a dependência de insumos e tecnologia, importados.
Tudo isso precisa ser levado em conta, mas há mais o que considerar, como os custos do financiamento da dívida pública, que em 2010, com juros e amortizações (incluindo refinanciamento), consumiu a bagatela de R$ 635 bilhões, nada menos que 45% dos recursos da União! Recursos os quais poderiam, em parte, estar sendo mobilizados para o ataque às nossas notórias deficiências nas áreas de serviços e infraestrutura. Muitos dos problemas nomeados no parágrafo anterior poderiam ser enfrentados.
Sem descartar todas essas questões objetivas, é preciso pôr na mesa o que nos parece ser o núcleo de todos os problemas: a inexistência de uma política industrial que associe o papel indutor do Estado (com destaque para suas responsabilidades estratégicas)  a um mínimo de protagonismo do empresariado nacional, pouco afeito ao pioneirismo e amante do rentismo.
O Brasil precisa livrar-se do modelo de industrialização (tardia) dependente implantado nos anos 50 do século passado, dependente do mercado fechado à concorrência, dependente de tecnologia (importando tecnologia vencida), dependente de capital estrangeiro, caro, e hoje dependente de exportações, para voltar-se para o mercado interno (que os governos de Lula-Dilma têm expandido e vão continuar expandindo), contribuindo efetivamente para o desenvolvimento (sustentável) do país e melhoria de qualidade de vida de nosso povo, gerando empregos e redistribuindo renda. Repitamos à exaustão: as potências se medem pelo tamanho de seus mercados internos e sua soberania está na ordem direta de sua capacidade de atender autonomamente às suas necessidades, capacidade medida pelo seu índice de desenvolvimento científico e tecnológico.
Jamais seremos o país com o qual sonham as atuais gerações enquanto dependermos da exportação de grãos, ou, amanhã, de petróleo bruto.
O papel do Estado será crucial, principalmente considerando as características de nosso empresariado, não raro infenso à inovação e resistente a investir em pesquisa  tecnológica (pois prefere a dependência sem risco do pagamento de royalties).  Para o que quer que seja, para qualquer melhoria, seja econômica, seja social, precisamos, coletivamente, sociedade, Estado, empresariado, enfrentar nosso verdadeiro calcanhar de Aquiles: um modelo de educação mais que deficiente e uma universidade, privada, descomprometida com a formação de profissionais qualificados.
Do ponto de vista ideológico, despertando as entidades de classe de sua letargia, presas às miudezas do dia-a-dia, e no silêncio da universidade, ao governo cumpre abrir e estimular e sustentar (sem medo das viúvas do neoliberalismo) uma discussão nacional sobre nosso projeto desenvolvimentista (que país queremos?) e, do ponto de vista de política industrial, optar por aquelas linhas  de maior emprego de tecnologia avançada, garantidoras de nosso futuro, como a nanotecnologia, a biotecnologia e a fusão nuclear, a fonte energética do futuro próximo, necessária, limpa e barata. O país que fez a Embrapa, que construiu o BNDES e o CNPq, pode e deve comandar esse processo. Mas é operação para já.
Não queremos, é certo, ser o ‘país do futuro’, louvaminha que virou maldição. Mas seria igualmente trágico, agora que começamos a tomar gosto pelo jogo do crescimento, nos tornarmos “aquele que poderia ter sido e não foi”, como nos lembrava o sempre saudoso Darcy Ribeiro. Por isso, cumpre agir. Dizem os chineses, sempre eles, que na vida há três coisas sem volta: a flecha atirada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.

O Pré-sal do Nordeste


O Brasil vive anos de otimismo econômico e fez importantes descobertas energéticas, como o Pré-sal, para sustentar seu crescimento. Contudo, o potencial brasileiro vai além. O País é um dos poucos do mundo a possuir, majoritariamente, uma matriz energética limpa e renovável e, agora, investe para colocar de pé o seu “Pré-sal nordestino”, conforme qualifica Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Este “Pré-sal” diz respeito ao potencial eólico e solar de uma das regiões mais carentes do País. “Esta é a chance de o Nordeste se tornar autosuficiente energeticamente e interiorizar desenvolvimento tecnológico e renda”, observa o governador do Ceará Cid Gomes.
De acordo com levantamentos da EPE, o potencial eólico brasileiro é estimado hoje em, no mínimo, 143GW – o que equivale à produção de dez usinas de Itapu.
Alguns estados como Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco já se apressam para atrair empresas do setor e surfar na onda do desenvolvimento trazido pelos parques eólicos.
“Com os 18 parques e 69 usinas já contratadas, produziremos 1818MW até 2016. Esse valor atende a todas as demandas de nosso estado e já nos torna autosuficientes em energia”, declara o governador cearense Cid Gomes.
Ao mesmo tempo, o chefe de desenvolvimento econômico da Secretaria de Indústria, Comércio e Minas e Energia (SICM) da Bahia, Paulo Roberto Guimarães, afirma que a energia eólica já representa 15% da matriz energética no estado. “Há cinco anos praticamente não sabíamos o que era energia eólica”, diz.
“O primeiro objetivo é suprir uma região que é carente de energia, depois temos que avançar na criação de empregos com qualificação”, explica Roberto Smith, da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece).
Emprego e qualificação
A energia eólica também representa uma oportunidade de aproveitar o potencial energético para gerar empregos e criar centros tecnologicos. “O potencial eólico baiano é todo localizado no semi-árido – a região mais carente e de baixo IDH. A energia eólica se coloca como uma oportunidade para desenvolvermos essa região”, afirma Guimarães da SICM.

Por conta disso, o governo baiano prepara junto com agências públicas de fomento, como o BNDES, um pacote de 6,5 bilhões de reais em investimento e isenções fiscais para o setor. Essas medidas já geraram 10 mil empregos diretos e indiretos que foram criados apenas por uma empresa e, pelo menos, 500 empregos diretos na Bahia.
Além disso, os contratos firmados entre as empresas e o estado são estruturados para priorizar a mão-de-obra local – com incentivo a qualificação profissional.
Também está prevista para a segunda quinzena de abril a inauguração de um parque tecnológico voltado para energias renováveis, o que aproximará universidades e centros de pesquisas com empresas do setor.
O mesmo investimento em escolas técnicas e superiores está em curso em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. “O Rio Grande do Norte vai sediar todos os centros de pesquisa do SENAI em energia eólica, com investimento de 25 milhões de reais, previstos para 2012”, diz Flávio José Cavalcanti de Azevedo, presidente da CTGAS.
O primeiro curso superior em energias renováveis já é lecionado no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do estado.
Nacionalização industrial
Sob a fórmula de aliar incentivo fiscal com centros de tecnologia, o governo parece ter encontrado a forma de nacionalizar e interiorizar o desenvolvimento. “As empresas têm de estar aonde o vento e o sol está. Por isso, criamos condições para que a cadeia produtiva do setor se fixe nestas regiões”, afirma Eduardo Azevedo, secretário de energia de Pernambuco.

Hoje, é uma exigência dos leilões de energia eólica que os parques eólicos tenham 60% de componentes nacionais. Por isso, as parcerias público-privadas em pesquisa vem aumentando no País. “Teremos uma nacionalização de materiais entre 70 e 80% nos próximos anos no Ceará”, diz Marcelo Hulschinski, diretor da empresa Vestas Brazil.
“Estamos trabalhando com a Universidade de Sorocaba e pretendemos colocar algumas instalações de pesquisa e desenvolvimento para estudar a melhor maneira de adaptar os aerogeradores para as condições de vento do Brasil”, diz Rafael Justi, representante da Wobben Windpower.
Entraves burocráticos
Apesar dos esforços dos estados em criar comissões com várias secretárias para acelerar a avaliação das licenças ambientais, a lentidão dos processos e as legislações esparsas travam o desenvolvimento do setor eólico, segundo a advogada Marília Pioli, da Becker & Pizzato Advogados Associados.
“No Brasil, a licença ambiental tem que ser aprovada pela União, pelos estados e pelos municípios envolvidos e não há uma uniformização dos critérios da legislação, cada estado pede algo. Isso é um exagero que atrasa e encarece os empreendimentos”, defende.
Outro problema é a burocracia exigida pelo governo que, muitas vezes, impossibilita a participação de empresas estrangeiras. Segundo a advogada, o governo exige a comprovação do patrimônio líquido das controladoras diretas e indiretas dos grupos estrangeiros que participam da licitação.
“Tem grupos que são formados por 40 empresas. Exigir isso torna a participação dessa empresa inviável”.
Para ela, esse é um dos exemplos dos abusos da legislação. “Já existem as garantias de seguro-garantia ou fiança bancária exigidas por lei. Não há razão para se exigir o patrimônio líquido das empresas”, argumenta.
É para casos como estes que, segundo Pioli, tramitam no Congresso Nacional propostas de reformas nos processos de liciatação. Os projetos ainda aguardam votação.




Apesar da queda da Selic, juro ao consumidor segue alto

Brasília - Desde 2001, a economia brasileira passou por solavancos como o estouro da bolha das empresas pontocom e a recessão de 2009 causada pela crise financeira internacional. Na política, foram três diferentes presidentes da República desde então e cada um deles nomeou novos titulares para o Ministério da Fazenda e para o Banco Central (BC).

Foi criado o crédito consignado e o País quitou a dívida externa. Mas, em nenhum momento, a taxa média de juro paga pelas pessoas físicas em empréstimos bancários ficou abaixo de 39%.

Outros números da economia variaram bastante desde então. A taxa básica de juros subiu a
26,5% e caiu à mínima recorde de 8,75%. A inflação brasileira, que fechou o ano passado em 6,5%, subiu a 12,53%, em 2002. A inadimplência das pessoas físicas bateu em 15,9%,antes de se reduzir a 5,7%. Nenhum desses fatores parece ter relação com o custo do dinheiro para o cidadão, segundo levantamento feito pelo Estado, corroborado por economistas.

Os dados sugerem que a taxa média de juros segue uma lógica própria e permite concluir que o corte da taxa básica de juros (Selic) a 9%, como indicado pelo BC, não significa necessariamente que o consumidor brasileiro conseguirá pagar "taxas internacionais" ao se endividar no banco, como defendeu a presidente Dilma Rousseff durante sua visita à Alemanha, no mês passado.

Para o professor de economia Newton Marques, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasília e servidor aposentado do BC, a forte concentração das operações nas mãos de poucas instituições financeiras dificulta ações nesta área. "É um oligopólio em que três ou quatro bancos determinam a taxa de mercado. O governo nunca conseguiu fazer nenhum tipo de intervenção nessa área", disse Marques.

Oligopólio

Os maiores bancos privados exercem um oligopólio de fato, mas isso não explica por si só por que o dinheiro emprestado pelos bancos é tão caro, questiona José Ricardo da Costa e Silva, professor de economia da escola de negócios Ibmec. "A taxa de juros para pessoa física vem caindo, mas devagarzinho porque há constrangimentos. Ainda há muita volatilidade, o compulsório caiu durante a crise, mas voltou a subir e hoje continua sendo o maior do mundo", avaliou. "Temos um histórico de inflação alta e um sistema de crédito que ainda é muito acanhado em relação ao resto do mundo, o que faz com que o custo operacional seja muito alto."

A mesma estrutura de custos, no entanto, não se repete nas cooperativas de crédito, que, segundo o BC, conseguem oferecer taxas de juros "significativamente menores" que os bancos privados.

"As cooperativas não precisam adotar essas taxas malucas do mercado só para dar lucro aos acionistas", afirmou Luiz Eduardo de Paiva, presidente da Associação Nacional das Cooperativas de Crédito (ANCC). "Temos uma estrutura mais enxuta, não precisamos de agência luxuosa para trabalhar direitinho." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


fonte: http://www.folhavitoria.com.br/economia/noticia/2012/04/apesar-da-queda-da-selic-juro-ao-consumidor-segue-alto.html