30.11.11

BCs se movem para evitar falta de liquidez global

"Com os cenários ruins dando a tônica nos últimos dias, é mais importante que eles definam medidas agressivas para dar suporte ao sistema bancário e mostrarem que estão começando a confrontar os problemas financeiros das dívidas soberanas também."
Outros profissionais notaram que, embora a ação do banco central seja útil, ainda há necessidade de as autoridades na Europa lidarem com seus problemas centrais, e os mercados provavelmente não vão se aquietar até que isso seja feito.
"(A ação) oferece suporte", disse o presidente da Energy Europe, Marex Spectron, Mark Thomas, em Londres. "(Mas) é difícil prever por quanto tempo."
Nos Estados Unidos, o Fed observou que os bancos não estão tendo dificuldade agora para obter financiamento de curto prazo. Porém, se as condições piorarem, o Fed informou que tem "uma série de ferramentas disponíveis" para usar como suporte e que elas serão utilizadas de acordo com o necessário.
A surpreendente ação coordenada dos BCs tem o objetivo de impedir que os mercados financeiros globais sejam pressionados de forma que leve a escassez de crédito.
"A proposta dessas ações é aliviar restrições nos mercados financeiros e, por meio disso, mitigar os efeitos de tais restrições sobre a oferta de crédito a consumidores e empresas, ajudando, assim, a fomentar a atividade econômica", informaram os BCs.

(Reportagem de William Schomberg e Glenn Somervi)

Fonte// br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE7AT05K20111130?pageNumber=2&virtualBrandChannel=0

28.11.11

Palestra - Trabalho e precarização: um estudo de caso

Profa. Dra. Ana Patrícia Dias




A precarização do trabalho no mundo contemporâneo é o tema da palestra que será proferida pela Profa. Ana Patrícia Dias, do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Uesb, na próxima terça-feira (29 de novembro). O propósito da palestra é discutir as formas "atípicas" de trabalho e a precarização do trabalho no contexto das transformações das economias capitalistas na transição do século XX para o XXI. A atividade, que integra a programação dos Seminários do Laboratório de História Social do Trabalho (LHIST/Uesb), irá ocorrer no horário das 17h30 às 19h na sala 01 do módulo II de aulas, no campus da Uesb de Vitória da Conquista.

Certificados serão conferidos aos participantes.


Maiores informações poderão ser obtidas em lhist.uesb@gmail.com
 
Fonte: http://lhist.blogspot.com/2011/11/palestra-trabalho-e-precarizacao-um.html

27.11.11

Petrobras procura fornecedores para o pré-sal


Agência Estado

Preocupados com a capacidade da indústria para atender à forte demanda do pré-sal, Petrobras e BNDES estão rodando o Brasil em busca de novos fornecedores. O objetivo é encontrar empresas dispostas a adaptar suas plantas para produzir equipamentos de óleo e gás no mercado nacional, o que amenizaria os problemas para cumprir a cota de conteúdo local nos projetos.

Vale até empresas que atuam em outros ramos de atividade e nunca produziram uma única peça para o segmento. A Petrobras já teve contato, por exemplo, com a Tramontina, fabricante de produtos como talheres e ferramentas elétricas, e a Randon, que produz equipamentos para o setor de transporte, como reboques e autopeças. Procuradas, as duas empresas disseram que não iriam comentar o assunto neste momento.

O modelo de produção está em aberto: a companhia pode ampliar seu parque industrial sozinha ou em parceria com algum grupo internacional, que tenha know how na fabricação dos equipamentos. A contrapartida para quem aceitar essa empreitada é o financiamento ou participação do BNDES no projeto - medida que pode dar mais competitividade ao produto nacional para concorrer com estrangeiros altamente especializados na área, como noruegueses e americanos. Além disso, as empresas poderão ter apoio técnico da Petrobras no desenvolvimento dos novos produtos.

O foco principal da peregrinação da estatal e do BNDES é encontrar interessados em produzir equipamentos submarinos, que exigem elevada capacidade tecnológica e contam com poucos fornecedores no mercado interno. Segundo o chefe do Departamento da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás do BNDES, Ricardo Cunha da Costa, já há 15 empresas interessadas em se tornar fornecedoras da Petrobras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte; A Tarde on line

Jornal diz que FMI prepara ajuda de 600 bilhões de euros para Itália


O Fundo Monetário Internacional (FMI) está preparando um plano de ajudas para a Itália de entre 400 e 600 bilhões de euros para dar tempo ao novo governo tecnocrata de Mario Monti de realizar suas reformas, segundo publicou neste domingo o jornal italiano La Stampa. De acordo com a publicação, o ex-comissário europeu Monti, substituto de Silvio Berlusconi, conversou com a diretora do FMI, Christine Lagarde, sobre a possibilidade de receber ajudas.
Estas ajudas seriam oferecidas entre 12 e 18 meses a Monti para que seu Executivo de tecnocratas consiga iniciar as reformas anunciadas para aliviar a dívida e, principalmente, fomentar o crescimento. Apesar da chegada de Monti ao governo, os mercados continuam sem dar trégua à Itália e o prêmio de risco, que mede a diferença entre os bônus italianos a dez anos e os alemães de mesmo prazo, não baixa dos 500 pontos básicos.
De acordo com o La Stampa, se Largarde e Monti fecharem um acordo sobre o programa de ajudas à Itália, uma equipe do FMI negociará os detalhes com o governo italiano, como as condições e a quantidade do empréstimo, antes de submeter sua aprovação ao Conselho do organismo internacional. Enquanto isso, Monti apresentará suas primeiras medidas econômicas contra a crise em um Conselho de Ministros que será realizado no próximo dia 5 de dezembro.
Entre as medidas concretas do novo Executivo, os meios de comunicação italianos acreditam que serão estabelecidos um novo imposto sobre o patrimônio imobiliário e um novo plano de ajuste no valor de 15 bilhões de euros.
Fonte; Caros Amigos

Como o Brasil poderá se beneficiar da crise


Luis Nassif

Na coluna de ontem, mencionei a importância de um órgão que coordenasse uma ofensiva diplomático-comercial brasileira, envolvendo agronegócio, grupos industriais, mercado de capitais e bancos financiadores, para uma ofensiva nas novas fronteiras agrícolas mundiais.
Um projeto piloto já foi iniciado, entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) – órgão do Itamarati incumbido de ações de cooperação com países pobres – e o Ministério da Agricultura de Moçambique. Trata-se do ProSavana (Programa de Desenvolvimento Agrícola das Savanas Tropicais de Moçambique – Brasil, Japão e Moçambique.
O programa se baseou em alguns trabalhos conjuntos já desenvolvimento pela ABC e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e poderá ser o início de uma estratégia sistemática de expansão diplomática comercial brasileira.
O projeto tem um horizonte de vinte anos e divide-se em três frentes:
  1. Ampliar o conhecimento dos recursos naturais e socioeconômicos do Corredor de Nacala, de Moçambique;
  2. planejar e executar um projeto piloto visando a preparação de uma zona de desenvolvimento modelo em nível de comunidades;
  3. elaboração do Plano de Desenvolvimento Agrícola Regional Integral do Corredor de Nacala, que guiará os setores públicos e privados para a tomada de decisões em relação a investimentos para o desenvolvimento da agricultura.
O projeto teve início em julho de 2009, na Cúpula de Áquila, em encontro de Lula com o Primeiro Ministro do Japão, Taro Aso. A estrutura da organização havia sido definida um pouco antes pelos três países, o Brasil representado pelo diplomata Marcos Farani, diretor da ABC.
A agricultura de Moçambique emprega 14,3 milhões de pessoas, 70% da população total, e responde por 24% do PIB de US$ 8,1 bilhões.  É quase totalmente familiar, com baixo uso de tecnologia.
O país possui 36 milhões de hectares de terras agricultáveis; e apenas 5,7 milhões são explorados por cerca de 3,34 milhões de pequenas e médias propriedades, as chamadas “machambas”, com tamanho médio de 1,5 ha.
O país foi dividido em três zonas agrícolas duas banhadas- por bacias hidrográficas permanentes e uma terceira de solos pobres e pouca chuva.
O documento base no ProSavana lista as necessidades de cada região, a infraestrutura existente, a agroecologia e os principais cultivos, assim como os desafios tecnológicos, nada pelo qual a Embrapa não tenha passado no Brasil.
O governo de Moçambique definiu um conjunto de políticas para o setor, desde o fortalecimento institucional dos órgãos voltados para o tema, ao fortalecimento da agricultura comercial, com foco no mercado, serviços financeiros, tecnologia e acesso a recursos naturais.
É por aí que se insere o ProSavana, organizado em cinco componentes
No decorrer do projeto, serão criadas seis Unidades Piloto de investigação participativa. Haverá capacitação das instituições nacionais de extensão rural. Também será preparado um Plano Diretor a ser entregue em março de 2012. Depois, definição de projetos agrícolas que atraiam investimentos públicos e privados.
Fonte: Carta Capital

Como em 2008, estados líderes em industrialização sofrem mais com a crise mundial


Gabriel Bonis

Segundo IBGE

 As regiões mais industrializadas do Brasil sofreram maior impacto na crise mundial há três anos, aponta um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado na quarta-feira 23. Segundo os dados, entre 2008 e 2009 os nove estados com maior participação no PIB somaram uma queda de 1,5%, enquanto a retração nacional do período foi de 0,3%. Por outro lado, as outras 18 unidades da federação cresceram, em média, 2%.Um cenário que parece se repetir na crise da dívida pública atual. De acordo com o IBGE, na comparação de setembro com agosto, houve uma retração de 2% da atividade industrial brasileira, o pior resultado desde abril (-1,7%). Apesar de a média de crescimento no ano ainda ser positiva (1,1%), o terceiro trimestre foi nulo e com persepctiva de perda no ritmo. 

Os estados mais afetados em setembro, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, somam cerca de 70% do PIB nacional e pertecem às regiões Sudeste e Sul, que entre 2008 e 2009 registraram queda do PIB de 1% e 0,6%, respectivamente, influenciados pela indústria de transformação e a redução dos preços das commodities. Enquanto isso, o Centro-Oeste avançava 2,5% no período e o Nordeste, 1%. “Essas duas regiões contaram com o apoio de programas governamentais como o Bolsa Família e a previdência, que incentivam o consumo, além de investimentos estruturais da escala do PAC”, explica Amir Khair, especialista em contas públicas e ex-secretário municipal de Finanças de São Paulo, em conversa com o site de CartaCapital.

Segundo Khair, os estados mais prejudicados no passado também estão expostos em maior grau à crise atual, pois  concentram as empresas mais sólidas e exportadoras. Durante a crise, explica, criam-se barreiras para a entrada de produtos importados e a concorrência internacional aumenta. “Os mercados de exportação da China encolheram, logo, o país vai tentar vender mais barato e quebrar essas barreiras, dificultando ainda mais para as empresa brasileiras competirem no exterior.”
O analista destaca também que a indústria de transformação enfrenta riscos mais elevados neste momento. “Esse é um setor extremamente competitivo e com alta tecnologia, portanto, a concorrência é mais dura.”
São Paulo(-4,2%), Rio de Janeiro (-3%), Paraná (-13,5) , Minas Gerais (-2,7%) e Rio Grande do Sul (-1,4%), locais mais atingidos pela queda da atividade industrial em setembro, foram prejudicados principalmente pela influência do setor automobilístico. Com estoques cheios, as fábricas optaram por conceder férias coletivas aos funcionários. Contudo, houve retração em 16 dos 27 ramos industriais.
Com estoques cheios, indústria deve reduzir produtividade nos próximos meses
Outro fator que evidencia o desaquecimento da indústria e preocupa os analistas é o acumulo de estoques. Pesquisa da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgada na quinta-feira 24 indica que o índice de retenção de mercadorias em outubro chegou a 52,4 pontos (valores acima de 50 mostram estoques acima do planejado), o que segundo a CNI deve reduzir ainda mais a produtividade nos próximos meses. Além disso, o estudo aponta um recuo nas vagas de trabalho do setor no mesmo período.
Outro levantamentoto da CNI destaca, porém, que em novembro os empresários da indústria estavam otimistas sobre as expectativas econômicas e de seus negócios nos próximos seis meses. Um cenário, de acordo com Khair, possivelmente menos turbulento devido a ação mais eficaz de medidas adotadas pelo governo, como o progama  Brasil Maior e os cortes na Selic.
O especialista ainda aponta o aumento do salário mínimo a partir de janeiro de 2012 como fator de impulso ao consumo das famílias e à retomada do investimento pelas empresas. “É preciso investir, mas o governo poderia ajudar controlando a entrada de importados no País ou teremos problemas com o setor industrial segurando o crescimento do PIB.”
Para Khair, o governo também precisa disponibilizar a empresas e pessoas físicas crédito com juros menores para incentivar o consumo e financiar investimentos. “A taxa de juros para empréstimos é o grande freio da nossa economia e o Estado precisa exigir mudanças. Isso pode ser feito por mecanismos que não dependem da aprovação do Congresso.”
Fonte: Carta Capital

Salve-se quem puder!


Luiz Gonzaga Belluzzo

As economias mais frágeis da Eurolândia, as chamadas periféricas, continuam sob a estrita vigilância dos mercados financeiros, mas agora gozam de boa companhia. Chegou a vez de a Alemanha provar das poções amargas destiladas nas retortas dos senhores do universo. No último leilão de Bunds, títulos do Tesouro germânico, os investidores recusaram 2,35 bilhões de euros dos 6 bilhões oferecidos. “Isso é um completo desastre”, declarou um analista da Monument Strategies ao Financial Times. Ralph Unlauf, economista de um banco estatal dos Länder do Hesse e da Turíngia, afirmou que o fracasso do leilão é um “voto de desconfiança na Zona do Euro”.
Seja como for, o “desastre” não irrompeu na cena europeia como um raio em céu azul. Na esteira da desregulamentação financeira, a criação do euro estimulou a competição entre os bancos alemães, franceses, suecos, austríacos e ingleses, o que promoveu um impressionante “movimento de capitais” intraeuropeu. A maioria dos ditos PIIGS caiu na farra do endividamento privado, facilitado, entre outras coisas, pela redução dos spreads- entre os títulos alemães, o benchmark, e os custos incorridos na colocação de papéis públicos e privados dos países cujas moedas, se existissem, não proporcionariam tal moleza.
A exuberante expansão do crédito intraeuropeu gerou a bolha imobiliária espanhola e deflagrou uma explosão de consumo na periferia da Eurolândia e nos países do Leste do Velho Continente, os que ancoraram suas moedas no euro. A demanda frenética foi chuva criadeira para as exportações alemãs de manufaturados e, ao mesmo tempo, cavou buracos de dois dígitos na conta corrente dos pródigos eslavos e mediterrâneos. Nos tempos de euforia, os “gastadores” apresentavam contas correntes amplamente deficitárias e resultados fiscais superavitários.
Com a eclosão da crise, as medidas governamentais de socorro aos bancos com grande exposição aos consumidores endividados transferiram o estoque privado para dívida pública. Enquanto isso, as receitas dos governos despencavam, as despesas cresciam e os déficits se agigantavam.
Em meio à desconfiança quanto à solvência dos papéis soberanos, as lideranças europeias tropeçam em seus preconceitos e vacilações.  Apresentada ao público comodestemida decisionista, Angela Merkel reagiu ao fracasso do leilão. Acorreu pressurosa aos microfones para acalmar os mercados e declarar sua inconformidade com a emissão de eurobônus em substituição aos títulos “nacionais” denominados na moeda única. Merkel teme pagar juros mais elevados nos eurobônus. No clima de desconfiança que impera na Europa, os temores e a hesitação da chanceler alemã estão prestes a desencadear uma crise bancária.
São muitos os analistas que diagnosticaram a doença congênita do euro. É desvairado definir um espaço monetário comum sem o apoio de um arranjo jurídico-político capaz de prover o fundamento fiscal para a gestão de uma moeda fiduciária. Sendo assim, desta vez é prudente prestar atenção no que os mercados “dizem”: não é possível prosseguir na moeda única sem que o devedor soberano esteja unificado.

Em artigo publicado no Financial Times em 29 de setembro, George Soros recomendou que as autoridade se entendessem a respeito da criação do Tesouro comum. Enquanto o acordo não for celebrado, diz, três providências devem ser tomadas: 1. Os bancos seriam colocados sob a direção do Banco Central Europeu em troca de garantias temporárias e permanente capitalização. 2. O BCE obrigaria os bancos a manter as linhas de crédito e os empréstimos. 3. O BCE permitiria o refinanciamento temporário a baixo custo de países comoEspanha e Itália.  “As medidas acalmariam os mercados e dariam tempo para a Europa desenvolver uma estratégia de crescimento, sem a qual o problema da dívida não pode ser resolvido”, conclui.
Enquanto isso, esquenta o debate sobre a conveniência de se permanecer na moeda única ou cair fora da “prisão” que impede as desvalorizações cambiais. A controvérsia envolve a esquerda que pretende o avanço da Europa unificada. Eles também sublinham as dificuldades da construção europeia na ausência de um pacto federativo e de suas consequências fiscais. Os xenófobos à direita, não é difícil adivinhar, pretendem retornar imediatamente às moedas -nacionais.
À esquerda e ao centro, os defensores do euro consideram a proposta de saída da moeda única um recuo imperdoável que levará a consequências nefastas, tal como a guerra de desvalorizações competitivas e o calote na dívida denominada na moeda comum. Já a corrente radical do sindicalismo não deixa barato. Sugere chutar o pau da barraca: 1. Anunciar o default e propor a reestruturação da dívida. 2. Nacionalizar os bancos e as companhias de seguros; desmantelar os mercados de securities e de derivativos; controlar duramente os movimentos de capitais
Fonte: Carta Capital