Valor Economico (SP)
Dave Shellock, Financial Times
A aversão a riscos teve uma ascensão dramática, ontem, elevando o rendimento dos títulos do governo americano para mínimos históricos e prejudicando ações, commodities e o euro diante das grandes preocupações com a recuperação econômica mundial e a saúde do sistema bancário europeu.
Temores em relação ao crescimento da China assustaram os investidores depois que, nos EUA, o Conference Board informou que seu recém-adotado indicador econômico antecedente para o país subiu apenas 0,3% em abril, substancialmente abaixo de sua estimativa preliminar: uma alta de 1,7%. "Isso gerou preocupações com que o crescimento chinês possa estar perdendo sustentação, e por isso a demanda de commodities poderá cair, pois governos em todo o mundo estão contendo despesas e implementando medidas de austeridade", disse Michael Hewson, analista da CMC Markets.
Dados econômicos decepcionantes provenientes do Japão vieram se somar ao clima pessimista na Ásia.
O Conference Board divulgou ainda que a confiança dos consumidores americanos caiu neste mês - aumentando temores de que a economia possa estar caminhando para um segundo mergulho recessivo. O índice de confiança tombou de 62,7 para 52,9, em maio, bem abaixo das expectativas dos analistas.
Rob Carnell, economista-chefe internacional do ING, registrou em fevereiro uma queda similar que não tinha se refletido em outras pesquisas de confiança. Mas, acrescentou ele: "Se há alguma substância genuína nesse declínio detectado na pesquisa do Conference Board, então isso significa duas coisas - primeiro, que as despesas pessoais reais, que vêm apresentando alguns sinais de atenuação, poderão diminuir drasticamente. Em segundo lugar, os mercados de trabalho podem não estar melhorando tão rápido quanto os mercados gostariam ".
Mas o fator inquietante mais importante, ontem, talvez tenha sido o fato de os mercados estarem preocupados com a liquidez dos bancos na zona euro, especialmente em vista da aproximação do fim do programa de um ano de suporte financeiro do Banco Central Europeu. "Durante semanas, temores quanto à capacidade de algumas instituições no setor bancário europeu de obterem fundos vêm minando a confiança no mercado", disse Jane Foley na Forex.com. Alguns dos mercados têm argumentado que o BCE pode estar agindo prematuramente, ao retirar seu apoio. Os bancos espanhóis foram enfáticos, ontem, acusando o banco central de comportamento "absurdo.
As preocupações sobre a saúde dos bancos da região elevaram a taxa euribor de empréstimos interbancários para três meses de 0,754% para 0,761%, nível mais alto em nove meses e maior alta num só dia desde abril. Um dos principais indicadores de ampla aversão dos investidores a riscos - o índice Vix de volatilidade acionária - saltou 15%, para 33%. Um valor acima de 30% é considerado elevado.
O salto no Vix ocorreu depois que as ações em todo o mundo sofreram pesadas perdas. Em Wall Street, a Média Industrial Dow Jones mergulhou para abaixo de 10 mil pontos, enquanto o S&P 500 caiu 2,3%, para um mínimo de 2010 ao meio-dia. Na Europa, o FTSE Eurofirst 300 caiu 3%, em Tóquio, o Nikkei 225 caiu 1,3% e as ações em mercados emergentes sofreram a maior queda num só dia em mais de um mês. A Bolsa de São Paulo teve forte queda, de 3,5%, a segunda maior do ano.
Os mercados de crédito sofreram menos do que as ações. O índice Markit iTraxx Senior Financials ganhou 8 pontos-base, indo para 171 pontos-base - um passo significativo, mas não tão dramático, de acordo com Gavan Nolan, da Markit. A percepção de segurança no iene e no dólar fez o euro afundar para um mínimo em 8,5 anos contra a moeda japonesa e perder 0,9% contra o dólar. O euro também atingiu um mínimo recorde contra o franco suíço. Os preços das commodities, segundo o índice CRB Reuters-Jeffries, caiu 2,4%, para um mínimo em duas semanas.30 de junho de 2010
Valor Economico (SP)
Dave Shellock, Financial Times
A aversão a riscos teve uma ascensão dramática, ontem, elevando o rendimento dos títulos do governo americano para mínimos históricos e prejudicando ações, commodities e o euro diante das grandes preocupações com a recuperação econômica mundial e a saúde do sistema bancário europeu.
Temores em relação ao crescimento da China assustaram os investidores depois que, nos EUA, o Conference Board informou que seu recém-adotado indicador econômico antecedente para o país subiu apenas 0,3% em abril, substancialmente abaixo de sua estimativa preliminar: uma alta de 1,7%. "Isso gerou preocupações com que o crescimento chinês possa estar perdendo sustentação, e por isso a demanda de commodities poderá cair, pois governos em todo o mundo estão contendo despesas e implementando medidas de austeridade", disse Michael Hewson, analista da CMC Markets.
Dados econômicos decepcionantes provenientes do Japão vieram se somar ao clima pessimista na Ásia.
O Conference Board divulgou ainda que a confiança dos consumidores americanos caiu neste mês - aumentando temores de que a economia possa estar caminhando para um segundo mergulho recessivo. O índice de confiança tombou de 62,7 para 52,9, em maio, bem abaixo das expectativas dos analistas.
Rob Carnell, economista-chefe internacional do ING, registrou em fevereiro uma queda similar que não tinha se refletido em outras pesquisas de confiança. Mas, acrescentou ele: "Se há alguma substância genuína nesse declínio detectado na pesquisa do Conference Board, então isso significa duas coisas - primeiro, que as despesas pessoais reais, que vêm apresentando alguns sinais de atenuação, poderão diminuir drasticamente. Em segundo lugar, os mercados de trabalho podem não estar melhorando tão rápido quanto os mercados gostariam ".
Mas o fator inquietante mais importante, ontem, talvez tenha sido o fato de os mercados estarem preocupados com a liquidez dos bancos na zona euro, especialmente em vista da aproximação do fim do programa de um ano de suporte financeiro do Banco Central Europeu. "Durante semanas, temores quanto à capacidade de algumas instituições no setor bancário europeu de obterem fundos vêm minando a confiança no mercado", disse Jane Foley na Forex.com. Alguns dos mercados têm argumentado que o BCE pode estar agindo prematuramente, ao retirar seu apoio. Os bancos espanhóis foram enfáticos, ontem, acusando o banco central de comportamento "absurdo.
As preocupações sobre a saúde dos bancos da região elevaram a taxa euribor de empréstimos interbancários para três meses de 0,754% para 0,761%, nível mais alto em nove meses e maior alta num só dia desde abril. Um dos principais indicadores de ampla aversão dos investidores a riscos - o índice Vix de volatilidade acionária - saltou 15%, para 33%. Um valor acima de 30% é considerado elevado.
O salto no Vix ocorreu depois que as ações em todo o mundo sofreram pesadas perdas. Em Wall Street, a Média Industrial Dow Jones mergulhou para abaixo de 10 mil pontos, enquanto o S&P 500 caiu 2,3%, para um mínimo de 2010 ao meio-dia. Na Europa, o FTSE Eurofirst 300 caiu 3%, em Tóquio, o Nikkei 225 caiu 1,3% e as ações em mercados emergentes sofreram a maior queda num só dia em mais de um mês. A Bolsa de São Paulo teve forte queda, de 3,5%, a segunda maior do ano.
Os mercados de crédito sofreram menos do que as ações. O índice Markit iTraxx Senior Financials ganhou 8 pontos-base, indo para 171 pontos-base - um passo significativo, mas não tão dramático, de acordo com Gavan Nolan, da Markit. A percepção de segurança no iene e no dólar fez o euro afundar para um mínimo em 8,5 anos contra a moeda japonesa e perder 0,9% contra o dólar. O euro também atingiu um mínimo recorde contra o franco suíço. Os preços das commodities, segundo o índice CRB Reuters-Jeffries, caiu 2,4%, para um mínimo em duas semanas.