Economistas explicam importância dos investimentos na Bahia para a Copa do Mundo 2014
No país, segundo estudos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), estima-se em 3,3% a parcela exclusiva do emprego gerado pelo turismo
A demanda por produtos e serviços crescerá também em muitos outros setores
Quando se ouve falar sobre crescimento da Economia atrelado à Copa do Mundo no Brasil e, especialmente, aos jogos que acontecerão na Bahia, as áreas mais visadas são o turismo e a construção civil. Entretanto, segundo Economistas, a demanda por produtos e serviços crescerá também em muitos outros setores. “O comércio vai ter que se qualificar, certas indústrias terão que aumentar seu staff para aumentar a produção, a gastronomia se profissionalizará ainda mais e até os serviços de Saúde precisarão de investimentos extras, assim como os transportes e o entretenimento, entre outros”, acredita o Assessor Especial da Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia (Seplan) e conselheiro do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-Ba), Antônio Alberto Valença.
No Brasil a renda gerada pelo turismo é estimada em aproximadamente 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). “No Nordeste esta relação é de 6,5%, um percentual considerável que precisa ser otimizado”, acredita o também conselheiro do Corecon-Ba, Economista Carlos Augusto Magalhães. “Para isso, é necessário dar visibilidade aos atrativos de que dispomos através dos mecanismos de comercialização e de promoção do turismo”, declara. Hoje no país, segundo estudos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), estima-se em 3,3% a parcela exclusiva do emprego gerado pelo turismo.
A Indústria da Construção Civil, por sua vez, representou em 2010 5,3% do PIB Nacional enquanto na Bahia a participação do setor no PIB estadual foi de 9,4%, segundo dados publicados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Embora o ritmo deste crescimento possa oscilar, ele não deve parar tão cedo. “O ritmo das obras civis após a Copa deve sofrer uma retração, mesmo porque todas as obras voltadas para este evento devem estar prontas antes de julho de 2014. Porém, não podemos esquecer que outras obras não ligadas à Copa do Mundo e previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), continuarão a ser tocadas, o que significa que não haverá uma parada radical no ritmo da construção, pois tudo indica que o Brasil vai continuar crescendo após a Copa”, explica o Economista Carlos Augusto Magalhães.
Vale destacar que tanto o setor de turismo como a construção civil se caracterizam pela utilização de mão de obra intensiva, o que significa que um forte incremento nestas atividades refletirá positivamente na criação de novos postos de trabalho e consequente ampliação da renda.
Legado
Não há dúvidas entre Economistas e outros especialistas em Planejamento de que o legado da Competição da Federação Internacional de Futebol (Fifa) será muito importante para a Bahia. “Vai além dos quatro principais alvos de investimento, que são a construção da Arena Fonte Nova; a modernização e ampliação do Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães; a criação da estação para cruzeiros marítimos e a melhoria da mobilidade urbana”, declara Antônio Alberto Valença.
Carlos Augusto concorda com seu colega, pois também acredita que para Salvador e Região Metropolitana o impacto no crescimento econômico será mais visível em função dos investimentos em infraestrutura. Além dos pontos citados por Valença, Carlos Augusto acrescenta que provavelmente haverá melhorias nas áreas de telecomunicações, segurança pública, energia, saúde, saneamento e rede hoteleira.
“Estes investimentos são fortes indutores do crescimento econômico, porém os impactos destes investimentos não devem ser avaliados apenas pelo enfoque do retorno econômico, mas também sob outros aspectos que terão repercussão em prazos mais longos”, diz Augusto. E completa: “Na verdade, estes são os investimentos mais rentáveis para o crescimento e o desenvolvimento econômico, pois refletem diretamente na melhoria das condições sociais da população e na melhoria da qualidade de vida em longo prazo”.
Principais alvos
O assessor da Seplan, Antônio Alberto Valença, afirma que Salvador carece de um espaço adequado para a realização de grandes shows. “Estamos fora do circuito das grandes apresentações internacionais. Mas acredito que o investimento na construção de uma arena, cuja abrangência é bem maior do que apenas um estádio de futebol, tende a ser uma das soluções para este problema. Além disso, a área no entorno do Dique do Tororó é urbanisticamente carente, mas a tendência é que, a partir da construção da Arena, melhorias sejam feitas no local”, diz.
A modernização da estação de passageiros do Aeroporto bem como a ampliação dos estacionamentos e melhoramentos técnicos no local também são considerados por Valença um investimento prioritário. “Há, ainda, os turistas que chegam pelo mar, através dos cruzeiros. Na última temporada tivemos mais de 140 atracações, mas não temos uma estrutura adequada para receber estes navios, o que vai mudar através da construção de uma Estação de Cruzeiros Marítimos, possibilitada através da parceria entre a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), o governo estadual e a Prefeitura de Salvador, diz.
Para o experiente Economista da Seplan, o maior de todos os legados da Copa para a Bahia está relacionada à mobilidade urbana. “Infelizmente, somos a capital com o pior transporte público do Brasil. Precisamos mudar isso com urgência e acredito que os jogos do Campeonato Mundial de 2014 são um incentivo para acelerar esta mudança. Temos um prazo imposto pela Fifa e precisamos cumprir este prazo”, declara.
Valença acredita que não só a capital, mas também as principais cidades turísticas da Bahia terão suas economias impactadas no período do Mundial. “Acredito que muitas pessoas deverão estender sua estadia na Bahia para conhecer pontos turísticos como Cachoeira, Santo Amaro e outras cidades do Recôncavo, Ilhéus, Porto Seguro... Aliás esta cidade do sul do Estado, inclusive, tem se empenhado para servir de base para a seleção de Portugal”, conta. Na visão de Carlos Augusto Magalhães, “as cidades da Chapada Diamantina deverão ser menos procuradas em função da distância e de uma infraestrutura aeroportuária inadequada”, pontua.
O mais importante para o Economista Carlos Augusto é que os investimentos para a Copa do Mundo sejam selecionados não apenas por critérios privados de retorno econômico, embora estes sejam importantes, mas principalmente devem levar em consideração os critérios de custo/benefício do ponto de vista social. “O que vai ficar para a sociedade é o que realmente interessa”, conclui.
Fonte: Assessoria de comunicação
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