14/10/10
Fonte: cofecon.org.br
A Teoria Econômica deu e continuará dando ao mundo, aos países, aos governos, às regiões, às empresas e às pessoas valiosa contribuição não só para o crescimento mas, principalmente, para o desenvolvimento(**).
Mas, diante das constantes e profundas transformações na corrente real e das interferências e distorções, não só na corrente real e nominal do sistema econômico, como nas instituições, a Teoria Econômica precisa avançar para a Teoria Econômica Evolutiva. Isto é, aquela que perceba, considere, destaque e/ou isole também essas distorções ou irracionalidades que afetam as bases da Teoria Econômica, principalmente no enfoque estratégico.
Seria saudável que cada país, região e estado tivesse bem desenvolvida sua cultura estratégica no horizonte de curto, médio e longo prazos.
Aqui surge o conflito de horizontes: Enquanto para o estadista o horizonte é de “gerações”, o do político é “eleições”. Embora pareça irrelevante, isto é importante, visto que o potencial de um país, como é o caso do Brasil, que deveria ser utilizado na rota do desenvolvimento, é apenas usado para o crescimento irracional e, não raro irreal.
As negociatas, as concessões irracionais, as alterações e camuflagens nos números e critérios, o mau uso dos recursos e as dificuldades ao empreendedorismo, seja pela burocracia, carga tributária, taxa de juros, desequilíbrio cambial e comprometimento irresponsável dos recursos naturais e outros, são fatores que, no longo prazo, poderão transformar riqueza potencial em “região explotada”. Sobrevoem Minas Gerais, a região mineirada de Santa Catarina e outras e tirem suas conclusões. Cabe lembrar que os recursos naturais não são heranças nossas mas empréstimos que as gerações futuras nos fizeram.
A manipulação dos números, seja por inclusão e/ou exclusão de contas, por mudanças nos critérios de cálculos, dados comparativos e outras manobras que, nos últimos anos têm tido grande freqüência nas estatísticas brasileiras, refletindo o espírito irracional, dificultam a imparcial análise econômica. Isto, aliado às dificuldades normais de fazer projeções e de dar mais insegurança às conjeturas de cenários futuros, pode levar o analista mais aprofundado a ser considerado “Profeta do Apocalipse”, nas situações presentes favoravelmente manipuladas, visto que a maioria da população é fàcilmente induzida pelo momento atual e pela mídia.
Paralelamente à exuberância das reservas externas de US$268 bilhões, precisamos considerar os R$182 bilhões de juros pagos em 12 meses (até julho/2010), ou 5,4% do PIB, o crescente e significativo déficit em transações correntes e as emissões de títulos que sobrecarregam a dívida interna. Isto poderia ser saudável se não fosse alimentado pela elevada taxa de juros e se facilitasse a competitividade empresarial.
A valorização cambial e as assimetrias com outras economias, especialmente a chinesa, pressionam o parque industrial brasileiro a tornar-se um “ estaleiro de montagem” e a economia uma exportadora de commodities agrícolas e minerais, com baixo valor agregado.
O interesse de outros países, especialmente a China, por recursos naturais brasileiros não pode ser tratado com ingenuidade. É preciso mentalidade “geopolítica” e “geoestratégica”. Não podemos comprometer o futuro do País. É nosso dever encaminhá-lo ao desenvolvimento, para o qual temos vantagens excepcionais. Esta é uma ambição saudável.
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