Valor Econômico
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, durante posse do novo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (Seae), Samuel Pinheiro Guimarães, que o Estado brasileiro seja mais ágil e moderno. Lula disse que a Constituição de 1988 criou "uma série de teias de aranha e embaraços que impedem o gerenciamento das cidades". Foi uma resposta à ação do Tribunal de Contas da União (TCU), órgão que o presidente sempre responsabiliza pela paralisação das obras públicas. Pouco antes, durante posse de José Múcio Monteiro como ministro do TCU, Lula ouviu - sem discursar - os integrantes do tribunal defendendo a atuação do órgão. "Na democracia, não há poder sem controle", definiu o procurador do Ministério Público no TCU, Lucas Furtado. Para o decano do TCU, ministro Valmir Campelo, o tribunal "deve ter uma atuação independente e colaborativa" e tem como missão essencial fiscalizar a eficiente gestão dos recursos públicos, para o bem do país e da sociedade. "Ministro Múcio, aqui o senhor deve ter o olhar e os ouvidos voltados para os brasileiros mais humildes e ter a coragem de servir unicamente o seu país", pediu Campelo. Múcio, que assumiu o cargo por indicação do presidente Lula, tentou apaziguar os ânimos. Elogiou o papel do TCU, mostrando a importância que o tribunal tem para a vida democrática do país, mas completou que, "sempre que possível, o ideal é orientar e prevenir, em vez de condenar". Para Múcio, o país vive um novo momento em que a sociedade está discutindo suas instituições. E disse que assume com a responsabilidade de acompanhar o gasto do dinheiro público e "informar ao Poder Legislativo, a quem cabe o papel de fiscalizar". "Acredito no diálogo e na troca de ideias como ponto de partida e como ponto de chegada. Não creio no exercício fútil da divergência improdutiva e do debate inócuo que este é o lado do espetáculo que serve apenas para distrair os espectadores", reiterou.
Durante a posse de Samuel Pinheiro Guimarães - que aconteceu no fim do dia no Palácio do Itamaraty - Lula lembrou a Constituição de 1988, que criou, segundo ele, "coisas maravilhosas e outras nem tanto". Sem citar especificamente o TCU, Lula disse que muitos dos avanços que hoje emperram as coisas foram criadas pela oposição na época. "A oposição sempre está desconfiada de quem está no governo", complementou o presidente. Lula lembrou os diversos projetos em andamento na Seae, em especial o plano para a Amazônia. "A Amazônia sempre é fruto de debates apaixonados. Uns defendem que a motosserrra resolve por todos os problemas; outros acham que ela deve ser transformada em um santuário; outros, mais sensatos, acreditam ser possível tirar de lá o sustento das famílias e ainda preservar esta imensa riqueza que é a nossa biodiversidade." Lula reforçou que, ao criar a pasta que Samuel assumiu ontem, o objetivo era pensar projetos de longo prazo para o país, já que, em 2022, o Brasil completará 200 anos de independência. "Estávamos acostumados a pensar o país apenas de quatro em quatro anos. Com o PAC, mudamos um pouco esta filosofia", declarou o presidente.
Lula disse que as pessoas hoje percebem a importância de um Estado que planeje o desenvolvimento. "Não é possível um país soberano com um Estado débil e fraco e um mercado forte. Tem coisas que o mercado não sabe fazer e outras que o mercado não quer fazer", apontou. O presidente lembrou a Guimarães a série de eventos esportivos que acontecerão no país ao longo dos próximos anos, como a Copa das Confederações (2013), a Copa do Mundo (2014) e a Olimpíada (2016). "Temos que nos preparar com a infraestrutura necessária para estes eventos. Além disso, de lá para 2022 serão apenas mais seis anos". Guimarães disse que espera ajudar neste planejamento. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que o novo ministro é o mais indicado para o posto, pois "ele já pensava o Brasil em um momento no qual as pessoas achavam que o mercado pensaria tudo" disse ele.
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